segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

007 1919 LÍRIO PARTIDO (BROKEN BLOSSOMS, EUA)


Direção: D. W. Griffith
Roteiro: Thomas Burke, D. W. Griffith
Fotografia: G. W. Bitzer
Música: D. W. Griffith
Elenco:
Lillian Gish ……………. Lucy Burrows
Richard Barthelmess … Cheng Huan
Donald Crisp …………...Battling Burrows
Arthur Howard ………….Técnico

SINOPSE E COMENTÁRIO:
A reputação de Griffith nos estudos de cinema é, embora um pouco exagerada, totalmente irrepreensível. Sem dúvida, o cinema americano (e mundial) seria bem diferente sem as suas diversas contribuições. O nascimento de uma nação e intolerância são, justificadamente, seus filmes mais célebres, lembrados pelo extraordinário tratamento dado ao roteiro e à montagem. Porém outro de seus filmes, Lírio partido, de 1919, sempre se destacou como uma de suas melhores obras, sendo, com certeza, a mais bela de todas. Juntamente com Aves sem ninho, o glorioso veículo de William Beaudine para Mary Pickford, Lírio partido é um exemplo do que é conhecido em Hollywood como "estilo singelo". Este foi o ápice cm termos de glamour fotográfico: os fotógrafos usaram todos os recursos disponíveis - pó-de-arroz, aparelhos especiais de iluminação, lentes besuntadas de óleo, até imensas cortinas de gaze transparente presas ao teto do estúdio - para suavizar, realçar e acentuar a beleza de suas estrelas.
Em Lírio partido, a face da Imortal Lillian Gish literalmente resplandece com um brilho apaixonante e sobrenatural, ofuscando todos os demais elementos em cena. A beleza deste filme deve ser apreciada, pois ela é verdadeiramente formidável. Glsh e seu companheiro de cena, o excelente Richard Barthelmess, flanam atormentados por uma paisagem londrina definida por névoa, travessas iluminadas por luzes soturnas e enigmáticos cenários "orientalistas". A simples história de amor proibido do filme é perfeitamente complementada pela cenografia deslumbrante e misteriosa, concebida por Joseph Stringer. Lírio Partido é um filme único.A colaboração entre Gish e Griffith é uma das mais frutíferas do cinema americano: os dois também trabalharam juntos cm O nascimento de uma nação, Órfãos da tempestade
e Inocente pecadora, além de outras dezenas de curtas. Certamente, essa é uma parceria diretor-ator que se iguala às de Scorsese-De Niro, Kurosawa-Mifune e Leone-Eastwood,para citar algumas; na verdade, ela serve de modelo para julgar todas as outras. Griffith alcança um equilíbrio perfeito entre a banalidade do enredo e a exuberância maltrapilha da produção (a maior parte do filme se passa em casas de ópio e espeluncas do cais do porto). É preciso um diretor talentoso e confiante para manipular uma dicotomia forma/conteúdo como esta, e o que se vê aqui é Griffith no auge das suas habilidades. É a tensão entre o cotidiano e o extraordinário que conduz Lírio partido, garantindo seu lugar na história do cinema EDES

(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 007)

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