segunda-feira, 30 de junho de 2014

028 1925 EM BUSCA DO OURO (THE GOLD RUSH, EUA)


Direção: Charles Chaplin
Produção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Fotografia: Roland Totheroh
Música: Max Terr (versão de 1942)
Elenco:
Charles Chaplin …..Carlitos
Georgia Hale ……Georgia
Mack Swain ……..Big Jim McKay
Tom Murray ……..Black Larsen
Henry Bergman ……Hank Curtis
Ainda: Malcom Waite

Em busca do ouro vem corroborar a crença de Charles Chaplin de que tragédia e comédia nunca estão muito distantes uma da outra. Essa improvável inspiração dupla lhe velo depois de ver alguns slides sobre as privações sofridas pelos garimpeiros na corrida do ouro no Klondike entre 1896-1898 e ler um livro sobre a tragédia da expedição de Donner, de 1846, em que um grupo de imigrantes preso pela neve na Sierra Nevada é obrigado a comer seus próprios sapatos e os cadáveres dos companheiros mortos. A partir desse tema sinistro e árido, Chaplin criou alta comédia. O conhecido vagabundo se torna um garimpeiro, juntando-se à massa de homens corajosos e otimistas para enfrentar os perigos do frio, da fome, da solidão e dos ursos que, vez por outra, podiam aparecer. O filme foi, em todos os aspectos, o projeto mais elaborado da carreira de Chaplin. A equipe passou semanas filmando em locação nas geleiras de Truckee, na região castigada pela neve de Sierra Nevada. Lá, Chaplin recriou a imagem histórica dos garimpeiros lutando para atravessar a passagem de Chilkoot. Cerca de 600 figurantes, muitos deles andarilhos e vagabundos de Sacramento, foram levados de trem para escalar a passagem de 700m através da neve da montanha. Para a tomada principal, a equipe voltou para o estúdio em Hollywood, onde uma cordilheira em miniatura muito convincente foi feita com madeira, tela de arame, estopa, argamassa, sal e farinha. Além disso, os técnicos do estúdio criaram maquetes primorosas para produzir os efeitos especiais exigidos por Chaplin, como a cabana dos garimpeiros, que é levada por uma tempestade até a beira de um precipício, em uma das mais longas sequências de suspense cômico do cinema. Muitas vezes, é impossível perceber as passagens de maquete para cenário em tamanho real. Em busca do ouro é repleto de cenas cômicas que se tornaram clássicas. O horror histórico da fome dos pioneiros do século XIX inspirou a sequência em que Carlitos e seu parceiro Big Jim (Mack Swain) ficam presos na neve e famintos. Aos olhos do delirante Big Jim, o amigo se transforma intermitentemente em um frango assado - um triunfo tanto do cinegrafista, que teve que fazer o complexo truque funcionar apenas com a câmera, quanto de Chaplin, que assume, como num passe de mágica, as características de um pássaro. O sonho do garimpeiro solitário de oferecer um jantar de Ano-Novo para a bela garota do salão de dança (Geórgia Hale, que substituiu Lita Grey, de 16 anos, quando esta ficou grávida e se casou com Chaplin) dá a oportunidade para outro famoso número de Chaplin: a dança dos pãezinhos. A brincadeira não era inédita no cinema, porém Chaplin confere uma personalidade única às pernas dançantes feitas de garfos e pães. Hoje, Em busca do ouro é considerado uma das mais perfeitas realizações de Chaplin. Embora seu gosto pelo próprio trabalho tenha mudado com o tempo, no fim da vida ele declararia diversas vezes que este era o filme pelo qual gostaria de ser lembrado. D R
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 028)

#008 1924 AS MÃOS DE ORLAC (Orlacs Hände, Alemanha)


Direção: Robert Wiene
Roteiro: Louis Nerz
Produção: Robert Wiene
Elenco: Conrad Veidt, Alexandra Sorina, Fritz Kortner, Hans Homma

