#620 1991
O SILÊNCIO DOS INOCENTES (The Silence of the Lambs, EUA)
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Ted Tally (baseado no livro de Thomas
Harris)
Produção: Ron Bozman,
Edward Saxon, Kenneth Uth; Grace Blake (Produtora Executiva); Gary Goetzman
(Produtro Executivo)
Elenco: Jodie Foster,
Anthony Hopkins, Scott Glenn, Anthony Heald, Ted Levine
Com certeza, na cerimônia de entrega do
Oscar® em 1992 (referente ao ano anterior), os membros da academia devem
ter batido a cabeça. Porque quando poderíamos imaginar que um filme sobre um
psiquiatra canibal que ajuda uma jovem agente do FBI a caçar umserial-killer transexual
que esfola as vítimas iria levar as cinco principais estatuetas da noite:
melhor filme, diretor, roteiro, ator e atriz? Isso aconteceu com O Silêncio
dos Inocentes. E foram cinco prêmios devidamente merecidos. As
atuações de Jodie Foster como a traineedo FBI Clarice Starling (segundo
Oscar® dela, que já havia levado por Acusados, e sido indicada por
Nell e Taxi Driver, quando só tinha 13 anos) e principalmente de Sir
Anthony Hopkins como o eterno Dr. Hannibal Lecter, estão soberbas. O roteiro é
extremamente inteligente, adaptado do best-seller de Thomas Harris. E
a direção de Jonathan Demme é segura, sombria e promove arrepios na espinha do
espectador sem apelar para a sanguinolência e pela violência que o tema do
filme exige. Starling envolve-se com Lecter, psicólogo condenado a uma
instituição mental pelos seus métodos peculiares de matança e perfil
gastronômico sofisticado, a mando de seu superior no FBI Jack Crawford, para
tentar juntar pistas que leve a um assassino de mulheres voluptuosas, conhecido
como Buffalo Bill (horripilantemente interpretado por Ted Levine). Bill é o
terceiro vilão do cinema inspirado pelo assassino da vida real Ed Gein, que
também emprestou sua insanidade e crimes hediondos para Norman Bates em Psicose e Leatherface em O Massacre da
Serra Elétrica. Aqui, Bill é um afetado transexual que rapta suas
vítimas e as esfola para poder costurar uma segunda pele a fim de se tornar uma
mulher por completo. Essa necessidade de transformação é sempre retratada pela
fascinação de Bill por mariposas. Contudo para Lecter ajudar na investigação
ele cria um relacionamento desconfortável com Clarice, que em troca de pistas
para poder montar o perfil psicológico do criminoso, deve oferecer detalhes
íntimos e informações sobre seu passado, deliciando a aguçada curiosidade do
canibal, que vai a colocando dentro de um jogo mental. Acho difícil alguém em
pleno ano de 2015 nunca ter assistido a O Silêncio dos Inocentes.
Mas aqui
vai um SPOILER. Então já sabe, pule para o próximo parágrafo ou leia por
conta e risco.
A cena mais marcante do filme é a fuga de Lecter de
uma cadeia improvisada, enquanto tenta fazer um acordo com a senadora que teve
a filha raptada por Bill. Ele rende os dois guardas, pendurando um deles na
cela e abrindo o seu estômago e o outro, ele arranca a pele do rosto, cobrindo
sua face e vestindo-se com a roupa do mesmo, sendo levado para fora do prédio
cercado dentro de uma ambulância, solicitada pela própria polícia, enganando a
todos. Simplesmente fantástico. Não há muito o que se falar de O Silêncio
dos Inocentes que já não tenha sido dito. É chover no molhado falar sobre
todos os detalhes psicológicos de Clarice, de “Hannibal, o Canibal” e do
assassino Bufallo Bill. O longa é recheado de desvio de valores e de dramas
morais que cada um carrega, como Clarice que perdeu o pai ainda criança, xerife
da cidadezinha do interior onde morava e sua inspiração, e vive atormentada
pelos cordeiros que não paravam de gritar antes de serem massacrados, na
fazendo onde teve de se mudar ao ficar órfã. E toda a persona reprimida de
Buffalo Bill, abusado na infância, coberto de inveja pelo sexo oposto que
desperta sua cobiça, pelo simples fato de ter nascido no corpo de um homem. Ou
mesmo o Dr. Lecter, um notável psiquiatra, do mais algo gabarito, que tem
apreço pela literatura, desenhos, ouve música clássica e toma bons vinhos, mas
tem um lado obscuro em seu interior. O filme todo fala por si, cada simbolismo
e cada analogia beiram a perfeição. É um clássico moderno e obrigatório não só
do cinema de horror como da sétima arte em si. O Dr. Lecter catapultou Hopkins
para o estrelato e ganhou tanta força, mesmo aparecendo apenas 17 minutos em
118 de projeção total, que ganhou três continuações: Hannibal, filme sujo,
apelativo e sem um pingo do toque clássico de O Silêncio dos Inocentes,
dirigido por um perdido Ridley Scott; Dragão Vermelho, uma prequela que
conta a história do primeiro detetive do FBI que Lecter ajudou, também baseado
na obra de Thomas Harris e que já havia inspirado o filme Caçador de
Assassinos de Michael Mann em 1986; e Hannibal – A Origem
do Mal, prequela da prequela que retrata a adolescência do ilustre doutor e
como ele adquiriu seu gosto canibal. Uma porcaria sem tamanho. Também vale a
pena ficar ligado na série Hannibal, com o excelente Mads Mikkelsen como
Dr. Lecter e desenvolvido para a televisão por Bryan Fuller e que tem como
Produtor Executivo David Slade, diretor de 30 Dias de Noite que logo
estreia sua terceira temporada.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/04/620-o-silencio-dos-inocentes-1991/
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