Direção: Howard Hawks
Producäo: Howard Hawks, Jack L Wamel
Roteiro: William Faulkner, baseado no livro de Raymond
Chandler
Fotografia:
Sidney Hickox
Música:
Max Steiner
Elenco:
Humphrey Bogart …..… Philip Marlowe
Lauren Bacall ……...….. Vivian Sternwood Rutledge
John Ridgely …………… Eddie Mars
Martha Vickers …………. Carmen Sternwood
Dorothy Malone ….....…. Proprietária Livraria Acme
Charles Waldron ………… General Sternwood
Ainda: Peggy Knudsen, Regis Toomey, Charles D. Brown, Bob Steele, Elisha
Cook Jr., Louis Jean Heydt
Diz-se
que, quando o diretor Howard Hawks pediu ao romancista Raymond Chandler para
explicar as várias traições, viradas e surpresas reveladas presentes no seu
livro O sono eterno, a famosa e honesta resposta do escritor foi a seguinte:
"Não faço a menor ideia." Isso não significa que as diversas reviravoltas
da trama não sejam importantes para o livro, ou que a presença delas seja
apenas um caos arbitrário. Em vez disso, o mistério notavelmente confuso de
Chandler apenas complica mais uma história já complicada de corrupção na cidade
de Los Angeles, contaminando ainda mais uma lista aparentemente interminável de
personagens soturnos. Portanto, não deveria causar surpresa que Hawks tenha
feito a gentileza de transferir o foco da sua adaptação do investigado para o
investigador, no caso Humphtey Bogart no papel do detetive particular durão
Philip Marlowe. Aproveitando-se do sucesso do filme Uma aventura na Martinica,
de 1944, Hawks reuniu Bogart com Lauren Bacall e enfatizou a química palpável
dos dois. Quando estão juntos na tela, a história de detetive fica em segundo
plano (eles se casaram seis meses após o término das filmagens). Hawks explorou
aquela tensão sexual, acrescentando cenas extras com a dupla e frisando os diálogos
cheios de indiretas e particularmente ligeiros (em especial aquele sobre
cavalos e selas), tendo em vista que se tratava da era do Código de Produção. E
quanto ao mistério? Felizmente, a investigação central, por mais confusa que seja,
ainda dá prazer de se assistir Marlowe faz as vezes de guia à Virgílio,
descendo até os recônditos mais escuros e sujos de Hollywood para desvendar uma
trama de assassinato/chantagem que envolve pornógrafos, ninfomaníacas e um
bando de capangas que mal têm tempo de revelar mais detalhes da história (e
pistas falsas) antes de levarem um tiro. O título do livro, O sono eterno, é
uma referência à morte e, de fato, a morte permeia também o filme. Esta é uma
obra-prima noir que carece de muitos dos princípios tradicionais do gênero. Há
várias femmes fatales, mas nenhum flashback: iluminação chiaroscuro, mas
nenhuma narração. E, o que é mais importante, o Marlowe de Bogart não parece
perdido em um mundo de mentiras e traições, e sim plenamente confiante e no controle
a todo momento. Ele é um antiherói singular, frio diante da crueldade,
impassível diante da libertinagem vulgar e sempre interessado em um rosto
bonito. JKl
(1001
FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 189)
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