sexta-feira, 16 de outubro de 2015

#278 1973 CARNE PARA FRANKENSTEIN (Flesh for Frankenstein / Andy Warhol’s Frankenstein, EUA, Itália, França)


Direção: Paul Morrissey
Roteiro: Paul Morrissey, Tonino Guerra e Pat Hackett (não creditados)
Produção:Andrew Braunsberg, Louis Peraino, Carlo Ponti e Jean Yanne (não creditados)
Elenco: Joe Dallesandro, Monique van Vooren, Udo Kier, Arno Juerging, Dalila Di Lazzaro, Srdjan Zelenovic

Sem dúvida alguma, Carne para Frankenstein é a mais grotesca, bizarra, amoral e retardada adaptação para as telas de cinema do clássico da literatura escrito por Mary Shelley, e anos luz de diferença do original da Universal de 1931, com Boris Karloff, ou de qualquer viagem da franquia da Hammer com Peter Cushing retratando o cientista louco. Carne para Frankenstein manda às favas a moral e os bons costumes e bombardeia o espectador com sangue e vísceras em profusão, brutalidade gráfica, erotismo, nu frontal, demência, incesto e necrofilia, cheio de personagens sacanas, situações absurdas e nenhuma preocupação com a famosa estética camp dos filmes de Frankenstein, focando no humor negro escrachado, personagens racistas, sexualmente depravados, cenas de gore abundantes e tosqueiras. Começa com a história de que o diretor Paul Morrissey pegou, digamos, emprestado o nome de Andy Warhol, creditando no filme apenas para promover e ajudar a vendê-lo, tendo a maior figura do pop art americano absolutamente nada a ver com a realização desta iguaria do cinema de horror. Pior ainda, o diretor de segunda unidade foi o italiano Antonio Margheriti (MAR-GHE-RI-TI!!!), que para também ajudar a vender a película na Itália, foi creditado como co-diretor do mesmo. O ator principal, Udo Kier, declarou que ele não teve nada a ver com a realização do longa, todo dirigido por Morrissey, e isso acabou gerando um processo dele contra Margheriti e o produtor italiano do filme. Discussões e roubos de direito autoral à parte, a trama mórbida e grotesca de Carna Para Frankenstein desvirtua o já famoso padrão gótico, onde Udo Kier interpreta o exagerado e demente Barão Frankenstein, em um papel afetadíssimo com seus olhos esbugalhados e trejeitos corporais alucinados, onde com a ajuda de seu ajudante Otto (Arno Juerging), querem construir um casal de seres humanos sérvios perfeitos (com seus “nasum” ou narizes sendo o ponto de partida de um corpo correto) e colocá-los para copular, assim dando origem a uma nova raça obediente e sem defeitos. Qualquer semelhança com as doentes experiências de eugenia dos nazistas e a ascensão da raça ariana é mera coincidência, tá? O barão, por sua vez é casado com a Baronesa Katrina Frankenstein (Monique van Vooren), que além de sua esposa, também é sua irmã e mãe de seus dois filhos, um casal de crianças sinistras que ficam andando para lá e para cá no castelo, sem dizer sequer uma palavra, com expressões impassíveis de crueldade. Pois bem, depois de Frankenstein conseguir terminar seu espécime feminino, (vivida por Dalila Di Lazzaro, que passa o filme inteiro sem roupa só com uma tanguinha escondendo suas partes baixas) obviamente utilizando partes dos corpos de cadáveres, como dita a regra do bom e velho cirurgião, utiliza a garota morta para satisfazer seus desejos carnais desequilibrados fazendo sexo com o cadáver e penetrando nas imensas cicatrizes em seu corpo. Na busca em completar o par ideal para sua beldade, Frankenstein e Otto encontram o pobre Sacha (Srdjan Zelenovi), um camponês que decide entrar para o monastério, mas que havia sido levado para um bordel pelo seu melhor amigo, Nicholas (Joe Dallesandro) para tentar dissuadi-lo da ideia. Ao ver duas prostitutas saindo do quarto onde eles estavam (sem saber que uma era para Nicholas que também estava no local), os dois cientistas erroneamente acreditam que aquele é um garanhão com uma potência sexual incrível, e também com o “nasum” perfeito, diga-se de passagem, e cortam sua cabeça para integrar ao corpo masculino que estavam montando. Nesse ínterim, Nicholas acaba contratado por Katrina após encontrar seu melhor amigo decapitado, para trabalhar como cavalariço do castelo, e principalmente, transar com a mulher promíscua, já que seu marido Barão não dava mais no coro e ficava enfurnado o dia inteiro no laboratório com suas experiências. Em um determinado jantar, o orgulhoso Dr. Frankenstein exibe suas novas criações para a família, e Nicholas descobre que aquele na verdade é seu amigo Sacha, sem entender muito bem o que estava acontecendo, pois viu o rapaz ter perdido a cabeça. Ao decidir investigar o que está acontecendo, com a ajuda das crianças, ele bisbilhota o laboratório e testemunha a frustrada tentativa de coito entre seus dois novos experimentos, pois a garota não consegue estimular a libido do ex-futuro monge. Revoltado, a insanidade de Frankenstein toma proporções devastadoras, enquanto uma série de desventuras começa a acontecer no castelo. 
ALERTA DE SPOILER. Pule este parágrafo e o próximo ou leia por sua conta e risco:
Nicholas é capturado e preso tentando ajudar o antigo amigo; Katrina tenta educar sexualmente Sacha, explicando-os os prazeres carnais (com a total anuência do marido/ irmão), mas acaba sendo assassinada morta pelo morto-vivo com sua força sobre-humana; e Otto, cansando de ser excluído e nunca recompensado, apaixonadíssimo pela zumbi criada por eles, resolve também dar uns “malhos” na garota morta , lambendo e tentando penetrar em suas cicatrizes, o que acaba a destruindo, fazendo com que a ferida abra e suas vísceras e órgãos internos caiam no chão. Frankenstein mata seu assistente apenas para logo em seguida ser atacado por Sacha, enquanto o seu criador ordenava que ele matasse seu antigo amigo. Primeiro o Barão perde a mão quando o monstro fecha violentamente a porta da cela contra ela, e depois, ele tem, vejam bem, o coração arrancado por uma lança (que foi enfiada em sua barriga, mas de alguma maneira que a ciência médica desconhece, atinge o coração e arranca-o fora). Achando que a única solução é acabar com sua própria vida, a criatura também se destrói, deixando o amigo ali pendurado. É quando aparece o casal de filhos dos dois e você pensa que eles irão libertar Nicholas, mas é aí que um deles pega um afiado bisturi, enquanto o outro começa a descê-lo, mas não fica claro se eles irão cortar as cordas, ou assassiná-lo, escalpelá-lo, desmembrá-lo ou sei lá que outra barbaridade, porque aí o filme corta para os créditos e termina. Esqueça tudo que já foi filmado sobre o proeminente cientista louco que quer brincar de Deus. Carne para Frankenstein chuta o pau do barraco com sua atmosfera grotesca, sexista, preconceituosa e com seus litros de sangue. Como li por aí, é um filme “gótico-gore”, definição bastante bacana, seguindo bem fiel ao grindhouse setentista com todas as suas explorações gráficas e brutais, claro que sempre com um dedo no trash e no exagero. Causa repulsa, mas também causa risos (às vezes involuntários de nervosismo ou perplexidade). Mas vale cada frame. A mesma equipe também lançou no ano seguinte Sangue Para Drácula, aproveitando os mesmos atores e mesmos cenários. Os monstros clássicos nunca mis foram os mesmos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/10/05/278-carne-para-frankenstein-1973/

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