Direção:
F. W. Murnau
Produção:
William Fox
Roteiro:
Hermann Sudermann, Carl Mayer
Fotografia:
Charles Rosher, Karl Struss
Música:
Timothy Brock, Hugo Riesenfeld
Elenco:
George
O’Brien ………… O marido
Janet
Gaynor …………… A esposa
Margaret
Livingston …… A mulher da cidade
Bodil
Rosing …………….A babá
J.
Farrell MacDonald …...O fotógrafo
Ralph
Sipperly …………. O barbeiro
Ainda: Jane, Winton, Arthur Housman, Eddie Poland,
Barry Norton
Oscar:
William Fox (produção artística e notável), Janet Gaynor (atriz). Charles
Rosher, Karl Struss (fotografia)
Indicação
ao Oscar: Rochus Gilese (direção de arte)
Os
fanáticos por curiosidades talvez notem que, embora muitos livros geralmente
citem Asas como o primeiro ganhador do Oscar de Melhor Filme, a honra, na
verdade, foi para dois filmes: Asas, de William Wellman, recebeu o prêmio de
"Produção" e Aurora, de F. W. Murnau, o de "Produção Artística e
Notável". Se a segunda categoria impressiona mais do que a primeira, isso
explica em parte por que Aurora, e não Asas, continua sendo um dos filmes mais
reverenciados de todos os tempos. Inicialmente, William Fox trouxe Murnau para
os Estados Unidos com a proposta de um grande orçamento e total liberdade
criativa, e o fato de Murnau ter se aproveitado ao máximo disso nesta formidável
obra-prima ratifica sua incomparável reputação de gênio do cinema. A
simplicidade do filme é enganosa. Com o subtítulo um tanto enigmático de Uma canção
de dois humanos, Aurora se concentra em um casal do interior cujas vidas são destruídas
por uma sedutora mulher da cidade. Contudo, Murnau retira ondas de emoção do
que poderia ser melodrama corriqueiro, enriquecendo-o com uma série de inovadoras
técnicas cinematográficas. A mais notável delas é o uso de efeitos sonoros, deixando
o cinema um passo mais próximo da era falada - uma conquista injustamente ofuscada
por O cantor de jazz, lançado posteriormente também em 1927, Murnau também
manipula com criatividade o uso e o efeito dos intertítulos (três anos antes,
dirigira A última gargalhada sem intertítulo algum). O mais fascinante aspecto de
Aurora é o trabalho de camera. Trabalhando com dois fotógrafos. Charles Rosher
e Karl Struss, Murnau baseou-se na sua própria experiência com o expressionismo
alemão, assim como nas pinturas bucólicas dos mestres holandeses, especialmente
Jan Vermeer. Ligadas por graciosos e inventivos movimentos de câmera e
realçadas por truques de fotografia (como múltiplas exposições), as cenas de
Aurora parecem um primoroso still. Por mais mágicas que sejam as imagens, a
própria simplicidade da história confere a Aurora um peso dramático formidável.
George O'Brien, ponderando o assassinato de sua inocente esposa (Janet Gaynor),
é consumido pela culpa e a mulher reage com terror quando suas intenções ficam
claras. A viagem de barco em direção à sua planejada morte é carregada de
suspense e de uma estranha tristeza, à medida que o bom O'Brien luta para levar
suas monstruosas intenções a cabo. Margaret Livingston, no papel de sedutora
urbana, parece, em muitos aspectos, o equivalente feminino do vampiro de
Murnau, conde Orlok (do filme Nosferatu, de 1922), atormentando sem piedade a alma
do pobre O'Brien. Em uma cena, ele chega a ser assombrado por imagens
espectrais dela, que o cercam, encurralam e provocam com desejos homicidas. Infelizmente,
o filme se mostrou um fracasso de bilheteria e Murnau morreu em um acidente de
carro poucos anos depois. Entretanto, Aurora continua sendo um marco que serve
de medida para todo e qualquer filme, seja ele mudo ou não. Numa era mais primitiva,
é um apogeu artístico cuja sofisticação contradiz os recursos da época. Sua
sombra se projeta sobre diversas grandes obras subsequentes, de Cidadão Kane
(1941), de Orson Welles, a A bela e a fera (1946), de Jean Cocteau, porém, ao
mesmo tempo, seu próprio brilho é inimitável. JKI
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 031)
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