SINOPSE:
Direção:
Jindrich Polák
No
ano de 2163 a nave Ikarie XB-1 (Ikarus XB-1) é enviada para o misterioso
"White Planet" em órbita da estrela Alfa Centauri. Viajando a uma
velocidade próxima da luz, a viagem leva cerca de 28 meses . Durante a viagem a
equipe multinacional deve se adaptar à vida no espaço, bem como lidar com
vários perigos, incluindo uma nave espacial abandonada do século 20 armada com
foguetes nucleares, radiação de uma "estrela negra" mortal e o
colapso mental de um tripulante, que ameaça destruir a nave. Mais um clássico
da ficção científica, inspirado em um conto do espetacular escritor STANISLAW
LEM, "The Megellanic Cloud"
COMENTÁRIO
(retirado de http://universosesquecidos.wordpress.com)
Este
filme relativamente obscuro, realizado por Jindrich Polák é um dos melhores
exemplos da boa ficção-cientifica que já se criava deste lado do oceano no
inicio dos anos 60 para surpresa de muita gente que não faz ideia do quanto o
cinema da Europa do Leste estava muito á frente do seu tempo não apenas em
efeitos especiais, mas principalmente na maneira inteligente como já contava
boas histórias dentro do gênero.Enquanto nos Estados Unidos, ainda se lutava no
grande ecran contra discos voadores, monstros de borracha com zippers e onde
inevitávelmente havia sempre uma rapariga que gritava muito, nos países do
leste europeu já havia obras como ["Ikarie-XB1"], onde não só as
mulheres tinham personagens tão válidos quanto os dos homens como as histórias
abordavam temas mais adultos de uma forma que só voltariamos a
encontrar muitos anos depois na série televisiva americana Star Trek,
especialmente em Star Trek – The Next Generation.
E
não estou a mencionar Star Trek por acaso.
Até
em ambiente visual, obras como ["Ikarie-XB1"] marcavam a
diferença quando comparadas com o que se fazia na américa no mesmo período. A
primeira série com o Capitão Kirk e os seus cenários de cartão colorido ainda
estava a oito anos de distância e já ["Ikarie-XB1"]. tinha uma
estética cenográfica surpreendentemente moderna em alguns dos seus ambientes. Nomeadamente
o estilo de corredores que depois só se tornou habitual no fim dos anos 70,
quando o primeiro filme de Star Trek parece ter criado o novo design
para os corredores da Enterprise com base naquele existente já no
inicio dos anos 60 em ["Ikarie-XB1"] e que depois foi
actualizado de uma forma ainda mais semelhante “ao original”, para a nova série
de Trek com o capitão Pickard a meio dos anos 80.
Comparem
o design de produção em ["Ikarie-XB1"] com um habitual
nos filmes americanos de ficção-cientifica da mesma altura e certamente
terão a tentação de ir confirmar se ambos terão efetivamente sido feitos nos
anos 60.
E
as diferenças não se resumem ao design, pois também no que toca á realização
["Ikarie-XB1"], não é propriamente um serial americano ao estilo juvenil
que caracterizava a ficção cientifica da época com titulos como “The Angry Red
Planet” por exemplo, mas contém uma realização sólida e com uma identidade
moderna, verdadeiramente precursora da mesma abordagem séria e adulta que
depois Stanley Kubrik usou na sua obra prima espacial tendo ficado conhecido
por revolucionar o género quando “2001-Odisseia no Espaço” estreou em 1969.
De
certa forma, ["Ikarie-XB1"], foi talvez o primeiro filme
verdadeiramente moderno de ficção cientifica e não deixa de ser interessante
como esta obra do inicio dos anos 60 é hoje praticamente desconhecida do
público moderno em geral que nem sonha que a ficção cientifica moderna não foi
inventada em Hollywood mas sim no coração da Europa para lá da cortina de
ferro.
