sexta-feira, 20 de junho de 2014

024 1924 A ÚLTIMA GARGALHADA (DER LETZTE MANN, ALEMANHA)


Direção: F. W. Murnau
Produção: Erich Pommer
Roteiro: Carl Mayer
Fotografia: Robert Baberske, Karl Freund ,
Música: Giuseppe Becce, Timothy Brock, Peter Schirmann
ELENCO:
Emil Jannings, Maly Delschaft, Max Hiller, Emilie Kurz, Hans Unterkircher, Olaf Storm, Hermann Vallentin, Georg John, Emmy Wyda.

Apesar do ridiculamente inverossímil final feliz inserido por insistência da UFA, A última gargalhada, de F. W. Murnau, continua sendo uma admirável tentativa de se contar uma história sem o uso de intertítulos. A trama em si não tem nada de especial - um porteiro de hotel, humilhado pela perda de status quando é rebaixado a ajudante de banheiro por conta da idade, desce tão baixo que se sente tentado a roubar de volta seu amado uniforme (o símbolo do seu orgulho profissional). De certa forma, o filme é apenas um veículo para mais uma das interpretações tipicamente exuberantes de Emil Jannings. Indo além dessa parábola um tanto patética, Murnau explora de forma eloquente, como de hábito, o espaço cinematográfico: a câmera perambula com uma espantosa fluidez, articulando a relação do protagonista com o mundo à medida que o segue pelo hotel, pelas ruas da cidade e por sua casa num bairro pobre. Alguns dos movimentos de câmera são "subjetivos", como quando a percepção embriagada do protagonista é representada por distorções óticas; em outros casos, é a mobilidade da câmera que é evocativa, como na cena em que ela passa pelas portas giratórias que simbolizam o destino. A deslumbrante técnica apresentada talvez seja, na verdade, grandiloquente demais para a simples história de um senhor de idade, no entanto, o virtuosismo tanto da mise-en-scène de Murnau quanto do trabalho de câmera de Karl Freund é inegável. G A
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 024)

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