terça-feira, 31 de outubro de 2017
sábado, 28 de outubro de 2017
1922 (EUA, 2017)
TERROR 2017 54 1922
Produção original da Netflix é um daqueles dramas
com pinceladas sobrenaturais de King
Sem dúvidas, 2017
é o ano que prova que um rei nunca perde a majestade! Afinal, o autor ganhador
do Troféu Golden nunca esteve tão em voga, na TV e nos cinemas, como neste ano.
É claro que, como o Marcos já observou em outro artigo, nas décadas de 80 e 90
tivemos dezenas de adaptações de suas obras, porém vocês vão concordar comigo
quando eu digo que a maioria era de natureza muito duvidosa. E é exatamente por
isso que King tem motivos de sobra para comemorar: o ano tem sido muito
generoso para ele e, consequentemente, para os fãs, em se tratando da qualidade
e fidelidade das obras adaptadas. Depois do sucesso estrondoso de crítica e
bilheteria de IT – A Coisa,
e também de Jogo Perigoso,
a bola da vez é a nova produção original da Netflix, 1922, que chegou
nessa última sexta-feira ao catálogo do serviço de streaming. Adaptado do
conto homônimo que integra o livro Escuridão Total Sem Estrelas, publicado
em 2010, foi dirigido por Zak Hilditch e é um daqueles dramas com nuances
sobrenaturais que King, vez ou outra, nos apresenta. Numa fazenda situada na
cidade de Hemingford Home, Nebraska (que alguns leitores fiéis vão reconhecer como
o lar de Mãe Abagail, de Dança da Morte) vive Wilfred James (Thomas Jane,
irreconhecível) e sua família, composta pela esposa Arlette (Molly Parker) e
seu filho adolescente Henry (Dylan Schmid). Apesar do clima tranquilo do campo,
os James não vivem como uma verdadeira família de comercial de margarina, pois
o casal disputa, internamente, pelo lugar em que moram. Wilfred herdou oitenta
acres de terras agrícolas, que são de sua família há gerações; já Arlette
possui uma propriedade de cem acres, porém ela não tem interesse algum em
continuar morando na roça e despreza a vida simples, ao contrário de Wilf, que
só pensa em seguir o legado e deixar uma boa quantia de terra para Henry. Os
conflitos começam a aumentar quando Arlette decide vender sua parte nas terras
para uma empresa e, com o dinheiro, abrir uma butique em Omaha. Já que nem
passa pela cabeça de Wilfred ir embora dali, ela cogita pedir o divórcio e
quer, como uma boa mãe, levar o filho consigo. A ideia de perder as coisas que
são mais preciosas o deixa desgraçado da cabeça, e começa, pouco a pouco,
a arquitetar um plano, juntamente com o filho, para matar Arlette e dar um
sumiço no corpo, jogando-o num poço abandonado. Vemos o filme todo sob a ótica
da confissão por escrito de Wilfred, que depois de consumar o ato, percebe que
as coisas nem de longe tomaram o rumo que ele planejou. Sozinho, acabado e
consumido pela culpa, vivendo num quarto de hotel, ele vai narrando numa carta
tudo o que se seguiu com ele e o filho após o assassinato da esposa. O ator
Thomas Jane, que já havia trabalhado anteriormente em outras obras do King para
o cinema (O Apanhador de Sonhos e O Nevoeiro)
tem uma atuação brilhante, carregando o filme nas costas, com seu sotaque
carregado, pele bronzeada, e seus trejeitos de homem simples, calejado pela
vida dura. Já a personagem de Molly Parker, no entanto, é um dos poucos pontos
negativos da obra. No conto, Arlette é uma mulher vil, astuta, manipuladora e
arrogante, que faz a vida dos homens da casa um inferno. Ao longo da história,
o próprio leitor tem vontade de entrar na jogada e matá-la com as próprias
mãos, tamanha a irritação que a personagem proporciona, o que torna a ideia de
Wilfred um pouco mais fácil de assimilar. Já no filme, a impressão que ficamos
é a de que o patriarca apenas se amedrontou com a ideia de ficar sozinho e sem
terras, quando na história original você vê o homem perdendo, aos poucos, o
juízo, nas mãos de uma esposa que faz de tudo para humilhá-lo. A história
é muito bem contada por Hilditch, numa adaptação bem próxima da original, porém
o andar arrastado do filme, com seus monólogos longos e poucas personagens,
podem entediar quem não tem muita familiaridade com os dramas de King, ou quem
espera um terror sobre fantasmas vingativos, ou nos moldes de tantos outras
obras do autor. Fato é que a sutileza do sobrenatural, ou seja, as poucas
aparições de Arlette depois de morta, deixa tudo ainda mais subentendido; em
boa parte do filme nos perguntamos se aquilo tudo não é imaginação, fruto do
sentimento de culpa de Wilfred, e essa sensação perdura até o final do filme,
quando vemos o fatídico desfecho do sujeito, diferente do final do conto que,
no entanto, denuncia a situação de loucura e remorso do personagem. De um modo
geral, 1922 é mais uma grata surpresa da Netflix, de fotografia
impecável e trilha sonora minimalista e sombria (assinada por outro rei, Mike
Patton), que dão o ar soturno necessário para o enredo. A carga dramática
presente pode não ser exatamente o que os fãs do horror esperam mas,
certamente, a maneira como o conto foi adaptado fielmente para a TV, vai
agradar em cheio os leitores assíduos de Stephen King.