As Mãos de Orlac  é um senhor filme de terror do início do gênero. Mais uma vez somos presenteados com um filme tomado por uma atmosfera gótica e sombria do expressionismo alemão, em uma história tenebrosa contada pelo diretor alemão Robert Wiene (o mesmo de O Gabinete do Dr. Caligari). Baseado na obra do escritor francês Maurice Renard (que depois também seria adaptada no excelente Dr. Gogol – O Médico Louco), a trama traz a história do talentoso pianista Paul Orlac (Veidt), que está em uma viagem de turnê e ao voltar para casa, aos braços de sua amada esposa, Yvonne Orlace, sofre um acidente de trem deixando suas mãos imprestáveis. Yvonne implora ao Dr. Serral que salve as mãos do marido ao invés de amputá-las, e o médico tem a macabra ideia de fazer um “transplante”, colocando no lugar das mãos inválidas do pianista, as mãos de um terrível assassino, chamado Vasseur, condenado à morte. Porém quando Orlac se recupera, ele percebe que tem algo errado em suas mãos, e que um terrível instinto assassino começa a dominá-lo através dos novos membros adquiridos, como se tivessem vida e vontades próprias, absorvendo características de Vasseur. Sua vida começa a ficar ainda mais atormentada quando ele passa a perder todas as posses e empobrecer junto com Yvonne por não conseguir mais tocar piano, e tornar-se o principal suspeito do assassinato de seu avarento pai. Como se não bastasse, um estranho homem começa a persegui-lo e chantageá-lo, dizendo ser o assassino eletrocutado e pedindo uma bagatela em troca de suas mãos. Apesar da história ser inverossímil, caiu como uma luva no universo fantástico que o cinema expressionista alemão tinha como característica principal. Além disso, se aproxima da trama policial proporcionalmente ao drama da crise de consciência, pois Orlac acredita que por ter as mãos de um assassino, isso pode acabar perturbando-o e levando a cometer atos fora de seu juízo, pelo simples fato delas estarem lá e lhe influenciarem de alguma forma. A direção de Wiene é um espetáculo. O uso carregado de sombras e elementos obscuros, principalmente a escuridão das cenas internas, em contraste com a amplitude dos espaços abertos, nos remete ao mergulhar profundo na dor e loucura que invadem o pobre Orlac. O protagonista e sua volta são dominados pelas sombras. Wiene lembra muito o que Murnau fez em Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror, remetendo mais a uma obra esteticamente gótica e aterrorizante, do que o próprio trabalho onírico de O Gabinete do Dr. Caligari em si. E o que falar de Veidt? Talvez o maior ator do cinema mudo de horror na minha opinião, junto com Lon Chaney. Sempre com papeis marcantes em todos os filmes que participou (para quem não sabe ele também foi o sonâmbulo Cesare), aqui somos testemunhas de uma aula de interpretação, tarimbada pela escola do expressionismo alemão, com atuações exageradas e teatrais, para expressar toda a angústia do personagem central e todo o horror que o circunda, exprimindo todos os seus medos e suas dúvidas mortais de forma visceral.  As Mãos de Orlac é mais uma daquelas gemas do cinema mudo da década de 20. Assustador, carregado e impactante. Uma obra prima.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/10/8-as-maos-de-orlac-1924/



ARQUIVO X 7ª TEMPORADA

Arquivo X - 7ª Temporada
Título Original: X-Files - Season 7
Gênero: Séries Cinema/TV
Origem/Ano: EUA/2000
Duração: 990 min
Direção: Chris Carter

Elenco:
David Duchovny...
Jordan Lee Williams...
Gillian Anderson...
Mitch Pileggi...
Paige Witte...
James Lynch...
Sean G. Griffin...
Tom Braidwood...
Bruce Harwood...
Dean Haglund...
Robert Isaac Lee...
Suzanne McGaffery...
Zoe Warner...
Lisa Estridge Gray...
Nick Eldridge...
Agent Fox MulderCraig WillmoreAgent Dana ScullyWalter SkinnerMary Astadourianark CookFBI Agent ArmisteadMelvin FrohikeJohn Fitzgerald ByersRichard 'Ringo' LanglyJames WongMotherChildMotel ClerkNSA
Sinopse: 
A 7ª temporada foi um momento de re-invenção para o Arquivo X. Muitos temas recorrentes da história e personagens conhecidos saem de cena, e novos assuntos são explorados. Nessa temporada, Gillian Anderson e David Duchovny também escreveram e dirigiram episódios que revelaram mais sobre a história de vida de Scully e de Mulder e desvendam novas nuances dos personagens. No entanto, a grande pergunta relativa ao fechamento da temporada era se esta seria a última temporada. Sem saber o que teriam pela frente, a equipe de produção e o elenco trabalharam com afinco para assegurar-se que o poderoso episódio final fornecesse ao Agente Fox Mulder todas as provas que ele precisava para saber que a verdade realmente estava lá fora.

Episódios:
A 6ª EXTINÇÃO - 1ª PARTE (7X03)
Enquanto Scully tenta resolver o quebra-cabeça dos símbolos da espaçonave encontrada à beira mar na África, Mulder é prisioneiro de sua própria frenética atividade cerebral.

A 6ª EXTINÇÃO - 2ª PARTE (7X04)
Os sonhos do inconsciente Mulder o levam para longe do Arquivo X, mas Scully mantém-se firme à sua procura.

FAMINTO (7X01)
Um monstro que se alimenta de cérebros humanos tenta abandonar seus incomuns hábitos alimentares.

