sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

001 1902 VIAGEM A LUA (LE VOYAGE DANS LA LUNE, França)


Direção: Georges Méllès
produção: Georges Méliès
Roteiro: Georges Méliès, baseado no livro Viagem à Lua, de Júlio Verne
fotografia: Michaut, Lucien Tainguy
Elenco:
Victor André; Bleuette Bernou, Brunnet, Jeanne d'Alcy, Henri Delanoy, Depierre, Farjaut, Kelm,
Georges Méliès.

SINOPSE E COMENTÁRIO:
Quando pensamos sobre Viagem à Lua, nossa mente é logo tomada pela idéia inicial e mítica de que, nos seus primórdios, o cinema era uma arte cujas "regras" eram estabelecidas durante o próprio processo de produção. Este filme francês foi lançado em 1902 e representa uma revolução para a época, dada sua duração (aproximadamente 14 minutos), se comparado aos mais comuns curtas-metragens de dois minutos produzidos no começo do século passado.
Viagem à Lua reflete diretamente a personalidade histriônica do seu diretor, Georges Méliès, cujo passado de ator de teatro e mágico influencia a produção do filme. A obra faz corajosas experiências com algumas das mais famosas técnicas cinematográficas, como superposições, fusões e práticas de montagem que seriam amplamente utilizadas no futuro. Apesar da simplicidade dos seus efeitos especiais, o filme costuma ser considerado o primeiro exemplo de cinema de ficção científica. Ele apresenta muitos elementos característicos do gênero - uma espaçonave, a descoberta de uma nova fronteira - e estabelece a maioria de suas convenções.
O filme começa com um congresso científico no qual o professor Barbenfouillis (interpretado pelo próprio Méliès) tenta convencer seus colegas a participarem de uma viagem de exploração à Lua. Assim que seu plano é aceito, a expedição é organizada e os cientistas são enviados ao satélite natural em uma espaçonave. A nave em forma de míssil aterrissa no olho direito da Lua, que é representada como um ser antropomórfico. Uma vez na superfície dela, os cientistas logo encontram habitantes hostis, os selenitas, que os levam ao seu rei. Depois de descobrirem que os inimigos somem em uma nuvem de fumaça ao simples toque de um guarda-chuva, os franceses conseguem escapar e retornar à Terra. Eles caem no oceano e exploram suas profundezas até serem finalmente resgatados e recebidos em Paris como heróis.
Aqui, Méliès cria um filme que merece um lugar de destaque entre os ícones da história do cinema mundial. Apesar do seu estilo surreal, Viagem à Lua é divertido e inovador, conseguindo combinar os truques do teatro com as infinitas possibilidades da mídia cinematográfica. Méliès, o mágico, era mais um maestro do que um diretor, também participando como roteirista, ator, produtor, cenógrafo, figurinista e fotógrafo, criando efeitos especiais que foram considerados espetaculares à época. Este primeiro filme de ficção científica é imperdível para aqueles interessados na origem das convenções que posteriormente influenciaram todo o gênero e seus mais famosos registros.
De modo mais geral, Viagem à Lua também pode ser considerado o filme que estabelece a principal diferença entre ficção e não-ficção cinematográfica. Em um tempo em que o cinema retratava, na maioria das vezes, a vida cotidiana (como nos filmes dos irmãos Lumière, no final do século XIX), Méllès conseguiu oferecer uma fantasia que almejava o entretenimento puro e simples. Ele abriu as portas para os cineastas do futuro expressando visualmente sua criatividade de maneira completamente alheia aos filmes da época. C Fe

(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 001)

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