4 ratazanas
famintas para 1922
FONTE;
http://101horrormovies.com.br/review-2017-54-1922-2/
SAHARA EM BUSCA DA SOBREVIVÊNCIA Sahara, EUA, 1943)
Direção: Zoltan Korda
SINOPSE
Direção: Zoltan Korda
SINOPSE
Ação explosiva do princípio ao fim, neste clássico de 1943, com
presença marcante de Bogart, na envolvente história de um batalhão perdido num
grande deserto da África, durante a segunda guerra. Após a queda da cidade Líbia
de Tobruk, o sargento Joe Gunn (Humphrey Bogart) e sua equipe Waco Hoyt (Bruce
Bennett), Fred Clarkson (Lloyd Bridges)e Jimmy Doyle (Dan Duryea) retiram-se em
seu tanque pelo Sahara. Durante o caminho, eles recolhem seis combatentes
aliados e Tambul (Rex Ingram), um soldado das forças sudanesas e seu
prisioneiro italiano. Tambul leva o grupo a uma fortaleza deserta, onde eles
esperam desesperadamente encontrar água. Um destacamento de soldados alemães
chega e negociam trocar água por comida, mas Gunn e seus seguidores se recusam.
Quando os alemães atacam, Gunn lidera seus homens em uma desesperada batalha,
esperando que as forças inglesas cheguem a tempo.
O REI DOS DINOSSAUROS (King Dinosaur, EUA, 1955)
Direção: Bert I.Gordon
Produção: Al
Zimbalist
Produção: Bert
I.Gordon
Roteiro: Tom Gries
Supervisão de
Animais: Ralph Helfer
ELENCO
William Bryant - Dr. Ralph Martin
Wanda Curtis - Dr. Patricia Bennett
Douglas Henderson - Dr. Richard Gordon
Patti Gallagher - Nora Pierce
Marvin Miller - Narrador
SINOPSE:
Após a incrível descoberta de um novo planeta que surgiu no sistema solar e que foi batizado de Planeta Nova, os Estados Unidos constroem um foguete que leva 4 tripulantes para explorar e estabelecer uma futura colônia da Terra. Mas o que eles descobrem lá, é que o planeta ainda emerge a vida, como foi na pré-história daqui e acabam encontrando monstros gigantes e sanguinários que atacam os 4 astronautas, encurralando eles no planeta selvagem.
Após a incrível descoberta de um novo planeta que surgiu no sistema solar e que foi batizado de Planeta Nova, os Estados Unidos constroem um foguete que leva 4 tripulantes para explorar e estabelecer uma futura colônia da Terra. Mas o que eles descobrem lá, é que o planeta ainda emerge a vida, como foi na pré-história daqui e acabam encontrando monstros gigantes e sanguinários que atacam os 4 astronautas, encurralando eles no planeta selvagem.
COMENTÁRIOS:
Enfim a estreia do
famoso e cultuado Bert I. Gordon na direção de um filme, após sua carreira de
sucesso em comerciais para TV. Fundando uma produtora em parceria com o amigo
Alfred Zimbalist, a ZIMGOR, Bert começa sua filmografia que nos traria grandes
clássicos como THE AMAZING COLOSSAL MAN, BEGINNING OF THE END, CYCLOPS, THE
ATTACK OF THE PUPPET PEOPLE e o genial THE MAGIC SWORD (meu favorito) entre
tantos. Ele ficou conhecido como Mr. Big, uma abreviação das iniciais de seu
nome, Bert Ira Gordon, pois se especializou em efeitos de fotografia causando
gigantismos em todo tipo de animais e até pessoas, numa justaposição com a
imagem real. E foi neste filme de estreia, que ele conheceu a então figurinista
Flora Lang, com quem se casou e formaram uma parceria na confecção dos efeitos
visuais que marcaram todos os seus filmes seguintes. Eles tiveram duas filhas
sendo que Susan Gordon, atuaria ainda criança em vários de seus filmes, como
ATTACK OF THE PUPPET PEOPLE, o aclamado TORMENTED e THE BOY AND THE PIRATES. KING
DINOSAUR foi terrivelmente injustiçado na lista do doc OS 5O PIORES FILMES DO
CINEMA, por não ser incluido, já que dificilmente algum daqueles títulos
superam tanta trasheira que este clássico contém...na cena da formiga gigante, voce
percebe parte da superfície da mesa onde ele foi previamente filmado e em
alguns momentos fica transparente, o orçamento era tão pouco que não foi feito
cenário para o foguete sendo usado apenas uma ponta em alumínio do rabo do
foguete e não há cenas dentro dele, e as imagens na maioria são arquivos
militares da época (stock footage). Um dos tripulante leva uma bomba atômica
portátil prá lá e pra cá. Há cenas em que animais são maltratados, em especial
Jo, um lêmure (do tipo honey bear)
agarrado com força na cauda, pelos atores, que deveriam estar com ciúmes, pois
o bichinho atuava melhor do que eles. O Tiranossauro Rex, é na verdade uma
iguana que teve seu chifre amarrado em nylon, para ficar em pé e o bichinho
tenta se livrar sem sucesso. As lutas entre os animais são reais (a iguana que
luta com o jacaré na verdade morre, mas no filme ela vence). Tem cenas usadas
de outro filme, AS MINAS DO REI SALOMÃO e vários outros enxertos. O grande mico
é um elefante cheio de tiras coladas no corpo para se passar por um mamute e a
melhor cena é uma píton, de propriedade do Ralph Helfer, o responsável pelo uso
dos bichos, incluindo o pobre do Jo, que passeia pelos atores e faz uns
movimentos bem hostis. Al Zimbalist já havia emplacado dois anos antes, outro
sabugão chamado CAT WOMAN OF THE MOON, que ele escreveu, produziu e criou os
(d)efeitos especiais. Mas a verdade é que KING DINOSAUR tem uma legião de fãs
do low-budget sci-fi e é adorado até
hoje como o KING OF TRASH, campeão de vendas em DVD. A narração ficou por conta
do indefectível MARVIN MILLER, que também faria narração em THE DEADLY MANTIS e
também a voz do ROBBY THE ROBOT, tanto em FORBIDDEN PLANET, como em THE
INVISIBLE BOY. Aliás o filme tem cerca de 10 minutos de narração até os atores
começarem de fato a falar e interpretar. Mais um inédito clássico sci-fi com
legendas em portugues br que tive o prazer de traduzir em meio a acessos
de riso.
