TERROR 2018 11 MOM AND DAD
Pais e filhos: uma
relação conturbada, psicótica e alucinada
Nicolas Cage foi,
em um passado não muito distante, um ator renomado e promissor. Nos últimos
anos, em decorrência dos excessos de sua vida privada, sua carreira tornou-se
um show de horrores, emplacando uma série de atrocidades cinematográficas. Em
meio a esse trágico destino, o figurão de Hollywood ainda consegue lançar
algumas obras notáveis, como é o caso de sua recente colaboração com Brian
Taylor, Mom and Dad. Ecoando O Exército do Extermínio, de George
Romero, o longa de Taylor apresenta um universo em que pais são tomados por uma
fúria assassina direcionada à seus filhos, por um motivo misterioso. A premissa
de uma psicose coletiva regrada a violência entre membros de uma mesma
comunidade não é novidade, por mais que exista uma delimitação maior dos
afetados pela loucura – somente pais e mães tentando destruir seus próprios
filhos. O que torna o filme em questão notável é a forma e a estética
introduzidas por Taylor. Para quem não é familiarizado com o cineasta, ele é um
dos responsáveis pelos filmes de ação Adrenalina, ao lado de Mark
Neveldine. A dupla ainda trabalhou em conjunto em Gamer e Motoqueiro
Fantasma: Espírito da Vingança, esse igualmente protagonizado por Cage.
Característica primordial no trabalho da dupla é o frenesi que perpassa todos
os âmbitos cinematográficos, da narrativa acelerada até a montagem e estética
alucinadas. Mom and Dad é a primeira empreitada solo de Taylor, ao passo
que seu colega já havia se aventurado, também no horror, com o burocrático e
maçante Exorcistas do Vaticano, de 2015. Fica difícil saber se Neveldine
quis explorar outro estilo de cinema com sua fita sobre possessão demoníaca ou
se o diferencial da dupla realmente reside em seu parceiro aqui. A trama se
passa em um típico subúrbio americano, aqueles bairros residenciais isolados,
com casas imensas e belos jardins de grama sempre aparada e cercas brancas. A
família Ryan parece ser tão pacata quanto qualquer outra. O pai, Brent Ryan
(Nic Cage), trabalha em um escritório, enquanto a mãe, Kendall Ryan (Selma
Blair) se dedica aos afazeres domésticos. Os filhos Josh (Zackary Arthur) e
Carly (Anne Winters) são jovens ordinários. Exceto que as coisas não vão tão
bem quanto parecem. Brent lamenta-se incansavelmente por ter perdido o vigor e
o ímpeto da juventude em prol de um trabalho rotineiro e apático, ao passo em
que sua esposa Kendall também lamenta ter abdicado de uma carreira profissional
em detrimento do lar e dos filhos. Em meio a essas crises emocionais, um surto
psicótico de origem misteriosa toma conta dos pais e mães pelo mundo (ou pelo
menos nos Estados Unidos), dotando-os de uma fúria assassina contra seus
rebentos. Iniciado o surto, Taylor não poupa esforços para representar a
situação da forma mais delirante possível, com os parentes literalmente se
jogando no pescoço das crianças, em uma cena hilária que se passa no interior
da escola local. O senso de humor negro e nonsense está totalmente atrelado a obra devido aos excessos
que permeiam o filme. Nicolas Cage, que frequentemente atua de maneira
descomedida e afetada, encontra aqui um ambiente perfeito para uma overdose de
caras e bocas, em meio aos seus acessos de raiva. Mom and Dad é pura e
simples diversão cinematográfica para pessoas com um senso de humor levemente
perturbado, do tipo que não tem a menor pretensão de ser politizado, artístico
ou revolucionário e que cumpre com maestria aquilo que se propõe.
4 facadas
para Mom and Dad
Fonte: http://101horrormovies.com.br/review-2018-11-mom-and-dad/
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