MILÊNIO (7X05)
Mulder e Scully procuram a ajuda de um consultor em perfis criminais para auxiliá-los a impedir que os membros do Grupo do Milênio iniciem o Armagedom.

INVESTIDA (7X06)
Um adolescente assassino ilude Mulder e Scully movendo-se mais rápido do que o olho humano consegue acompanhar.

UM HOMEM DE SORTE (7X02)
Mulder e Scully ficam presos em uma cadeia de eventos ao investigarem um homem amaldiçoado com uma infalível boa sorte.

REVERENDO ORISON (7X07)
O Reverendo Orison espera salvar a alma de Donnie Pfaster ajudando-o a fugir da prisão. Mas Pfaster só quer a mulher que uma vez fugiu dele: Scully.

O INCRÍVEL MALEENI (7X08)
Mulder suspeita que um truque mágico terminou tragicamente, enquanto que Scully acredita que foi apenas um caso de assassinato, quando um mágico é encontrado morto após completar um giro de 360° com a cabeça diante de uma platéia estarrecida.

SINAIS E MARAVILHAS (7X09)
As cobras estão matando os indignos, mas Mulder e Scully duvidam que esse seja um caso de intervenção divina.

LIBERTAÇÃO - 1ª PARTE (7X10)
O estranho desaparecimento de uma garotinha leva Mulder a fazer conexões com antigos seqüestros inexplicados. No entanto, Scully acredita que ele está associando o caso à abdução de sua irmã.

LIBERTAÇÃO - 2ª PARTE (7X11)
Mulder continua buscando pistas sobre a abdução de Samantha e acaba por encontrar as respostas que busca há tanto tempo sobre o destino de sua irmã.

O MEDO (7X12)
Mulder e Scully são acompanhados por uma equipe de TV transmitindo ao vivo durante a investigação de um monstro nas ruas de Los Angeles.

O MUNDO VIRTUAL (7X13)
Um assassinato real em um jogo de realidade virtual leva Scully a enfrentar uma mortal personagem digital para salvar a vida de Mulder.

A PERDA (7X14)
Mulder e Scully suspeitam que feitiçaria é a fonte de ameaça contra a família de um médico.
A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (7X15)
O Canceroso oferece mostrar a Scully a cura para o câncer se ela viajar com ele e ocultar essa viagem de Mulder.

QUIMERA (7X16)
À procura de um corvo ameaçador, Mulder descobre o conforto de um lar aconchegante. Enquanto isso, Scully tem que agüentar uma desagradável tocaia.

TODAS AS COISAS (7X17)
Uma série de coincidências coloca Scully em contato com alguém de seu passado, fazendo-a questionar suas escolhas românticas e profissionais.

O CIGARRO DA MORTE (7X19)
Um informante tem provas secretas da mais recente e mortal invenção da indústria tabagista.

HOLLYWOOD D.C. (7X18)
Um caso do Arquivo X é usado como idéia para um filme de Hollywood, mas Mulder e Scully descobrem que o caso - e suas próprias personagens - aparecem distorcidos na obra final.

LUTA DE GÊMEOS (7X20)
Os agentes se encontram com um par de 'fantasmas duplos' que deixa uma trilha de destruição caso se aproximem uma da outra.

TRÊS DESEJOS (7X21)
Um gênio indiferente pode conceder três desejos, mas sua oferta garante mais destruição do que felicidade.

RÉQUIEM (7X22)
Ao voltar à cena de sua primeira investigação sete anos antes, Mulder e Scully encontram um OVNI que pode significar o fim de sua parceria.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

BABY BUES (2013)


026 1925 O FANTASMA DA ÓPERA (THE PHANTOM OF THE OPERA, EUA)


Direção: Rupert Julian, Lon Chaney
Produção: Carl Laemmle
Roteiro: Gaston Leroux
Fotografia: Milton Bridenbecher, Virgil Miller, Charles Van Enger
Música: Gustav Hinrichs ( versão de 1925); David Broekman, Sam Perry, William Schiller (versão de 1929)
Elenco:
Lon Chaney ………... Erik, o fantasma
Mary Philbin ……….. Christine Daae
Norman Kerry ……... Visconde Raoul de Chagny
Arthur Edmund Carewe …. Ledoux
Gibson Gowland …… Simon Buquet
Ainda: John St.Polis, Snitz Edwards