Leia mais:
http://cinespacemonster.blogspot.com/2011/02/o-rei-dos-dinossauros-1955.html#ixzz4wYRATTm5
http://www.cinespacemonster.blogspot.com/apage.html#ixzz0JSUnUmvQ
http://www.cinespacemonster.blogspot.com/apage.html#ixzz0JSUnUmvQ
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
FRANKENSTEIN CONTRA O MONSTRO ESPACIAL (Frankenstein meet the Monster Spacial, EUA, 1965)
SINOPSE:
Rainha de Marte
vem a Terra raptar fêmeas humanas, para repovoar seu planeta, que foi devastado
por uma guerra nuclear, e a única mulher sobrevivente é a própria rainha. Filme
B de baixíssimo orçamento, em compensação muito divertido, uma curiosidade o
ator James Karen (A Volta dos Mortos Vivos 1 e 2 , Poltergeist,etc) é o
cientista do filme, que não tem nada a ver com Frankenstein, a única semelhança
é o nome de um androide astronauta criado por ele que é Frank e que tem seu
cérebro danificado durante um teste com a espaçonave.
COMENTÁRIOS (POR
CARTWRIGHT)
Além das atuações
prá lá de cômicas e edwoodianas, eu chamo a atenção para as 2 canções
"nuggets songs" do grupo The Poets, principalmente a chatinha mas
psicodélica "That's The Way It's Got To Be", gravados num 45'inch e
que sonoriza o filme do começo ao fim. A banda desapareceu junto com o compacto
simples no mesmo ano. A cena em que jovens americanos residentes em Porto Rico
dançam na beira da piscina é de doer os ossos. Só uma invasão marciana mesmo
pra acabar com aquela esculhambação. Assisti nos cinemas como Marte Invade
Porto Rico, tenho certeza que Ed Wood chorou lágrimas de inveja, um cult
imperdível e idolatrado.
FONTE:
http://cinespacemonster.blogspot.com.br/2014/05/frankenstein-meets-space-monster-aka.html#more
SEMPRE AOS DOMINGOS (Les Dimanches De Ville D'Avray, França, 1962)
Direção: Serge
Bourguignon
Sinopse:
Sofrendo
de amnésia, um ex-combatente vive atormentado por ter matado uma criança na
guerra. Sua vida começa a mudar quando encontra uma menina abandonada pelo
próprio pai e passa a se encontrar todo domingo com ela para brincar e, ao
mesmo tempo, tentar lembrar de seu passado. Aos poucos, a relação entre os dois
começa a ser mal interpretada, até mesmo pelos amigos de Pierre.
TENSÃO (Tension , EUA, 1949)
Direção: John
Berry
Sinopse:
Um gerente de
farmácia tímido vira assassino depois que sua esposa o deixa por outro homem. Ele
elabora um plano complexo, que envolve assumindo uma nova identidade, para
fazer parecer que alguém assassinou seu novo namorado. As coisas tomam um rumo
inesperado quando alguém comete o assassinato primeiro e ele se torna o
principal suspeito.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
THE LIMEHOUSE GOLEM (Reino Unido, 2016)
TERROR 2017 55 THE LIMEHOUSE GOLEM
Daniel Rodriguez 31/10/2017
Antes de Jack,
havia o Golem
Existem lugares
que parecem propensos ao horror e ao mistério. Os becos e vielas sombrios da
Inglaterra vitoriana figuram ostensivamente entre estes, herança clara do
horror gótico que vem povoando nosso inconsciente já faz uma quota, mantendo um
charme que tem resistido sistematicamente ao teste do tempo. Nos últimos
anos, esse gênero literário/cinematográfico tem dado as caras com timidez, por
meio do retorno da Hammer com
seu A Mulher de Preto, da série Penny
Dreadful e até no trabalho de Del Toro em A
Colina Escarlate, entre outras
coisinhas. The Limehouse Golem surge
para compor esse cenário, transbordando de uma vibe totalmente
Jack, O Estripador, porém sem basear-se tanto na realidade, como no caso do
notório assassino em série, um dos primeiros a popularizar essa moda. O
longa ficcional com gostinho de caso real é inspirado no livro Dan
Leno and the Limehouse Golem, de 1994. Obra
esta que acompanha a investigação de uma série de assassinatos brutais e sem
relação aparente, atribuídos a um Golem, em paralelo com o julgamento de
Elizabeth Cree (Olivia Cooke), acusada de envenenar o marido por motivos
torpes. Um dos charmes do livro, transposto para as telas, é a utilização de
personagens históricos reais, como Karl Marx, George Gissing e o próprio Dan
Leno. A adaptação para os cinemas nasce das mãos do diretor Juan Carlos
Medina e da roteirista Jane Goldman e traz um elenco encabeçado por uma
inspiradíssima Olivia Cooke, acompanhada de atores ingleses veteranos e
novatos, como Bill Nighy e Douglas Booth. Ainda não tive o prazer de conferir a
obra literária para saber quais liberdades criativas foram tomadas, tanto na
caracterização desses personagens quanto na própria narrativa diferenciada.
