#026 1932 O VAMPIRO Direção: Carl Theodor Dreyer
Roteiro: Carl Theodore Dreyer, Christen Jul
Produção: Carl Theodor Dreyer, Julian West
Elenco: Julian West, Maurice Schtuz, Rena Mandel, Sybille Schmitz
O Vampiro de Carl Theodor Dreyer, primeiro filme falado do diretor alemão, tendo uma breve impressão e fazendo uma análise corrida, parece um filme fora de seu tempo. Em 1932 já havia acontecido uma grande evolução técnica do cinema, tendo como comparação as produções da década anterior. O Vampiro parece mais um filme expressionista alemão dos anos 20, com a mesma estética de filmagem, fotografia, pouquíssimos diálogos e até intertítulos entre as cenas. Mas isso não tira o seu mérito de ser quase um pesadelo onírico, um espetáculo mórbido com uma belíssima fotografia, inquieta e macabra trilha sonora, e algumas sequências que são realmente assustadoras e referências para o gênero no futuro, como um funeral sendo captado através do ponto de vista do morto dentro do caixão, dança de sombras fantasmagóricas em planos abertos e fechados, o começo da utilização da figura erótica e sexual do vampiro transparecendo desejo carnal, a forma translúcida de uma sombra / espírito saindo do corpo e acompanhando seu próprio enterro e a sinistra morte de um médico, o suposto vilão da história, asfixiado dentro do elevador de um moinho de trigo. Inspirado livremente no livro Carmilla de Sheridan Le Fanu, em O Vampiro conseguimos captar a cabal diferença entre o cinema de terror que vinha sendo produzido nos EUA, principalmente por conta do ciclo de monstros da Universal, e a estética gótica e soturna das produções europeias, que bebiam diretamente na fonte do horror mudo da década anterior. O espectador desavisado aqui é bombardeado por um tratamento estético e ritmo completamente diferentes, captados por uma câmera subjetiva e distante, tomadas noturnas, trilha sonora quase hipnótica, clima pesado e mórbido e sugestão de ideias muito maior do que imagens explícitas. A trama bizarra e meio sem pé nem cabeça acompanha Allan Gray, interpretado por Julian West (também conhecido como Barão Nicolas de Gunzburg, que financiou todo o filme), um estudioso do vampirismo e do sobrenatural, que mais parece uma cópia de H.P. Lovecraft, que se depara com uma situação surreal ao encontrar um castelo onde uma moça foi mordida por um vampiro. Cercado de personagens excêntricos, como o doutor vampiro / vilão e seu comparsa, um soldado com uma perna de pau, o que se segue é um conjunto de imagens desconexas, mistura de sonho e realidade, eventos alucinógenos, um livro testamento contendo a história sobre os vampiros e vários elementos estranhos. Não é um filme nada fácil de assistir. Eu na minha imensa ignorância não consegui entender muita coisa do que Dreyer quis passar aqui (assim como acho que o grande público em geral, pois o filme foi um baita fracasso e responsável por causar um ataque nervoso no diretor, que só voltaria a filmar uma década depois). Além disso foi lançado originalmente em três versões distintas, uma francesa, uma inglesa e uma alemã e os negativos originais de imagem e som foram perdidos. A versão que eu assisti foi a versão restaurada em 1998, utilizando fragmentos das cópias das versões francesas e alemã. Isso não ajuda em nada a entender muita coisa da concepção original do diretor, já que trata-se de um filme “aproximado” do original. Como quem avisa amigo é, O Vampiro não é um filme para neófitos ou fãs da Saga Crepúsculo que estão adentrando para valer no universo dos vampiros no cinema e querem conhecer um pouco mais sobre as primeiras produções envolvendo esses malditos seres das trevas. Recomendado somente para aqueles escolados.
FONTE: http://101horrormovies.com/
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