quarta-feira, 21 de maio de 2014

837 1991 O SILÊNCIO DOS INOCENTES (EUA)

#620 1991 O SILÊNCIO DOS INOCENTES (The Silence of the Lambs, EUA)

Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Ted Tally (baseado no livro de Thomas Harris)
Produção: Ron Bozman, Edward Saxon, Kenneth Uth; Grace Blake (Produtora Executiva); Gary Goetzman (Produtro Executivo)
Elenco: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Scott Glenn, Anthony Heald, Ted Levine

Com certeza, na cerimônia de entrega do Oscar® em 1992 (referente ao ano anterior), os membros da academia devem ter batido a cabeça. Porque quando poderíamos imaginar que um filme sobre um psiquiatra canibal que ajuda uma jovem agente do FBI a caçar umserial-killer transexual que esfola as vítimas iria levar as cinco principais estatuetas da noite: melhor filme, diretor, roteiro, ator e atriz? Isso aconteceu com O Silêncio dos Inocentes. E foram cinco prêmios devidamente merecidos. As atuações de Jodie Foster como a traineedo FBI Clarice Starling (segundo Oscar® dela, que já havia levado por Acusados, e sido indicada por Nell e Taxi Driver, quando só tinha 13 anos) e principalmente de Sir Anthony Hopkins como o eterno Dr. Hannibal Lecter, estão soberbas. O roteiro é extremamente inteligente, adaptado do best-seller de Thomas Harris. E a direção de Jonathan Demme é segura, sombria e promove arrepios na espinha do espectador sem apelar para a sanguinolência e pela violência que o tema do filme exige. Starling envolve-se com Lecter, psicólogo condenado a uma instituição mental pelos seus métodos peculiares de matança e perfil gastronômico sofisticado, a mando de seu superior no FBI Jack Crawford, para tentar juntar pistas que leve a um assassino de mulheres voluptuosas, conhecido como Buffalo Bill (horripilantemente interpretado por Ted Levine). Bill é o terceiro vilão do cinema inspirado pelo assassino da vida real Ed Gein, que também emprestou sua insanidade e crimes hediondos para Norman Bates em Psicose e Leatherface em O Massacre da Serra Elétrica. Aqui, Bill é um afetado transexual que rapta suas vítimas e as esfola para poder costurar uma segunda pele a fim de se tornar uma mulher por completo. Essa necessidade de transformação é sempre retratada pela fascinação de Bill por mariposas. Contudo para Lecter ajudar na investigação ele cria um relacionamento desconfortável com Clarice, que em troca de pistas para poder montar o perfil psicológico do criminoso, deve oferecer detalhes íntimos e informações sobre seu passado, deliciando a aguçada curiosidade do canibal, que vai a colocando dentro de um jogo mental. Acho difícil alguém em pleno ano de 2015 nunca ter assistido a O Silêncio dos Inocentes.
Mas aqui vai um SPOILER. Então já sabe, pule para o próximo parágrafo ou leia por conta e risco.
A cena mais marcante do filme é a fuga de Lecter de uma cadeia improvisada, enquanto tenta fazer um acordo com a senadora que teve a filha raptada por Bill. Ele rende os dois guardas, pendurando um deles na cela e abrindo o seu estômago e o outro, ele arranca a pele do rosto, cobrindo sua face e vestindo-se com a roupa do mesmo, sendo levado para fora do prédio cercado dentro de uma ambulância, solicitada pela própria polícia, enganando a todos. Simplesmente fantástico. Não há muito o que se falar de O Silêncio dos Inocentes que já não tenha sido dito. É chover no molhado falar sobre todos os detalhes psicológicos de Clarice, de “Hannibal, o Canibal” e do assassino Bufallo Bill. O longa é recheado de desvio de valores e de dramas morais que cada um carrega, como Clarice que perdeu o pai ainda criança, xerife da cidadezinha do interior onde morava e sua inspiração, e vive atormentada pelos cordeiros que não paravam de gritar antes de serem massacrados, na fazendo onde teve de se mudar ao ficar órfã. E toda a persona reprimida de Buffalo Bill, abusado na infância, coberto de inveja pelo sexo oposto que desperta sua cobiça, pelo simples fato de ter nascido no corpo de um homem. Ou mesmo o Dr. Lecter, um notável psiquiatra, do mais algo gabarito, que tem apreço pela literatura, desenhos, ouve música clássica e toma bons vinhos, mas tem um lado obscuro em seu interior. O filme todo fala por si, cada simbolismo e cada analogia beiram a perfeição. É um clássico moderno e obrigatório não só do cinema de horror como da sétima arte em si. O Dr. Lecter catapultou Hopkins para o estrelato e ganhou tanta força, mesmo aparecendo apenas 17 minutos em 118 de projeção total, que ganhou três continuações: Hannibal, filme sujo, apelativo e sem um pingo do toque clássico de O Silêncio dos Inocentes, dirigido por um perdido Ridley Scott; Dragão Vermelho, uma prequela que conta a história do primeiro detetive do FBI que Lecter ajudou, também baseado na obra de Thomas Harris e que já havia inspirado o filme Caçador de Assassinos de Michael Mann em 1986; e Hannibal – A Origem do Mal, prequela da prequela que retrata a adolescência do ilustre doutor e como ele adquiriu seu gosto canibal. Uma porcaria sem tamanho. Também vale a pena ficar ligado na série Hannibal, com o excelente Mads Mikkelsen como Dr. Lecter e desenvolvido para a televisão por Bryan Fuller e que tem como Produtor Executivo David Slade, diretor de 30 Dias de Noite que logo estreia sua terceira temporada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/04/620-o-silencio-dos-inocentes-1991/

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