domingo, 30 de março de 2014
domingo, 23 de março de 2014
#106 1958 OS DEVORADORES DE CÉREBROS (The Brain Eaters, EUA)
Direção: Bruno Vesota
Roteiro: Gordon Urquhart (baseado
na obra de Robert A. Heinlein – não creditado)
Produção: Edwin Nelson,
Stanley Bickman (Produtor Associado), Roger Corman (Produtor Executivo/não
creditado)
Elenco: Edwin
Nelson, Alan Frost, Jack Hill, Joanna Lee, Jody Fair
“Há algumas semanas, Riverdale,
Illinois, era apenas uma tranquila cidade pequena, mas naquele sábado, após a
meia-noite, um pesadelo começou”. Promissora narração de abertura de Os
Devoradores de Cérebro, mais um filme com a marca registrada de
Roger Corman como produtor, mesmo que não creditado, para a American
International Pictures. E quando eu digo marca registrada, é que vem por aí
mais um sci-fi de baixíssimo orçamento, feito à toque de caixa, com
muita criatividade em seu roteiro (até demais), empenho de todos os envolvidos
e efeitos especiais toscos e divertidos. Produzido e protagonizado pelo ator Ed
Nelson, que já havia atuado para Corman antes em Um Balde de
Sangue e Ataque das
Sanguessugas Gigantes e dirigido pelo escudeiro de Corman,
Bruno Vesota, Os Devoradores de Cérebro é um filme curto, funcional e
extremamente interessante. Porém em seu lançamento, Os Devoradores de
Cérebro sofreu de uma pendenga judicial e teve vida curta nas telonas,
pois Corman foi processado pelo escritor Robert A. Heinlein, por plágio,
alegando que o roteiro do filme havia sido copiado de seu livro, The
Puppet Master. Corman tentou se defender dizendo que desconhecia o livro quando
a produção foi rodada, mas acabou admitindo a imensa similaridade e em um
acordo com Heinlein fora dos tribunais, pagou 5 mil dólares ao escritor e ficou
tudo por isso mesmo, com Heinlein dispensando o uso do seu nome nos créditos.
Somente na década de 60 é que o filme se tornou um favorito nas reprises da
televisão e passou a ser cultuado pelos fãs de ficção científica. E antes que
você ache que Os Devoradores de Cérebro tenha alguma ligação com
zumbis, por conta de A Volta dos Mortos-Vivos, a resposta é não. A ameaça ao
nosso status quo dessa vez são parasitas que são capazes de se
atarracar em suas vítimas e dominar seus cérebros, controlando-as, retirando
sua individualidade em prol de uma consciência coletiva maior e tornando-as
agressivas (qualquer semelhança com a forma como os americanos viam o
comunismo, é mera coincidência, tá?). Como se não bastasse, esses parasitas
ainda liberam um fluído letal no sistema nervoso do hospedeiro, que faz com que
o portador seja morto em até 48 horas após o verme ser retirado de seu corpo. E
de onde surgiram esses tais parasitas mortais? Bom, na verdade um estranho cone
de origem desconhecida surge misteriosamente em Riverdale, sem nenhuma
explicação aparente, feito de um material indestrutível, trazendo essas
terríveis criaturas. Mortes e desaparecimentos começam a acontecer na pacata
cidadezinha, até que o senador Walter K. Powers (Cornelius Keefe, que usa o
pseudônimo de Jack Hill no filme) vai de Washington até o local para investigar
a origem do cone e tentar desmascarar uma possível fraude. Lá ele encontra o
cientista Paul Kettering (Ed Nelson), que estudou o objeto levantando a
hipótese de ser de origem extraterrestre. Auxiliando Kettering, está o filho do
prefeito da cidade, Glen Cameron (que narra os acontecimentos do filme em
primeira pessoa), sua esposa Elaine, o Dr. Wyler e a secretária do prefeito,
Alice Summers (que vira o par romântico de Kettering). O prefeito que havia
sido dado como desaparecido, retorna à prefeitura extremamente agressivo e
travando uma verdadeira batalha interna consigo mesmo. Quando tenta atacar
Powers, Kettering e os demais, é que o grupo descobre a iminente invasão dos
parasitas, brinquedos de pilhas cobertos com pedaços de casacos velhos e
varetas de limpar cachimbo como antenas. Imagine a beleza! História vai,
história vem, Riverdale outrora sossegada começa a ter seus habitantes pouco a
pouco tornando-se escravos dos parasitas devoradores de cérebro, um complô
começa a se formar, os heróis precisam lutar por suas vidas, quando é
descoberto um moribundo que aparentemente saiu do cone vazio (o qual Kettering
já havia entrado e não encontrada nada em seu interior), que trata-se do Prof.
