Direção:
Grigori Aleksandrov, Seigei M. Eisenstein
Roteiro:
Grigori Aleksandrov, Sergei M. Eisenstein
Fotografia:
Vladimir Nilsen, Vladimir Popov, Eduard Tisse
Música:
Alfredo Antonini, Edimund Meisel
Elenco:
Vladimir
Popov ……Aleksandr Kerensky
Vasili
Nikandrov …..V.I. Lenin
Layaschenko ………Konovalov
Chibisov ……………Skobolev
Boris Livanov ………Terestsenko
Mikholyev …………..Kishkin
Ainda: N. Podvoisky, Smelsky, Eduard Tisse
Em
1926, Sergei M. Eisenstein foi para a Alemanha apresentar seu novo filme, O
encouraçado Potemkin. Partiu como um promissor jovem cineasta, mas retornou
como um superastro da cultura internacional. Uma série de importantes produções
cinematográficas estava sendo planejada para a comemoração do 10º aniversário
da vitória bolchevique. Eisenstein aceitou avidamente o desafio de apresentar
na tela o processo revolucionário na Rússia - ou seja, de que forma o país
passou do "governo provisório" de Aleksandr Kerensky, instaurado após
a abdicação do czar, para as primeiras vitórias de Lênin e seus seguidores. Não
foram poupados gastos. Imensas cenas de multidão foram organizadas e o tráfego da
cidade foi desviado para que Eisenstein pudesse filmar nos exatos locais em que
os incidentes retratados ocorreram. Ao contrário do que se pensa, o filme não
contém um só metro de cenas documentais. Cada tomada foi uma reconstituição.
Trabalhando de modo febril, Eisenstein concluiu o filme bem a tempo para as
festividades de aniversário, porém as reações, oficiais ou não, não foram de
entusiasmo. Muitos consideraram o filme confuso e difícil de acompanhar. Outros
se perguntaram por que o papel de Lênin foi tão reduzido (o ator que o
interpreta, Vasili Nikandrov, aparece poucas vezes na tela). Muitos dos críticos
que apoiaram Potemkin sugeriram que Eisenstein voltasse para a sala de edição e
continuasse trabalhando. É inegável que Outubro seja uma obra-prima de algum
tipo, porém descobrir qual é esse tipo é um verdadeiro desafio. Como ferramenta
didática, uma maneira de "explicar" a revolução para as massas do
país e do exterior, o filme é simplesmente ineficaz. Para muitos espectadores,
suportar a projeção é um verdadeiro suplício. As caracterizações são todas
simplórias e qualquer pessoa com o mais rudimentar conhecimento histórico as reconhece
como uma grosseira propaganda. Ainda assim, a característica mais poderosa e
comovente de Outubro talvez seja simplesmente o nível da sua ambição. Sergei M.
Eisenstein foi sem dúvida a mais notável personalidade dos primeiros 50 anos de
existência do
cinema,
sendo absurdamente erudito e dono de uma crença ilimitada no potencial da arte
cinematográfica. No auge do seu delírio, Eisenstein imaginou que o cinema
poderia representar um "raciocínio visual" - não se limitando aos
argumentos, mas envolvendo o processo através do qual a mente os constrói. As
imagens fotográficas, a matéria-prima do cinema, tinham de ser
"neutralizadas" em sensações e estímulos para que um filme pudesse
revelar conceitos e não só pessoas ou coisas. O verdadeiro motor que
impulsionaria a máquina do cinema como Eisenstein a via era a montagem, a edição:
a interação "mística" que ocorre quando dois pedaços distintos de
filme são juntados. Outubro é o mais puro e convincente exemplo da teoria e
prática cinematográfica de Eisenstein. Ele possui várias sequências
absolutamente emocionantes: a derrubada da estátua do czar, a construção da
ponte e, especialmente, a muitas vezes citada sequência "Por Deus e pela
Pátria". Provas do frio engenheiro que Eisenstein se treinou originalmente
para ser podem ser encontradas na Intensa complexidade da montagem. Entretanto,
correndo sob a superfície do filme, pode-se sentir o ímpeto - e o toque de
loucura - de um artista às portas do que ele acreditava ser um admirável mundo
novo. RP
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 034)
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