domingo, 31 de agosto de 2014

#027 1932 ZAROFF O CAÇADOR DE VIDAS (The Most Dangerous Game, EUA)




Direção: Irving Pichel, Ernest B. Schoedsack
Roteiro: James Ashmore Creelman, Richard Connell (história)
Produção: Merian C. Cooper (produtor associado), David O. Selznick (produtor executivo)
Elenco: Joel McCrea, Fay Wray, Robert Armstrong, Leslie Banks, Noble Johnson

Aqui mais uma caso raro do título em português, mesmo que seja uma tradução completamente diferente do original, ficar muito bacana: Zaroff – O Caçador de Vidas. Fale se não dá vontade de assistir só por esse nome naipe? Mas esse não é o único motivo não. Trata-se de um filme deveras interessante. Lógico que as produções de terror da RKO Radio Pictures, não tinham o mesmo glamour e até a mesma grana da Universal ou da MGM. Zaroff – O Caçador de Vidas teve um orçamento estimulado em pouco mais de 218 mil dólares, o que o caracteriza como um filme B. Mas o interessante é notar certo elementos congruentes que fizeram o filme funcionar. Primeiro é a presença de Ernest B. Schoedsack como um dos diretores e Merian C. Cooper como produtor executivo. Para quem não conhece esse nome, eles foram responsáveis nada mais, nada menos pelo King Kong original, lançado no ano seguinte. Então aqui já começamos a perceber um esboço do que seria a tônica do filme do gorila gigante (sem levar em consideração o quesito efeitos especiais) e o fetiche dos dois pela selva, já que o filme também tem a mata como pano de fundo. E tão forte quanto o fetiche pela floresta, é o fetiche pela ideia da pobre garota em perigo, aqui também interpretada por Fay Wray (a loira paixonite do gorilão no filme seguinte), e o do homem másculo e intrépido que é o verdadeiro herói e a salva de todas as terríveis situações, nesse caso, Joel McCrea que interpreta o protagonista Bob Rainsford. Ele está lá passando por todas as provações da selva para salvar a indefesa Eve das garras do nefasto Conde Zaroff, pulando cipó, galhos, atravessando troncos e cachoeiras. E falando em Conde Zaroff, ele sim é a cereja do bolo. Personagem demente, muito bem construído por Leslie Banks, que tem um único prazer na vida: matar. Caçador entediado, descobriu que o jogo mais perigoso (título original do filme) e que mais lhe causa tesão, é caçar seres humanos como se fossem animais. E para atrair essas pessoas para sua ilha playground, ele prepara uma armadilha com as sinalizações no mar trocadas para que os navios acabem naufragando perto da costa, infestada de tubarões, e assim acolha os sobreviventes, apenas para colocá-los como alvo da sua diversão doentia. Zaroff é puro exagero. Desde seus trejeitos faciais, até seu carregado sotaque russo, comparsas cossacos como Ivan e a cicatriz que tem na testa, que conseguiu em uma caçada que quase foi mal sucedida, e vive esfregando-a. Mas ele pelo menos imprime um pouco de personalidade ao filme, diferente dos outros personagens, como o próprio  Rainsford, que também é caçador e sabe dos meandros para sobreviver do jogo planejado por Zaroff. Até há tempo para uma lição de moral, quando a presa encurralada, solta um: “agora eu sei como os animais que eu caço se sentem”. Juro para vocês que torci pelo Zaroff durante o filme todo! Outro detalhe interessante é como os diretores utilizaram alguns recursos de sobreposição de imagem para misturar um efeito de tridimensionalidade do cenário em primeiro plano com suas perspectivas de fundo. Como nas cenas da cachoeira ou então quando estão adentrando a selva a o castelo desenhado de Zaroff ao fundo. Fora isso, na mesma cena do embate da cachoeira, vê se uma nítida tentativa de imitar o expressionismo alemão e o cinema mudo em modo geral, com uma extensa cena sem diálogos, apenas acompanhada pela tensa trilha sonora de Max Steiner, e closes dos vilões se regozijando e da mocinha assustada de olhos arregalados e boquiaberta. Puro truque. O problema é que o roteiro cai no óbvio, e quando o herói cai derrotado pelo russo louco, você sabe que logo menos ele vai aparecer vivo, porque imagine que o filme ia dar a vitória para o bandido? Mas além de claramente ser um filme de produtor, Zaroff – O Caçador de Vidas é bem dinâmico, tiro curto, e muitíssimo interessante de assistir.

FONTE: http://101horrormovies.com/

LOCKE (2013)


BATMAN CONTRA O CAPUZ VERMELHO (2010)


sábado, 30 de agosto de 2014

#129 1960 CIRCO DOS HORRORES (Circus of Horrors, Reino Unido)


Direção: Sidney Hayers
Roteiro: George Baxt
Produção: Samuel Z. Arkoff, Leslie Parkyn, Julian White, Norman Priggeon (Produtor Associado)
Elenco: Anton Diffring, Erika Remberg, Yvonne Monlaur, Donald Pleasence, Jane Hylton

