DIREÇÃO: WILLIAM CASTLE
Por: Rafael Polcaro Pereira
Carinhosamente apelidado de Alfred
Hitchcock dos filmes B, William Castle foi um diretor, produtor e roteirista
americano que deixou sua marca na história do cinema dos anos 40 aos 70,
dirigindo e produzindo dezenas de filmes, dos mais variados gêneros. Porém se
notabilizou no terror, tendo sido responsável por aterrorizar plateias mundo
afora com grandes clássicos juntamente com os chamados movie gimmicks (truques
promocionais), feitos nas salas de cinema para aumentar a experiência visual e
sensorial, buscando potencializar a experimentação cinematográfica do
espectador, além de claro, promover o filme.
Em sua primeira empreitada como
diretor, Castle teve de hipotecar a própria casa para financiar a produção
“Macabro” (1958), que conta a história de um maníaco que sequestra a filha de
um médico e a enterra viva em um caixão. Foi nessa primeira produção que ele
começou a usar os tais truques que lhe deixariam famoso posteriormente. Em
algumas sessões do filme ele distribuiu apólices de seguro para cada pessoa na
plateia, para caso ela “morresse de medo” durante a projeção. Algumas outras
exibições também tiveram pessoas vestidas em trajes cirúrgicos na sala de
cinema e uma ambulância estacionada na entrada.
Um ano depois, em “Força Diabólica
(1959), que acompanha a história de uma criatura que se anexa à medula espinhal
humana, que é ativada pelo medo e só pode ser destruída através de gritos,
Castle colocou campainhas debaixo de alguns dos bancos do cinema que eram
ativadas em um certo ponto do filme, em que o monstro estava á solta. Nesse
momento o personagem de Vincent Price falava diretamente com os espectadores,
orientando-os a “gritarem por suas vidas”.
Já em “13 Fantasmas” (1960), que
chegou a ganhar um remake mal sucedido em 2001, eram distribuídos óculos que
eram chamados de “visualizadores de fantasmas/ removedores de fantasmas”, pois
a produção havia sido filmada em uma tecnologia chamada Illusion-O, que
permitia que em alguns momentos da produção as pessoas pudessem ver os fantasmas
do filme usando os óculos, mas caso elas se assustassem demais poderiam
retirá-los e assim não veriam nenhum dos fantasmas da trama.
Em “Máscara do Horror”, o diretor
permitia que os espectadores escolhessem o destino do vilão. Durante o clímax,
Castle aparecia em tela para explicar os dois possíveis finais para o
personagem: a cura ou a morte. Cada espectador recebia um cartão que tinha um
dedão fazendo sinal negativo e positivo, que brilhava no escuro. Curiosamente é
dito que nenhuma plateia escolheu a cura do vilão, então o final alternativo
nunca foi exibido.
Apesar de ter dirigido dezenas de
produções de sucesso comercial, foi como produtor seu momento mais importante,
produzindo um dos maiores clássicos do horror: “O Bebê de Rosemary”. De acordo
com sua biografia, Castle teria hipotecado novamente a própria casa para obter
os direitos do livro de Ira Levin antes que fosse publicado, esperando
finalmente dirigir um filme “A” de prestigio. Porém a Paramount
Pictures insistiu em contratar Roman Polanski para a direção, enquanto Castle
ficou responsável pela produção. Assim como na maioria de seus filmes, ele
também fez uma aparição, interpretando um senhor esperando para usar a cabine
telefônica que Mia Farrow ocupa.
Todas essas características fizeram
de William Castle uma figura notável na história da sétima-arte. Mesmo que
muitas vezes seus truques fossem mais excitantes que seus filmes, ele nunca
teve um fracasso de bilheteria, principalmente pela sua habilidade de
apresentar e vender seu trabalho. Castle faleceu de infarto aos 63 anos, em 31
de Maio de 1977, em Los Angeles, Califórnia.
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