O julgamento de Elizabeth Cree e a caçada ao Golem são o epicentro narrativo do
longa. A partir daí, a narrativa se desdobra em flashbacks, que recontam o passado da mulher e ocasionais cenas em
que a imaginação do detetive Kildare (Bill Nighy) reconstrói as cenas de crime
do monstruoso serial killer pelas ruas do distrito de
Limehouse, sempre com base nos suspeitos. Por muito pouco essa sobreposição de
narrativas não se tornou uma bagunça completa. Felizmente, o resultado é
deveras envolvente. Elizabeth se destaca pela aparência e personalidade
cativantes, capazes de tornar seu destino mais importante que a captura do
assassino. Essa atração ocorre não apenas entre personagem-espectador, mas
também entre a moça e o investigador veterano, para quem ela conta todas as
desventuras de sua infância sofrida e breve carreira artística, prejudicada por
várias razões, mas uma em especial: ser mulher. Ainda mais envolvente
que os flashbacks são momentos horripilantes em que
Kildare interroga os suspeitos do crime e os imagina cometendo as atrocidades
sanguinolentas do Golem, sempre acompanhadas de um narrador com uma voz
distorcida que garante uma dose extra de arrepio. Essa suposta criatura é
de origem judaica e foi representada quase um século atrás, na obra seminal do
expressionismo alemão O Golem,
mas não possui os contornos dados ao assassino do filme. Apesar da mística em
torno do criminoso, a ideia do sobrenatural não é explorada, mantendo os pés no
chão. Ainda mais mítico e antológico que esse monstro é a cena em que vemos
ninguém menos que KARL MARX, aquele mesmo que escreveu O Manifesto Comunista,
decapitando uma pessoa em uma igreja, em uma das visões de Kildare.
Brilhantismo puro! Se o simples conceito de um Karl Marx serial killer não te convenceu a procurar The
Limehouse Golem, talvez a magnífica ambientação na
Londres Vitoriana o faça. Quando não está percorrendo as vielas do bairro
pobre, a ambientação se dá dentro do teatro de Dan Leno, o que remete muito ao Grand Guignol, dito como um dos precursores do
horror. Aparentemente, Leno era famoso pelas performances transvestido, em que
aproveitava-se de uma posição privilegiada para dar voz a problemas enfrentados
pelas mulheres de sua época. No filme ele parece realmente ser um dos poucos
personagens ao lado de Elizabeth. Essa questão do papel da mulher é bem
presente, talvez por termos uma roteirista mulher nos bastidores. É uma
temática que perpassa toda sua duração e tem um grande impacto na conclusão,
tanto no destino de Elizabeth quanto na fantástica reviravolta sobre os
assassinatos do Golem de Limehouse, em todo seu misticismo.
4
facadas para The Limehouse Golem
Fonte: http://101horrormovies.com.br/review-2017-55-the-limehouse-golem/
domingo, 22 de outubro de 2017
ANNABELLE 2 A CRIAÇÃO DO MAL (Annabelle 2, EUA, 2017)
TERROR 2017 37 2017 ANNABELLE 2: A CRIAÇÃO DO MAL
Nada de novo no front
Imagino se, ao lançar
seu Invocação do Mal, James Wan já imaginava que Annabelle roubaria a
atenção da vilã principal de seu filme. Passados quatro anos, poucos se lembram
da bruxa Batsheba Sherman que atormentava a família Perron. A boneca possuída,
em compensação, volta aos cinemas em seu segundo filme solo, assustando novos espectadores
com truques velhos. Annabelle 2: A Criação do Mal é a quarta parte
do Conjuring-verse, universo compartilhado de terror criado por Wan, tendo
como base os casos investigados pelo casal Ed e Lorraine Warren e inspirado no
conceito estabelecido pela Marvel Studios e seus filmes de super-herói.
Voltamos ainda mais no passado com essa sequência, característica recorrente
dentro desse mundo em que temos apenas filmes de época. O novo longa é dirigido
por um dos novos nomes do nosso amado gênero na atualidade, David F. Sandberg,
que ganhou espaço com seu curta Lights Out, recém transformado no
longa Quando as Luzes se Apagam. Com críticas
favoráveis, parece que há um consenso de que a sequência é superior ao
original. Apesar de concordar em partes, apresentarei uma opinião quiçá
polêmica sobre o tema, pois acredito que Annabelle e a segunda
parte são igualmente medíocres, mas ainda melhores do que o que está por
vir nos próximos anos. Na ocasião de seu lançamento, Annabelle trazia
nas costas o peso de dar sequência a Invocação do Mal e a necessidade
de ter que aproveitar o hype alçado pelo dito cujo. A popularidade da
boneca sacramentou a demanda por um filme que, muito provavelmente, já havia
sido pensado antes, dada a predileção de Wan por coisas do tipo, mas ainda
assim, o tempo urgia. Não é de se surpreender que tenhamos no trabalho de John
R. Leonetti uma fita ultrabásica, trabalhada em cima de preceitos mais que comuns
ao gênero, um roteiro clichê da cabeça aos pés e com um espiritualismo barato
inserido em seu texto. A ideia de tratar esses filmes como universo
compartilhado facilita um pouco a classificação dos mesmos, caso contrário
teríamos em Annabelle 2, um prequel de um spin-off que
também era um prequel. Sandberg nos leva até a origem da boneca maldita
para que possamos entender um pouco mais de seu funcionamento. Aparentemente,
Annabelle não era o nome da boneca e sim da primeira dona que ela teve, uma
garotinha de quatro anos. Supostamente retornada dos mortos, se apossa da
boneca “fofa”, transformando-a na boneca sinforosa que todos conhecemos. Uma
das vantagens de um tempo de produção mais longo é a atenção ao roteiro, que
consegue se livrar de algumas banalidades presentes no anterior. Mesmo assim,
