Direção:
Robert Weine
Produção:
Rudolf Meinen, Erich Pommer
Roteiro:
Hans Janowitz, Carl Mayer
Fotografia:
Wijly Hameister
Música:
Alfredo Antonini, Giuseppe Becce, Timothy Brock, Richard Marriott, Peter
Schirmann, Rainer
Viertlböck
Elenco:
Elenco:
Werner Krauss……...........................Dr. Caligari
Werner Krauss……...........................Dr. Caligari
Conrad Veidt…...........................……Cesare
Friedrich Feher……...........................Francis
Lil
Dagover….....................................Jane
Hans
Heinrich von Twardowski…….Alan
SINOPSE E COMENTÁRIO:
O
gabinete do Dr. Caligari é a pedra angular de uma corrente de cinema fantástico
e bizarro que surgiu na Alemanha na década de 20 e está ligada, de certa forma,
ao movimento artístico expressionista. Se grande parte dos filmes produzidos
nas primeiras décadas da mídia acompanhou o estilo "janela para o
mundo" dos irmãos Lumière - com histórias ficcionais ou documentais
apresentadas de maneira arrebatadora, no intuito de fazer com que os
espectadores esqueçam que estão vendo um filme -, Caligari retorna ao método de
Georges Méliès ao apresentar constantemente efeitos estilizados, mágicos e
teatrais que exageram ou caricaturam a realidade.
Neste
filme, policiais se empoleiram em bancos ridiculamente altos, sombras são
pintadas nas paredes e nos rostos, formas pontiagudas predominam em todos os
cenários, ambientes externos são claramente pintados e as telas de fundo e as
interpretações são estilizadas ao ponto da histeria.
Na
concepção dos roteiristas Carl Mayer e Hans Janowitz, o filme se passa em um mundo
fora dos eixos e o diretor Robert Weine e os cenógrafos Hermann Warm, Walter Roehrig
e Walter Rcimann distorcem cada cena e cada intertítulo para frisar isso.
Gerando
controvérsia, Fritz Lang - que inicialmente fora escalado para a direção - afirmou
que a platéia não conseguiria entender o estilo radical de Caligari sem uma
espécie de "explicação". Lang bolou um enredo base em que o herói
Francis (Friedrich Feher) conta a história - que envolve o sinistro hipnotizador
charlatão Dr. Caligari (Werner Krauss), seu escravo sonâmbulo, o zumbificado Cesare
(Conrad Veidt), e uma série de assassinatos na precária cidadezinha de Holstenwall
- que revela, no fim do filme, um paciente de hospício que imagina a narrativa incorporando
várias pessoas do seu convívio diário, num estilo O mágico de Oz. Isso
enfraquece o tom antiautoritarista do filme, uma vez que se descobre que o Dr.
Caligari, na história principal um diretor de hospício que enlouqueceu, é na
verdade um homem bom,
decidido
a ajudar o herói. No entanto, o hospício apresentado no enredo-base é
exatamente o mesmo hospício "irreal" visto no flashback, o que torna
o filme todo, não só a história entre parênteses de Francis, um tanto duvidoso.
De fato, ao revelar que sua perspectiva expressionista é a de um louco, o filme
poderia até agradar a conservadores que consideravam loucura toda a arte
moderna.
Surpreendentemente,
Weine, menos inovador do que a maioria dos seus colaboradores faz pouco uso da
técnica cinematográfica, com exceção do flashback-dentro-doflshback em que
Krauss é levado à loucura por instruções sobrepostas de que ele deve se tornar
Caligari". O filme se baseia completamente em recursos teatrais, com a ira
lixa no centro, mostrando o cenário e deixando os atores (especialmente Veidt)
encarregados de todo movimento e impacto. A colaboração de Lang tornou o filme
uma obra eclética: é ao mesmo tempo um filme de arte para platéias refinadas
que apreciam suas inovações e um engenhoso filme de terror. Com uma atmosfera
teatral, um cientista louco como vilão e um monstro vestindo malha que rapta
mocinhas, o gabinete do Dr. Caligari é um importante precursor do gênero
terror, introduzindo Imagens, temas, personagens e expressões que se tornaram
essenciais para Drácula, de Tod Bowning,
e Frankenstein, de James Whale (ambos de 1931). K N
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 006)
#001 1920 O GABINETE DO DR. CALIGARI (Das Cabinet des Dr. Caligari, Alemanha)
Direção: Robert Wiene
Roteiro: Carl Mayer, Hans Janowitz
Produção: Rudolf Meinert, Erich Pommer
Elenco: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Feher, Lil Dagover
Apesar de, tecnicamente, O Castelo do Demônio de 1896, curta dirigido pelo visionário George Mélies nos primórdios do cinema ser considerado o primeiro filme de terror já feito, Thomas Edison já ter feito sua versão de Frankenstein em 1910, primeira adaptação do livro de Mary Shelley para as telas, e O Estudante de Praga ser considerado o primeiro longa com elementos de terror, é O Gabinete do Dr. Caligari a pedra fundamental do cinema de horror e do que seria visto no vindouro cinema fantástico alemão. Foi o filme que definiu muito da estética e da narrativa que seria empregada no gênero até os dias de hoje. Podemos dizer de uma forma grosseira que o tal Dr. Caligari foi o primeiro vilão maligno e manipulador do cinema, abrindo as portas para muitos outros cientistas e doutores loucos, por assim dizer. E fora todos os temas que o filme traz, que tornaram-se futuros clichês após quase 100 anos da produção: sonambulismo, assassinato, manipulação, trauma, sequestro, um assassino serial, reviravoltas no final e aquela dúvida sobre o que é sanidade e o que é loucura. Sim, tudo isso em um filme mudo de 1920! O longa começa com Francis, um jovem rapaz trazendo à tona durante uma conversa, a terrível experiência que viveu por decorrência da chegada do Dr. Caligari na feira anual de Hoistenwall. Em seu gabinete, Caligari apresenta ao público sua atração, um sonâmbulo chamado Cesare, interpretado por Conrad Veidt, enquanto uma série de assassinatos assola a cidade. Francis começa a investigar o famigerado doutor e seu sonâmbulo depois que seu melhor amigo é assassinado e sua amada, Jane é atacada, e aí a trama começa a se desenrolar até seu clímax impressionante. Tudo isso permeado por um clima soturno, característico do expressionismo alemão, cenários quase surreais como em um sonho, o exagero das expressões de horror e maquiagem carregada nos rostos pálidos que acentuam os olhares arregalados de pavor. Mas tirando toda a parte estética, a parte artística e cult do filme, o que mais liga na produção, pelo menos para mim, é a forma como é trabalhada a degradação psicológica do protagonista, até chegar ao seu final inesperado. Com o desenvolvimento da psicanálise e a publicação dos primeiros trabalhos de Freud e Jung, O Gabinete do Dr. Caligari traz o medo do subconsciente, o pavor de um sujeito que pode brincar com a nossa psique, um verdadeiro vilão famigerado que alimenta nossas neuroses em cada sombra ou cenário irregular, que pode controlar as mentes e usar seres humanos como fantoches, assim como faz com o pobre Cesare. Esse é o reflexo de uma Alemanha mutilada após a primeira guerra e uma metáfora ao desejo assassino incontestável de governos e soldados, algo que aquela nação viria a provar novamente anos mais tarde.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/05/1-o-gabinete-do-dr-caligari-1920-10/
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