domingo, 22 de junho de 2014

027 1925 O ENCOURAÇADO POTEMKIN (BRONENOSETS POTYOMKIN, URSS)


Direção: Grigori Aleksandrov, Sergei M. Eisenstein
Produção: Jacob Bliokh
Roteiro: Nina Agadzhanova, Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Vladimir Popov, Eduard Tisse
Música: Nikolai Kryukov, Edmund Meisel, Dmitri Shostakovich
Elenco:
Aleksandr Antonov………Grigory Vakulinchuk
Vladimir Barsky………..Golikov
Grigori Aleksandrov…….Giliarovsky
Ivan Bobrov…………..Sailor (jovem)
Mikhail Gomorov……….Marujo militante
Ainda: Beatrice Vitoldi, N. Poltavseva, Julia Eisenstein

O encouraçado Potemkin é um filme de grande fama. O segundo longa de Eisenstein se tornaria não só um ponto de conflito ideológico entre o Ocidente e o Oriente, a esquerda e a direita, como também um filme indispensável para qualquer amante de cinema no planeta. Décadas de censura e apoio militante, inúmeras palavras analisando sua estrutura, seu simbolismo, suas origens e efeitos e milhares de citações visuais ajudaram a tornar muito difícil ver a história por trás do filme. O encouraçado Potemkin pode não ser historicamente preciso, mas sua legendária abordagem da opressão e da rebelião, da ação individual e coletiva e sua ambição artística de trabalhar ao mesmo tempo com corpos, luz, objetos comuns, símbolos, rostos, movimento, formas geográficas... oferece um painel inigualável. Como um verdadeiro artista do cinema, Eisenstein consegue elaborar um mito magnífico e comovente. Devemos nos lembrar, no entanto, que sua sensibilidade estética também era dotada de significado político: o da "mudança do mundo por homens conscientes" com a qual se sonhava na época e que se fazia conhecer pelo termo "revolução". Porém, mesmo que não se soubesse o que isso significava, ou melhor, mesmo que não houvesse uma noção clara do que viria a se tornar, os ventos de uma aventura épica sopram na tela, pondo-a em movimento. Independentemente do nome que se dê a ela, essa aventura é a força que impulsiona as pessoas de Odessa em direção á liberdade, os marinheiros do encouraçado do título a lutar contra a fome e a humilhação, é o próprio cineasta a inventar novas formas e ritmos cinematográficos. O encouraçado Potemkin é um filme muitas vezes visto de forma editada ou reduzido às suas cenas e sequências mais famosas. Descobrir o efeito de se assistir ao filme na íntegra - ou seja, como uma hlilnil.i dramática e comovente -, em vez de tratá-lo como uma inestimável caixa de joias de onde se tiram preciosidades isoladas ao bel-prazer, pode causar surpresa. Encarar o filme dessa maneira renovada e inocente trará de volta uma atmosfera de autenticidade àqueles ícones com os quais estamos familiarizados: o carrinho de bebê na escadaria; o rosto do morto sob a tenda no fim do píer; os vermes na carne; as botas de couro; as armas de ferro apontadas na direção de corpos e rostos, as lentes de um poder político, militar e religioso à espreita no vácuo. E, então, o leão de pedra se animando para rugir furioso e um desejo de vida que se tornará a metáfora para o filme e para o conceito ousado que ele traz o fazem escapar do seu monumental status para ser descoberto, cheio de vida e frescor, por cada par de olhos que cair sobre ele. 

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