terça-feira, 10 de junho de 2014

#218 1969 O ATAÚDE OD MORTO-VIVO (The Oblong Box, Reino Unido)


Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Lawrence Huntington (baseado no conto de Edgar Allan Poe)
Produção: Gordon Hessler, Pat Green (Produtor Associado), Louis M. Heyward (Produtor Executivo)
Elenco: Vincent Price, Christopher Lee, Rupert Davis, Sally Geeson, Alister Williamson, Peter Arne

O Ataúde do Morto-Vivo é o primeiro filme a trazer dois dos maiores ícones do horror, mesmo que só contracenem por míseros segundos de película: Vincent Price e Christopher Lee. E ainda, por cima, é mais uma das inúmeras livres adaptações cinematográficas dos contos de Edgar Allan Poe durante a década de 60. Produzido pela American International Pictures, mas sem a direção de Roger Corman, que já havia entregado nada menos que OITO filmes para a produtora, baseados nos contos do escritor norte americano, O Ataúde do Morto-Vivo é dirigido por Gordon Hessler, que substituiu o diretor Michael Reeves (que já havia trabalhado, e tretado, com Vincent Price em O Caçador de Bruxas), por conta de sua morte prematura, com apenas 25 anos. E O Ataúde do Morto-Vivo é o filme mais inspirado de Hessler (que tem em seu currículo O Uivo da Bruxa e Grite, Grite Outra Vez, entre outros) e confessamente Grand Guignol, também bastante guiado pelos conceitos iniciados com Sadian Trilogy (Os Horrores do Museu NegroCirco dos Horrores e A Tortura do Medo), abusando de cenas de violência gráfica, sangue, sadismo e nudez. Pensando na estética dos filmes góticos dos anos 60, essa produção segue a risca tudo que já tenha sido utilizado no gênero até então: cenário, ambientação de época, figurinos, amplos planos de campos abertos, e tudo mais. O que difere é realmente esta tendência ao explícito, bebendo um pouco na fonte também do cinema italiano de terror que vinha despontando naquela década, trazendo um assassino vingativo deformado usando uma máscara vermelha, várias jugulares sendo cortadas por uma navalha e um ou outro peitinho de fora aqui e ali. Na trama, que não tem nada a ver com o conto The Oblong Box, publicado por Poe em 1844, exceto o título, Sir Edward Markham (Alister Williamson) é grotescamente desfigurado durante um cerimonial vodu na África, condenado pelos nativos por uma transgressão, que retorna para seu lar, na Inglaterra do Século XIX, e desde então vive confinado em seu quarto, devido à sua aparência abominável e surtos violentos e psicóticos, aos cuidados de seu irmão Julian, interpretado por Price. Sir Edward então é ajudado pelo vigarista advogado da família, Trench (Peter Arne) que contrata o feiticeiro N’Galo para criar uma droga para simular a morte de Edward, e depois fazer um encantamento para recuperar a sua face. Edward então é alvejado por uma droga em um dardo, lançado pela zarabatana de N’Galo, e finge sua própria morte. Julian não quer expor o irmão às tradições da família, onde devem velar seus mortos em um funeral público, e contrata Trench para conseguir outro corpo para ser exibido como seu irmão, por uma boa quantia de dinheiro. Trench contrata os serviços de Norton, seu assistente, e matam outra pessoa, oferecendo seu corpo à Julian, que prontamente aceita a oferta e o paga. Só que por conta disso, Edward acaba por ser enterrado vivo, enquanto estava sob o forte efeito da droga africana. Nesse ínterim, conhecemos o Dr. Neuhartt (vivido por Christopher Lee), que tem costume de encomendar corpos roubados do cemitério para fazer suas nefastas pesquisas científicas. Algo que era bastante comum naquela época e foi retratado em diversos filmes, tendo O Túmulo Vazio com Boris Karloff e A Carne e o Diabo, com Peter Cushing, como os mais famosos. Acontece que o ladrão de sepulturas rouba exatamente o caixão com Sir Edward, que é aberto por Neuhartt, libertando então o homem deformado. Chantageando o médico em troca do silêncio de suas atividades e dinheiro para financiar suas pesquisas, Sir Edward passa a viver como hóspede indesejado do médico e veste um capuz vermelho de carrasco para começar a arquitetar sua vingança, vestindo uma pesada capa preta e luvas, portando sua navalha prontinha para abrir a garganta de seus algozes, divertir-se um pouco em prostíbulos, e ao mesmo tempo, procurar o feiticeiro para que ele tente consertar seu rosto através de magia negra. No final do filme, então Sir Edward, confrontando-se com Julian, descobre que foi vítima de um terrível engano durante a viagem de ambos para a África, e acabou pagando o terrível preço mesmo sendo inocente. Está também reservado aos momentos finais do filme, uma única e rápida cena em que Price encontra-se com Lee, ao dar de cara com o doutor já moribundo, apunhalado pelo irracional irmão, e quando o espectador toma conhecimento da aparência desfigurada de Sir Edward sem sua máscara, no momentoshocking do filme. Ótimo trabalho de maquiagem de Jimmy Evans, por sinal. Muito interessante também a última cena, quando é descoberta, mesmo que sem a menor lógica, que a, maldição, digamos assim, de Sir Edward é contagiosa, deixando um final aberto e pessimista no ar. O Ataúde do Morto-Vivo é uma grata surpresa. Uma combinação de elementos funcionais, atmosfera gótica, porém violenta e nada inocente, boas atuações de Price e Lee, que por si só já valem o filme, e excelente maquiagem. Apesar de ser um Roger Corman genérico, é altamente recomendável.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/07/19/218-o-ataude-do-morto-vivo-1969/



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