Você curte circo? E curte filmes de terror? Então você vai adorar Circo dos Horrores. Agora como eu sempre achei circo uma coisa sacal, a produção britânica dirigida por Sidney Hayers para mim acaba se tornando bem maleta. Sabe, você está assistindo ao filme, ligado na trama, esperando ver mortes e sangue, e aí perde preciosos tempos da metragem exibindo malabaristas, palhaços, domadores, trapezistas, equilibristas e tudo mais. Eu acho tudo isso um porre. Nunca gostei de circo, nem quando era criança, não é agora depois de marmanjo que vou gostar, ainda mais em um filme de terror. Mas assim, não leve em consideração meu ranço por circos, não. Esta produção da Anglo-Amalgamated, de Nat Cohen, que tem o toque de Samuel Z. Arkoff como produtor  é um belo de um filme, muito bem dirigido por Hayer, com excelentes atuações de Anton Driffing (famoso por seu papel em O Homem que Enganou a Morte), com sua bipolaridade onde uma hora é um bom médico e na outra um louco vingativo, belíssimas atrizes ao melhor estilo sixties, aparecendo sempre com pouquíssima roupa, e maquiagem primorosa de Trevor Crole-Rees, principalmente quando mostra uma batelada de mulheres com o rosto deformado. É tudo alto nível mesmo, tirando o ataque de um urso de mentira e de um gorila que é claramente um homem fantasiado com uma roupa de carnaval. Além de tudo isso, Circo dos Horrores faz parte da chamada Sadian Trilogy, batizada pelo crítico David Pirie, que são filmes ingleses de terror lançados entre 1959 e 1960, que também conta com Horrores do Museu Negro e A Tortura do Medo, todos funcionando como contraponto ao horror sobrenatural da Hammer, recheados de sadismo, crueldade, violência e sexualidade. Diffring é o Dr. Rossiter, brilhante cirurgião plástico que torna-se fugitivo da polícia quando realiza uma operação que dá terrivelmente errado, transformando a bela Evelyn Morley (Colette Wilde) em uma mulher com o rosto completamente desfigurado. Junto de seus assistentes, os irmãos Angela e Martin (sendo que Angela é perdidamente apaixonada por Rossiter), ele foge da Inglaterra para o continente, com um novo rosto operado, troca seu nome para Dr. Schuller e conhece no meio da sua escapada, Vanet (interpretado por Donald Pleasence, o eterno Dr. Loomis, nêmese de Michael Myers emHalloween – A Noite do Terror e suas sequências), um bêbado proprietário de um circo decadente de beira de estrada. Vanet tem uma filha deformada, a singela Nicole (interpretada quando criança por Carol Challoner e Yvonne Monlaur quando adulta), a qual Schuler / Rossiter faz uma bem sucedida operação, deixando Vanet eternamente grato por ter ajudado sua filha. Vanet então o faz de sócio em seu circo, mas é prontamente assassinado pelo seu urso dançarino, com o qual tenta puxar uma valsa enquanto está trêbado. Foi um acidente, mas Schuler nega prestar socorro ao homem, já maquinando ficar com o circo só para ele. Essa é a cena tosca do urso de mentira, tipo aqueles empalhados, matando o pobre pinguço. Passa-se dez anos (e ninguém envelhece, somente Nicole, que de criança vira uma ninfeta, e nem uma ruga ou cabelo branco cresce nos demais personagens) e o Circo Schuler vira um grande sucesso, reerguido e levando público em todos os lugares pelos quais passa. Mas tem uma pequena diferença neste picadeiro: as artistas femininas são formadas por ex-delinquentes, fugitivas, assassinas, prostitutas, todas mulheres de boa índole, que em comum tem o rosto desfigurado, ou com cicatrizes horríveis, ou por abusos masculinos (uma tem o rosto todo queimado de ácido). Schule as opera, deixa todas estonteantemente lindas, construindo seu templo da beleza particular, jogando um xaveco barato sobre a lenda grega de Pigmaleão, rei do Chipre e escultor, que se apaixona por sua estátua perfeita, Galatea, que ganha vida, e ainda prometendo serem as estrelas do espetáculo. Claro que ele vai acabar comendo todas. Isso emputece a desiludida Angela. Só que todas as garotas morrem em terríveis “acidentes” justamente quando tentam abandonar Schuler ou seu circo. Ajudado convenientemente pelo banana do Martin. Uma má reputação começa a rondar o show, que passa a ser chamado de Circo do Azar, por conta de todas estas mortes “acidentais” (sempre com aspas) e ironicamente vai atraindo mais e mais plateia que esperam ansiosas por estes acidentes. Ao voltar para a Inglaterra em uma excursão, o circo chama a atenção da Scotland Yard. Os Inspetor Arthur Ames (Conrad Phillips) se passando por um jornalista, começa a frequentar os bastidores, além de ter um caso com Nicole, suspeita que Schuler e Rossiter são a mesma pessoa. Até que ele planeja uma armadilha, chamando Evelyn Morley para assistir a um espetáculo beneficente, a fim de desmascarar o médico assassino. Há muitas cenas de brutalidade, para os padrões da época, sem vergonha em derramar sangue vermelho vivo e mostrar garotas sendo devoradas por leões, caindo do trapézio ou levando uma facada no pescoço lançada pelo atirador de facas. Até sobra para Diffring quando um gorila que ele vivia dando chicotadas agarra-o e rasga sua face. Esse gorila é o tal do ator vestido de macaco, que parece saído de uma pegadinha com o Ivo Holanda. E o final reservado para o vilão é deliciosamente trágico. Para mim, se Circo dos Horrores mostrasse um pouco menos do “maior espetáculo da terra”, seria muito melhor e não daria vontade de assistir algumas cenas no fast-forward. Mas tenho que dar o braço a torcer pois é um bom filme em todo seu contexto, uma espécie de protogenese do cinemaexploitation, dadas as devidas propoerções, e deve ser visto. Muito melhor do que assistir qualquer DVD do Cirque du Soleil, por exemplo!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/06/129-circo-dos-horrores-1960/

# 035 1935 MAD LOVE DR GOGOL (MAD LOVE, EUA)


Direção: Karl Freund
Roteiro: P.J. Wolfson, John L. Balderston, Guy Endore (adaptação)
Produção: John W. Considine Jr. / Elenco: Peter Lorre, Frances Drake, Colin Clive, Ted Healy

