sexta-feira, 29 de setembro de 2017
JOGO PERIGOSO (Geralds Game, EUA, 2017)
TERROR 2017 48 JOGO PERIGOSO
A adaptação do livro de Stephen King vai te prender…
O recém septuagenário Stephen
King não tem do que reclamar do ano de 2017. Tá, ele pode reclamar da
série The Mist, que durou uma mísera temporada e já foi cancelado
e de A Torre Negra, a talvez mais aguardada adaptação cinematográfica
de uma obra do escritor do Maine, que foi um verdadeiro flop nos
cinemas. Mas o autor pode considerar um ano prolífico tendo em vista todas as
adaptações transmídia de suas histórias – uma avalanche que era comum durante
as décadas de 80 e 90 -, incluindo aí o caminhão de dinheiro que It: A Coisa está faturando, a aclamada série Mr.
Mercedes e agora, Jogo Perigoso, produção original da Netflix que
entrou no catálogo do serviço de streaming na última sexta-feira de
setembro. Dirigido pelo competente Mike Flanagan – que para mim tem 100% de
aproveitamento em seus filmes, mesmo sem tanta badalação – e que já havia
entregado o excelente Hush – A Morte Ouve para a Netflix, Jogo Perigoso pega
um dos livros maomeno de King e consegue transportar para às telas um
baita de um thriller, que, com o perdão do trocadilho, prende o
público, segurado inteiramente pela ótima Carla Gugino, numa crescente de
suspense, paranoia, medo primal e traumas do passado. Jessie é casada com
Gerald (vivido pelo também ótimo Bruce Greenwood), em uma matrimônio que anda
mal das pernas, e para tentar apimentar a relação, ele propõe uma viagem para
sua casa na floresta, onde quer realizar um jogo sexual fetichista, algemando a
moça na cama. Problema é que Gerald acaba sofrendo um ataque cardíaco e cai
duro no chão, mortinho da silva, deixando a viúva naquela situação
desesperadora, sem conseguir se livrar das algemas. Pior ainda, ela fica presa
ali naquele local a mercê de um cachorro desgarrado faminto, que passa a se alimentar
do seu marido defunto, e passa a sofrer uma série de alucinações, desidratação
e fome. Como desgraça pouca é bobagem, Jessie precisa também se vê obrigada em
seus devaneios e apagões em confrontar alguns fantasmas de sua infância que
foram enterrados profundamente, lhe trazendo memórias reprimidas de abuso. Quer
mais? Sua mente passa a vislumbrar uma estranha presença dentro da casa, uma
espécie de gigante deformado espreitando nas sombras, impossível de distinguir
se é algo real ou imaginário, fruto da privação do cárcere e da situação
limítrofe. Nessa mecânica simples de poucos cenários e atores, que se dividem
entre a situação complicada de Jessie no quarto e flashback de seu
passado durante um eclipse solar em sua adolescência (mesmo evento já narrado
por King em Eclipse Total), Flanagan, com total suporte da atuação de
Gugino, vai pouco a pouco despertando a tensão no espectador, amparada por sua
mente disfuncional que cria armadilhas mentais, e ao mesmo tempo, desenvolve
tentativas de sobreviver e bolar um jeito de escapar. O que culmina, sem dúvida
nenhuma, na cena mais agoniante do cinema de terror no ano, daquelas digna de
virar o rosto de lado. Bastante fiel às páginas, tirando alguns pequenos
detalhes, Jogo Perigoso segue sem novidades para quem o leu, mas para
o resto do público, é capaz de gerar uma certa decepção, principalmente quando
jogada luz a um específico elemento em seu final, ao trazer à tona a verdade
sobre a criatura que espreitava no escuro. Enquanto King trabalhou muito bem
essa sensação arrepiante de paranoia e impotência, algo que deu certo dentro do
contexto literário, no roteiro de Flanagan e Jeff Howard, esse elemento fica um
tanto jogado, mal aproveitado na totalidade de sua construção para alcançar o
fechamento do terceiro ato. Mesmo que o filme habilmente vá se mantendo durante
aqueles 90 minutos de atmosfera habilmente controlada pelo diretor,
infelizmente uma cena específica de sua conclusão, aquela do tribunal para ser
mais preciso, põe as coisas a perder. Enquanto tenta parecer emporderadora,
acaba soando caricata, momento de mais puro ridículo e entorna o caldo numa
experiência que poderia ser completa. Se terminasse uma mísera sequência antes,
talvez tivesse uma sorte melhor em seu encerramento. O Troféu Golden já teve
inúmeras obras adaptadas de formas vexatórias e medianas nas telonas e
telinhas, e Jogo Perigoso, tal qual sua contraparte de papel, pode não ser
nenhuma Brastemp, mas cumpre seu propósito de uma honesta produção Made
for Netflix, com lampejos geniais em alguns momentos, mas que acaba por figurar
sem grandes pretensões e com um final um tanto desgostoso, tudo por causa de
uma única cena.
