sábado, 1 de dezembro de 2012

#107 1958 O HORROR VEM DO ESPAÇO (Fiend Without a Face, Reino Unido)



Direção: Arthur Crabtree
Roteiro: Herbert J. Leder (baseado na história original de Amelia Reynolds Long)
Produção: John Croydon / Ronald Kinnoch (Co-produtor/não creditado), Richard Gordon e Charles F. Vetter (Produtores executivos/não creditados)
Elenco: Marshall Thompson, Kynaston Reeves, Kim Parker, Stanley Maxted, Terence Kiburn

Mais uma notabilíssima pérola do horror / sci-fi dos prolíficos anos 50. Filme B de respeito, com efeitos especiais de massinhas em stop-motion de uma legião de cérebros movidos à energia atômica rastejando e pulando para atacar seres humanos em um roteiro dos mais mirabolantes e malucos do gênero. Não é à toa que O Horror Vem do Espaço é cultuado e adorado pelos fãs. Dirigido por Arthur Crabtree, que em seu currículo teve apenas dois longas de terror, este e Horrores do Museu Negro, (duas contribuições generosíssimas para o gênero, diga-se de passagem), antes de sumir do mapa, envolvido em um julgamento por ter molestado sua filha adotiva e passar por graves problemas de saúde, o filme foi lançado pela produtora britânica Amagalmated Productions (apesar da fita se passar nos EUA, na fronteira com o Canadá), e é baseado no conto The Tought Monster, escrito por Amelia Reynolds Long e publicado na revista Weird Tales Magazine. Na trama, um cientista proeminente, o Prof. R. E. Walgate desenvolve uma máquina capaz de potencializar o cérebro humano, e com isso, a capacidade de materializar pensamentos, primeiro desenvolvendo uma espécie de telecinese, e depois, criando formas de vida independentes. Colocando esse novo poder à prova, o Prof. cria então terríveis criaturas chamadas de “vampiros da mente”, que na verdade são cérebros invisíveis, com antenas e tentáculos, ligados a uma coluna cervical flexível (???!!!), que se alimentam do cérebro e medula humanos, grudando na parte de trás da cabeça da vítima, liquefazendo sua massa cinzenta e medula espinhal e sugando-os para fora da caixa encefálica, deixando o pobre coitado sem nada na cabeça. Fale se isso é ou não é uma baita de uma viagem? Acontece que todo esse revertério acontece na cidade de Winthrop, onde uma base militar americana chefiada pelo Coronel Buttler e pelo Major Cummings (Marshall Thompson, o mocinho da história) foi instalada, para desenvolver um poderoso radar capaz de espionar os soviéticos, alimentado por energia atômica (alguém tinha alguma dúvida?). Então isso fez com que esses tais inimigos sem rosto (título original do filme) se multiplicassem e através da radiação, tornassem-se visíveis e ainda mais mortais, sedentos por miolos humanos (muito antes dos zumbis). Algumas cenas de O Horror Vem do Espaço são simplesmente incríveis. O filme todo se arrasta em uma grande expectativa de mistério e suspense, já que os cérebros assassinos só aparecem nos vinte minutos finais. Para começar, antes dos créditos já vimos um soldado da base militar morto misteriosamente, irmão de Barbara Griselle, assistente do Prof. Walgate e futuro interesse romântico do Major Cummings. Depois vemos os ataques dos seres invisíveis, muito bem executados, acompanhados por uma sinistra trilha sonora eletrônica e boas atuações das vítimas, que são atacadas por algo que eles não podem ver, e por consequência, atuar. O oficial Gibbons certa hora desaparece na floresta, procurando por um militar ensandecido, o qual eles culpam como a causa dos assassinatos, e retorna como um mongoloide, completamente alterado. Mas o crème de la creme fica para o final, quando todos estão enclausurados na casa do Prof. Walagate e os cérebros começam a tentar invadir o local. O efeito de stop motion foi desenvolvido pelo trio Peter Neilson, Flo Nordhoff e Karl-Ludwig Ruppel. É simplesmente fantástico ver os cerebrozinhos mexerem as antenas, e se apoiarem na coluna vertebral para conseguir impulso e dar um salto contra as janelas e portas bloqueadas da casa, e envolver o pescoço da mocinha com a espinha flexível, que fica se debatendo para tentar se libertar. Isso enquanto desesperadamente, o Major Cummins precisa destruir a usina atômica para acabar com a ameaça de uma vez por todas. E ele resolve explodi-la, sem a menor preocupação do que a explosão de uma usina atômica poderia acarretar, afinal o desastre de Chernobyl só aconteceria depois de três décadas. E diferente dos filmes do período, O Horror Vem do Espaço vem acompanhado de uma boa dose de violência gráfica, com os gosmentos cérebros sendo alvejados por balas e explodindo, derramando um líquido grosso e pastoso, e também tomando machadadas em seus córtices. É um preview do que viria por aí com a popularização do splatter. Ainda vale uma nojenta cena final quando os cérebros começam a derreter (tudo em stop motion também) após a usina ser destruída. Lembra, dadas as devidas proporções, o stop motion utilizado em A Morte do Demônio, de Sam Raimi, quando os possuídos começam a virar purê de batata. Ao começo você pode até indagar do roteiro ser parecido com Os Devoradores de Cérebro, de Roger Corman, lançado no mesmo ano e meu post anterior aqui no blog. Mas com o passar da fita, as coincidências ficam só no quesito: criaturas que se alimentam do cérebro humano. O Horror Vem do Espaço se mostra uma produção muito superior e com efeitos especiais mais bem trabalhados. Só não consigo entender o título que esse filme ganhou no Brasil, provavelmente querendo capitalizar em cima do público, fazendo-os crer que se tratava de algo relacionado a uma invasão alienígena, moda nos cinemas na época. Absolutamente nada na história é relacionado ao espaço, e sim, trata-se de uma experiência científica e uso indevido da energia atômica.

FONTE: http://101horrormovies.com/2013/03/12/107-o-horror-vem-do-espaco-1958/

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