Este filme mudo de 1925 é até hoje a mais fiel adaptação da obra-prima trash de Gaston Leroux um romance que possui uma ambientação formidável e um ótimo protagonista, mas cujo o enredo é claudicante do início ao fim. O filme é uma estranha combinação de uma direção arrastada (em sua maioria de Rupert Julian, embora outros tenham colaborado) com uma incrível cenografia da Universal Pictures, de modo que personagens unidimensionais - o insosso herói Norman Kerry é especialmente irritante – se apresentam diante de cenários impressionantes. O Fantasma da Ópera oferece uma série de momentos primorosos que escondem sua débil estrutura: o baile de máscaras (uma breve sequência em Technicolor), em que o fantasma surge vestido como a Morte Escarlate de Edgar Allan Poe; a queda do lustre, causada pelo para mostrar à plateia o que acha da atual diva: diversas incursões pelo mágico submundo da Ópera de Paris; e o melhor de todos - quando o trágico mascarado e seu desfigurado rosto de caveira é visto pela primeira vez (o choque é tão grande que até a câmera se assusta, saindo de foco por um instante). O que torna este filme um clássico é o fato de ele conter um dos melhores exemplos de de atuação melodramática do cinema mudo, o impecável, abandonado e violentogênio-monstro de Lon Chaney. Intertítulo favorito: "Vocês estão dançando sobre os túmulos de homens atormentados!" K N
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 026)

#009 1925 O FANTASMA DA ÓPERA (The Phantom of the Opera EUA)
Direção: Rupert Julian
Roteiro: Walter Anthony, Elliot J. Clawson, Bernard McConville, Frank M. McCormack, Tom Reed, Raymond L. Schrock, Jasper Spearing, Richard Wallace (não creditados), baseado na obra de Gaston Leroux
Produção: Carl Laemmle (não creditado)
Elenco: Lon Chaney, Mary Phibin, Norman Kerry, Arthur Edmund Cawere

O Fantasma da Ópera, baseado no romance homônimo escrito por Gaston Leroux, foi adaptado inúmeras vezes para o cinema, TV e teatro. Mas essa versão de 1925 em específico, foi o debute do atormentado personagem nas telonas, produzido pelo lendário Carl Laemmle para a Universal e principalmente, contou com Lon Chaney, o Homem das Mil Faces, o primeiro grande astro do cinema de terror, como protagonista. Lon Chaney ficou conhecido por esse apelido por ter se especializado em representar papeis de personagens grotescos e monstruosos, sempre extremamente bem caracterizados (como o próprio Fantasma da Ópera e O Corcunda de Notre Dame, entre outros) e o responsável por inventar uma inovadora técnica de maquiagem na época. O filme, assim como o romance original, se passa na França do século XIX, na Ópera de Paris, onde o louco personagem desfigurado vive no subterrâneo, se esgueirando pelos aposentos do luxuoso edifício e trazendo terror. Apaixonado por uma jovem cantora de ópera, Christine Daaé, resolve raptá-la. Mesmo fascinada pelo raptor, ao descobrir o seu verdadeiro rosto monstruoso por baixo da máscara que usa, Christine entra em estado de choque e promete que nunca mais amará nenhum outro homem, além do monstro.  Porém, como Christine é apaixonada pelo Visconde Raoul de Chagny, ao ser libertada, resolve se casar com ele em segredo e fugir. O fantasma descobre a trairagem e motivado por vingança e ciúmes, começa seu rastro de destruição. Três sequências do longa merecem destaque: a clássica cena da queda do lustre, através de uma sabotagem do monstro para deixar bem claro sua opinião sobre a atual cantora da ópera; a cena onde é revelada pela primeira vez as feições assustadoras do fantasma e por fim, a mais deslumbrante de todas, a cena do baile de máscaras, filmadas em technicolor, jogando um pouco de cor no cinema preto & branco da época, onde o fantasma entra em cena todo vestido de vermelho com uma exuberante capa, chapéu e máscara de caveira, que é claramente inspirado no conto de Edgar Allan Poe, A Máscara da Morte Escarlate, que mais tarde também seria adaptado ao cinema em A Orgia da Morte, durante a proeminente parceria entre o diretor Roger Corman e o ator Vincent Price. Apesar desses pontos positivos e do excelente trabalho cenográfico da Universal, e de alardear que contou com cinco mil figurantes para a produção, a direção de Rupert Julian é arrastada e os atores que interpretam Christine e Raoul não ajudam nem um pouco, não se criando a mínima empatia pelos personagens, exceto claro, pelo monstro de Chaney. Por curiosidade, assista a versão, também da Universal, de 1943 e uma outra refilmagem de 1989, com Robert Englud, o eterno Freddy Kruger, como o fantasma. Ainda há a versão de 2004, que é uma adaptação do famoso musical da Broadway de Andrew Lloyd Webber.

FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/11/5-o-fantasma-da-opera-1925/

ROBINSON CRUSOÉ ON MARS (1964)


domingo, 22 de junho de 2014

027 1925 O ENCOURAÇADO POTEMKIN (BRONENOSETS POTYOMKIN, URSS)


Direção: Grigori Aleksandrov, Sergei M. Eisenstein
Produção: Jacob Bliokh
Roteiro: Nina Agadzhanova, Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Vladimir Popov, Eduard Tisse
Música: Nikolai Kryukov, Edmund Meisel, Dmitri Shostakovich
Elenco:
Aleksandr Antonov………Grigory Vakulinchuk
Vladimir Barsky………..Golikov
Grigori Aleksandrov…….Giliarovsky
Ivan Bobrov…………..Sailor (jovem)
Mikhail Gomorov……….Marujo militante
Ainda: Beatrice Vitoldi, N. Poltavseva, Julia Eisenstein

O encouraçado Potemkin é um filme de grande fama. O segundo longa de Eisenstein se tornaria não só um ponto de conflito ideológico entre o Ocidente e o Oriente, a esquerda e a direita, como também um filme indispensável para qualquer amante de cinema no planeta. Décadas de censura e apoio militante, inúmeras palavras analisando sua estrutura, seu simbolismo, suas origens e efeitos e milhares de citações visuais ajudaram a tornar muito difícil ver a história por trás do filme. O encouraçado Potemkin pode não ser historicamente preciso, mas sua legendária abordagem da opressão e da rebelião, da ação individual e coletiva e sua ambição artística de trabalhar ao mesmo tempo com corpos, luz, objetos comuns, símbolos, rostos, movimento, formas geográficas... oferece um painel inigualável. Como um verdadeiro artista do cinema, Eisenstein consegue elaborar um mito magnífico e comovente. Devemos nos lembrar, no entanto, que sua sensibilidade estética também era dotada de significado político: o da "mudança do mundo por homens conscientes" com a qual se sonhava na época e que se fazia conhecer pelo termo "revolução". Porém, mesmo que não se soubesse o que isso significava, ou melhor, mesmo que não houvesse uma noção clara do que viria a se tornar, os ventos de uma aventura épica sopram na tela, pondo-a em movimento. Independentemente do nome que se dê a ela, essa aventura é a força que impulsiona as pessoas de Odessa em direção á liberdade, os marinheiros do encouraçado do título a lutar contra a fome e a humilhação, é o próprio cineasta a inventar novas formas e ritmos cinematográficos. O encouraçado Potemkin é um filme muitas vezes visto de forma editada ou reduzido às suas cenas e sequências mais famosas. Descobrir o efeito de se assistir ao filme na íntegra - ou seja, como uma hlilnil.i dramática e comovente -, em vez de tratá-lo como uma inestimável caixa de joias de onde se tiram preciosidades isoladas ao bel-prazer, pode causar surpresa. Encarar o filme dessa maneira renovada e inocente trará de volta uma atmosfera de autenticidade àqueles ícones com os quais estamos familiarizados: o carrinho de bebê na escadaria; o rosto do morto sob a tenda no fim do píer; os vermes na carne; as botas de couro; as armas de ferro apontadas na direção de corpos e rostos, as lentes de um poder político, militar e religioso à espreita no vácuo. E, então, o leão de pedra se animando para rugir furioso e um desejo de vida que se tornará a metáfora para o filme e para o conceito ousado que ele traz o fazem escapar do seu monumental status para ser descoberto, cheio de vida e frescor, por cada par de olhos que cair sobre ele. 

MEMBRO DECAÍDO (Brasil, 2012)


sábado, 21 de junho de 2014

025 1925 SETE OPORTUNIDADES (SEVEN CHANCES, EUA)


Direção: Buster Keaton
Produção: Joseph M. Schenck, Buster Keaton
Roteiro: Clyde Bruckman, Jean C. Havez, Joseph A. Mitchell
Fotografia: Byron Houck, Elgin Lessley
Elenco:
Buster Keaton ……. James Shannon
T. Roy Barnes ……. William Meekin
Snitz Edwards …… Caleb Pettibone
Ruth Dwyer ……….. Mary Jones
Frances Raymond .. Frankie Raymond
Erwin Connelly …… Clérigo
Ainda: Jules Cowles