não consegue (e nem tenta) fugir da estrutura formulaica pré-estabelecida pelo
próprio James Wan. Não apenas a narrativa segue o mesmo padrão básico, como a
construção do medo existe da mesma maneira a que estamos tão acostumados. Claro
que, se essa repetição continua a render frutos, é por ser bem-sucedida em
algo. Longas que tratam de espíritos, assombrações, possessões e afins, tão
característicos da mitologia judaico-cristã, costumam encontrar terreno fértil
em um público que, muito provavelmente, cresceu temente a essas coisas. É senso
comum que uma boneca que olha para o dono por conta própria é algo assustador e
obra do Coisa-Ruim. É bem fácil observarmos que essa ideia da boneca viva, de
objetos se movendo no escuro e vultos em corredores vazios são efetivas formas
de causar medo. Assim como em todo o cinema de Wan, Sandberg utiliza desse
mesmo aparato para tentar nos amedrontar. Vale dizer que esse jovem astro é um
diretor melhor e mais confiante que Leonetti e se aproxima mais de seu mentor,
para o bem e para o mal, especialmente com o recorrente jogo de vai-e-volta da
câmera, que salta de plano em contra plano até nos pegar desprevenidos com um
baita susto, além de outras movimentações. Apesar de melhor nesses
aspectos, Annabelle 2 banalizou a figura do demônio, revelando-o em
excesso, de maneira boçal e com efeitos pouco impressionantes. No primeiro
longa, Leonetti soube como dosar a manifestação de Satanás com mais habilidade,
fazendo-se valer da lógica do “menos é mais” ao invés de colocar uma garotinha
com cara de diabo falando “EU QUERO SUA ALMA”. Lembro-me com clareza do momento
em que o demônio apareceu, ameaçador, por detrás da boneca, ainda no primeiro
filme e também da cena do depósito do prédio, que deve ser a melhor sequência
de todos os longas do Conjuring-Verse. Aqui, o capeta parece mais
interessado em atentar a vida alheia do que realmente causar algum mal. Até o
objetivo do cramunhão era mais claro, até então. No mais, a experiência final ainda
é bem pouco memorável. Não há nada de realmente marcante ou de arrepiar os
cabelos, além dos sustos passageiros, que o faça se destacar do longa anterior.
Mirando o mesmo público que Invocação do Mal, é uma fita que deve causar
um alvoroço no público de terror mais genérico. Basicamente, não é um filme
ruim, mas também não é um filme bom, é apenas medíocre. Particularmente, não
sou um grande fã do Conjuring-verse. Esse universo tem seus méritos e é
bem melhor construído que, digamos, o Dark Universe ou até o DC
Cinematic Universe, que são outras franquias nos mesmos moldes, porém o
moralismo cristão barato e a estrutura enlatada não me convencem. Independente
disso, o pior de tudo é a iminente chegada de A Freira, longa anunciado
pouco depois do sucesso de Invocação do Mal 2 e mencionado duas vezes
em Annabelle 2. No momento em que vi essa personagem pela primeira vez,
nos trailers, tive certeza de que era uma figura desenvolvida com o intuito de
gerar um novo filme e expandir a série. Trata-se, obviamente, de um produto
visual criado sob encomenda para ser vendido e não um personagem bem
construído. Annabelle ao menos possui toda uma história (real) e uma mítica ao
seu redor. É ainda mais bizarro se considerarmos que, no segundo longa de
Wan, Lorraine diz que o demônio assumiu aquela forma para atacar e distorcer
sua própria fé. Então por que diabos o tal do Valak ia continuar sendo uma
freira para aterrorizar pessoas diferentes? Se é possível prever o fim ou a
queda desse império do Conjuring-verse, diria que ele começará com a tal
freira do mal.
3 bonecas
para Annabelle 2: A Criação do Mal
sábado, 21 de outubro de 2017
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
O DIABO DISSE NÃO (Heaven Can Wait, EUA, 1943)
Direção: Ernst
Lubitsch
Sinopse:
Henry Van Cleve
(Don Ameche), um ex-playboy já maduro, morreu e foi para o inferno. Mas o
chefão das trevas, Sua Excelência (Laird Cregar), não está convencido que Van
Cleve veio para o lugar certo. Henry começa a contar a história de sua vida,
desde seus primeiros arroubos de paixão por uma governanta francesa até quando cortejou
e ganhou o coração de sua bela esposa Martha (Gene Tierney). No entanto, apesar
de profundamente apaixonado, ele nunca conseguiu ser totalmente fiel e está
convencido que merece uma vida de castigos eternos no inferno.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA LEATHERFACE (Leatherface, EUA, 2017)
TERROR 2017 49 LEATHERFACE
Daniel Rodriguez 09/10/2017
A mais nova “nova história de origem” de O Massacre
da Serra Elétrica
Leatherface e
Chucky retornaram ao cinema praticamente na mesma semana no final de
setembro/2017. Um dando continuidade à um universo, outro tentando reiniciar
mais uma vez uma história que já há muito tem girado sem sair do lugar. Os
escolhidos para tentar dar nova vida ao assassino da serra elétrica foram os
franceses Alexandre Bustillo e Julien Maury, por quem tenho grande admiração. A
filmografia da dupla vai de A Invasora até,
mais recentemente, um dos segmentos de ABCs da Morte 2, que por sinal é um dos
meus curtas favoritos. Como característica básica de seus trabalhos, vejo um
apreço pela violência extrema e suja e pela destruição das instituições. Ora,
afinal estamos falando de dois dos maiores expoentes do New French
Extremity! Se bem me lembro essa é a oitava incursão cinematográfica no
universo criado pelo recém falecido Tobe Hooper, lá nos idos anos 70, incluindo os
