quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

005 1916 INTOLERÂNCIA (INTOLERANCE, EUA)


Direção: D. W. Griffith
Produção: D. W. Griffith
Roteiro: Tod Browning, D. W. Griffith
Fotografia: G. W. Bitzer, Karl Brown
Música: Joseph Carl Breil, Carl Davis, D. W. Griffith
Elenco:
Mae Marsh ………… A queridinha (história moderna)
Robert Harron …….. O garoto (história moderna)
F.A. Turner ………... O pai (história moderna)
Sam De Grasse ……Arthur Jenkins (história moderna)
Vera Lewis ………… Mary T. Jenkins (história moderna)

SINOPSE E COMENTÁRIO:
Talvez em parte como resposta àqueles que criticaram a política racial de O nascimento de uma nação (1915), D. W. Griffith mostrou-se igualmente preocupado em se posicionar contra a censura no cinema. Esse assunto foi abordado mais diretamente no panfleto publicado na época da exibição de Intolerância, chamado Ascensão e queda da Uberdade de expressão na América. A intenção de Griffith com este filme, finalizado nas semanas que se seguiram ao lançamento de sua produção épica anterior, é sobrepor quatro histórias de diferentes períodos que ilustrassem "as lutas do amor através dos tempos".
Estas incluem uma seleção de eventos da vida de Jesus; um relato sobre a Babilônia antiga, cujo rei é traído por aqueles que se ressentem do seu repúdio ao sectarismo religioso; a história do massacre dos protestantes franceses no dia de São Bartolomeu pelo rei Carlos IX sob o conselho traiçoeiro da própria mãe; e uma história moderna na qual um jovem, injustamente condenado pelo assassinato de um companheiro, é salvo no último instante pela intervenção de sua amada, que ganha o perdão do governante.
Esses episódios não são apresentados em série. Em vez disso, Griffith corta de um para outro e, muitas vezes, intercala seqüências plano a plano dentro dos próprios episódios, para criar suspense. Essa estrutura revolucionária se mostrou complexa demais para a maior parte do público da época, que também pode ter sido desencorajado pela duração de Intolerância (quase três horas). É possível que Griffith tenha investido até 2 milhões de dólares no projeto, porém o filme nunca chegou perto de recuperar seus custos, nem mesmo depois de remontado e lançado como dois filmes separados, A queda da Babilônia e A mãe e a lei. Não houve economia nas impressionantes recriações históricas. Os enormes cenários para a história babilônica, que permaneceriam um marco em Hollywood por anos a fio, contaram com 3 mil figurantes. Esses números da produção foram rivalizados pelos figurinos suntuosos e elaboradas seqüências de multidão no episódio francês. Embora os intertítulos tenham sido escritos por terceiros, o próprio Griffith foi responsável pelo complexo roteiro, no qual continuou a trabalhar durante a produção.
Seu grupo de atores de teatro obteve interpretações admiráveis em diversos papéis. Constance Talmadge se sai especialmente bem como a "Garota das Montanhas" apaixonada pelo malfadado príncipe Belsázar (Alfred Paget) na história babilônica, assim como Mae Marsh e Bobby Harron como os amantes reunidos no episódio moderno.
Como em O nascimento de uma nação, Griffith utiliza estruturas do melodrama vitoriano para afirmar suas convicções políticas. A intolerância é examinada através das lentes do amor trágico, o que empresta energia emocional e pathos às narrativas. Na história babilónica, Belsázar e sua amada Attarea (Seena Owen) preferem cometer suicídio a cair nas mãos do vitorioso Ciro, o Persa (George Siegmann), e, na história francesa, um jovem casal, ele católico e ela protestante, não consegue escapar do massacre.
Intolerância é um monumento ao talento de Griffith como roteirista, diretor, criador de planos e montador - uma obra-prima única, jamais igualada em termos de magnitude e dimensão. Feito para persuadir, este filme exerceu mais influência sobre o cinema revolucionário soviético de Sergei Eisenstein, entre outros, do que sobre os contemporâneos americanos de Griffith. RBP
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 005)

Nenhum comentário:

Postar um comentário