3 algemas para Jogo Perigoso
Fonte: https://101horrormovies.com.br/review-2017-48-jogo-perigoso/
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
domingo, 24 de setembro de 2017
KIN-DZA-DZA! (URSS, 1986)
Direção: Georgiy
Daneliya
Sinopse:
Kin-Dza-Dza conta a
história de dois humanos que, ao apertar um botão por engano, acabam parando
num planeta desconhecido, chamado de Plyuk, na galáxia de Kin-Dza-Dza. O filme
é uma espécie de road movie no deserto alienígena, onde imperam a falsidade, a
hierarquia e a ganância (principalmente por fósforos, o produto mais valioso do
mundo).
sábado, 23 de setembro de 2017
OPERAÇÃO AVALANCHE (Operation Avalanche, EUA CANADÁ, 2016)
Direção: Matt Johnson
Sinopse: 1967. Dois
agentes da CIA investigam russos na NASA, que na época estavam fortemente
envolvidos na corrida para a Lua. O que eles descobrem acaba por ser muito mais
chocante do que a espionagem russa. Um segredo de Estado que pode nunca, jamais
pode ser revelado.
UM DIA, UM GATO (Az Prijde Kocour, Checoslováquia, 1963)
Direção: Vojtech
Jasny
Sinopse: Um contador de
histórias, morador de uma pacata cidade na Tchecoslováquia, conta aos alunos de
uma escola a vida do professor Robert (Vlastimil Brodský), a história de um
antigo amor e seu gato de óculos escuros. Ao tirar os óculos, o gato colore as
pessoas de acordo com seus sentimentos e personalidades. O caráter humano pelo
ponto de vista de um gato, que apenas enxerga os humanos pelo que realmente
são.
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
A GHOST STORY EUA, 2017)
TERROR 2017 46 A
GHOST
STORY
Melancolia e tristeza infinita
Qual a representação
máxima de um fantasma?
Um lençol alvo com
dois furos no lugar dos olhos! Tem até emoji disso! Uma alegoria simples e
inocente, que as crianças adoram usar, incapaz de assustar alguém. Isso até
David Lowery meter Casey Affleck, o irmão recém-oscarizado de Ben, em uma
dessas fantasias pueris e nos entregar seu A Ghost Story. Mas não leve o
verbo assustar ao pé da letra não, porque o terror aqui não tem nada a ver com
o que as assombrações estão acostumadas a praticar nos filmes do gênero. Aliás,
para começo de conversa, A Ghost Story é um thrillerexistencialista, um
drama com elementos de terror e fantástico. O termo que eu usei ali em cima, na
verdade, aqui se aplica na mensagem da efemeridade da vida em um tocante conto
sobre amor, perda e o desapego, que transcende o tempo/espaço físico. Aliás,
quem nunca se pegou pensando, deitado em sua cama olhando para o teto em
momentos de luto, como lidar com o buraco existencial da saudade daqueles que
nos deixaram? Ou mesmo, como seria a vida sem a gente neste plano, depois de
morrermos? Ou então, para não ficar no espectro mais espiritualista, ficou
imaginando como é a rotina das pessoas depois que uma relação acaba e ela vai
embora. Sem saber que rumo e decisões tomar e sobrevivendo apenas como uma
“aparição”? Para Lowery, a obsessão e o apego carnal ou sentimental, tão
profundamente enraizados na nossa cultura judaico-cristã ou no kardecismo, só
prova o quanto nossa existência é ínfima (corroborada pelo poderoso e longo
discurso niilista do personagem de Will Oldham em uma festa) perante ao rolo
compressor que é a força do universo, da natureza e da passagem de tempo, e que
por mais que a gente se ache importante ou necessário, a verdade é que o mundo
vai continuar girando ali sem a nossa presença. Ponto! Esses mesmos sentimentos
tão poderosos são o que levam o espírito de Affleck por debaixo do lençol a
