Direção: Paul Morrissey
Roteiro: Paul Morrissey,
Tonino Guerra e Pat Hackett (não creditados)
Produção:Andrew Braunsberg, Louis
Peraino, Carlo Ponti e Jean Yanne (não creditados)
Elenco: Joe Dallesandro,
Monique van Vooren, Udo Kier, Arno Juerging, Dalila Di Lazzaro, Srdjan
Zelenovic
Sem dúvida alguma, Carne para Frankenstein é a mais grotesca, bizarra,
amoral e retardada adaptação para as telas de cinema do clássico da literatura
escrito por Mary Shelley, e anos luz de diferença do original da Universal de
1931, com Boris Karloff, ou de qualquer viagem da franquia da Hammer com Peter
Cushing retratando o cientista louco. Carne para Frankenstein manda
às favas a moral e os bons costumes e bombardeia o espectador com sangue e
vísceras em profusão, brutalidade gráfica, erotismo, nu frontal, demência,
incesto e necrofilia, cheio de personagens sacanas, situações absurdas e
nenhuma preocupação com a famosa estética camp dos filmes de
Frankenstein, focando no humor negro escrachado, personagens racistas,
sexualmente depravados, cenas de gore abundantes e tosqueiras. Começa
com a história de que o diretor Paul Morrissey pegou, digamos, emprestado o
nome de Andy Warhol, creditando no filme apenas para promover e ajudar a
vendê-lo, tendo a maior figura do pop art americano absolutamente nada a ver
com a realização desta iguaria do cinema de horror. Pior ainda, o diretor de
segunda unidade foi o italiano Antonio Margheriti (MAR-GHE-RI-TI!!!), que para
também ajudar a vender a película na Itália, foi creditado como co-diretor do
mesmo. O ator principal, Udo Kier, declarou que ele não teve nada a ver com a
realização do longa, todo dirigido por Morrissey, e isso acabou gerando um
processo dele contra Margheriti e o produtor italiano do filme. Discussões e
roubos de direito autoral à parte, a trama mórbida e grotesca de Carna
Para Frankenstein desvirtua o já famoso padrão gótico, onde Udo Kier
interpreta o exagerado e demente Barão Frankenstein, em um papel afetadíssimo
com seus olhos esbugalhados e trejeitos corporais alucinados, onde com a ajuda
de seu ajudante Otto (Arno Juerging), querem construir um casal de seres
humanos sérvios perfeitos (com seus “nasum” ou narizes sendo o ponto de partida
de um corpo correto) e colocá-los para copular, assim dando origem a uma nova
raça obediente e sem defeitos. Qualquer semelhança com as doentes experiências
de eugenia dos nazistas e a ascensão da raça ariana é mera coincidência, tá? O barão,
por sua vez é casado com a Baronesa Katrina Frankenstein (Monique van Vooren),
que além de sua esposa, também é sua irmã e mãe de seus dois filhos, um casal
de crianças sinistras que ficam andando para lá e para cá no castelo, sem dizer
sequer uma palavra, com expressões impassíveis de crueldade. Pois bem, depois
de Frankenstein conseguir terminar seu espécime feminino, (vivida por Dalila Di
Lazzaro, que passa o filme inteiro sem roupa só com uma tanguinha escondendo
suas partes baixas) obviamente utilizando partes dos corpos de cadáveres, como
dita a regra do bom e velho cirurgião, utiliza a garota morta para satisfazer
seus desejos carnais desequilibrados fazendo sexo com o cadáver e penetrando
nas imensas cicatrizes em seu corpo. Na busca em completar o par ideal para sua
beldade, Frankenstein e Otto encontram o pobre Sacha (Srdjan Zelenovi), um
camponês que decide entrar para o monastério, mas que havia sido levado para um
bordel pelo seu melhor amigo, Nicholas (Joe Dallesandro) para tentar dissuadi-lo
da ideia. Ao ver duas prostitutas saindo do quarto onde eles estavam (sem saber
