domingo, 15 de junho de 2014

194 1946 NARCISO NEGRO 1946 (BLACK NARCISUS, INGLATERRA)


Direção: Michael Powell, Emeric Pressburger
Produção: George R. Busby, Michael Powell, Emeric Pressburger
Roteiro: Michael Powell, Emeric Pressburger, baseado no livro de Rumer Godden
Fotografia: Jack Cardiff
Música: Brian Easdale
Elenco:
Deborah Kerr ………Irmã Clodagh
Flora Robson ………Irmã Philippa
Jean Simmons …… Kanchi
David Farrar ………. Sr. Dean
Kathleen Byron ……Irmã Ruth
Sabu ………………..Príncipe
Ainda: Esmond Knighl, Jean Simmons, Kathleen Byron. Jennv Laird, Judith Furse, May Hallatt, Eddle Whaley Jr., Shaun Noble, Nancy Roberts, Ley On

Oscar: Alfred Junge (direção de arte). Jack Cardiff (fotografia)

A afirmação de David Thomson de que Narciso negro é "um caso raro, um filme inglês erótlco sobre as fantasias sexuais de freiras" provavelmente não faz jus a ele. Baseado com muita fidelidade no romance de Rumer Godden, de 1939, o filme acompanha um pequeno grupo de Irmãs que são presenteadas com uma construção bem no alto do Himalaia, a qual tentam transformar em uma escola de freiras e em um hospital. A construção arejada foi no passado um harém e ainda é enfeitada por murais explícitos, ao passo que uma criada hindu tagarela remanescente da época de devassidão prevê alegremente que as irmãs sucumbirão à atmosfera do local. Em um nível, Narciso negro é um relato em tom casual dos fracassos do império: aquelas cristãs sensíveis chegam com boas intenções, porém encontram-se numa situação absurda, ensinando apenas alunos que são pagos pelo marajá local para assistir a aulas que não significam nada para eles e prestando atendimento hospitalar apenas em casos simples - uma vez que, se fracassarem em salvar um paciente, o hospital será fechado como se fosse amaldiçoado. Os diretores Powell e Pressburger veem o humor por trás da frustração das freiras, percebendo um conflito cultural sem, contudo, desdenhar tanto o ponto de vista racional quanto o primitivo, divertindo-se com a ironia de que os personagens mais religiosos são também os mais sensíveis (quando deveriam tender a toda sorte de crenças infundadas), enquanto os ateus são os mais inclinados a superstições. A irmã Clodagh (Deborah Kerr), que é promovida muito jovem, tenta manter a missão unida como um oficial inexperiente em um filme de guerra, sendo atirada para junto do ardoroso e mal-afamado Mr. Dean (David Farrar), estimulando, assim, o ciúme homicida da mais reprimida das freiras, a irmã Ruth (Kathleen Byton). À medida que as obsessões começam a agir, o filme se torna mais surreal, com o exotismo de estúdio resplandecendo sob a vívida fotografia em Technicolor de Jack Cardiff e Kerr e Byron tremendo sob suas toucas como freiras apaixonadas. Um dos mais surpreendentes momentos do cinema inglês é a "revelação" da irmã Ruth sem o hábito - com um vestido encomendado por correio e batom vermelho vivo -, transformada em uma harpia que tenta empurrar Clodagh de cima de um precipício enquanto toca o sino do convento. O filme conta ainda com um Sabu quase adulto (o Mowgli da versão de 1942 de O livro da selva) e uma jovem Jean Simmons (com um caracol incrustado de joias no nariz) como os sensuais inocentes que dão mau exemplo. KN
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 194)

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