TERROR 2018 21 UM LUGAR SILENCIOSO
MARCOS BROLIA 04/04/2018
IMPORTANTE: Assista
ao melhor filme de terror até então em um lugar silencioso!
Antes de tudo,
quero começar esse texto com um aviso: o título Um Lugar
Silencioso não remete apenas ao local onde vive a família Abbott no mais
completo silêncio, isolados em uma propriedade rural em um futuro apocalíptico
não muito distante, após uma grande parcela da humanidade ter sucumbido ao ser
caçada por terríveis criaturas que se guiam pelo som. É também o local e a
forma, que você deve assistir ao melhor filme de terror do ano até então. Isso
porque a atmosfera é imprescindível para se viver toda a experiência
acachapante que é assistir ao longa de John Krasinski, que chega aos cinemas
brasileiros nesta quinta-feira. Você precisa entrar no clima que o longa
permeia, e assim poder se envolver por completo, mas para tal, É OBRIGADO a
estar em um, hã, lugar silencioso também, para sofrer na pele o drama familiar
da dificuldade de comunicação, viver a iminência do medo no ar, e aproveitar o
excelente uso dos efeitos sonoros (principalmente das criaturas), da música e a
edição e mixagem de som, mesclados com o silêncio total, deixando se envolver
pela extrema tensão lancinante e desespero perene, daqueles capazes de provocar
uma gastrite nervosa e fazer roer todas as unhas dos dedos. Ou seja, a primeira
dica é evitar as salas multiplex em shoppings em horários que estarão lotados
de adolescentes, pessoas mal educadas que ficam conversando, gente que não tem
a menor empatia com o próximo e acha que cinema é lugar de fazer zona e ficar
mexendo no celular. Infelizmente, perfil de grande parte do público que
frequenta as sessões de filmes de terror hoje em dia. Conseguindo se safar, a
segunda dica é estar preparado para praticamente quase 1h30 do mais puro
estresse, podendo deixar os nervos em frangalhos, respiração ofegante e
taquicardia. E aproveitar um dos melhores filmes de criaturas dos últimos
tempos. E olha que estamos falando de um ano bom para o subgênero, tendo em
vista que em apenas três meses, já fomos presenteados com The Ritual e Aniquilação,
duas produções que estrearam diretamente na Netflix. Ajudado pelas atuações
potentes de Emily Blunt e das crianças Noah Jupe e Millicent Simmonds, que
levam quase que a metragem inteira praticamente sem diálogos, conversando por
sinais e esgueirando-se pelas pontas dos pés tomando o máximo de cuidado
possível para emitir o mínimo de ruído, Krasinski – mais conhecido por seus
papéis em comédias, vejam só – merece todos os créditos em apostar no terror
primal, em uma estrutura narrativa básica, acertando em todos os pontos chaves
da cartilha de como se fazer um survival horror funcional. Em apenas
seu segundo longa como diretor, onde também atua e escreve o roteiro junto como
Bryan Woods e Scott Beck, evoca o melhor estilo Eu Sou a Lenda de
Richard Matheson, sem querer inventar moda, parecer pretensioso e acabar
pecando pelo excesso, provando até como o malfadado jumpscare pode
ser um recurso inteligentíssimo para se assustar, quando utilizado de forma
correta, ainda mais em uma filme onde o uso do som é sagrado. E olha que
estamos falando de uma produção da Platinum Dunes de Michael Bay! Um Lugar
Silencioso aposta em uma dose descomunal de aflição lancinante,
principalmente da metade do filme para frente, que, sem exageros, se torna um
verdadeiro trem descarrilado com uma sequência de acontecimentos atrás da
outra, sem dar tempo sequer do espectador recuperar o fôlego. Sabe a expressão:
“saiu da panela para cair na frigideira”? É bem isso! E antes das coisas
começarem a dar ruim, apesar da brutal tragédia logo em seus primeiros dez
minutos, aposta suas fichas no drama humano e em elementos emotivos carregadíssimos,
para criar identificação com os personagens antes de jogá-los na batalha por
sobrevivência. Como se não bastasse todas as qualidades, o motivo de maior
louvor e seu maior acerto, é que em momento algum tenta explicar o que são
aqueles monstros ou de onde surgiram, e nem como a humanidade foi para o
vinagre, tirando alguns recortes de jornal aqui e ali. Sem nenhum pingo de
didatismo e sem julgar a inteligência do público. E falando nas criaturas, vale
também destacar toda a concepção de seu visual artrópode, com tímpano ultra
desenvolvido, agilidade super humana, sedentos de sangue e virtualmente
indestrutíveis, que parecem um cruzamento do xenomorfo, com o Pumpkinhead e o
Demogorgon, trabalho classe A misturando animatrônicos com CGI, sob supervisão
de Jacob Buck pela Industrial Light and Magic, que tem na bagagem os efeitos
especiais de Transformers e Círculo de Fogo. Um Lugar Silencioso é daquele
tipo de filme de terror extremamente correto que acerta em tudo e dá-se gosto
de assistir, aflora as emoções, e figura facilmente como mais uma daquelas
excelente produções da nova safra do gênero nesta última década, com pleno
potencial para se criar uma franquia e quem sabe, até uma expansão de universo
e mitologia. É só o público saber fazer o barulho que ele merece.
5 aparelhos
auditivos para Um Lugar Silencioso
FONTE:
http://101horrormovies.com.br/review-2018-21-um-lugar-silencioso/
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