Baseado no livro de Maurice Renard (que já havia sido adaptado anteriormente no filme homônimo As Mãos de Orlac de Robert Weine), Dr. Gogol – O Médico Louco é uma das grandes pérolas do cinema de terror da década de 30. Confessamente Grand Guignol, bem diferente das produções ingênuas da época, o filme ainda conta com a direção exímia de Karl Freund e interpretação magnânima do esquisito Peter Lorre. Vamos agora por partes, ao melhor estilo Dr. Gogol, para explicar esse parágrafo de introdução do texto. Para quem não é familiarizado com o termo Grand Guignol, ele surgiu derivado do Théatre du Grand-Guignol, construído em Paris no ano de 1897, famoso por apresentar peças de horror grotescas e viscerais, com cenas explícitas de decapitação (principalmente pelo fetiche francês, a guilhotina), desmembramento, tortura, evisceração, esquartejamento…tá bom, já deu para entender né? Era uma infâmia só e juntava a escória francesa em seus palcos e plateia. O termo então passou a ser utilizado para descrever também os tipos de filme que exageram na violência gráfica e sensacionalista (apesar de não ser mais tão usado depois da criação de denominações mais recentes como gore, splatter exploitation). Karl Freund para quem não conhece, é um dos maiores inovadores (leia-se gênio) do cinema. O sujeito foi diretor de fotografia de filmes do expressionismo alemão como O Golem e Metrópolis e quando foi para os EUA foi o cinematógrafo de Drácula, de Tod Browning. Seu debute na direção foi no também filme de monstro da Universal, A Múmia, apesar de já em Drácula, assumir a direção de grande parte do filme, sob a benção de Browning. E para quem nunca ouviu falar de Peter Lorre, o intérprete do Dr. Gogol, é nada mais nada menos que o eterno Hans Beckert, o assassino pedófilo de M, O Vampiro de Dusseldorf de Fritz Lang. Cá entre nós, não tinha como o filme dar errado. Lorre faz um Gogol digno de um dos piores vilões da história do gênero. Baixinho, gordinho, careca, estranho à beça e com seus olhos esbugalhados de peixe morto, o brilhante cirurgião é uma aula de vilania, um mistura de cientista louco com médico antiético, destilando todo o seu egoísmo, tendência psicopata latente e um sotaque maravilhoso expressado em uma fala mansa ou em um acesso de loucura repentino. Gogol é secretamente apaixonado pela atriz Yvonne Orlac, que por sinal, trabalha em um teatro que seria uma versão do próprio Théatre du Grand-Guignol, interpretando uma condessa que é torturada pelo marido por traição. Ela é casada com o célebre e talentoso pianista Stephen Orlac, que no auge de sua carreira, sofre um terrível acidente de trem e é obrigado a ter as mãos amputadas. Mas como as mãos eram sua vida e ganha pão, Yvonne resolve levá-lo para os cuidados do infame Gogol, que acompanhou a garota de sua cabine no teatro, todas as 47 noites em que a peça ficou em cartaz, nutrindo sua obsessão por ela. Nesse meio tempo, é capturado em Paris um assassino chamado Rollo, atirador de facas, circense americano, que havia matado o pai e tinha sido condenado à guilhotina. Gogol então reclama o corpo do sujeito e faz uma espécie de “transplante”, substituindo as mãos destruídas do pianista pelas dos criminoso. Aí que vem a parte que é um barato: a mãos têm vontade própria e começam a demonstrar resquícios da personalidade de Rollo, incluindo sua exímia capacidade de atirar facas e tendências matadoras. Com uma dívida do tamanho de um bonde, Orlac resolve procurar o pai desafeto, em busca de dinheiro, mas acaba em uma terrível discussão, só para Orlac ser preso mais tarde falsamente acusado de tê-lo esfaqueado, na verdade obra do doutor louco que não se conforma em nunca conseguir o amor e atenção de Yvonne, e arquiteta um plano maligno, no alto de sua loucura, para tirar o concorrente do caminho. A forma como Gogol conduz esse plano mirabolante é simplesmente incrível. Grande destaque para a cena em que Gogol se passa por Rollo, para sugerir que Orlac está de vez perdendo o juízo e foi o responsável por esfaquear o pai, utilizando mãos metálicas, uma cinta de couro e ferro no pescoço (para fingir que sua cabeça foi reatada pelo médico após ter sido decepada na guilhotina), chapéu e óculos escuros. É fantástico, e segue ainda com uma atuação brilhante de Lorre quando ele volta para sua casa, tomado por um acesso de histeria. Dr. Gogol – O Médico Louco é um filme antológico, inspirado pelo Grand-Guignol com muito louvor, e trouxe para a década de 30 um tipo de personagem e de situação incomum e explícita demais para os padrões da época.
FONTE: http://101horrormovies.com/



062 1932 AMA-ME ESTA NOITE


BATMAN DEAD END (2003)



Data de lançamento: 19/07/2003 (mundial)
Direção: Sandy Collora
Duração: 8 minutos
Roteiro: Sandy Collora
Elenco: Andrew Koening, Clark Bartram
Autores: Bill Finger, Bob Kane

Sinopse:
O Coringa escapou mais uma vez do Asilo Arkham. Batman é chamado para levar seu arqui-inimigo de volta para o manicômio. Porém, enquanto os dois travam um embate psicológico, duas estranhas criaturas chegam para intervir. Batman usará toda a sua convicção e coragem para derrotar estes terríveis inimigos.

Comentários:
Batman Dead End é um fan film de 2003, feito independentemente pelo diretor Sandy Collora, com Clark Bartram como Batman e Andrew Koenig como Coringa. O filme é um curta-metragem, realizado sem a permissão da Warner Bros. ou da DC Comics.

Esse curta metragem é melhor que qualquer longa metragem do Batman dirigido Joel Schumacher, são 8 minutos gloriosos para qualquer fã de Batman, a fidelidade com o personagem dos quadrinhos (ver os olhos brancos, que só existem nos gibis) é de bater palmas de pé! Está disponível de forma gratuita pelos próprios criadores.

LINK  AQUI: 
http://www.youtube.com/watch?v=vUQ0jrIuHQA



SUPERMAN / BATMAN APOCALIPSE (2010)


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

061 1932 O VAMPIRO (Vampyr / Castle of Doom, Alemanha)

#026 1932 O VAMPIRO Direção: Carl Theodor Dreyer
Roteiro: Carl Theodore Dreyer, Christen Jul
Produção: Carl Theodor Dreyer, Julian West
Elenco: Julian West, Maurice Schtuz, Rena Mandel, Sybille Schmitz