dois remakes. O foco central recai sobre a origem de Leatherface, cujo
nome real é Jedidiah Sawyer, deixando o resto dos loucos canibais um pouco de
lado. Bem, quase todos! Datado em algum período supostamente anterior ao filme
de 74, temos um jovem Jedidiah e sua família perturbada deixando um rastro de
sangue que cruza o caminho de um xerife linha dura. Graças à maldade pura dos
Sawyer, o tal policial perde a própria filha, fato que o leva a querer destruir
a família caipira utilizando-se de todo um aparato legal, separando Jed
judicialmente de sua mãe. A matriarca, Verna Sawyer, já havia aparecido no
assombroso O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua, lá
interpretada por ninguém mais ninguém menos que Marilyn Burns, aquela mesma do
filme original, uma das primeiras final girls do horror. A relação
entre Verna e Jed é pulverizada no início e fim do filme e parece bem inspirada
na dinâmica materna dominadora de Norma e Norman Bates, da série Bates
Motel – afinal ambos os personagens bebem da mesma fonte, o serial
killer Ed Gein – especialmente por meio da sua
performance, mas com aquele toque caipira chegado em carne humana. Ah, pra ser
honesto, e para a tristeza geral da nação, não há qualquer menção ao
canibalismo e quase nenhum outro Sawyer que nós conhecemos. Boa parte da
história é situada no período de internação de Jed, durante a adolescência. Uma
das melhores escolhas do roteiro foi ocultar a identidade do assassino nessa
faixa etária, deixando o público com diferentes opções, uma delas até bem
óbvia. É só quando as pontas soltas vão sendo aparadas que a identidade do
personagem fica clara. Até lá temos uma jornada bem… maçante. Salvo os dois
primeiros longas e quiçá o remake, O Massacre da Serra
Elétrica não é uma série lá tão notável. Leatherface não faz
absolutamente nada para melhorar o panorama, apesar de ter se alçado um pouco
mais para cima na tabela de qualidade, em comparação com seu predecessor 3D
(Desgraçado, Defeituoso e Desvirtuado). A trama abarca uma quantidade muito
grande de personagens que, obviamente, terminam subdesenvolvidos dentro do
pouco tempo de projeção. Como essa se trata de uma história de origem, fazer
com que os personagens sejam relacionáveis e interessantes é mais que
obrigação, mas isso não é algo presente por aqui. Um dos jovens candidatos a
Leatherface até desperta curiosidade, assim como o policial de Finn Jones
e sua revolta mega passiva, mas apenas o primeiro tem um arco realmente bom. Apesar
da maioria dos personagens serem do tipo “não-fede-não-cheira”, um casal em
especial conquistou o prêmio de Rei e Rainha da chatice. Os louquinhos
psicóticos Ike e Clarice são meramente caricaturas de rednecks doentios.
Tanto em atuação quanto em personagem, parece que temos uma tentativa sofrível
de replicar os duos perversos de Assassinos por Natureza ou Rejeitados Pelo Diabo. Algumas sequências são de uma forçada
de barra tão grande que a vergonha alheia domina. Talvez essa seja a sensação
mais poderosa que o filme provoca, o que realmente entristece, dada a
visceralidade do trabalho de Maury e Bustillo. A câmera tremida é constante no
filme e muitas vezes se distancia da violência gráfica. A impressão passada é
de que os diretores queriam trazer o gore em peso, mas toda vez que
se aproximavam de tal momento, algum produtor aparecia para puxar as rédeas. Vale
sempre lembrar que o primeiro O Massacre da Serra Elétrica nunca foi um filme tão
sangrento quanto sempre pensamos, mas a violência extrema tornou-se marca
registrada da série ao longo do ano. Existem algumas cenas bem brutais por
aqui, mesmo com essa pequena censura, além de um alto número de mortes e finais
inesperados para vários personagens. Os efeitos práticos são um ponto alto,
como sempre. Infelizmente o prequel só engata de verdade no último
ato, com a revelação do Leatherface e sua metamorfose em um monstro perturbado
e impiedoso. A sequência final reforça essa relação de dominância estilo
Norma/Norman e nos apresenta um desfecho bem sórdido. Se em um filme de super
heróis a história de origem termina com um grande ato de heroísmo e uma
compensação positiva por tais atos, há uma relação bem parecida aqui, apesar de
diametralmente oposta. Lembrei-me, inclusive, das palavras do cineasta Adam
Green, que colocou os ícones do horror no patamar de “heróis”, do ponto de
vista da cultura pop e da idolatria que nós, fãs do gênero, temos por essas
figuras macabras. Aos aficionados pela série e horror em geral, recomendo
assistirem com parcimônia. No final das contas o longa existe em algum lugar
que flutua entre melhor que os pessimistas esperavam, pior do que os otimistas
desejavam. Uma sequência mostrando os anos que se seguiram ao final talvez seja
um lugar interessante para se visitar no futuro. Sabemos muito bem que esse
osso não será solto tão facilmente pelos produtores, então que ao menos algo
legal apareça disso tudo.
3 membros serrados
para Leatherface
Fonte: https://101horrormovies.com.br/review-2017-49-leatherface/
terça-feira, 17 de outubro de 2017
A BABÁ (The Babysitter, EUA, 2017)
TERROR 2017 51 A BABÁ
Comédia de horror besteirol adolescente
despretensiosa.
Sabe aquela típica
comédia de horror adolescente, exemplo de diversão descompromissada, com todo
um clima throwback Sessão da Tarde, e mais, repleto
de gore? Isso é A Babá, nova produção original da incansável
Netflix, que estreou em sua grade de programação na última sexta-feira 13/10/2017.