Muitas das sequências visuais em ["Ikarie-XB1"], não perdem atualmente quando comparadas com o que se faz hoje em dia. Nomeadamente a cena em que dois astronautas exploram uma misteriosa nave abandonada onde o realizador conseguiu criar um ambiente invulgarmente moderno, inclusive na forma como a montagem e a iluminação são exploradas para criar um clima de suspense muito atual. Mais uma inovação para a época se pensarmos nos filmes de ficção cientifica que recordamos das produções de Hollywood do final dos anos 50 inicio de 60. ["Ikarie-XB1"], não contém sargentos do exército americano a comandarem foguetões em estilo militarista e machista, não contém jovens raparigas que apenas vão na nave para gritarem muito quando forem raptadas pelo monstro da fita, não contem monstros de borracha e nem sequer contem vilões de qualquer espécie.
["Ikarie-XB1"] é ficção científica ao melhor estilo literário e narra a história de uma nave-mundo onde viajam um grande número de pessoas ao melhor estilo Star Trek em busca de novos mundos e novas civilizações.
Muitas das sequências visuais em ["Ikarie-XB1"], não perdem atualmente quando comparadas com o que se faz hoje em dia. Nomeadamente a cena em que dois astronautas exploram uma misteriosa nave abandonada onde o realizador conseguiu criar um ambiente invulgarmente moderno, inclusive na forma como a montagem e a iluminação são exploradas para criar um clima de suspense muito atual. Mais uma inovação para a época se pensarmos nos filmes de ficção cientifica que recordamos das produções de Hollywood do final dos anos 50 inicio de 60. ["Ikarie-XB1"], não contém sargentos do exército americano a comandarem foguetões em estilo militarista e machista, não contém jovens raparigas que apenas vão na nave para gritarem muito quando forem raptadas pelo monstro da fita, não contem monstros de borracha e nem sequer contem vilões de qualquer espécie.
["Ikarie-XB1"] é ficção científica ao melhor estilo literário e narra a história de uma nave-mundo onde viajam um grande número de pessoas ao melhor estilo Star Trek em busca de novos mundos e novas civilizações.
Pelo
caminho, vamos conhecendo cada um dos personagens e acompanhando as suas
aventuras e histórias individuais. Dentro do filme, estas estão estruturadas
num estilo episódico dividindo a obra em várias partes onde se desenvolve a
história de cada capítulo que depois forma um todo e conta a saga da viagem da
nave Ikarie-XB1 até ao fim do universo.
Os
temas vão desde segmentos de aventura sobre exploração espacial em que
cientistas exploram naves perdidas, pequenas histórias de amor que depois
tratam o tema da gravidez no espaço, sequências de suspanse psicológico quando
uma misteriosa doença contamina os tripulantes da nave e mais um par de
aventuras e peripécias que levarão a história até ao seu final.
Ou melhor, finais.Isto porque falar de ["Ikarie-XB1"], é o mesmo que falar de dois filmes diferentes, apesar de apenas um ter sido feito na Checoslovaquia. Eu explico. Isto se calhar vai ser outra surpresa para muita gente, mas muitos dos filmes que vocês pensam ser filmes de ficção-cientifica clássica americana associados normalmente aos anos 50 e 60, como por exemplo, “Voyage to the Planet of Pre-Historic Women”, “Planet of Blood” ou “The First Spaceship on Venus”, são na realidade filmes soviéticos dos anos 50 dublados em inglês. Estes nunca tiveram uma única das suas sequências originais filmadas em Hollywood, todos os bons efeitos especiais foram feitas na europa e os poucos actores verdadeiramente americanos que parecem fazer parte de algumas cenas, ou são os actores soviéticos originais dobrados em inglés, ou então fazem parte de sequências adicionais filmadas muito mais tarde quando os distribuidores americanos, mutilaram, cortaram e remontaram muitas destes filmes europeus de modo a agradar já naquela altura, ao particular gosto do público americano que sempre preferiu as cenas de porrada a uma história inteligente.
