TERROR 2018 09 THE RITUAL
Uma das criaturas
mais interessantes e originais do cinema de terror recente
Sua carne NÃO é de
Carnaval, você é do “Unidos dos Sem Bloquinho” e você está no conforto do
descanso do seu lar durante o feriado prolongado procurando colocar aquela
lista interminável de filmes para assistir em dia. Quando se depara que na
última sexta-feira entrou no catálogo da Netflix uma nova “produção original” de
terror do streaming (assim, entre aspas mesmo, porque para quem ainda
não sabe, a empresa de Los Gatos não produz absolutamente nada, só comprar e
distribui na sua plataforma) dirigida por David Bruckner. Para quem não liga o
nome à pessoa, Bruckner é um dos pioneiros do mumblegore, movimento indie
do horror americano que meio que moldou a forma de se fazer cinema independente
de gênero no final da década passada até meados dos anos 2010, e deu um novo
sentido para as antologias. Ele é um dos diretores/roteiristas de O Sinal, espécie de
protogênese do subgênero, e também de V/H/S/ (é o responsável pelo
segmento “Amateur Night”, que depois deu origem ao longa metragem Siren)
e Southbound (segmento
“The Accident”). Esse fato, o incomum crédito de produtor executivo para Andy
Serkis, e a sinopse, que apesar de clichê, traz alguns elementos queridinhos
como: “grupo de pessoas perdidas em uma viagem na floresta encontram uma
presença ameaçadora os perseguindo”, foi o suficiente para despertar o
interesse. Quando eis que, descubro que The Ritual não entrou no catálogo
da Netflix brazuca, apenas na gringa. Não que isso seja um impeditivo para a
Rede Mundial de Computadores. Não sei explicar o porquê, mas é uma pena, uma
vez que The Ritual foi uma excelente surpresa, e cravo aqui sem
pestanejar: traz uma das criaturas mais interessantes e originais do cinema de
terror recente. Você nunca terá visto nada igual (e nem parecido), e vou poupar
os detalhes de seu visual para não entrar no campo do SPOILER. Uma espécie de “Abismo do Medo”
dos homens, o longa britânico, baseado no livro de Adam Nevill, parte do
diferencial que não estamos falando de uma trip com adolescentes ou
jovens de seus 20 e poucos anos bêbados e tarados indo parar no meio de uma cabana
na floresta, enredo tipicamente slasher,
mas sim, de um grupo de homens 30+, o que já rola uma identificação imediata.
Amigos de colégio, planejam uma viagem de férias mas não tem mais idade para
ficar chapado em Amsterdã, tomar cerveja com 43% de teor alcoólico na Bélgica
ou curtir as festas cheias de MICHAEL DOUGLAS em Ibiza. Um dos amigos dá a
ideia de fazer hiking nas
montanhas da divisa entre a Suécia e a Noruega, porém na mesma noite, durante
um assalto a uma loja de bebida, ele é assassinado ao se recusar a entregar seu
anel de casamento. Luke foi testemunha e se escondera durante o crime, vendo o
amigo ser morto e não tomou nenhuma atitude. Sentindo-se culpado e covarde, ele
e os outros três colegas, Phil, Hutch e Don resolvem fazer a tal caminhada e
prestar uma homenagem póstuma. Bom, seguindo a cartilha de acidentes e escolhas
estúpidas de praxe, Don machuca o menisco, fica com o passo avariado e para
cortar caminho e chegar mais rápido ao chalé na cidade, eles têm a brilhante
ideia de atravessar por um atalho dentro de uma inóspita floresta. Acuados por
uma tempestade – e depois de ter visto um lobo eviscerado pendurado em uma
árvore – eles vão se proteger em uma casa abandonada no meio da floresta,
cercado por árvores com estranhas runas talhadas em seus troncos e uma espécie
de figura de madeira sem cabeça e com chifres nos lugares das mãos, objeto que
parece ser utilizado em algum tipo de bruxaria ou ritual pagão nórdico. Pronto,
a noite gasta naquele local, regada à pesadelos em todos, é o suficiente para
colocar em xeque o destino dos viajantes e botar na sua cola a tal “presença
ameaçadora” da sinopse, que passa a persegui-los. As três melhores coisas disso
tudo? A escalada do suspense, desespero e conflitos pessoais tomando conta
mesmo em homens adultos, a máxima hitchcockiana/ spielbergiana de nunca mostrar
a criatura até seu ato final (e que não desapontará, dado o diferencial do
monstro) e por fim, a quase completa falta de explicação detalhada, deixando tudo
no campo do místico folclore escandinavo, envolvendo até Loki. The
Ritual oferece 1h30 de entretenimento de terror
decente, com uma pegada inspirada no horror ritualístico dos anos 70,
valendo-se de um velho conceito mas incluindo aí uma notável adição bizarra ao
gênero “filmes de criaturas”, e tudo com a mão certa na direção de Bruckner, em
seu primeiro trabalho fora de antologia, de forma mais tradicional do que seus
longas anteriores.
3,5 sacrifícios
ritualísticos nórdicos para The Ritual
FONTE:
https://101horrormovies.com.br/review-2018-09-the-ritual/
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