terça-feira, 8 de julho de 2014

032 1927 A GENERAL (THE GENERAL, EUA)


Direção: Clyde Bruckman, Buster Keaton
Produção: Buster Keaton, Joseph M. Schenck
Roteiro: Al Boasberg, Clyde Bruckman
Fotografia: Bert Haines, Devereaux Jennings
Música: Robert Israel, William P. Perry
Elenco:
Buster Keaton …………Johnny Gray
Charles Henry Smith …Sr. Lee
Marion Mack ……………Annabelle Lee
Glen Cavender ………..Capitão Anderson
Jim Farley …………….. General Thatcher
Frederick Vroom ………Um General do Sul
Ainda: Richard Allen, Joe Keaton, Mike Donlin, Tom Nawn

Keaton fez vários filmes - Nossa hospitalidade (1923), Sherlock Jr. (1924), Marinheiro de encomenda (1928) - que podem ser incluídos entre os melhores (e mais engraçados) de toda a produção cômica do cinema, porém nenhum deles é mais forte candidato ao primeiro lugar do que esta obra-prima atemporal. Isso não se dá apenas pelo fluxo constante de ótimas gags, tampouco pela maneira como elas derivam totalmente das situações e do personagem, em vez de existirem isoladas da trama do filme. Em vez disso, o que torna A general tão extraordinário é o fato de ele ser superlativo em todos os aspectos: em termos de humor, suspense, reconstituição histórica, estudo de personagens, beleza visual e precisão técnica. Pode-se argumentar que ele chega mais perto da total perfeição do que qualquer outro filme já feito, seja ele comédia ou não. Boa parte desse prazer vem da própria narrativa, inspirada em um livro sobre as proezas reais de um grupo de soldados do Norte que, durante a Guerra Civil, se disfarçaram de sulistas para roubar um trem, que conduziram ao Norte para se reunirem aos seus camaradas unionistas até serem capturados e executados. Já que estava fazendo uma comédia, Keaton deixou de fora as execuções e mudou a perspectiva heroica para a de um sulista, Johnny Gray, um maquinista que, de forma estoica, se não algo absurda, decide perseguir sozinho os espiões unionistas quando eles roubam sua locomotiva - "A General" - e, dentro dela, Annabelle Lee (Marion Mack), o outro amor de sua vida. A primeira metade do filme acompanha a rejeição de Johnny pelo Exército e sua caça à locomotiva, que ele recupera além das linhas inimigas; a segunda metade retrata sua fuga (com Annabelle) das tropas da União até sua cidade natal, onde - depois de entregar a garota, a General e um legítimo general do Exército do Norte que trouxe consigo por acaso - é aclamado como herói. Esse enredo de elegante simetria, além de admirável em sua forma, é a fonte do suspense e das gags; porém a viagem também confere ao filme um tom épico que, aliado à costumeira atenção aos detalhes históricos de Keaton, o transforma, talvez, no melhor filme sobre a Guerra Civil já feito. Por fim, há o Johnny de Buster: sisudo, porém belo em sua determinação corajosa e ligeiramente ridícula - que é o ápice desta obra-prima ao mesmo tempo séria e cômica -, e o herói mais humano que o cinema já nos ofereceu. CA
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 032)

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