quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

EU VI QUE FOI VOCÊ (I Saw What You Did, EUA, 1965)


DIREÇÃO: WILLIAM CASTLE


Por: Rafael Polcaro Pereira
Carinhosamente apelidado de Alfred Hitchcock dos filmes B, William Castle foi um diretor, produtor e roteirista americano que deixou sua marca na história do cinema dos anos 40 aos 70, dirigindo e produzindo dezenas de filmes, dos mais variados gêneros. Porém se notabilizou no terror, tendo sido responsável por aterrorizar plateias mundo afora com grandes clássicos juntamente com os chamados movie gimmicks (truques promocionais), feitos nas salas de cinema para aumentar a experiência visual e sensorial, buscando potencializar a experimentação cinematográfica do espectador, além de claro, promover o filme.  
Em sua primeira empreitada como diretor, Castle teve de hipotecar a própria casa para financiar a produção “Macabro” (1958), que conta a história de um maníaco que sequestra a filha de um médico e a enterra viva em um caixão. Foi nessa primeira produção que ele começou a usar os tais truques que lhe deixariam famoso posteriormente. Em algumas sessões do filme ele distribuiu apólices de seguro para cada pessoa na plateia, para caso ela “morresse de medo” durante a projeção. Algumas outras exibições também tiveram pessoas vestidas em trajes cirúrgicos na sala de cinema e uma ambulância estacionada na entrada.
Um ano depois, em “Força Diabólica (1959), que acompanha a história de uma criatura que se anexa à medula espinhal humana, que é ativada pelo medo e só pode ser destruída através de gritos, Castle colocou campainhas debaixo de alguns dos bancos do cinema que eram ativadas em um certo ponto do filme, em que o monstro estava á solta. Nesse momento o personagem de Vincent Price falava diretamente com os espectadores, orientando-os a “gritarem por suas vidas”.
Já em “13 Fantasmas” (1960), que chegou a ganhar um remake mal sucedido em 2001, eram distribuídos óculos que eram chamados de “visualizadores de fantasmas/ removedores de fantasmas”, pois a produção havia sido filmada em uma tecnologia chamada Illusion-O, que permitia que em alguns momentos da produção as pessoas pudessem ver os fantasmas do filme usando os óculos, mas caso elas se assustassem demais poderiam retirá-los e assim não veriam nenhum dos fantasmas da trama.
Em “Máscara do Horror”, o diretor permitia que os espectadores escolhessem o destino do vilão. Durante o clímax, Castle aparecia em tela para explicar os dois possíveis finais para o personagem: a cura ou a morte. Cada espectador recebia um cartão que tinha um dedão fazendo sinal negativo e positivo, que brilhava no escuro. Curiosamente é dito que nenhuma plateia escolheu a cura do vilão, então o final alternativo nunca foi exibido.
Apesar de ter dirigido dezenas de produções de sucesso comercial, foi como produtor seu momento mais importante, produzindo um dos maiores clássicos do horror: “O Bebê de Rosemary”. De acordo com sua biografia, Castle teria hipotecado novamente a própria casa para obter os direitos do livro de Ira Levin antes que fosse publicado, esperando finalmente dirigir um filme “A” de prestigio. Porém a Paramount Pictures insistiu em contratar Roman Polanski para a direção, enquanto Castle ficou responsável pela produção. Assim como na maioria de seus filmes, ele também fez uma aparição, interpretando um senhor esperando para usar a cabine telefônica que Mia Farrow ocupa.
Todas essas características fizeram de William Castle uma figura notável na história da sétima-arte. Mesmo que muitas vezes seus truques fossem mais excitantes que seus filmes, ele nunca teve um fracasso de bilheteria, principalmente pela sua habilidade de apresentar e vender seu trabalho. Castle faleceu de infarto aos 63 anos, em 31 de Maio de 1977, em Los Angeles, Califórnia.

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