Dirigido por McG, sim, aquele mesmo de As Panteras e O
Exterminador do Futuro: A Salvação e escrito por Brian Duffeld,
da Série Divergente. A
Babá é um caso de estudo perfeito daquele tipo de filme que você fica
“zapeando” no serviço de streaming procurando
alguma coisa sem pretensão nenhuma para assistir para tapar um buraco de 90
minutos livres em sua vida. E que no final, até consegue lhe surpreender
positivamente, contanto que você entenda sua proposta desde o início. Para
começo de conversa, estamos falando de uma produção voltada para o público
adolescente, então não espera nada mais que um apanhado de clichês, personagens
completamente estereotipados, humor bem do sem graça em muitas das situações em
uma história mais velha que andar pra frente. Isso com piadas de situação
totalmente adoles, mesclado com uma cacetada de referências da cultura pop,
trilha sonora afiada e elementos visuais e narrativos usados em cena, além da
edição, que conversam perfeitamente com essa geração Z. Só que além de tudo
isso, temos lá seu humor negro afiado vez ou outra, momentos de tensão típicos
de um slasher e thriller de sobrevivência e muito,
mas muito sangue sendo despejado, mostrando que mesmo sem qualquer pretensão, o
filme bebe claramente na fonte de clássicos como A Morte do Demônio, atualizado para uma geração posterior
à Garota Infernal. Naquele emaranhado de clichês e
personagens estereótipos que falei lá em cima, a trama traz o adolescente Cole
(Judah Lewis, moleque para se prestar atenção) que passa uma noite sozinho em
casa com a gostosíssima babá, Bee (vivida por Samara Weaving – que você pode
lembrar da participação rápida na série Ash vs Evil Dead, ou então por ser
sobrinha do Hugo “Agente Smith/ Priscila/ Elrond/ Caveira Vermelha” Weaving. A
garota é literalmente a mina dos sonhos: loira, linda, alta, bronzeada, corpo
escultural, mega gente boa e fã de ficção científica. Obviamente o meninão é
apaixonado por ela. Mas, por trás desta perfeição toda, esconde-se o fato de
que ela faz parte de uma seita satânica e precisa do sangue de um inocente para
realizar um ritual descrito em um antigo grimório. E parece já ser expert no assunto. Ou seja, Cole passa a
ser perseguido por Bee e o grupinho que faz parte de seu culto e precisa
sobreviver a todo custo. Enquanto isso, tome gente tendo o crânio perfurado por
facas, cabeças explodindo com tiro de dose, enforcamentos, empalamento e
escatologia com banhos de sangue aos borbotões, mostrando que mesmo sendo um
filme teen, tem uma dose
considerável de violência gráfica, além de uma série de paródias ao próprio
subgênero, ao melhor estilo O Segredo da Cabana. Veredicto? Não espere
muita coisa de A Babá. Mas não o critique por ser exatamente da forma que
é e voltado para uma faixa etária que talvez você não faça mais parte. Não seja
essa pessoa. A proposta é bastante clara e cumpre exatamente aquilo que
promete, e que diabos, não tem mal nenhum em gastar dois neurônios assistindo a
um filme que ainda entrega um splatter caricato,
sacaneia os próprios lugares-comum e remete uma deliciosa sensação saudosista
da época em que a juventude podia se deliciar com esse naipe de terror
adolescente.
3 rituais para A
Babá
Fonte: https://101horrormovies.com.br/review-2017-51-a-baba/
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
domingo, 15 de outubro de 2017
A TORRE NEGRA (The Dark Tower, EUA, 2017)
TERROR 2017 39 2017 A TORRE NEGRA
Deixou os fãs pistola, mas funciona como filme
fechado e entretenimento sem compromisso para o resto dos mortais
Filme é filme, livro
é livro. E vice-versa! Tá escrito lá na pedra dos Dez Mandamentos, no
rodapé. Eu juro, pode procurar. Por isso abro a resenha de A Torre Negra, adaptação mais que
aguardada da magnum
opus de Stephen King, explicando que nunca li a série literária do
escritor do Maine, portanto, vou me ater apenas sobre sua versão
cinematográfica, sem compará-las, e já ciente de que os fãs fervorosos da saga
ficaram PISTOLA e acharam muito aquém para algo aguardado há tanto tempo e com
tamanha expectativa. Pois bem, munido de apenas algumas pinceladas de
informações sobre os livros, minha primeira conclusão sobre a sua versão nas
telas é que ela funciona muito bem em sua intenção de entretenimento pipoca
descartável para uma tarde de sábado no cinema e como obra independente, com
começo, meio e fim, sem a intenção de criar uma franquia interminável ou
universo conectado, como vem acontecendo com praticamente todo o cinemão da
cultura pop no momento. É até atípico – e louvável – assistir a um filme nesses
moldes.
Em contrapartida,
nesse fato também se encontra seu calcanhar de Aquiles, uma vez que sua duração
é MUITO curta, apenas 95 minutos, e a nítida impressão é que ficou faltando
metragem, resultando em um longa sem profundidade alguma ao apresentar todos os
ricos aspectos daquele mundo fantástico e desenvolver seus personagens, o que
desemboca em um terceiro ato apressadíssimo, culminando numa série de
atropelos, uma conclusão rápida e fácil demais, carecendo de mais tempo de
exibição para um filme que condensa uma trama que demorou trinta e três anos
para ser concluída em oito livros publicados. Talvez uma meia-horinha a
mais ou um roteiro melhor escrito, tivesse contornado pelo menos em parte
a problemática. Basicamente A Torre Negra se segura por
conta de dois incríveis atores no elenco, o que garante o passatempo
descompromissado: Idris Elba – esse negro maravilhoso! – como o Pistoleiro,
Roland Deschain, último da linhagem de Eld, cuja missão era proteger a Torre
Negra, estrutura que é um bastião de um multiverso, responsável por impedir a
entrada das forças das trevas, que abandonou sua altruísta tarefa em busca de
vingança contra Walter, vulgo O Homem de Preto, interpretado por Matthew
McConaughey, que dizimou todos os Pistoleiros, inclusive o pai de Roland, e rapta
crianças com poderes mediúnicos para extrair sua capacidade psicocinética a fim
de destruir a Torre e jogar todas as dimensões em um mundo sombrio governado
pelo próprio. Dois puta atores vivendo dois puta personagens, só que sem o
mínimo de complexidade ou aproximação com o espectador, meio que no automático,
apesar de McConaughey estar muito bem, mal até o osso. Confesso que adoraria
vê-lo num vilão melhor aproveitado, ou até mesmo estrelando uma nova adaptação
de A Dança
da Morte, encarnando Randall Flagg, um de seus muitos pseudônimos. O problema é
tudo ser tão raso, rápido, e tão jogado, num roteiro escrito a OITO mãos,
capitaneado por Akiva Goldsman – que também assina a produção ao lado de Ron
Howard, duplinha dinâmica responsável pelas adaptações dos livros de Dan Brown.
