Direção: Roger Corman
Roteiro: Robert Towne
(baseado na obra de Edgar Allan Poe)
Produção: Pat Green, Samuel
Z. Arkoff (não creditado)
Elenco: Vincent
Price, Elizabeth Shepherd, John Westbrook, Derek Francis, Oliver Johnston
O Túmulo
Sinistro é o filme que fecha o ciclo das adaptações dos contos
de Edgar Allan Poe, dirigidos por Roger Corman. Todos eles, com exceção
de Obsessão Macabra, trouxeram o astro Vincent Price no papel
principal. E pode-se afirmar com absoluta certeza, que foram os melhores filmes
já produzidos que beberam na fonte do escritor americano. Este longa traz uma
mórbida história que aborda sempre temas comuns na obra de Por, aqui
representados por um homem atormentado com a perda da esposa, acontecimento que
o leva a um espiral de tormento, angústia e que irá desembocar num criativo
enredo sobre possessão e hipnose, alucinações, vida e morte. Livremente
inspirado no conto Ligeia, O Túmulo Sinistro traz mais uma
interpretação irrepreensível de Price, fechando com chave de ouro essa série de
adaptações, como o personagem Verden Fell, atormentado, absorto em sua própria
decadência após a morte de sua esposa, Ligeia, jogado em um profundo amargor
que expande-se para o ambiente em que vive e reflete até em sua saúde e
sanidade, com surtos de amnésia e uma estranha fotosensibilidade à luz do sol,
preferindo se entocar em ambientes lúgubres da abadia medieval em que viva com
a esposa. Atmosfera inebriante muito bem impressa por Corman, tanto nos
corredores escuros quanto nos vastos campos , repletos de luz, dos arredores,
onde fica a tumba de Ligeia, vigiado constantemente por um gato preto que
também atazana o pobre homem mesmo dentro de sua casa, sempre a vigiá-lo. Após
alguns anos em luto, ele conhece a bela Rowena Trevanion (Elizabeth Shepherd),
que interessada na arquitetura do local, adentra os campos da propriedade de
Fell com seu cavalo, e sofre um acidente, quando é assustada pelo estranho gato
sentinela. Em sua ajuda, além e Fell vem Christopher Gough, um antigo amigo que
cavalgava com ela enquanto seu pai caçava uma raposa, esporte muito comum na
Inglaterra do século XIX, que acaba apresentando os dois, deixando a garota
apaixonada por Fell, com seus óculos escuro, cartola e costumes pretos, fazendo
com que a estranheza e dor do homem a atraia. Lutando contra alguma força maior
que si mesmo, misturando momentos de lucidez com outros de confusão mental,
quando, por exemplo, chega até a confundir Rowena com Ligeia, mesmo uma sendo
ruiva e outra morena, Fell também se apaixona pela garota e eles se casam. Mas
após ter de voltar a Abadia tempos depois para resolver algumas burocracias
quanto a venda do local, novamente Fell começa a piorar de vez, e desaparece
todas as noites, levantando suspeitas em sua recém esposa que algo está
terrivelmente errado, principalmente quando os ataques de sonambulismo e de
amnésia vão se agravando. Com o auxílio de Gough, que quer ajudar a moça, tendo
certa paixão platônica repreendida, ele começa a pressionar o mordomo Kenrick
sobre se realmente Ligeia está morta e enterrada em seu túmulo, já que não
conseguiu concretizar a venda da propriedade pela mesma estar no nome da mulher
e não houver sequer um atestado de óbito. Na tentativa de exumar o cadáver da
falecida que então descobrimos a surpresa que rondava de forma implícita até
então: Ligeia não está enterrada em seu túmulo, e sim um boneco de cera
construída pelas hábeis mãos de Fell.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e
risco.
Então em seu clímax arrebatador,
é revelado que Fell mantém o corpo mumificado de Ligeia em uma passagem secreta
da abadia, pois na verdade ela exerce um poderoso controle mental sobre ele,
através de hipnose praticada antes de morrer, possuindo-o durante as noites,
para que assim ela nunca morra de verdade e sempre viva através dele. Rowean
tenta tirá-lo do transe através de uma rápida autossugestão, mas acaba morta,
asfixiada por Fell, enxergando na atual mulher a demônia morta que roubou sua
vida e felicidade. Mas a vingança e o espírito maligno de Ligeia, personificada
naquele gato preto, trava uma batalha com Fell até que a abadia se ponha em
chamas e os dois descansem juntos para todo o sempre.Destaque também para a
interpretação dupla de Elizabet Shepher, interpretando a reluzente e cheio de
vida Rowena e a pálida e fria Ligeia. O Túmulo Sinistro é um filme
ambíguo, repleto de significados e conotações sinistras, ao melhor estilo
gótico que Corman sempre utilizou de forma eficiente durante esta fase, que
explora um amor obsessivo que atravessa o véu da morte, algo tão tênue para
Poe, como ele mesmo sugere em sua citação estampada ao terminar o filme: “A
linha que divide a vida e a morte são vagas. Quem pode dizer onde uma termina e
a outra começa?”.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/08/182-o-tumulo-sinistro-1964/
Nenhum comentário:
Postar um comentário