quinta-feira, 19 de junho de 2014

021 1924 A GREVE (STACHKA, URSS)


Direção: Sergei M. Eisenstein
Produção: Boris Mikhin
Roteiro: Grigori Aleksandrov, Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Vasili Khvatov, Vladimir Popov, Eduard Tisse
Elenco:
Grigori Aleksandrov, Aleksandr Antonov, Yudif Gllzer, Mikhail Gomorov, I. Ivanov, lvan Klyukvin, Anatoli Kuznetsov, M. Mamin, Maksim Shtraukh, Vladimir Uralsky, Vera Yanukuva, Boris Yurtsev

Sergei M. Eisenstein foi, em todos os aspectos, um revolucionário, forjando uma radicalmente nova linhagem de cinema baseada na montagem a partir de uma fusão entre a filosofia marxista, a estética construtivista e sua própria fascinação pelos contrastes, conflitos e contradições visuais inerentes à dinâmica dos filmes. A Greve, seu primeiro filme, foi inicialmente concebido como a primeira de uma série de obras sobre a ascensão do domínio marxista-leninista. A censura por parte do novo governo soviético frustrou muitos dos sonhos de Eisenstein nos anos seguintes e essa série nunca foi além da sua primeira produção. No entanto, A greve, com sua energia fervorosa se sustenta como um tour de force de expressiva panfletagem e como laboratório no qual ideias seminais para suas posteriores obras-primas mudas – O Encouraçado Potemkin (1925), Outubro (1927) e O velho e o novo (1928) - foram testadas e refinadas. A Greve retrata um levante operário em uma fábrica russa, onde os trabalhadores São instiigados à rebelião pela ganância e desonestidade dos patrões. Vemos uma fervilhante inquietação entre os trabalhadores, uma traição que os força a agir, o entusiasmo durante o motim, seguido pelas agruras do prolongamento do desemprego, e, por fim, o contra-ataque dos donos da fábrica, apoiados por tropas que massacram os trabalhadores. O filme termina com um eletrizante exemplo do que Elsenstein chamava de montagem intelectual", entrecortando o massacre dos grevistas com imagens de animais sendo abatidos em um matadouro. A situação em A greve é tão heterodoxa quanto as técnicas de edição, misturando representações naturalistas dos trabalhadores com retratos estilizados dos patrões e seus espiões. O filme ilustra as teorias soviéticas da "tipificação", ao convocar atores que guardam semelhança física com os papéis que interpretam, e do "herói coletivo", que o protagonista não é um único indivíduo, e sim todas as pessoas que estão do lado certo da história. Os imperativos políticos de A greve se tornam datados desde sua estreia em 1925, porém seu poder visual não enfraqueceu. “Não acredito no cine-olho", afirmou certa vez Eisenstein, refeferindo-se à expressão de Vertov, seu colega e rival. "Acredito no cine-punho." Essa violenta filosofia permeia cada sequência.
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 021)

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