voltar dos mortos após um acidente de carro, e retornar a casa onde morava com
sua esposa, interpretada por Rooney Mara. Ali naquele local, onde em vida,
relutantemente refuta a ideia de se mudar. Mesmo após a morte, continua preso
ali, tentando desesperadamente se conectar a ela novamente, que lida com o
processa de luto pela morte do amado. Após a partida dela, num processo
definitivo para se livrar do pesar, acompanhamos de perto o estoicismo
silencioso do fantasma em sua amargura pungente (é impressionante a capacidade
de Affleck em transbordar um mar de angústia e solidão sem que consigamos ao
menos ver suas expressões sequer uma vez por baixo do lençol). Agarrado àquela
condição que o impossibilita de desencarnar, tenta desesperadamente, por anos a
fio, ler o bilhete deixado por Mara na fresta de uma parede, que não consegue
pegar com as mãos cobertas pelo pano, transformando numa nova obsessão que o
torna incapaz de descansar, enquanto o tempo vai passando sem piedade. A Ghost
Story foi o reflexo psicológico do momento que David Lowery vivia, segundo
entrevista, quando estava surtando e passando por uma tremenda crise
existencial. O que fica bem explícito em tela. A melancolia é perene, te atinge
em cheio de forma angustiante, te sufoca, invadindo seu redor, tornando-o capaz
de cortar o ar com uma faca de rocambole enquanto assiste. Pois, quantas e
quantas vezes VOCÊ já não foi aquele fantasma? É uma baita introspecção sobre o
sentido da vida, de uma tristeza infinita e beleza poética, sobre como o
universo e as pessoas seguem inexoráveis à nossa presença – que a bem da
verdade, pode ser mais assustador que qualquer encosto, apesar de seu final, de
acalentar corações. Outro ponto que é bom destacar é que o longa é um
verdadeiro teste de paciência, num ritmo completamente arrastado, intimista, de
ausência quase completa de diálogos, música etérea, um trabalho de edição
primoroso e longuíssimas tomadas, como o quase insuportável plano sequência em
que vemos Rooney Mara por dez minutos comendo uma torta. Agora, o que há de se
levar em questão para os fãs do gênero, principalmente aqueles mais xiitas, é
onde a gente entra naquela eterna discussão broxa sobre “o que é um filme de
terror”, todo aquele blá-blá-blá, cagação de regra, e a masturbação com relação
ao famigerado PÓS-HORROR e a pobreza do cunho desse termo, que A Ghost
Story suscita. Fica absurdamente abaixo da escala do susto, do medo ou
qualquer clichê do horror que o valha – exceto quando o fantasma resolve
manifestar a ira de sua frustração de um forma física em cima da família de
latinos que se mudara para sua casa, a cena do necrotério, e vez ou outra ver
aquela figura voyeur ali estática
parada num canto dá uma sensação desconfortável. E de fato, se é um filme de
terror no sentido bíblico, pouco importa. É um dos melhores do ano, disparado,
e isso basta. A bagagem emocional
de cada um sobre os temas levantados, a sensibilidade fílmica e até
seu mood ao vê-lo é o que vai decretar se a experiência individual de
assistir A Ghost Story o fará colocá-lo na prateleira dos filmes que
adorou ou odiou. Para esse reles mortal que a terra um dia há de comer, foi uma
das mais lindas obras sobre amor, perda e… fantasmas vestidos com um lençol,
que já me deparei ultimamente.
5 lençóis com buracos
nos olhos para A Ghost Story
Fonte: http://101horrormovies.com.br/review-2017-46-a-ghost-story/
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sábado, 2 de setembro de 2017
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