Todo tipo de gag cinematográfica é explorado em Sete oportunidades, gerando riso através de uma extraordinária interação entre tempo, espaço e corporeidade. Exemplo disso é o famoso plano dentro de uma igreja - Buster dormindo no banco da frente, invisível para as centenas de mulheres grotescas que abarrotam o espaço às suas costas. (Isso é tudo o que sobrou do original na sofrível refilmagem de 1999, Procura-se uma noiva). A loucura plácida dos conceitos que Keaton usava em suas comédias conquistou o coração dos surrealistas, que eram seus contemporâneos: a fixação irracional da trama pelo número sete (Keaton tem sete chances de se casar às sete horas do dia do seu 27º aniversário) ou as maravilhosas gags que ridicularizam totalmente qualquer padrão de identidade humana - como nas cenas em que o protagonista pede em casamento por engano, respectivamente, uma garotinha, uma judia, uma negra e um homem. As melhores e mais extensas gags de Keaton são dinâmicas e mirabolantes. O mundo inteiro parece se desfazer e se refazer diante dos nossos olhos. Na sequência de perseguição do clímax, Buster foge de uma horda de mulheres vingativas. Depois de tropeçar em algumas pedras, de repente o próprio mundo o está perseguindo, na forma de uma imensa avalanche. A M
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 025)

THE LAST LIGHT (2014)


sexta-feira, 20 de junho de 2014

SUPERNATURAL 3ª TEMPORADA (EUA, 2007 - 2008)


024 1924 A ÚLTIMA GARGALHADA (DER LETZTE MANN, ALEMANHA)


Direção: F. W. Murnau
Produção: Erich Pommer
Roteiro: Carl Mayer
Fotografia: Robert Baberske, Karl Freund ,
Música: Giuseppe Becce, Timothy Brock, Peter Schirmann
ELENCO:
Emil Jannings, Maly Delschaft, Max Hiller, Emilie Kurz, Hans Unterkircher, Olaf Storm, Hermann Vallentin, Georg John, Emmy Wyda.

Apesar do ridiculamente inverossímil final feliz inserido por insistência da UFA, A última gargalhada, de F. W. Murnau, continua sendo uma admirável tentativa de se contar uma história sem o uso de intertítulos. A trama em si não tem nada de especial - um porteiro de hotel, humilhado pela perda de status quando é rebaixado a ajudante de banheiro por conta da idade, desce tão baixo que se sente tentado a roubar de volta seu amado uniforme (o símbolo do seu orgulho profissional). De certa forma, o filme é apenas um veículo para mais uma das interpretações tipicamente exuberantes de Emil Jannings. Indo além dessa parábola um tanto patética, Murnau explora de forma eloquente, como de hábito, o espaço cinematográfico: a câmera perambula com uma espantosa fluidez, articulando a relação do protagonista com o mundo à medida que o segue pelo hotel, pelas ruas da cidade e por sua casa num bairro pobre. Alguns dos movimentos de câmera são "subjetivos", como quando a percepção embriagada do protagonista é representada por distorções óticas; em outros casos, é a mobilidade da câmera que é evocativa, como na cena em que ela passa pelas portas giratórias que simbolizam o destino. A deslumbrante técnica apresentada talvez seja, na verdade, grandiloquente demais para a simples história de um senhor de idade, no entanto, o virtuosismo tanto da mise-en-scène de Murnau quanto do trabalho de câmera de Karl Freund é inegável. G A
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 024)

023 1924 SHERLOCK JR. (SHERLOCK JR., EUA)




Direção: Roscoe "Fatty" Arbuckle, Buster Keaton
Produção:Joseph M. Schenck, Buster Keaton
Roteiro: Clyde Bruckman, Jean C. Havez
Fotografia: Byron Houck, Elgin Lessley
Música: Myles Boisen, Sheldon Brown, Beth Custer, Steve Kirk, Nik Phelps
Elenco: Buster Keaton, Kathryn McCuire, Joe Keaton, Erwin Connelly, Ward Crane