O Vampiro de Carl Theodor Dreyer, primeiro filme falado do diretor alemão, tendo uma breve impressão e fazendo uma análise corrida, parece um filme fora de seu tempo. Em 1932 já havia acontecido uma grande evolução técnica do cinema, tendo como comparação as produções da década anterior. O Vampiro parece mais um filme expressionista alemão dos anos 20, com a mesma estética de filmagem, fotografia, pouquíssimos diálogos e até intertítulos entre as cenas. Mas isso não tira o seu mérito de ser quase um pesadelo onírico, um espetáculo mórbido com uma belíssima fotografia, inquieta e macabra trilha sonora, e algumas sequências que são realmente assustadoras e referências para o gênero no futuro, como um funeral sendo captado através do ponto de vista do morto dentro do caixão, dança de sombras fantasmagóricas em planos abertos e fechados, o começo da utilização da figura erótica e sexual do vampiro transparecendo desejo carnal, a forma translúcida de uma sombra / espírito saindo do corpo e acompanhando seu próprio enterro e a sinistra morte de um médico, o suposto vilão da história, asfixiado dentro do elevador de um moinho de trigo. Inspirado livremente no livro Carmilla de Sheridan Le Fanu, em O Vampiro conseguimos captar a cabal diferença entre o cinema de terror que vinha sendo produzido nos EUA, principalmente por conta do ciclo de monstros da Universal, e a estética gótica e soturna das produções europeias, que bebiam diretamente na fonte do horror mudo da década anterior. O espectador desavisado aqui é bombardeado por um tratamento estético e ritmo completamente diferentes, captados por uma câmera subjetiva e distante, tomadas noturnas, trilha sonora quase hipnótica, clima pesado e mórbido e sugestão de ideias muito maior do que imagens explícitas. A trama bizarra e meio sem pé nem cabeça acompanha Allan Gray, interpretado por Julian West (também conhecido como Barão Nicolas de Gunzburg, que financiou todo o filme), um estudioso do vampirismo e do sobrenatural, que mais parece uma cópia de H.P. Lovecraft, que se depara com uma situação surreal ao encontrar um castelo onde uma moça foi mordida por um vampiro. Cercado de personagens excêntricos, como o doutor vampiro / vilão e seu comparsa, um soldado com uma perna de pau, o que se segue é um conjunto de imagens desconexas, mistura de sonho e realidade, eventos alucinógenos, um livro testamento contendo a história sobre os vampiros e vários elementos estranhos. Não é um filme nada fácil de assistir. Eu na minha imensa ignorância não consegui entender muita coisa do que Dreyer quis passar aqui (assim como acho que o grande público em geral, pois o filme foi um baita fracasso e responsável por causar um ataque nervoso no diretor, que só voltaria a filmar uma década depois). Além disso foi lançado originalmente em três versões distintas, uma francesa, uma inglesa e uma alemã e os negativos originais de imagem e som foram perdidos. A versão que eu assisti foi a versão restaurada em 1998, utilizando fragmentos das cópias das versões francesas e alemã. Isso não ajuda em nada a entender muita coisa da concepção original do diretor, já que trata-se de um filme “aproximado” do original. Como quem avisa amigo é, O Vampiro não é um filme para neófitos ou fãs da Saga Crepúsculo que estão adentrando para valer no universo dos vampiros no cinema e querem conhecer um pouco mais sobre as primeiras produções envolvendo esses malditos seres das trevas. Recomendado somente para aqueles escolados.
FONTE: http://101horrormovies.com/

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

#013 1927 O PENSIONISTA (The Lodger – A Story of the London Fog, Reino Unido)


Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Eliot Stannard (baseado no livro de Marie Belloc Lowndes)
Produção: Michael Balcon, Carlyle Blackwell
Elenco: Marie Ault, Arthur Chesney, June, Malcom Keen, Ivor Novello

O Pensionista é o terceiro filme do mestre do suspense Alfred Hitchcock, que muita gente não sabe, começou sua carreira durante a época do cinema mudo. Na realidade o diretor considerava essa fase como importantíssima para que ele dominasse as linguagens cinematográficas e tornar-se um perfeccionista pela imagem, já que o som nos filmes, segundo ele, era apenas consequência. Apesar de ser o terceiro filme assinado pelo diretor inglês, os outros dois se perderam quase por completo, só se conhecendo fragmentos de ambos. O Pensionista foi o primeiro no qual ele conseguiu impor um estilo criativo, como ele mesmo disse na famosa entrevista dada para outros grande cineasta, François Truffaut. E grande parte desse domínio, Hitchcock credita ao fato de ter passado um período fazendo “estágio” em estúdios alemães. Por isso, é muito perceptível a influência do expressionismo alemão na execução narrativa e visual de O Pensionista, na construção das cenas, na montagem, utilização do jogo de luz e sombra e na forma de interpretação dos personagens, tanto do suposto vilão quanto da mocinha e de seu interesse amoroso. Baseado no livro de Marie Belloc Lowndes, inspirado na histeria causada no final do século XIX pelos crimes de Jack, O Estripador (seu último assassinato antes de desaparecer foi em novembro de 1888, o livro é de 1913 e o filme de 1927), a trama conta a história de um misterioso assassino de louras (sempre elas, não é, Sr. Hitchcock?) nas penumbras das ruas de Londres, provocando um clima de pânico descontrolado na cidade. O metódico serial killer, que dá cabo das platinadas toda terça-feira à noite, é conhecido como Vingador, e sempre deixa um bilhete assinado em todas as suas vítimas. Isso faz com que as garotas comecem a se precaver e algumas até utilizam cachos de cabelo moreno por baixo dos chapéus. Nesse período conturbado, um novo inquilino se muda para uma pensão no centro e começa a levantar suspeitas do senhorio, o casal Bunting, principalmente quando ele começa a se envolver com sua filha Daisy, que, adivinhem só a cor das madeixas? O pior é que Daisy corresponde, apaixonando-se pelo inquilino, deixando louco de ciúmes o detetive Joe, que tem uma queda pela mocinha e começa a investigar o pensionista, também suspeitando dele. E Hitchcock brinca muito bem com esse fato de dar toda a pinta que ele é o assassino, mas será que é mesmo? Em O Pensionista, o diretor já começa a mostrar lampejos de sua genialidade e a capacidade em criar cenas de verdadeiro pânico e suspense, que seria marca registrada e o consagraria com um dos melhores cineastas da história da sétima arte, utilizando muito bem a construção das sequências, mesmo derrapando em dar mais ênfase para o triângulo amoroso do que a investigação em si. Mas consegue manter sempre a dúvida sobre a verdadeira identidade do assassino, sua motivação e principalmente, usa todos os recursos visuais para suprir a falta de diálogos e de som para ajudar a assustar os espectadores.

FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/14/14-o-pensionista-1927/


060 1931 A CADELA (J RENOIR)


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

059 1931 M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF

Alemanha (Nero-Film AG) 117 min.

Direção: Fritz Lang

Produção: Seymour Nebenzal

Roteiro: Egon Jacobson, Fritz Lang
Fotografia: Fritz Arno Wagner

Música não original: Grieg

Elenco: Peter Lorre, Ellen Widmann, Inge Landgut, Otto Wernicke, I heodor Loos, Gustaf Gründgens,
Friedrich Gnaß, Fritz Odemar, Paul Kemp, Theo Lingen, Rudolf Blümner, Georg John, Franz Stein, Ernst Stahl-Nachbaur, Gerhard Bienen



No começo da década de 30, Irving Thalberg, o gênio da produção da MGM, convoca todos os seus roteiristas e diretores para uma exibição de M, o vampiro de Dusseldorf, o thriller alemão de Fritz Lang, e então os critica em massa por não fazerem filmes tão inovadores, empolgantes, profundos e comerciais como este. É óbvio que, como admitiu Thalberg, se alguém tivesse tentado vender ao estúdio uma história sobre um serial killer de crianças (que, no fim das contas, é uma vítima e acusa a sociedade de uma corrupção mais profunda do que a sua psicose), teria sido expulso aos pontapés imediatamente. Enquanto, em um primeiro momento, Hollywood considerava os filmes sonoros mais propícios a musicais e adaptações teatrais, uma geração de cineastas europeus viu o potencial da nova mídia para gerar emoções fortes e efeitos psicológicos. Inspirado talvez no tema de O pensionista, o filme mudo de 1927 de Alfred Hitchcock, e nas técnicas do seu filme falado Chantagem e confissão, de 1929, Lang - que havia terminado sua carreira no cinema mudo com Metrópolis (1927) e A mulher na Lua (1929), ambos considerados dispendiosos fracassos antes de terem seus valores reconhecidos - dedicou-se a se restabelecer como artista popular. Não obstante, M é incomum em sua estrutura narrativa, apresentando uma série de cenas de montagem (muitas vezes com narração, um recurso novo) que ajudam a compor o retrato de uma cidade alemã aterrorizada. A causa da comoção é Franz Becker (Peter Lorre), um jovem gorducho que assobia compulsivamente uma ária de "No salão do rei da montanha", de Edvard Grieg, enquanto se aproxima das crianças que assassina (e, subentende-se, molesta). Seus crimes são representados através de imagens Impactantes mas simples, como a de um balão solto subindo contra cabos telefônicos ou a de uma bola abandonada. Estabelecendo convenções que ainda são usadas em filmes de serial killers, Lang e o cenógrafo  Thea von Harbou intercalam cenas da vida patética do assassino com o frenesi da investigação policial sobre os crimes chocantes, dando atenção também a questões secundárias, como a cobertura da imprensa, a ação de vigilantes - como na cena em que um inocente informa as horas para um grupo de crianças e é subitamente cercado por uma multidão enfurecida - e a pressão política que incentiva mas, ao mesmo tempo, atrapalha a polícia. Em um toque de cinismo, a polícia reprime todas as atividades criminosas para pegar o assassino, levando os bandidos profissionais à margem da sociedade a também caçá-lo como um animal. No poderoso final, Becker é julgado pelo submundo e se defende com o surpreendentemente tocante argumento de que as pessoas apenas escolheram cometer seus crimes, enquanto ele é forçado a cometê-los. Embora o filme apresente o Inspetor Karl "Fatty" Lohmann (Otto Wernlcke) – que voltaria em O testamento do Dr. Mabuse (1932) para enfrentar o arquivilão do título (Rudolf Klein-Rogge) - e o rei do crime de luvas pretas Schranker (Gustaf Gründgens) como os tradicionais antagonistas policial/bandido, o assassino desesperado, lúcido e dono de uma impulsividade animal de Lorre é a voz final de M, forçando seus perseguidores (e a nós) a olharem para dentro de si mesmos em busca das sementes de uma psicose equivalente à dele. Enfatizando com criatividade os avanços tecnológicos do som no cinema, Lang faz com que o assassino seja ouvido antes de ser visto (diz-se que o diretor dublou o assobio de Lorre) e identificado por uma testemunha cega. KN (1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 059)


#018 1931 M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF (M, Alemanha)
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Fritz Lang, Thea Von Harbou
Produção: Seymour Nebenzal (não creditado)
Elenco: Peter Lorre, Ellen Widmann, Otto Wernickle, Theodore Loss