Mas se A Torre
Negra não tem interesse (ou finge não ter) em se tornar uma franquia e
tenta resolver tudo rapidão num filme solo, ela funciona, e muito bem, dentro
de um Kingverse, universo expandido
do Ganhador do Troféu Golden, conectado com diversos elementos de outras obras.
Essas referências vão muito além dos vários easter eggs espalhados
(daquele que deixam os fãs do escritor em polvorosa), e criam uma verdadeira
conexão com suas histórias, tendo o caso de Jake Chambers como o mais gritante,
já que seu poder é o mesmo que um tal Danny Torrance demonstrou possuir durante
sua estada em um certo hotel de veraneio no Colorado, apesar da comida de bola
federal da legendagem em traduzir SHINE como TOQUE, apesar de descobrir depois
que esse é o termo usado nos livros aqui em PT-BR, mas que ainda assim, a outra
tradução funcionaria muito mais para fãs do Mestre do Terror no geral e que não
leram a saga. O melhor é que nada disso parece oportunista e forçado, querendo
surfar na onda do momento, como outros dois recentes universos do horror que
pipocaram por aí nos últimos meses, uma vez que desde sempre, King trouxe em
seus livros esses elementos de interconectividade narrativa, ligando
personagens, locais e situações. E com a proximidade da estreia da primeira
parte de It – A
Coisa, é bem certo que esse universo referencial seja cada vez mais utilizado
e conectado. Bem, como disse, não tenho autoridade para falar de A Torre Negra como adaptação
das páginas para as telas, mas quanto filme, o que ele é de FATO, é uma
diversão mediana, um blockbuster menor, com uma baita falha de ritmo e sem muitas pretensões, que
pode agradar aquele que procura por uma sessão de cinema sem muita expectativa.
O que também tá valendo, né?
3 balas calibre 45
para A Torre
Negra
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
domingo, 8 de outubro de 2017
ALIANÇA DE AÇO (Union Pacific, EUA, 1939)
Direção: Cecil B. DeMille
Sinopse:
Cecil B. DeMille
nos leva de volta ao ano 1860, então reconstrói a primeira ferrovia
intercontinental, a Union Pacific. Um dos últimos feitos do Presidente Lincoln
foi autorizar a expansão da Union Pacific para o oeste dos EUA. Um espetáculo
real e histórico, que as vezes mescla as aventuras fictícias do inspetor
ferroviário (McCrea), a bilheteira (Stanwyck), e o melhor amigo de McCrea,
Preston. Infelizmente, Preston une-se a Donlevy, que está empenhado a destruir
a ferrovia, em nome de um cartel de políticos corruptos. Durante um ataque
indígena, McCrea e Preston lutam lado a lado para salvar Stanwyck, então o
inspetor tenta convencer Preston, a tornar-se um homem honesto.
sábado, 7 de outubro de 2017
A VIDA E A PAIXÃO DE JESUS CRISTO (La vie et la passion de Jésus Christ, França, 1903)
Direção: Ferdinand
Zecca, Lucien Nonguet
Sinopse:
Um dos mais
importantes e pioneiros filmes sacros que retratam a vida, a morte e a
ressurreição de Jesus. Tendo como influência as gravuras bíblicas de Gustave
Doré, o diretor Ferdinand Zecca utiliza um sofisticado sistema de colorização
na película, desenvolvido pela produtora francesa Pathé Frères. Lucien Nonguet
também assina a direção do filme, que foi considerado um dos filmes mais longos
para sua época.
O RIO DAS ALMAS PERDIDAS (River Of No Return, EUA, 1954
Direção: Jean
Negulesco, Otto Preminger
Sinopse:
Em 1875, durante a
corrida do ouro nos Estados Unidos, Matt Calder (Robert Mitchum), um
ex-presidiário que recentemente saiu da cadeia, reencontra Mark Calder (Tommy
Retting), seu jovem filho que nada sabe do seu passado. Com ele planeja se
estabelecer como fazendeiro. Algum tempo depois os dois socorrem Kay Weston
(Marilyn Monroe), uma cantora de saloon
que conheciam, e Harry Weston (Rory Calhoun), seu namorado, quando tentavam
atravessar um perigoso rio em uma balsa. Mas Harry está tão ansioso em
registrar uma concessão de ouro que ele diz que ganhou em um jogo que fere
Matt, que o salvou, pois quer um cavalo e uma arma a qualquer custo. Kay fica
então no rancho cuidando de Matt e Mark, enquanto Harry vai embora sozinho, mas
prometendo voltar. Entretanto, os índios chegam no local e os três são
obrigados a fugir por um rio com perigosas corredeiras. Mas o rancheiro está
determinado em chegar ao seu destino, para se vingar.
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
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