Embora seja o menor longa-metragem de Buster Keaton, Sherlock Ir. é uma obra notável, com uma trama bem amarrada, um Impressionante atletismo (Keaton fez todas as acrobacias, quebrando o pescoço durante uma delas sem perceber), virtuosismo artístico e uma exploração vanguardista da eterna dicotomia realidade versus ilusão. Aqui, Keaton interpreta um projecionista e aspirante a detetive acusado injustamente de roubar o pai da namorada. Vítima de uma armação de um pretendente rival (Ward Crane), o jovem é expulso da casa da moça. Deprimido, adormece no trabalho. No seu sonho, entra numa tela de cinema (em uma brilhante sequência de efeitos óticos), onde é o garboso protagonista Sherlock Jr. - o segundo maior detetive do mundo. Acrobacias inacreditáveis e gags complexas dão a este filme de 44 minutos um ritmo febril. A princípio, a realidade do cinema se recusa a aceitar este novo protagonista e a tensão entre os dois mundos é apresentada de forma magnífica através de mudanças de cenário que jogam nosso desnorteado protagonista numa cova de leões, num mar agitado e numa nevasca. Aos poucos, ele é completamente assimilado pelo mundo dos filmes. Na narrativa mise-en-abyme, o vilão (também interpretado por Ward Crane) tenta matar o herói em vão, antes que Sherlock Jr. solucione o mistério das pérolas roubadas. Sherlock jr. não apenas conta com as Incríveis acrobacias que tornaram Keaton famoso como também apresenta uma série de questões. De uma perspectiva social, é uma análise das fantasias sobre ascensão social na sociedade americana. No aspecto psicológico, apresenta o tema do duplo tentando obter sucesso nos espaços imaginários, uma vez que o protagonista não é capaz de alcançá-los na realidade comum, tangível. Acima de tudo, o filme é um reflexo da natureza da arte, um tema que volta a surgir em O homem das novidades (1928), no qual Keaton transfere o foco da mídia para o espectador. Os filmes de Keaton continuam intrigantes até hoje, em parte por conta do estoicismo quase sobrenatural do diretor-ator (comparado ao pathos de Chaplin) e em parte pela sua natureza ocasionalmente surreal (admirada por Luis Bunuel e Federico Garcia Lorca) e por mergulharem na natureza do cinema e da própria existência. Chuck Jones, Woody Allen, Wes Craven, Jackie Chan e Steven Spielberg estão entre os cineastas que prestam homenagem à irresistível travessura de Keaton, e seus filmes continuam sendo, talvez, os mais acessíveis de todos os filmes mudos.
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 023)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

021 1924 A GREVE (STACHKA, URSS)


Direção: Sergei M. Eisenstein
Produção: Boris Mikhin
Roteiro: Grigori Aleksandrov, Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Vasili Khvatov, Vladimir Popov, Eduard Tisse
Elenco:
Grigori Aleksandrov, Aleksandr Antonov, Yudif Gllzer, Mikhail Gomorov, I. Ivanov, lvan Klyukvin, Anatoli Kuznetsov, M. Mamin, Maksim Shtraukh, Vladimir Uralsky, Vera Yanukuva, Boris Yurtsev

Sergei M. Eisenstein foi, em todos os aspectos, um revolucionário, forjando uma radicalmente nova linhagem de cinema baseada na montagem a partir de uma fusão entre a filosofia marxista, a estética construtivista e sua própria fascinação pelos contrastes, conflitos e contradições visuais inerentes à dinâmica dos filmes. A Greve, seu primeiro filme, foi inicialmente concebido como a primeira de uma série de obras sobre a ascensão do domínio marxista-leninista. A censura por parte do novo governo soviético frustrou muitos dos sonhos de Eisenstein nos anos seguintes e essa série nunca foi além da sua primeira produção. No entanto, A greve, com sua energia fervorosa se sustenta como um tour de force de expressiva panfletagem e como laboratório no qual ideias seminais para suas posteriores obras-primas mudas – O Encouraçado Potemkin (1925), Outubro (1927) e O velho e o novo (1928) - foram testadas e refinadas. A Greve retrata um levante operário em uma fábrica russa, onde os trabalhadores São instiigados à rebelião pela ganância e desonestidade dos patrões. Vemos uma fervilhante inquietação entre os trabalhadores, uma traição que os força a agir, o entusiasmo durante o motim, seguido pelas agruras do prolongamento do desemprego, e, por fim, o contra-ataque dos donos da fábrica, apoiados por tropas que massacram os trabalhadores. O filme termina com um eletrizante exemplo do que Elsenstein chamava de montagem intelectual", entrecortando o massacre dos grevistas com imagens de animais sendo abatidos em um matadouro. A situação em A greve é tão heterodoxa quanto as técnicas de edição, misturando representações naturalistas dos trabalhadores com retratos estilizados dos patrões e seus espiões. O filme ilustra as teorias soviéticas da "tipificação", ao convocar atores que guardam semelhança física com os papéis que interpretam, e do "herói coletivo", que o protagonista não é um único indivíduo, e sim todas as pessoas que estão do lado certo da história. Os imperativos políticos de A greve se tornam datados desde sua estreia em 1925, porém seu poder visual não enfraqueceu. “Não acredito no cine-olho", afirmou certa vez Eisenstein, refeferindo-se à expressão de Vertov, seu colega e rival. "Acredito no cine-punho." Essa violenta filosofia permeia cada sequência.
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 021)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

205 1948 PRIMAVERA NUMA PEQUENA CIDADE (XIAO CHENG ZHI CHUN, CHINA)


