Direção: Michael Powell, Emeric Pressburger
Produção: George R. Busby, Michael Powell, Emeric Pressburger
Roteiro:
Michael Powell, Emeric Pressburger, baseado no livro de Rumer Godden
Fotografia:
Jack Cardiff
Música:
Brian Easdale
Elenco:
Deborah Kerr ………Irmã Clodagh
Flora Robson ………Irmã Philippa
Jean Simmons …… Kanchi
David Farrar ………. Sr. Dean
Kathleen Byron ……Irmã Ruth
Sabu ………………..Príncipe
Ainda: Esmond Knighl, Jean Simmons, Kathleen Byron. Jennv Laird, Judith
Furse, May Hallatt, Eddle Whaley Jr., Shaun Noble, Nancy Roberts, Ley On
Oscar:
Alfred Junge (direção de arte). Jack Cardiff (fotografia)
A
afirmação de David Thomson de que Narciso negro é "um caso raro, um filme
inglês erótlco sobre as fantasias sexuais de freiras" provavelmente não
faz jus a ele. Baseado com muita fidelidade no romance de Rumer Godden, de
1939, o filme acompanha um pequeno grupo de Irmãs que são presenteadas com uma
construção bem no alto do Himalaia, a qual tentam transformar em uma escola de
freiras e em um hospital. A construção arejada foi no passado um harém e ainda
é enfeitada por murais explícitos, ao passo que uma criada hindu tagarela
remanescente da época de devassidão prevê alegremente que as irmãs sucumbirão à
atmosfera do local. Em um nível, Narciso negro é um relato em tom casual dos fracassos
do império: aquelas cristãs sensíveis chegam com boas intenções, porém
encontram-se numa situação absurda, ensinando apenas alunos que são pagos pelo
marajá local para assistir a aulas que não significam nada para eles e
prestando atendimento hospitalar apenas em casos simples - uma vez que, se
fracassarem em salvar um paciente, o hospital será fechado como se fosse
amaldiçoado. Os diretores Powell e Pressburger veem o humor por trás da
frustração das freiras, percebendo um conflito cultural sem, contudo, desdenhar
tanto o ponto de vista racional quanto o primitivo, divertindo-se com a ironia
de que os personagens mais religiosos são também os mais sensíveis (quando
deveriam tender a toda sorte de crenças infundadas), enquanto os ateus são os
mais inclinados a superstições. A irmã Clodagh (Deborah Kerr), que é promovida
muito jovem, tenta manter a missão unida como um oficial inexperiente em um
filme de guerra, sendo atirada para junto do ardoroso e mal-afamado Mr. Dean
(David Farrar), estimulando, assim, o ciúme homicida da mais reprimida das
freiras, a irmã Ruth (Kathleen Byton). À medida que as obsessões começam a
agir, o filme se torna mais surreal, com o exotismo de estúdio resplandecendo
sob a vívida fotografia em Technicolor de Jack Cardiff e Kerr e Byron tremendo
sob suas toucas como freiras apaixonadas. Um dos mais surpreendentes momentos
do cinema inglês é a "revelação" da irmã Ruth sem o hábito - com um
vestido encomendado por correio e batom vermelho vivo -, transformada em uma
harpia que tenta empurrar Clodagh de cima de um precipício enquanto toca o sino
do convento. O filme conta ainda com um Sabu quase adulto (o Mowgli da versão
de 1942 de O livro da selva) e uma jovem Jean Simmons (com um caracol incrustado
de joias no nariz) como os sensuais inocentes que dão mau exemplo. KN
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 194)
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