Direção:
D. W. Griffith
Roteiro:
Thomas Burke, D. W. Griffith
Fotografia:
G. W. Bitzer
Música: D. W. Griffith
Elenco:
Lillian Gish ……………. Lucy Burrows
Richard Barthelmess … Cheng Huan
Donald Crisp …………...Battling Burrows
Arthur Howard ………….Técnico
SINOPSE E COMENTÁRIO:
A
reputação de Griffith nos estudos de cinema é, embora um pouco exagerada,
totalmente irrepreensível. Sem dúvida, o cinema americano (e mundial) seria bem
diferente sem as suas diversas contribuições. O nascimento de uma nação e
intolerância são, justificadamente, seus filmes mais célebres, lembrados pelo
extraordinário tratamento dado ao roteiro e à montagem. Porém outro de seus
filmes, Lírio partido, de 1919, sempre se destacou como uma de suas melhores
obras, sendo, com certeza, a mais bela de todas. Juntamente com Aves sem ninho,
o glorioso veículo de William Beaudine para Mary Pickford, Lírio partido é um
exemplo do que é conhecido em Hollywood como "estilo singelo". Este
foi o ápice cm termos de glamour fotográfico: os fotógrafos usaram todos os
recursos disponíveis - pó-de-arroz, aparelhos especiais de iluminação, lentes
besuntadas de óleo, até imensas cortinas de gaze transparente presas ao teto do
estúdio - para suavizar, realçar e acentuar a beleza de suas estrelas.
Em
Lírio partido, a face da Imortal Lillian Gish literalmente resplandece com um
brilho apaixonante e sobrenatural, ofuscando todos os demais elementos em cena.
A beleza deste filme deve ser apreciada, pois ela é verdadeiramente formidável.
Glsh e seu companheiro de cena, o excelente Richard Barthelmess, flanam
atormentados por uma paisagem londrina definida por névoa, travessas iluminadas
por luzes soturnas e enigmáticos cenários "orientalistas". A simples
história de amor proibido do filme é perfeitamente complementada pela
cenografia deslumbrante e misteriosa, concebida por Joseph Stringer. Lírio
Partido é um filme único.A colaboração entre Gish e Griffith é uma das mais
frutíferas do cinema americano: os dois também trabalharam juntos cm O
nascimento de uma nação, Órfãos da tempestade
e
Inocente pecadora, além de outras dezenas de curtas. Certamente, essa é uma
parceria diretor-ator que se iguala às de Scorsese-De Niro, Kurosawa-Mifune e
Leone-Eastwood,para citar algumas; na verdade, ela serve de modelo para julgar
todas as outras. Griffith alcança um equilíbrio perfeito entre a banalidade do
enredo e a exuberância maltrapilha da produção (a maior parte do filme se passa
em casas de ópio e espeluncas do cais do porto). É preciso um diretor talentoso
e confiante para manipular uma dicotomia forma/conteúdo como esta, e o que se
vê aqui é Griffith no auge das suas habilidades. É a tensão entre o cotidiano e
o extraordinário que conduz Lírio partido, garantindo seu lugar na história do
cinema EDES
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 007)
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