TERROR
2017 53 A MORTE TE DÁ PARABÉNS
Há tempos que a morte não era tão teen!
O humor e o terror
andam lado a lado desde os primórdios. Desde Le Manoir du diable,
ou A Mansão do Diabo, considerado o primeiro filme de terror da história,
misturar o cômico com o trágico é uma válvula de escape, onde um sentimento vai
se revezando com o outro, cena a cena. Há anos que este “subgênero” vem se
popularizando, só que muitas vezes puxado demais para o pastelão. Confesso que
não sou muito fã do chamado splatstick, pois creio que o humor não deve
necessariamente te fazer rir até chorar, mas sim deixar o espectador mais à
vontade com a projeção, com um sorriso no rosto e se divertindo com as
pataquadas ali encenadas. Com produções recentes que vão desde Zumbilândia a
séries de TV como Ash vs. Evil Dead, o mais novo
exemplo da galhofa misturada com a tensão tem nome: A Morte te Dá
Parabéns. Digo logo de início: este longa acerta em cheio ao não se levar nada
a sério desde o início, emanando aquele clima juvenil onde toda situação é
motivo de risada e qualquer bola fora é pretexto para diversão e consequências
no mínimo estranhas, aqui no caso trágicas e mortais. Tree (Jessica Rothe) é
uma linda, mala e desprezível estudante que mora na fraternidade mais topzêra
do rolê e, no dia de seu aniversário, rotineiro como qualquer outro, se vê
perseguida por um assassino com uma fofinha máscara de bebê. O que ela não sabe
é que a cada vez que é assassinada por seu stalker misterioso, ela
retorna ao dormitório de Carter (Israel Broussard), seu ponto de partida, e
revive este seu último dia num looping interminável – ao melhor
estilo Feitiço do Tempo, de cara a maior influência para este filme –
passando por seus erros, pecados e talvez conseguindo um último perdão de quem
ela magoou – ou seja, TODOS à sua volta! O diretor Christopher Landon (o mesmo
de Como Sobreviver a um Ataque Zumbi) acerta em cheio ao emanar todo o
clima da juventude neste filme, com um humor desprovido de qualquer tipo de
maldade. Parafraseando a antiga canção da Cyndi Lauper, a “Tree só quer se
divertir” sem pensar no amanhã. Aquele espírito aventureiro, aquela molecada
que ainda não possui uma malícia em querer tirar proveito do outro, onde
literalmente fazer merda sem pensar no amanhã é algo a se louvar, está
presente. É muito bom poder assemelhar-se com um filme tão delicioso de ser
visto, onde o mais velho consegue sentir a nostalgia dos bons tempos e os mais
jovens conseguem se identificar com as situações das personagens. O peso da
idade chega para todos nós, e aqui a transição da vida adolescente para a vida
adulta é o martírio que a protagonista carrega. Ir dormir tranquilo e acordar
com os boletos pra pagar é algo definitivamente brutal, não é?! Outra
importante mensagem muito legal que o diretor implantou em sua obra foi de que
a intolerância para com gênero, raça, credo, opção sexual e afins é totalmente
nula. Não importa o que você é ou deixa de ser, mas seja sempre você mesmo (a).
As homenagens que Landon presta aqui também são louváveis. Com um clima
característico dos 80’s e seus slashers de
respeito, a famosa faca e máscara são praticamente uma marca registrada dos
famigerados assassinos e seus mais inventivos métodos para matar, desde a clássica
estrebuchada até a explosão de carro. De referências e homenagens a Eles Vivem, Pânico, Zumbilândia e
até à inacabável saga de Jogos Mortais são
claras e muito bem feitas. Até o Bill Murray – como amam esse cara, não é?! –
entra na roda de homenagens. Assim como Pânico serviu como porta de
entrada para que os adolescentes da época – e nesta me incluo – conhecessem
mais sobre o horror em geral, não há dúvidas de que A Morte Te Dá
Parabéns, mais uma bola dentro da Blumhouse, também o será. Além de ser um
filme ágil e divertido, ele também te deixa intrigado com um roteiro bem
amarrado, onde o espectador acompanha a protagonista em seu caminho para que
encontre a verdade ou a morte de vez.
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para A Morte Te Dá Parabéns
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