segunda-feira, 30 de junho de 2014

#008 1924 AS MÃOS DE ORLAC (Orlacs Hände, Alemanha)


Direção: Robert Wiene
Roteiro: Louis Nerz
Produção: Robert Wiene
Elenco: Conrad Veidt, Alexandra Sorina, Fritz Kortner, Hans Homma

As Mãos de Orlac  é um senhor filme de terror do início do gênero. Mais uma vez somos presenteados com um filme tomado por uma atmosfera gótica e sombria do expressionismo alemão, em uma história tenebrosa contada pelo diretor alemão Robert Wiene (o mesmo de O Gabinete do Dr. Caligari). Baseado na obra do escritor francês Maurice Renard (que depois também seria adaptada no excelente Dr. Gogol – O Médico Louco), a trama traz a história do talentoso pianista Paul Orlac (Veidt), que está em uma viagem de turnê e ao voltar para casa, aos braços de sua amada esposa, Yvonne Orlace, sofre um acidente de trem deixando suas mãos imprestáveis. Yvonne implora ao Dr. Serral que salve as mãos do marido ao invés de amputá-las, e o médico tem a macabra ideia de fazer um “transplante”, colocando no lugar das mãos inválidas do pianista, as mãos de um terrível assassino, chamado Vasseur, condenado à morte. Porém quando Orlac se recupera, ele percebe que tem algo errado em suas mãos, e que um terrível instinto assassino começa a dominá-lo através dos novos membros adquiridos, como se tivessem vida e vontades próprias, absorvendo características de Vasseur. Sua vida começa a ficar ainda mais atormentada quando ele passa a perder todas as posses e empobrecer junto com Yvonne por não conseguir mais tocar piano, e tornar-se o principal suspeito do assassinato de seu avarento pai. Como se não bastasse, um estranho homem começa a persegui-lo e chantageá-lo, dizendo ser o assassino eletrocutado e pedindo uma bagatela em troca de suas mãos. Apesar da história ser inverossímil, caiu como uma luva no universo fantástico que o cinema expressionista alemão tinha como característica principal. Além disso, se aproxima da trama policial proporcionalmente ao drama da crise de consciência, pois Orlac acredita que por ter as mãos de um assassino, isso pode acabar perturbando-o e levando a cometer atos fora de seu juízo, pelo simples fato delas estarem lá e lhe influenciarem de alguma forma. A direção de Wiene é um espetáculo. O uso carregado de sombras e elementos obscuros, principalmente a escuridão das cenas internas, em contraste com a amplitude dos espaços abertos, nos remete ao mergulhar profundo na dor e loucura que invadem o pobre Orlac. O protagonista e sua volta são dominados pelas sombras. Wiene lembra muito o que Murnau fez em Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror, remetendo mais a uma obra esteticamente gótica e aterrorizante, do que o próprio trabalho onírico de O Gabinete do Dr. Caligari em si. E o que falar de Veidt? Talvez o maior ator do cinema mudo de horror na minha opinião, junto com Lon Chaney. Sempre com papeis marcantes em todos os filmes que participou (para quem não sabe ele também foi o sonâmbulo Cesare), aqui somos testemunhas de uma aula de interpretação, tarimbada pela escola do expressionismo alemão, com atuações exageradas e teatrais, para expressar toda a angústia do personagem central e todo o horror que o circunda, exprimindo todos os seus medos e suas dúvidas mortais de forma visceral.  As Mãos de Orlac é mais uma daquelas gemas do cinema mudo da década de 20. Assustador, carregado e impactante. Uma obra prima.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/10/8-as-maos-de-orlac-1924/



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