que uma era para Nicholas que também estava no local), os dois cientistas
erroneamente acreditam que aquele é um garanhão com uma potência sexual
incrível, e também com o “nasum” perfeito, diga-se de passagem, e cortam sua
cabeça para integrar ao corpo masculino que estavam montando. Nesse ínterim,
Nicholas acaba contratado por Katrina após encontrar seu melhor amigo
decapitado, para trabalhar como cavalariço do castelo, e principalmente,
transar com a mulher promíscua, já que seu marido Barão não dava mais no coro e
ficava enfurnado o dia inteiro no laboratório com suas experiências. Em um
determinado jantar, o orgulhoso Dr. Frankenstein exibe suas novas criações para
a família, e Nicholas descobre que aquele na verdade é seu amigo Sacha, sem
entender muito bem o que estava acontecendo, pois viu o rapaz ter perdido a
cabeça. Ao decidir investigar o que está acontecendo, com a ajuda das crianças,
ele bisbilhota o laboratório e testemunha a frustrada tentativa de coito entre
seus dois novos experimentos, pois a garota não consegue estimular a libido do
ex-futuro monge. Revoltado, a insanidade de Frankenstein toma proporções
devastadoras, enquanto uma série de desventuras começa a acontecer no
castelo.
ALERTA DE SPOILER. Pule este parágrafo e o próximo ou leia por sua conta
e risco:
Nicholas é capturado e preso
tentando ajudar o antigo amigo; Katrina tenta educar sexualmente Sacha,
explicando-os os prazeres carnais (com a total anuência do marido/ irmão), mas
acaba sendo assassinada morta pelo morto-vivo com sua força sobre-humana; e
Otto, cansando de ser excluído e nunca recompensado, apaixonadíssimo pela zumbi
criada por eles, resolve também dar uns “malhos” na garota morta , lambendo e
tentando penetrar em suas cicatrizes, o que acaba a destruindo, fazendo com que
a ferida abra e suas vísceras e órgãos internos caiam no chão. Frankenstein
mata seu assistente apenas para logo em seguida ser atacado por Sacha, enquanto
o seu criador ordenava que ele matasse seu antigo amigo. Primeiro o Barão perde
a mão quando o monstro fecha violentamente a porta da cela contra ela, e
depois, ele tem, vejam bem, o coração arrancado por uma lança (que foi enfiada
em sua barriga, mas de alguma maneira que a ciência médica desconhece, atinge o
coração e arranca-o fora). Achando que a única solução é acabar com sua própria
vida, a criatura também se destrói, deixando o amigo ali pendurado. É quando
aparece o casal de filhos dos dois e você pensa que eles irão libertar
Nicholas, mas é aí que um deles pega um afiado bisturi, enquanto o outro começa
a descê-lo, mas não fica claro se eles irão cortar as cordas, ou assassiná-lo,
escalpelá-lo, desmembrá-lo ou sei lá que outra barbaridade, porque aí o filme corta
para os créditos e termina. Esqueça tudo que já foi filmado sobre o proeminente
cientista louco que quer brincar de Deus. Carne para
Frankenstein chuta o pau do barraco com sua atmosfera grotesca, sexista,
preconceituosa e com seus litros de sangue. Como li por aí, é um filme
“gótico-gore”, definição bastante bacana, seguindo bem fiel
ao grindhouse setentista com todas as suas explorações gráficas e
brutais, claro que sempre com um dedo no trash e no exagero. Causa
repulsa, mas também causa risos (às vezes involuntários de nervosismo ou
perplexidade). Mas vale cada frame. A mesma equipe também lançou no ano
seguinte Sangue Para Drácula, aproveitando os mesmos atores e mesmos
cenários. Os monstros clássicos nunca mis foram os mesmos.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/10/05/278-carne-para-frankenstein-1973/
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