No início da década de 30, o cinema falado era uma novidade entusiasmante e a indústria cinematográfica começava a se transformar graças a essa revolução. Enquanto Hollywood se detinha na ideia da realização de produções musicais ou adaptações teatrais (como foi o caso até de Drácula e Frankenstein, lançados no mesmo ano pela Universal, inspirados pelas peças em cartaz na Broadway e não nos livros originais), Fritz Lang nos apresenta uma história sobre um serial killer assassino de crianças em seu cultuado M, O Vampiro de Dusseldorf. Reza a lenda que Irving Thalberg, um dos principais produtores da MGM chamou todos os seus roteiristas e diretores para uma exibição de M, O Vampiro de Dusseldorf e ao término saiu enxovalhando todos, questionando porque ninguém fazia filmes tão inovadores, empolgantes e ao mesmo tempo com aspectos comerciais, como aquele. Mas claro, que se alguém apresentasse alguma ideia parecida com aquela aos grandes estúdios, seria vetada na hora. Após o fracasso retumbante de Metrópolis (que só mais tarde adquiriria o seu devido respeito e status quo), Lang resolveu que era hora de voltar a ser um diretor pop. Por isso, a estrutura narrativa, a fotografia, o jogo de luz e sombra, os planos sequência e os travellings inovadores e ousados de M, foram cuidadosamente pensados e esteticamente preparados, para que fossem realmente certeiros. Hans Beckert (habilmente interpretado por Peter Lorre) é um gordinho de olhos esbugalhados, com uma vida patética e entediante, que assovia compulsivamente um trecho de “In The Hall of the Mountain King” de Edvarg Grieg, e esconde um terrível monstro dentro de si. É na verdade um psicopata, assassino de meninas (subentende-se que também as molesta), que aterroriza a então pacata Dusseldorf. Não há nada explícito, nada gráfico em suas mortes, mas Lang deixa lá algumas imagens impactantes nas entrelinhas, que seria usado até hoje como referência nos filmes de serial killers, como um simples balão flutuando contra o poste telefônico, ou uma inocente bola rolando na grama, dando ao espectador a sombria sensação de que algo muito perverso foi feito. A cidade fica em polvorosa e a polícia começa uma mobilização insana para tentar encontrar o assassino, pressionada pela comoção popular (que chega a adquirir ares de paranoia, destacada em uma cena onde um senhor só vai dizer as horas para uma criança e começa a ser acusado ferozmente), pelo governo e pela imprensa. Com uma vigília incessante e batidas frequentes, eles começam a atrapalhar a saudável vida criminosa de Dusseldorf, que não tem nada a ver com o assassino e repudia as atitudes do psicótico. Isso faz com que o crime organizado, mostre-se mais organizado do que nunca, e reúna todo tipo de escroque, batedor de carteira, cafetão e mendigo, para uma caça alucinada atrás de Beckert, a fim de resolver o problema e fazer justiça com as próprias mãos. Ao ser capturado pelos criminosos, Beckert deve passar por uma julgamento “justo” que colocará em xeque sua sanidade mental, irá escancarar os sintomas da sua necessidade de matar criancinhas como um problema psicossomático, o qual necessita de ajuda médica e ainda jogará a culpa na sociedade que não vigia direitos seus filhos na última e marcante frase do filme, dita por uma mãe em luto. E é aí que Lang samba na cara da sociedade. Um dos principais pontos assertivos do filme, é que enquanto seus compatriotas e contemporâneos do expressionismo alemão apostavam na figura do fantástico e sobrenatural para meter medo, como em Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror, por exemplo, ou até mesmo no início do ciclo dos monstros da Universal, Fritz Lang dá um passo atrás e mostra que o verdadeiro mal pode se encontrar em nós mesmos. E que devemos tomar cuidado com os monstros que estão à solta aí fora. Tanto que o importante crítico de cinema americano Jonathan Rosenbaum definiu M, O Vampiro de Dusseldorf como “o melhor filme de serial killer de todos os tempos”.
FONTE: http://101horrormovies.com/

sábado, 23 de agosto de 2014

RUEDOO RON NAN CHAN TAI LAST SUMMER Tailândia, 2013)


LONDON AFTER MIDNIGHT (1927)


FRANKENSTEIN (Thomas Edison's Movie, 1910)


056 1931 FRANKENSTEIN (Frankenstein, EUA)

#017 1931 FRANKENSTEIN (Frankenstein, EUA)
Direção: James Whale
Roteiro: John L. Balderston, Garret Fort, Francis Edward Fragoh (baseado na obra de Mary Shelley)
Produção: Carl Laemmle Jr., E.M. Asher (Produtor Associado)
Elenco: Colin Clive, Mae Clarke, Boris Karloff, John Boles, Edward Von Sloan / Dwight Frye

Frankenstein é o segundo clássico filme de monstro da Universal. Embalado pelo sucesso de Drácula no mesmo ano, Carl Laemmle Jr. convida o diretor James Whale para contar a história do cientista que queria brincar de Deus, e que resulta em uma produção tecnicamente muito superior ao filme do conde. Em uma cena de abertura MEGA marqueteira, Edward Van Sloan (que interpreta o Dr. Waldman, e também Van Helsing em Drácula), aparece por de trás das cortinas e convida o espectador a acompanhar a história do Dr. Frankenstein, dando o aviso àqueles de nervos fracos sobre os eventos horripilantes que estão prestes a assistir.Corte de cena e o obcecado doutor Henry Frankenstein (não me pergunte porque o nome dele não é Victor como no livro) e seu assistente (Dwight Frye, mais uma vez fantástico) estão violando um cemitério em busca de corpos para dar continuidade em seu experimento macabro de trazer sua criatura à vida. Preocupado com a sanidade do noivo, Elizabeth e o amigo do casal, Victor Moritz, que nutre uma paixão secreta pela garota, pedem ajuda ao antigo tutor de Frankenstein (o tal Dr. Waldman) para demovê-lo da ideia, só que tarde demais. É claro que mais tarde o monstro vai sair do controle e tocar o terror no vilarejo, até matar uma pequena garota (sem querer, diga-se de passagem, em uma cena que lembra muito O Golem) e ser perseguido por uma turba enfurecida, antes do confronto final entre criador e criatura. E a criatura é a grande cereja do bolo do filme. Boris Karloff torna-se aqui o mais novo astro dos filmes de terror, pegando o papel que foi recusado por Bela Lugosi, porque vejam só, ele não queria ficar estigmatizado. Nos créditos iniciais do filme, aparece um “?” no lugar do nome do ator que faz o papel da aberração, e Karloff consegue ao mesmo tempo assustar e comover, como o terrível, mas também incompreendido, monstro. Jack Pierce foi o maquiador responsável por dar a aparência inesquecível ao cadáver, que tornou-se um ícone não só do cinema de horror, mas da sétima arte em si. A cabeça achatada, braços alongados, cicatrizes, os pinos no pescoço, está tudo lá, além do figurino pensado por Whale: a roupa larga e esfarrapada e as botas de asfaltador. Whale merece um parágrafo a parte pela sua direção segura, pegando o livro de Mary Shelley, que pelo menos eu considero um saco e muito mal escrito, e transformando numa obra prima do terror, introduzindo conceitos que seriam lembrados e copiados para sempre, como o arquétipo do cientista louco, o ajudante corcunda e as máquinas elétricas que deram vida à experiência do Dr. Frankenstein. Os últimos dias da vida do diretor, que era homossexual, foram retratados em um ótimo filme chamado Deuses e Monstros, dirigido por Bill Condon, ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, com Sir Ian Mckellen no papel de Whale e Brendan Fraser como seu jardineiro, por quem desenvolveu uma intensa amizade. Vale muito a pena assistir. Frankenstein gerou inúmeras continuações e a história foi readaptada diversas vezes no cinema, a última foi a versão ególatra de Kenneth Branagh filmada em 1994 com Robert De Niro no papel da criatura. É sofrível. E olha que eu já achava isso quando assisti pela primeira vez, ainda adolescente.
FONTE: http://101horrormovies.com/

055 1931 DRÁCULA


EUA (Universal) 75 min. P&B
Direção: Tod Browning

Produção: E. M. Asher, Tod Browning. Carl Laemmle Jr.

