sábado, 18 de junho de 2016

#627 1992 INOCENTE MORDIDA (Innocent Blood, EUA)


Direção: John Landis
Roteiro: Michael Work
Produção: Leslie Belzberg, Lee Rich; Michael Work (Produtor Associado); Jonathan Sheinberg (Produtor Executivo)
Elenco: Anne Parillaud, Anthony LaPaglia, David Proval, Rocco Sisto, Chazz Palminteri, Robert Loggia

Depois de John Landis focar suas lentes na figura do lobisomem, no clássico absoluto do gênero, Um Lobisomem Americano em Londres, foi a vez da mítica figura do vampiro, ou melhor, da vampira, em Inocente Mordida. Fora dos EUA, o filme foi canastrissimamente chamado pelas distribuidoras picaretas de “Uma Vampira Francesa na América”, sem o consentimento de Landis, que por sinal o deixou emputecido, mas também poderia ser chamado de “Uma Vampira na Máfia”, vai, pelo teor da trama que reúne, hã, vampiros e a máfia. E com aquele dedo cômico certeiro de Landis, é uma comédia de horror que faz troça exatamente com esses dois gêneros cinematográficos, entupindo de clichês tanto dos mortos-vivos, quanto das organizações criminosas ítalo-americanas. Mas ah, o que falar de Anne Parillaud, a eterne Nikita (do filme do Luc Besson), interpretando a vampira Marie, que logo na abertura da fita nos brinda com cenas de nu frontal! Não dá para não amar o filme! E assim, Marie é uma criatura das trevas lasciva como toda boa vampira deve ser, porém discreta, para não dar na telha. Então para manter-se no anonimato, resolve se alimentar de mafiosos, afinal, se um ou outro aparecer morto por aí, pode dar a entender ser só mais um acerto de contas qualquer. Desde que eles não sejam transformados, óbvio. Aí que o trem descarrilha, quando Marie ataca exatamente o perverso chefe do crime local, Sallie “The Shark” Macelli (brilhantemente vivido pelo veterano Robert Loggia). Porém antes de finalizá-lo, ela é interrompida por Joe Gennaro (Anthony LaPaglia), que até então pensávamos ser mais um capanga do bando, mas descobre-se um policial. E Macelli voltará à vida como um morto-vivo com suas presas. Só que ciente do poder que ele tem em mãos, o mafioso-mor agora começa a transformar todos seus capangas (e advogado) em vampiros, para criar um exército das trevas. Marie então precisa consertar a cagada que fez, junto de Joe, que acaba se tornando seu par romântico, mesmo com eles lutando contra a desconfiança um do outro. Inocente Mordidaaqui passa a se tornar uma deliciosa comédia de erros, que mistura o timing cômico perfeito dos atores e de Landis (que vamos lá, sempre foi um diretor de comédias, e Um Lobisomem Americano em Londres e o videoclipe de Thriller, de Michael Jackson, são uma exceção) com situações do mais puro pastelão e piadas jocosas. No quesito terror, horror, suspense e afins, vale pela profusão de sangue derramado e principalmente pelos violentos ataques iniciais de Marie, antes de entrar na função “vampira heroína que irá salvar o dia (ou melhor, a noite, RÁ) mode on. A transformação é bem básica, mas interessante: suas longas presas nascem e seus olhos ficam brilhantes (bem parecido com o que já fizera tanto no clipe do Rei do Pop e em Um Lobisomem…). Marie ataca ferozmente a jugular de suas vítimas, mastigando-as, arrancando belos nacos de carne de seus pescoços e bebendo seu sangue. Aliás, assim como fizeram em Um Lobisomem…, aqui também Landis entope o filme de referências do próprio cinema de horror. Enquanto nas desventuras de David Kessler e seu amigo Jack Goodman ao não seguir pela estrada e adentrar o pântano de uma Inglaterra rural e serem atacados por um licantropo, vemos citados clássicos do subgênero como O Lobisomem da Universal e A Maldição do Lobisomem da Hammer, em Inocente Mordida, vira e mexe alguém está assistindo um filme antigo de terror, como O Vampiro da Noite, também da Hammer, com Christopher Lee como Drácula e Peter Cushing como Van Helsing e O Fantasma da Rua Morgue, de 1954, baseado no conto de Edgar Allan Poe. Fora as participações especialíssimas no decorrer do longa, como Dario Argento, Frank Oz, Michael Ritchi, Tom Savini e a mais emblemática, Sam Raimi como um açougueiro. Originalmente, o projeto deveria ser dirigido por Jack Sholder (diretor de Noite de PânicoO Escondido e A Hora do Pesadelo Parte 2: A Vingança de Freddy), com Lara Flynn Boyle, recém saída de Twin Peaks, e Dennis Hopper. Sholder saiu do barco por conta das “diferenças criativas” e Landis assumiu, substituindo os dois atores. Aliás, Landis estivera cotado dentro da própria Warner para dirigir outro filme de vampiros, com produção de Joel Silver, sobre um cantor de Las Vegas mordido e seduzido por uma vampira. Com o fracasso de Oscar – Minha Filha Quer Casar (dirigido por Landis) e Hudson Hawk – O Falcão Está à Solta (produzido por Silver) no ano anterior, o projeto foi abortado e Landis “realocado” para Inocente Mordida. Não é um dos clássicos imprescindíveis do gênero e quase nunca se encontra em uma lista de “filmes de vampiros para se assistir”, e não chega aos pés da obra prima de Landis sobre lobisomens, mas Inocente Mordida é correto, divertido e um bom passatempo como um terror descompromissado, bom exemplo de “terrir” sem cair no escracho. E tem Parillaud nua algemada de quatro em uma cama. Ponto!
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/17/627-inocente-mordida-1992/

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