Direção: Fei Mu
Roteiro: LI Tianjl
Fotografia: LI Shengwei
Música: Huang Yijun
Elenco:
Chaoming Cui ……Lao Huang
Wei Li Wei Li ………Zhang Zhichen
Yu Shi Yu Shi …… Dai Liyan
Wei Wei ……………Zhou Yuwen
Hongmei Zhang ….Meimei
Se uma das marcas de um grande filme é a capacidade de apresentar personagens de forma econômica, Primavera numa pequena cidade, de Fei Mu, projeta sua grandeza instantaneamente. De maneira hábil e tocante, ele nos revela cinco figuras: "A Esposa" (Wei Wei), solitária e cansada das tarefas domésticas; "O Marido" (Shi Wu), um homem melancólico e doentio; "A Irmã" (Zhang Hongmei), jovial e cheia de vida; Lao Huang, "O Criado" (Cui Chaoming), sempre vigilante; c "O Visitante" (Li Wei), chegando à cidade do título (vindo do passado) para se tornar o catalisador da mudança. O filme constrói de maneira concisa seu drama do pós-guerra: os desejos, esperanças, sonhos e mágoas que circulam entre esses personagens capturados em um arranjo de corpos emoldurados, uma coreografia de olhares furtivos e gestos súbitos de resistência e resignação. Contudo, há também um elemento modernista: a narração da esposa, que reitera de forma poética o que está meramente visível, oculta acontecimentos que ela não presenciou e põe realidades tristes em palavras brutais. Apenas recentemente esta obra-prima do cinema chinês recebeu o reconhecimento mundial que merece, influenciando Amor ò flor da pele (2001), de Wong Kar-Wai, e gerando uma refilmagem respeitosa em 2002. Primavera numa pequena cidade está entre os melhores, mais ricos e comoventes melodramas do cinema. AM
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domingo, 15 de junho de 2014

198 1947 FUGA DO PASSADO (OUT OF THE PAST, EUA)


Direção: Jacques Tourneur
Produção: Warren Duff
Roteiro: Daniel Mainwaring, baseado no seu livro Build My Gallows High
Fotografia: Nicholas Musuraca
Música: Roy Webb
Elenco:
Robert Mitchum ……Jeff Bailey
Jane Greer ………….Kathie Moffat
Kirk Douglas ……….Whit Sterling
Rhonda Fleming …..Meta Carson
Richard Webb ………Jimmy
Steve Brodie ………..Jack Fisher
Ainda: Virginia Huston, Paul Valentine, Dickie Moore, Ken Niles

Em uma praia de Acapulco, com o mar brilhando por entre as redes de um pescador, o detetive Jeff Markham (Robert Mitchum) beija Kathy Moffat (Jane Creer), a mulher que ele foi pago para encontrar para o gângster Whit Sterling (Kirk Douglas), seu ex-namorado. Kathy senta-se ao lado de Jeff e revela que sabe que ele foi enviado para encontrá-la. Ela confessa ter atirado em Whit, mas nega ter roubado seus 40 mil dólares. Pede que Jeff acredite nela. Inclinando-se para beijá-la, ele quase sussurra: "Querida, eu não me importo." Fuga do passado, de Jacques Tourneur, uma adaptação do romance Build My Gallows High, de Daniel Mainwaring, talvez seja a obra-prima do gênero noir. Todos os elementos estão lá: a mulher mentirosa, mas tão bonita que você é capaz de perdoar quase qualquer coisa que ela faça, ou pelo menos morrer ao seu lado; o passado amargo que vem à tona novamente e destrói o personagem principal; o detetive particular, um homem Inteligente e experiente que comete o erro de sucumbir à paixão mais de uma vez. Mitchum personifica perfeitamente essa figura. Como Humphrey Bogart, ele possui uma interioridade calma, que transmite independência e confiança. Como um dos personagens diz a seu respeito: "Ele apenas se senta e fica dentro de si mesmo." Porém, ao contrário do cauteloso Bogart, Mitchum literalmente mergulha no personagem de Jeff, com uma tranquilidade carregada que torna sua vulnerabilidade não só verossímil como também trágica. Será a paixão de Kathy por Jeff verdadeira? Apesar da sua incapacidade de suportar dificuldades por ele e da sua atitude fatalista em relação ao amor, será que ela o ama de fato? Por outro lado, a paixão de Jeff por ela é sincera? Embora ligue para a polícia para transformar a escapada final deles em uma armadilha, estará ele se rendendo a seus encantos novamente? Esta é a pergunta que Ann (Virgínia Huston), a namorada caipira de Jeff, faz a Kid (Dickie Moore), o companheiro surdo-mudo de Jeff, no final do filme. Kid faz que sim com a cabeça. Estará ele dizendo a verdade? Sentimos que esse gesto livrará Ann de qualquer outro relacionamento futuro com o mundo mortífero de Jeff. Porém isso significa que seja uma mentira? fuga do passado, como muitos dos filmes noir, nos deixa com os enigmas de desejos fatais, com as ambiguidades de amores envoltos em medo. TC
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