Roteiro: Garrett Fort, baseado nas peças de John L. Balderson e de Hamilton Deane

Fotografia: Karl Freund

Música não original: Schubert, Tchaikovsky, Wagner

Elenco: Bela Lugosi, Helen Chandler, David Manners, Dwight Frye, Edward Van Sloan, Herbert Bunston,
Frances Dade, Joan Standing, Charles K. Gerrard, Tod Browning, Michael Visaroff

Embora o livro do vampiro de Bram Stoker tivesse sido filmado por F. W. Murnau em 1922 como Nosferatu e o diretor Tod Browning tivesse escalado Lon Chaney como falso vampiro no mudo London After Midnight, este filme precocemente sonoro - filmado no final de 1930 e lançado no dia dos namorados de 1931 - foi o que inaugurou de fato o terror como gênero e as histórias de vampiro como seu mais popular subgênero. O fotógrafo Karl Freund tinha uma grande experiência com o jogo de sombras do expressionismo alemão, enquanto Browning era o rei do grotesco americano, de modo que o filme representa uma síntese das duas principais correntes do horror mudo. Como O gato e o canário, A mansão do morcego e outras marcas registradas do terror americano, este Drácula chega às telas não através das páginas da literatura gótica clássica, e sim vindo diretamente dos palcos: o roteiro tem como base principal duas adaptações teatrais do romance de Stoker, uma de Hamilton Deane e outra de John L. Balderson. O primeiro astro do novo gênero é Bela Lugosi, que havia interpretado Drácula na Broadway e foi finalmente escalado para o filme depois da morte prematura de Chaney, o ator favorito do diretor. É possível que a perda de Chaney tenha tirado um pouco do brilho da direção de Browning, que é menos inspirada do que o trabalho de George Melford na versão espanhola, filmada simultaneamente (e, ainda por cima, nos mesmos cenários) - no entanto, o segundo sofre com a falta de um Drácula icônico e
com o fato de seguir à risca o roteiro, enquanto o Drácula falado em inglês foi consideravelmente reduzido por uma edição que cortou 20 minutos de excessos. Pré-histórico em suas técnicas cinematográficas e preso a um roteiro limitado, o filme de Browning ainda consegue conservar boa parte de sua atmosfera decadente e sinistra ao jogar luz (literalmente, através de pequenos feixes luminosos que apontam para seus olhos malévolos) sobre a atuação de Lugosi como o vampiro, que transforma cada sílaba em uma ameaça com seu sotaque húngaro em frases como: "Crianças da noite, consegue ouvi-las?" ou "Eu nunca bebo vinho!". O filme começa de forma magnífica, com um trecho de "O lago dos cisnes" e uma carruagem caindo aos pedaços que leva o agente imobiliário Renfield (Dwight Frye) para o castelo Infestado de teias de aranhas e animais (como um tatu dentro de uma cripta). Drácula passa por uma cortina de teias, contorcendo-se de desejo por sangue quando seu convidado abre um talho no dedo ao cortar um pão, e três vampiras sem alma atacam o desprevenido visitante. Depois que o roteiro resolve de forma decepcionante uma perigosa viagem marítima (trechos de imagens de arquivo) e o conde fixa residência em Londres, Lugosi se acalma. Porém Edward Van Sloan convence como o professor Abraham Van Helsing, o matador de vampiros, Helen Chandler está graciosa com Mina, a heroína que tem seu sangue sugado e é quase vampirizada, e Frye rouba absolutamente todas as cenas quando Reinfield se transforma em um gargalhante maníaco comedor de moscas. O castelo de Drácula - com seus cinco andares de janelas góticas - é o destaque da direção de arte, porém as cenas de Londres oferecem uma impressionante escadaria e catacumbas para o covil inglês do conde. Browning, no entanto, desaponta no último minuto, com um clímax fraco em que o vampiro é derrotado com muita facilidade, sua morte representada por um grunhido em off depois de ele ser empalado. KN (1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 055)

#016 1931 DRÁCULA (Dracula, EUA)
Direção: Tod Browning
Roteiro: Hamilton Deane, John L. Balderston (baseado na obra de Bram Stoker)
Produção: Carl Laemmle Jr., Tod Browning, E.M. Asher (Produtor Associado)
Elenco: Bela Lugosi, Helen Chandler, David Manners, Dwight Frye

