Direção:
Fritz Lang
Produção:
Erich Pommer
Roteiro:
Fritz Lang, Thea von Harbou
Fotografia:
Karl Freund, Günther Rittau
Música:
Gottfried Huppertz
Elenco:
Alfred Abel ………………Joh Fredersen
Gustav Fröhlich …………Freder Fredersen
Brigitte Helm ……………..Maria
Rudolf Klein-Rogge ……C.A. Rotwang
Fritz
Rasp ………………O homem magro
Theodor
Loos …………Josaphat
Ainda: Heinrich George
Com
uma duração original de mais de duas horas, Metropolis, de Fritz Lang, é o
primeiro épico de ficção científica, com cenários imensos, centenas de
figurantes, efeitos especiais de ponta para a época, muito sexo e violência,
uma moral nada sutil, atuações grandiosas, um quê de goticidade alemã e
inovadoras sequências de fantasia. Financiado pela UFA, o gigante
cinematográfico alemão, o filme foi controverso e se revelou um desastre de
bilheteria que quase levou o estúdio à falência. O enredo é quase tão simplista
quanto um conto de fadas: Freder Fredersen (Gustav Fröhlich), o filho mimado do
Mestre de Metrópolis (Alfred Abel), descobre a miséria em que vive a horda de
trabalhadores que garante o funcionamento da luxuosa supercidade. Freder passa
a compreender o sistema através da angelical Maria (Brigitte Helm) - uma
pacifista que serve constantemente de mediadora entre disputas industriais - e
do trabalho secreto em uma das esmerilhadoras massacrantes durante 10 horas por
dia. O Mestre consulta o engenheiro louco Rotwang (Rudolf Klein Rogge), criador
de um robô feminóide que ele remodela para ser uma cópia má de Maria e solta na
cidade. A robotrix começa dançando nua em uma boate decadente e termina provocando
uma violenta rebelião, o que permite a Lang aproveitar ao máximo seus enormes cenários
fabris explodindo-os e/ou inundando-os. No entanto, Freder e a verdadeira Maria
salvam o dia resgatando as crianças da cidade de uma enchente. A sociedade se reconcilia
quando Maria decreta que o coração (Freder) precisa ser o mediador entre o cérebro
(o Mestre) e as mãos (os trabalhadores). Logo depois de lançado, a distribuição
do dispendioso filme foi interrompida e ele foi remontado contra a vontade de Lang:
essa versão truncada e simplificada continuou sendo a mais conhecida - inclusive
na sua forma remixada e colorizada por Giorgio Moroder na década de 1980 - até
o século XXI, quando uma restauração parcial (com sutis intertítulos de ligação
para substituir as cenas que continuam irreversivelmente perdidas) chegou bem
mais perto da visão original de Lang. Essa versão não só acrescenta várias
cenas que passaram décadas inéditas como também restaura a ordem delas na
versão original e acrescenta os intertítulos corretos. Até então considerado um
filme de ficção espetacular, porém simplista, essa nova-velha versão revela que
a ambientação futurista não tinha a intenção de ser profética, mas sim mítica,
com elementos da arquitetura, indústria, design e política da década de 1920 misturando-se
com o medieval e o bíblico para produzir imagens de uma arrebatadora
estranheza: um robô futurista queimado na fogueira: um cientista louco e
mão-de-ferro que é também um alquimista do século XV; os trabalhadores que se
arrastam em direção às mandíbulas de uma máquina que é também o antigo deus Moloch.
A interpretação de Fröhlich como o herói que representa o coração ainda é extremamente
exagerada, porém o engenheiro Rotwang de Klein-Rogge, o Mestre de Metropolis de
Abel e, principalmente, Helm, no papel duplo da angelical salvadora e da femme fatale de metal, estão magníficos.
Depois que boa parte da história foi restaurada a partir de um mergulho nas
motivações contraditórias dos personagens, a fantástica trama passa a fazer
mais sentido e podemos vê-la tanto como um bizarro drama familiar quanto como
um épico de repressão, revolução e reconciliação. KN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 030)
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