Helsingman, especialista em bioquímica, dado como desaparecido em uma expedição
científica fazia cinco anos. Obviamente ele tinha uma criatura presa em seu
pescoço. Ao ser levado ao hospital antes de morrer, o velho já com o pé na cova
só diz uma palavra: carboníferos. O período carbonífero ocorreu entre 359 e 245
milhões de anos, e foi quando se deu a proliferação dos animais terrestres, com
o surgimento dos primeiros répteis e insetos. Ou como dizem no filme, é a Era
dos Insetos, “com libélulas gigantes com asas de meio metro” e “todo tipo
de insetos do tamanho de um mamute”. E aqui que fica desvendado que não há
nenhuma ameaça alienígena em vista, e sim terrena, com parasitas de mais de 200
milhões de anos que vieram do interior da terra para reclamar seu domínio sobre
o planeta. Ah vá! Decididos em adentrar o cone para resolver essa pendenga de
uma vez por todas, Kettering e Cameron descobrem então no interior do veículo o
Prof. Cole, que havia desaparecido na mesma expedição junto com Helsingman.
Cole é interpretado por um irreconhecível Leonard Nimoy, que está mais
parecendo o Matusalém. Controlado pelos parasitas, ele dá voz às criaturas revelando
seu terrível plano de controlar cada mente da terra e utilizar os homens para
trazer todos de volta a superfície, oferecendo em troca para a humanidade uma
vida utópica em perfeita harmonia, em paz e sem guerra, cobrando o pequeno
custo da vontade e do livre arbítrio. Segue então a tentativa de destruir os
parasitas antes que eles saiam do cone e comecem seu ataque em massa. Agora
pelo que você leu, fale para mim se esse roteiro não é espetacular? Haja
criatividade! E isso sem contar o charme dos parasitas / baratinhas feitos com
apenas alguns trocados e a presença ilustre do Dr. Spock parecendo o Edin, pai
do Jaspion. Os Devoradores de Cérebro é mais um exemplo de que não é
preciso muito para fazer um filme ser divertido e cultuado. E também foi o
pioneiro nesse quesito “parasitas terríveis” tendo muito outros exemplares de
filmes que abordaram esse tema, de formas diferentes, mas igualmente bem
sucedidos, como o apavorante Calafrios de David Croneneberg ou os
divertidos A Noite dos Arrepios na década de 80 e Seres
Rastejantes mais recentemente.
FONTE:
sábado, 22 de março de 2014
segunda-feira, 10 de março de 2014
019 1923 A RODA (LA ROUE, França)
Direção:
Abel Gance
Produção:
Abel Gance, Charles Pathé
Roteiro:
Abel Gance
Fotografia:
Gaston Brun, Marc Bujard, Léonce-Henri Burel, Maurice Duverger
Música: Arthur Honegger
Elenco:
Séverin -Mars ……… Sisif
Ivy Close …………… Norma
Gabriel
de Gravone . Elie
Pierre
Magnier ……. Jacques de Hersan
Georges Térof …… Machefer
Ainda:
Gil Clary, Max Maxudian,
A
roda, do visionário cineasta francês Abel Gance, começa com um espetacular
acidente de trem em cortes rápidos, tão revolucionário para os espectadores em
1922 quanto o trem dos irmãos Lumière chegando a uma estação em 1895. O
ferroviário Sisif (Severin-Mars) salva Norma (Ivy Close) do acidente e a cria
como sua filha. Ele e seu filho Elie (Gabriel de Gravone) se encantam por ela,
de modo que Sisif a casa com um homem rico. Norma e Elie acabam se apaixonando
e tanto seu marido quanto seu amante morrem em uma briga. Sisif fica cego e
morre, depois de ser cuidado por Norma. Desde a época em que foi feito até
hoje, este filme, que originalmente teria nove horas de duração, gera
controvérsias. A trama melodramática de A roda foi combinada com as mais diversas
referências literárias. Incluindo a tragédia grega, conforme sugerido pelo nome
de Sisif (Sísifo) e pela associação de sua cegueira com o desejo incestuoso
(Édipo). Intelectuais consideraram que essas "pretensões" entravam em
conflito com as extraordinárias técnicas cinematográficas do filme (como a
montagem acelerada e as sequências baseadas em ritmos musicais), que
relacionavam a obra às preocupações vanguardistas com um cinema "puro"
e o interesse dos cubistas nas máquinas como símbolo da modernidade. As
contradições do filme se juntam de forma admirável em torno da sua metáfora
central: a roda do destino (a íngreme ferrovia leva Sisif/Sísifo a subir e
descer o Mont Blanc), a roda do desejo, a roda do próprio filme com seus
diversos padrões cíclicos. PP
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 019)
quarta-feira, 5 de março de 2014
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