O primeiro filme falado da minha lista é Drácula, über clássico de 1931, que elevou o ator húngaro Bela Lugosi ao estrelato do cinema de terror e deu início oficial a safra dos filmes de monstro da Universal. O fotógrafo Karl Freund tinha uma vasta experiência no expressionismo alemão e o diretor Tod Browning era o rei dos filmes de terror grotescos de Hollywood. Unindo as duas correntes do cinema de horror do mundo, tivemos esse resultado sinistro e eterno. Produzido por Carl Laemmle, Drácula finalmente traz às telas a história oficial de Bram Stoker, sem perrengues judiciais como aconteceu com o Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror de Murnau. Mas na verdade, o filme é baseado na peça, em cartaz na época, e não uma adaptação ipsis litteris do livro. Afinal é só ler a obra e assistir ao filme, que você verá as diferenças gritantes.A história é a velha conhecida do público: Renfield, corretor de imóveis vai até a Transilvânia, encontrar o conde Drácula em seu castelo, que tem interesse em comprar a abandonada Abadia de Cairfax em Londres. Como todo mundo está careca de saber, Drácula é um vampiro que começa a espalhar o terror e seduzir as inocentes londrinas na busca por saciar sua sede se sangue. Seu rastro de horror só é interrompido quando o intrépido professor Abraham Van Helsing descobre a obscura verdade sobre o conde. Drácula foi o responsável por colocar no imaginário popular a figura do conde aristocrata, vestido com sua longa capa negra e todo seu charme galante, hipnotizando as jovens virginais, transformando sua necessidade vital por sangue em um ato quase sexual. E introduziu a sua famosa capacidade transmorfa de se transformar em morcegos ou lobos. Bela Lugosi deixou sua marca na história do cinema, com seu carregado sotaque húngaro, mas não era a primeira opção do diretor Tod Browning para o papel, que queria dá-lo a Lon Chaney, de O Corcunda de Notre Dame e O Fantasma da Ópera, antigo parceiro do diretor, que acabou morrendo de forma prematura. Lugosi era o intérprete do conde na peça da Broadway e acabou tornando-se a escolha óbvia. O olhar penetrante e hipnótico de Drácula, graças a um feixe de luz jogado sobre os olhos de Lugosi para acentuá-los, cada frase dita (“Há muitas coisas piores, esperando o homem, que a morte”) ou cada gesto feito, saem com seu peculiar tom ameaçador, dando aquele conhecido ar gótico ao personagem. Já o nêmesis de Drácula, o doutor holandês especialista no oculto, Van Helsing, infelizmente não é um antagonista à altura do vilão no filme, deixando a química bastante a desejar (assim como a sequência final, diga-se de passagem), diferente do que foi feito com maestria pela dupla Peter Cushing e Christopher Lee nos filmes da Hammer ou mesmo no novelão de Francis Ford Coppola com Gary Oldman e Anthony Hopkins. Mas quem rouba a cena é mesmo Dwight Frye como Renfield, totalmente lunático após sua volta da estada no castelo do morto-vivo, com sua fome por insetos e aranhas, dando já um gostinho de como os loucos de pedra poderiam fazer a diferença no cinema de horror em tempos vindouros. Obrigatório!
FONTE: http://101horrormovies.com/



054 1931 LIMITE


APRISIONADO PELO MEDO (H P LOVECRAFT, 1994)


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

053 1931 O MILHÃO


052 1931 A NÓS A LIBERDADE


ARQUIVO X 3ª TEMPORADA


#011 1927 O GATO E O CANÁRIO (The Cat and the Canary, EUA)


Direção: Paul Leni
Roteiro: Robert F. Hill, Alfred A. Cohn (adaptado da peça de John Willard)
Produção: Paul Kohner
Elenco: Laura La Plante, Creighton Hale, Forrest Stanley, Tully Marshall, Gertrude Astor 

Em O Gato e o Canário, o diretor Paul Leni realiza aqui a sua primeira produção em solo americano, produzida pela Universal de Carl Laemmle, imprensado entre O Gabinete das Figuras de Cera dirigido em sua Alemanha natal, e seu grande sucesso, O Homem que Ri. E posso afirmar que essa fita é uma espécie de gênese do filme de casas mal assombradas, mesmo que seja mais um expediente subentendido do que explícito, e tenha boas doses de mistério, pendendo mais para o suspense. Utilizando toda a atmosfera do expressionismo alemão, escola de Leni, O Gato e o Canário, baseado na peça da Broadway, mistura elementos de terror, suspense, humor negro, atuações exageradas, um casarão provável lar de fantasmas, e uma trama que depois se tornaria uma espécie de clichê: herdeiros reunidos em uma mansão velha e caindo aos pedaços, sedentos por uma herança e vítimas das excentricidades de um antigo familiar morto e de um misterioso assassino movido pela ganância. O milionário Cyrus West passa os últimos dias de sua vida recluso em sua mansão, dado como louco por todos seus parentes ambiciosos, que ficam como gatos em volta de um canário, esperando o velho bater as botas para colocar as mãos na sua herança. Porém quando ele morre, trollando geral, West define que seu advogado, Roger Crosby, só ira ler seu testamento 20 anos após sua morte. Na data marcada, a sinistra governanta Mammy Pleasent e o advogado recebem todos os herdeiros que deverão passar a noite na assustadora mansão, onde os ditos populares dão como certeza que é habitada por fantasmas. Para a leitura do testamento, reúnem-se o sobrinho de West, Harry Blythe, Charlie Wilder, Paul Jones, Cecil Young e a tia Susan Silsby e a bela e jovem sobrinha Annabelle West, parente mas distante de West, que é a felizarda da vez e ficará com a bolada, segundo o testamento. Porém, o último desejo do velho morto é que ela seja analisada por um médico psiquiatra naquela noite e ele deverá atestar a sanidade da garota, caso contrário, outro nome dentro de um envelope extra no poder de Crosby, será o recompensado com a fortuna. Claro que isso já dá pano para a manga onde uma intrincada teia de acontecimentos, obviamente arquitetados por aquele que tem seu nome no segundo envelope, mas que só será revelada sua identidade no final, que tentará de qualquer forma levar a pobre e indefesa mocinha às raias da loucura e impedir que ela fique com a grana. Para isso, ele usará de artifícios assustadores e nada ortodoxos, como começar a dar cabo dos ali presentes, iniciando pelo advogado, e aparecendo como vulto nas sombras do casarão, utilizando passagens secretas nas paredes e espreitando na penumbra com capa e chapéu, além de longas garras nas mãos. O Gato e o Canário dá para o gasto, e consegue manter uma boa dose de interesse na trama, mesmo que manjada nos dias de hoje, e tem lá seus momentos assustadores, ajudado pelas interpretações canastras dos atores, principalmente da pobre Annabelle, tão indefesa, e do atrapalhado e meio bitolado interesse romântico, Paul. No final, acaba parecendo uma daqueles episódios do desenho do Scooby Doo sabe, onde o bandido é encurralado pela turma e por um bando de policiais, até a máscara ser retirada de seu rosto e conhecermos sua verdadeira identidade? Em 1939 ganhou uma refilmagem “terrir”, que seria responsável por catapultar o comediante Bob Hope ao estrelato.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/12/11-o-gato-e-o-canario-1927/