Direção: Arthur Crabtree
Roteiro: Herbert J. Leder
(baseado na história original de Amelia Reynolds Long)
Produção: John Croydon /
Ronald Kinnoch (Co-produtor/não creditado), Richard Gordon e Charles F. Vetter
(Produtores executivos/não creditados)
Elenco: Marshall
Thompson, Kynaston Reeves, Kim Parker, Stanley Maxted, Terence Kiburn
Mais uma notabilíssima pérola do
horror / sci-fi dos prolíficos anos 50. Filme B de respeito, com
efeitos especiais de massinhas em stop-motion de uma legião de
cérebros movidos à energia atômica rastejando e pulando para atacar seres
humanos em um roteiro dos mais mirabolantes e malucos do gênero. Não é à toa
que O Horror Vem
do Espaço é cultuado e adorado pelos fãs. Dirigido por Arthur Crabtree, que
em seu currículo teve apenas dois longas de terror, este e Horrores do
Museu Negro, (duas contribuições generosíssimas para o gênero,
diga-se de passagem), antes de sumir do mapa, envolvido em um julgamento por
ter molestado sua filha adotiva e passar por graves problemas de saúde, o filme
foi lançado pela produtora britânica Amagalmated Productions (apesar da fita se
passar nos EUA, na fronteira com o Canadá), e é baseado no conto The
Tought Monster, escrito por Amelia Reynolds Long e publicado na
revista Weird Tales Magazine. Na trama, um cientista proeminente, o Prof.
R. E. Walgate desenvolve uma máquina capaz de potencializar o cérebro humano, e
com isso, a capacidade de materializar pensamentos, primeiro desenvolvendo uma
espécie de telecinese, e depois, criando formas de vida independentes.
Colocando esse novo poder à prova, o Prof. cria então terríveis criaturas
chamadas de “vampiros da mente”, que na verdade são cérebros invisíveis, com
antenas e tentáculos, ligados a uma coluna cervical flexível (???!!!), que se
alimentam do cérebro e medula humanos, grudando na parte de trás da cabeça da
vítima, liquefazendo sua massa cinzenta e medula espinhal e sugando-os para
fora da caixa encefálica, deixando o pobre coitado sem nada na cabeça. Fale se
isso é ou não é uma baita de uma viagem? Acontece que todo esse revertério
acontece na cidade de Winthrop, onde uma base militar americana chefiada pelo
Coronel Buttler e pelo Major Cummings (Marshall Thompson, o mocinho da
história) foi instalada, para desenvolver um poderoso radar capaz de espionar
os soviéticos, alimentado por energia atômica (alguém tinha alguma dúvida?).
Então isso fez com que esses tais inimigos sem rosto (título original do filme)
se multiplicassem e através da radiação, tornassem-se visíveis e ainda mais
mortais, sedentos por miolos humanos (muito antes dos zumbis). Algumas cenas
de O Horror Vem do Espaço são simplesmente incríveis. O filme todo se
arrasta em uma grande expectativa de mistério e suspense, já que os cérebros
assassinos só aparecem nos vinte minutos finais. Para começar, antes dos
créditos já vimos um soldado da base militar morto misteriosamente, irmão de
Barbara Griselle, assistente do Prof. Walgate e futuro interesse romântico do
Major Cummings. Depois vemos os ataques dos seres invisíveis, muito bem
executados, acompanhados por uma sinistra trilha sonora eletrônica e boas
atuações das vítimas, que são atacadas por algo que eles não podem ver, e por
consequência, atuar. O oficial Gibbons certa hora desaparece na floresta,
procurando por um militar ensandecido, o qual eles culpam como a causa dos
assassinatos, e retorna como um mongoloide, completamente alterado. Mas o crème
de la creme fica para o final, quando todos estão enclausurados na casa do
Prof. Walagate e os cérebros começam a tentar invadir o local. O efeito de stop
motion foi desenvolvido pelo trio Peter Neilson, Flo Nordhoff e Karl-Ludwig
Ruppel. É simplesmente fantástico ver os cerebrozinhos mexerem as antenas, e se
apoiarem na coluna vertebral para conseguir impulso e dar um salto contra as
janelas e portas bloqueadas da casa, e envolver o pescoço da mocinha com a
espinha flexível, que fica se debatendo para tentar se libertar. Isso enquanto
desesperadamente, o Major Cummins precisa destruir a usina atômica para acabar
com a ameaça de uma vez por todas. E ele resolve explodi-la, sem a menor
preocupação do que a explosão de uma usina atômica poderia acarretar, afinal o
desastre de Chernobyl só aconteceria depois de três décadas. E diferente dos
filmes do período, O Horror Vem do Espaço vem acompanhado de uma boa
dose de violência gráfica, com os gosmentos cérebros sendo alvejados por balas
e explodindo, derramando um líquido grosso e pastoso, e também tomando
machadadas em seus córtices. É um preview do que viria por aí com a
popularização do splatter. Ainda vale uma nojenta cena final quando os
cérebros começam a derreter (tudo em stop motion também) após a usina ser
destruída. Lembra, dadas as devidas proporções, o stop
motion utilizado em A Morte do Demônio, de Sam Raimi, quando os possuídos começam
a virar purê de batata. Ao começo você pode até indagar do roteiro ser parecido
com Os Devoradores de Cérebro, de Roger Corman, lançado no mesmo
ano e meu post anterior aqui no blog. Mas com o passar da fita, as coincidências
ficam só no quesito: criaturas que se alimentam do cérebro humano. O
Horror Vem do Espaço se mostra uma produção muito superior e com efeitos
especiais mais bem trabalhados. Só não consigo entender o título que esse filme
ganhou no Brasil, provavelmente querendo capitalizar em cima do público,
fazendo-os crer que se tratava de algo relacionado a uma invasão alienígena,
moda nos cinemas na época. Absolutamente nada na história é relacionado ao
espaço, e sim, trata-se de uma experiência científica e uso indevido da energia
atômica.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/03/12/107-o-horror-vem-do-espaco-1958/
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