Ou melhor, finais.Isto porque falar de ["Ikarie-XB1"], é o mesmo que falar de dois filmes diferentes, apesar de apenas um ter sido feito na Checoslovaquia. Eu explico. Isto se calhar vai ser outra surpresa para muita gente, mas muitos dos filmes que vocês pensam ser filmes de ficção-cientifica clássica americana associados normalmente aos anos 50 e 60, como por exemplo, “Voyage to the Planet of Pre-Historic Women”, “Planet of Blood” ou “The First Spaceship on Venus”, são na realidade filmes soviéticos dos anos 50 dublados em inglês. Estes nunca tiveram uma única das suas sequências originais filmadas em Hollywood, todos os bons efeitos especiais foram feitas na europa e os poucos actores verdadeiramente americanos que parecem fazer parte de algumas cenas, ou são os actores soviéticos originais dobrados em inglés, ou então fazem parte de sequências adicionais filmadas muito mais tarde quando os distribuidores americanos, mutilaram, cortaram e remontaram muitas destes filmes europeus de modo a agradar já naquela altura, ao particular gosto do público americano que sempre preferiu as cenas de porrada a uma história inteligente.
E
a coisa chegava ao ponto de tentarem fazer tudo para disfarçar a verdadeira
origem destes filmes para que parecessem verdadeiros produtos americanos e não
filmes de qualidade
produzidos “pelo inimigo” Russo.
produzidos “pelo inimigo” Russo.
O
que não deixa de ser divertido, se pensarmos que em pleno período
McArthy anti-comunista de intensa caça-ás-bruxas, muito daquilo que
fazia vibrar os adolescentes nos drive-inns eram precisamente filmes Russos
disfarçados de cinema americano (embora este seja posterior).
Alguns
até carregados de verdadeira propaganda Comunista, embora nem sempre, pois
grande parte destas obras europeias quando eram convertidas em produtos
americanos ficavam sempre inevitavelmente logo com menos meia hora de história
pois tudo o que não fosse cenas de acção raramente era incluído na montagem
americana.
Outra
característica engraçada nestas “adaptações” era os créditos tentarem
americanizar tudo, chegando ás vezes até inventar nomes americanos para os
actores e equipa técnica.
No
entanto, o grande sucesso deste tipo de produtos junto do público cada vez mais
ávido de aventuras no espaço e filmes de efeitos especiais, acabou por
pavimentar o caminho para Hollywood começar por si mesma a produzir obras de
ficção-científica e sendo assim sem filmes como ["Ikarie-XB1"],
nunca teria havido um “Forbidden Planet”, um “2001″ e certamente nunca teria
existido um “Star Wars“, pois George Lucas inspirou-se no estilo de Space-Opera
que via quando era jovem precisamente nos anos 50 para recriar esse estilo e
imaginar a sua saga espacial.
Tudo
isto, para lhes dizer que ["Ikarie-XB1"], tem duas versões que
poderão encontrar na internet.
A
versão original com os créditos verdadeiros e a pista de som em Checo. Esta
contém toda a história como foi inicialmente pensada e numa edição em puro 16:9
cinemático e tem mais 12 minutos do que a versão americana. Nesta versão
original a história é ligeiramente diferente da que depois foi criada na
remontagem americana e essencialmente aborda os detalhes de uma viagem de pura
exploração científica sem grandes motivos dramáticos por detrás que não sejam
as histórias pessoais de cada personagem.
Esta curta “versão americana”, tem 12 minutos a
menos que o original, eliminou o segmento que aborda a gravidez no espaço, tem
um ritmo narrativo mais acelerado e a base da história está completamente
alterada. Nesta versão a nave Ikarie-XB1, não é apenas uma nave de exploração
normal, mas partiu em busca dum planeta conhecido pelo -planeta verde-
que poderá ser uma nova esperança para a humanidade fora do planeta natal pois
este encontra-se cada vez mais debilitado por inúmeros fatores ecológicos,
naturais e não só. A versão americana também conta com um final bastante
inesperado que apanha o espectador de surpresa ao contrário do final mais sério
e filosófico do filme na sua versão original. Este twist final foi
inclusivamente conseguido através de imagens que nem sequer pertencem á obra
original. Eu tenho que confessar, apesar de toda a gente ter ficado muito
chocada por os americanos terem alterado o sentido da história, realmente
gostei muito do final “americano” pois nada no sentido da história fazia
esperar aquele desfecho. Pelo menos na minha opinião, até porque nem tem grande
lógica, mas não deixa de ser uma tentativa criativa para surpreender o
espectador. No entanto, também gosto muito do final mais cerebral e filosófico
do filme verdadeiro, pois chega até a ser algo espiritual e faz lembrar um
pouco o estilo de “2001-Odisseia no Espaço”.
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