Direção: Brett Ratner
Roteiro: Ted Tally (baseado na obra de Thomas Harris)
Produção: Dino de Laurentiis, Martha de Laurentiis; James M.
Freitag (Produtor Associaodo); Terry Needham (Produtor Associado – não
creditado); Andrew Z. Davis (Produtor Executivo)
Elenco: Anthony
Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Emily Watson, Mary-Louise
Parker, Philip Seymour Hoffman, Anthony Heald
Dragão Vermelho veio para redimir a injúria cometida
com o querido Dr. Lecter em Hannibal, filme anterior, dirigido por Ridley
Scott. E olha, consegue fazer isso com todo o louvor, em um daqueles casos
raríssimos que o terceiro filme é muito foda, e infinitamente superior ao
segundo. Aquele bom e velho “Hannibal, the Cannibal” que tanto adoramos em O Silêncio dos
Inocentes, com aquela
atuação requintada, repleta de maldade, frio e calculista, impressa pelo Sir
Anthony Hopkins e que lhe rendeu a estatueta de melhor ator, está de volta,
usando de sua voz calma e aterradora, erudição e refinamento, sua presença
corporal, sua manipulação psicológica, e não aquele potencial e vulgar
proto-assassinoslasher do segundo filme, que tratou de
banalizar completamente o personagem e tentar transformá-lo em um anti-herói,
algo que definitivamente ele não é. Essa inclusive foi a motivação de Hopkins
em aceitar o papel para reprisar o canibal novamente. E outra, mais uma vez lhe
é relegado o papel de coadjuvante de luxo, não de protagonista, que fora a
Clarice Starling de Jodie Foster em O Silêncio dos Inocentes e agora dá lugar ao agente Will Graham
de Edward Norton, outro baita ator. Esse sim toma as rédeas da fita em sua investigação
sobre o abominável assassino de famílias conhecido como Fada dos Dentes,
interpretado por outro peso-pesado, Ralph Fiennes, absurdamente excelente no
papel. Aliás, é bem interessante revisitar Dragão Vermelho depois do término da série Hannibal,
uma vez que grande parte do texto é baseado exatamente no primeiro livro de
Thomas Harris e explora muitos elementos que são apenas ventilado no longa
metragem de Brett Ratner (por incrível que pareça um bom trabalho, uma vez
que sujeito é um dos diretores mais medíocres que já pisou em Hollywood e
tenho só três palavras e um artigo para provar: X-Men
– O Confronto Final –
e podia ser pior, uma vez que foi oferecido a MICHAEL BAY dirigir o filme),
como, por exemplo, à caça de Graham ao Picanço de Minesotta, que o levou ao
tratamento psiquiátrico e depois ao Estripador de Cheesapeake, que sempre fora
Lecter. A última metade da terceira e
derradeira temporada de Hannibaltambém era
completamente baseado em Dragão Vermelho,
trazendo Francis Dolarhyde para a telinha, também magistralmente interpretado
por Richard Armitage. Porém algumas liberdades poéticas e o final, muito por
conta da decisão da ABC em cancelar o seriado acabam não agradando tanto quanto
o próprio filme, mas em compensações outras passagens e falas são idênticas ao
livro e a adaptação cinematográfica. E isso sem esquecer que a mesma história
já fora levada às telas por Michael Mann em Caçador de
Assassinos, de 1986,
trazendo a primeiro encarnação de Lecter no cinema, por Brian Cox (e chamado de
Lektor). Na trama, Graham é quase morto por Lecter quando descobre que ele é o
assassino canibal que procura, e decide se afastar do FBI após ser gravemente
ferido enquanto o doutor pega prisão perpétua e é enviado para o Hospital
Estadual de Baltimore para Criminosos Insanos aos cuidados do Dr. Chilton
(Anthony Heald), o mesmo que conheceria Clarice Starling uns bons anos depois.
Aposentado, Graham é convencido por Jack Crawford (dessa vez interpretado por
Harvey Keitel) a ajuda-lo com suas espécie de empatia e sensibilidade em montar
cenas de crime e perfil de psicopatas, a ajudar no caso do chamado Fada dos
Dentes, que mata famílias inteiras durante a lua cheia. Renegando esse nome,
Dolarhyde é um sujeito completamente pancada, que cresceu sob maus tratos e
abusos psicológicos da avó, e acredita estar se tornando o Grande Dragão
Vermelho, muito por conta da sua obsessão pela pintura de William Blake, que
ele carrega em uma gigante tatuagem nas costas. No ínterim que a investigação
de Graham avança, e ele é obrigado a pedir a ajuda do encarcerado Lecter,
Dolarhyde se envolve com uma garota cega, Reba McClane (Emily Watson) que
trabalha na mesma empresa de filmes fotográficos que ele. Lecter por sua vez,
vilanesco ao extremo do jeito que é, troca correspondências com Dolarhyde, que
se autodenomina um ávido fã, pelas colunas pessoais do sensacionalista jornal
Tattler, onde trabalha o jornalista Freedie Lounds (Philip Seymour Hoffman,
outro baita ator), que vai comer o pão que o diabo amassou nas mãos do Dragão
Vermelho quando ele e Graham o difama em uma reportagem que deveria servir para
leva-lo ao veterano agente do FBI, apenas para incitar o psicopata a atacar o
responsável pela sua prisão e sua família. O mais interessante é o quanto
Dolarhyde é um personagem foda e muito bem construído, quase tão legal quanto o
Jame “Buffalo Bill” Gumb de O Silêncio dos Inocentes,
e mostra a capacidade de Thomas Harris em criar ótimos assassinos psicopatas,
manter a dose de macabro e suspense lá em cima e aproveitar todos os elementos
de um filme procedural de investigação forense, tudo quando não havia caído nas
ideias megalomaníacas e endinheiradas hollywoodianas (os livros “Dragão
Vermelho” é de 1981 e “O Silêncio…”de 1988) quando escreveu sob encomenda o
péssimo Hannibal, que resultou
em um filme medíocre, e o pior ainda, Hannibal – A Origem do Mal,
que rendeu uma catástrofe. Dragão
Vermelho, segundo Hopkins, era para trazer a última e
definitiva versão do personagem canibal. Não rolou, porque Mads Mikkelsen fez
um trabalho à altura e até muitas vezes superior na série, mas ainda assim, foi
regozijante vê-lo novamente em toda sua forma para tirar o gosto de cabo de
guarda-chuva que o filme anterior tinha deixado. E poderia ter encerrado a
franquia com chave de ouro, se não existisse aquele prequel deprimente. Mas
isso fica para um outro momento.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2015/10/09/735-dragao-vermelho-2002/
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