ANO: 2012
DIRETOR: Marcos
Bernstein
ELENCO: João Guilherme Ávila, Caco Ciocler, José de Abreu.
SINOPSE:
Meu Pé de Laranja Lima” é um livro
clássico na literatura brasileira, que marcou gerações de crianças. Não apenas
por retratar o lado imaginativo em uma vida dura, mas especialmente por abordar
a questão da morte dentro do imaginário infantil. Também por isso, mas não só
por causa deste tema, trata-se de uma história extremamente triste, daquelas de
deixar o leitor desamparado em certos momentos. Meu Pé de Laranja Lima, a releitura dirigida por Marcos
Bernstein, tem como grande
mérito não fugir desta característica. Seu filme mantém o necessário tom de
tristeza, sem deixar de lado a criatividade e a sinceridade de ser criança. A
morte, afinal de contas, faz parte também da vida.
A história acompanha Zezé, um garoto
muito levado que vive aprontando. Apesar de às vezes suas molecagens gerarem
consequências graves, Zezé não é uma criança má, apenas não consegue medir seus
atos. O problema é que sua família não entende assim e, volta e meia, lhe
aplica uma surra. Especialmente seu pai, cuja intolerância é agravada pelo fato
de estar desempregado há bastante tempo. Diante de uma vida dura e pobre, Zezé
encontra uma saída em sua imaginação. Assim nasce a amizade com Minguinho, seu
pé de laranja-lima, com quem costuma brincar e bater papo. É quando o filme
ganha um tom poético, com os devaneios do garoto em um mundo onde pode, enfim,
ser feliz.
Ao contrário do que acontece na
primeira versão para o cinema, lançada em 1970, Marcos Bernstein abre espaço a
este lado imaginativo do livro, presente e necessário para toda e qualquer
criança. Entretanto, trata-se de uma fantasia com pés no chão, sem grandes
exageros e deixando sempre claro que o exibido não se trata da realidade. Outra
importante mudança, esta também aplicada em relação ao livro, se refere ao
personagem interpretado por Caco Ciocler. Trata-se de uma espécie de modernização da
história, de forma a situá-la nos dias atuais mas sem perder sua essência.
Pode-se dizer que seja um complemento afetivo, por assim dizer, que tem relação
com outro personagem fundamental desta história: o Portuga.
Interpretado por José de Abreu, que dosa bem no típico sotaque lusitano, o
Portuga vem a se tornar o “querido inimigo” de Zezé. O relacionamento entre os
dois é desenvolvido de forma tocante, indo das desavenças iniciais à amizade
incontestável, daquelas em que um não consegue mais viver sem o outro. Todo
este processo, entremeado com os problemas enfrentados por Zezé em casa, faz
com que o filme consiga transmitir ao espectador a dualidade vivida pelo
garoto, que vai do céu ao inferno em questão de momentos, sem esquecer a
importante faceta do lirismo.
Com diálogos inspirados, muitas vezes
dotados de uma sinceridade devastadora típica das crianças, Meu Pé de
Laranja Lima é um filme emocionante. Não apenas pela história em si,
mas também pelas opções feitas pelo diretor e as belas atuações de José de
Abreu e do protagonista João
Guilherme Ávila. O
garoto, por sua vez, impressiona com seu olhar tristonho, que combina
perfeitamente com Zezé. Um filme belíssimo, de uma ingenuidade cativante, que
se mostra uma adaptação à altura do grande livro escrito por José Mauro de
Vasconcellos.
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