quinta-feira, 1 de maio de 2014

189 1946 A BEIRA DO ABISMO (THE BIG SLEEP, EUA)


Direção: Howard Hawks
Producäo: Howard Hawks, Jack L Wamel
Roteiro:  William Faulkner, baseado no livro de Raymond Chandler
Fotografia: Sidney Hickox
Música: Max Steiner
Elenco:
Humphrey Bogart …..… Philip Marlowe
Lauren Bacall ……...….. Vivian Sternwood Rutledge
John Ridgely …………… Eddie Mars
Martha Vickers …………. Carmen Sternwood
Dorothy Malone ….....…. Proprietária Livraria Acme
Charles Waldron ………… General Sternwood
Ainda: Peggy Knudsen, Regis Toomey, Charles D. Brown, Bob Steele, Elisha Cook Jr., Louis Jean Heydt

Diz-se que, quando o diretor Howard Hawks pediu ao romancista Raymond Chandler para explicar as várias traições, viradas e surpresas reveladas presentes no seu livro O sono eterno, a famosa e honesta resposta do escritor foi a seguinte: "Não faço a menor ideia." Isso não significa que as diversas reviravoltas da trama não sejam importantes para o livro, ou que a presença delas seja apenas um caos arbitrário. Em vez disso, o mistério notavelmente confuso de Chandler apenas complica mais uma história já complicada de corrupção na cidade de Los Angeles, contaminando ainda mais uma lista aparentemente interminável de personagens soturnos. Portanto, não deveria causar surpresa que Hawks tenha feito a gentileza de transferir o foco da sua adaptação do investigado para o investigador, no caso Humphtey Bogart no papel do detetive particular durão Philip Marlowe. Aproveitando-se do sucesso do filme Uma aventura na Martinica, de 1944, Hawks reuniu Bogart com Lauren Bacall e enfatizou a química palpável dos dois. Quando estão juntos na tela, a história de detetive fica em segundo plano (eles se casaram seis meses após o término das filmagens). Hawks explorou aquela tensão sexual, acrescentando cenas extras com a dupla e frisando os diálogos cheios de indiretas e particularmente ligeiros (em especial aquele sobre cavalos e selas), tendo em vista que se tratava da era do Código de Produção. E quanto ao mistério? Felizmente, a investigação central, por mais confusa que seja, ainda dá prazer de se assistir Marlowe faz as vezes de guia à Virgílio, descendo até os recônditos mais escuros e sujos de Hollywood para desvendar uma trama de assassinato/chantagem que envolve pornógrafos, ninfomaníacas e um bando de capangas que mal têm tempo de revelar mais detalhes da história (e pistas falsas) antes de levarem um tiro. O título do livro, O sono eterno, é uma referência à morte e, de fato, a morte permeia também o filme. Esta é uma obra-prima noir que carece de muitos dos princípios tradicionais do gênero. Há várias femmes fatales, mas nenhum flashback: iluminação chiaroscuro, mas nenhuma narração. E, o que é mais importante, o Marlowe de Bogart não parece perdido em um mundo de mentiras e traições, e sim plenamente confiante e no controle a todo momento. Ele é um antiherói singular, frio diante da crueldade, impassível diante da libertinagem vulgar e sempre interessado em um rosto bonito. JKl
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 189)

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