sábado, 23 de agosto de 2014

055 1931 DRÁCULA


EUA (Universal) 75 min. P&B
Direção: Tod Browning

Produção: E. M. Asher, Tod Browning. Carl Laemmle Jr.

Roteiro: Garrett Fort, baseado nas peças de John L. Balderson e de Hamilton Deane

Fotografia: Karl Freund

Música não original: Schubert, Tchaikovsky, Wagner

Elenco: Bela Lugosi, Helen Chandler, David Manners, Dwight Frye, Edward Van Sloan, Herbert Bunston,
Frances Dade, Joan Standing, Charles K. Gerrard, Tod Browning, Michael Visaroff

Embora o livro do vampiro de Bram Stoker tivesse sido filmado por F. W. Murnau em 1922 como Nosferatu e o diretor Tod Browning tivesse escalado Lon Chaney como falso vampiro no mudo London After Midnight, este filme precocemente sonoro - filmado no final de 1930 e lançado no dia dos namorados de 1931 - foi o que inaugurou de fato o terror como gênero e as histórias de vampiro como seu mais popular subgênero. O fotógrafo Karl Freund tinha uma grande experiência com o jogo de sombras do expressionismo alemão, enquanto Browning era o rei do grotesco americano, de modo que o filme representa uma síntese das duas principais correntes do horror mudo. Como O gato e o canário, A mansão do morcego e outras marcas registradas do terror americano, este Drácula chega às telas não através das páginas da literatura gótica clássica, e sim vindo diretamente dos palcos: o roteiro tem como base principal duas adaptações teatrais do romance de Stoker, uma de Hamilton Deane e outra de John L. Balderson. O primeiro astro do novo gênero é Bela Lugosi, que havia interpretado Drácula na Broadway e foi finalmente escalado para o filme depois da morte prematura de Chaney, o ator favorito do diretor. É possível que a perda de Chaney tenha tirado um pouco do brilho da direção de Browning, que é menos inspirada do que o trabalho de George Melford na versão espanhola, filmada simultaneamente (e, ainda por cima, nos mesmos cenários) - no entanto, o segundo sofre com a falta de um Drácula icônico e
com o fato de seguir à risca o roteiro, enquanto o Drácula falado em inglês foi consideravelmente reduzido por uma edição que cortou 20 minutos de excessos. Pré-histórico em suas técnicas cinematográficas e preso a um roteiro limitado, o filme de Browning ainda consegue conservar boa parte de sua atmosfera decadente e sinistra ao jogar luz (literalmente, através de pequenos feixes luminosos que apontam para seus olhos malévolos) sobre a atuação de Lugosi como o vampiro, que transforma cada sílaba em uma ameaça com seu sotaque húngaro em frases como: "Crianças da noite, consegue ouvi-las?" ou "Eu nunca bebo vinho!". O filme começa de forma magnífica, com um trecho de "O lago dos cisnes" e uma carruagem caindo aos pedaços que leva o agente imobiliário Renfield (Dwight Frye) para o castelo Infestado de teias de aranhas e animais (como um tatu dentro de uma cripta). Drácula passa por uma cortina de teias, contorcendo-se de desejo por sangue quando seu convidado abre um talho no dedo ao cortar um pão, e três vampiras sem alma atacam o desprevenido visitante. Depois que o roteiro resolve de forma decepcionante uma perigosa viagem marítima (trechos de imagens de arquivo) e o conde fixa residência em Londres, Lugosi se acalma. Porém Edward Van Sloan convence como o professor Abraham Van Helsing, o matador de vampiros, Helen Chandler está graciosa com Mina, a heroína que tem seu sangue sugado e é quase vampirizada, e Frye rouba absolutamente todas as cenas quando Reinfield se transforma em um gargalhante maníaco comedor de moscas. O castelo de Drácula - com seus cinco andares de janelas góticas - é o destaque da direção de arte, porém as cenas de Londres oferecem uma impressionante escadaria e catacumbas para o covil inglês do conde. Browning, no entanto, desaponta no último minuto, com um clímax fraco em que o vampiro é derrotado com muita facilidade, sua morte representada por um grunhido em off depois de ele ser empalado. KN (1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 055)

#016 1931 DRÁCULA (Dracula, EUA)
Direção: Tod Browning
Roteiro: Hamilton Deane, John L. Balderston (baseado na obra de Bram Stoker)
Produção: Carl Laemmle Jr., Tod Browning, E.M. Asher (Produtor Associado)
Elenco: Bela Lugosi, Helen Chandler, David Manners, Dwight Frye

O primeiro filme falado da minha lista é Drácula, über clássico de 1931, que elevou o ator húngaro Bela Lugosi ao estrelato do cinema de terror e deu início oficial a safra dos filmes de monstro da Universal. O fotógrafo Karl Freund tinha uma vasta experiência no expressionismo alemão e o diretor Tod Browning era o rei dos filmes de terror grotescos de Hollywood. Unindo as duas correntes do cinema de horror do mundo, tivemos esse resultado sinistro e eterno. Produzido por Carl Laemmle, Drácula finalmente traz às telas a história oficial de Bram Stoker, sem perrengues judiciais como aconteceu com o Nosferatu – Uma Sinfonia de Horror de Murnau. Mas na verdade, o filme é baseado na peça, em cartaz na época, e não uma adaptação ipsis litteris do livro. Afinal é só ler a obra e assistir ao filme, que você verá as diferenças gritantes.A história é a velha conhecida do público: Renfield, corretor de imóveis vai até a Transilvânia, encontrar o conde Drácula em seu castelo, que tem interesse em comprar a abandonada Abadia de Cairfax em Londres. Como todo mundo está careca de saber, Drácula é um vampiro que começa a espalhar o terror e seduzir as inocentes londrinas na busca por saciar sua sede se sangue. Seu rastro de horror só é interrompido quando o intrépido professor Abraham Van Helsing descobre a obscura verdade sobre o conde. Drácula foi o responsável por colocar no imaginário popular a figura do conde aristocrata, vestido com sua longa capa negra e todo seu charme galante, hipnotizando as jovens virginais, transformando sua necessidade vital por sangue em um ato quase sexual. E introduziu a sua famosa capacidade transmorfa de se transformar em morcegos ou lobos. Bela Lugosi deixou sua marca na história do cinema, com seu carregado sotaque húngaro, mas não era a primeira opção do diretor Tod Browning para o papel, que queria dá-lo a Lon Chaney, de O Corcunda de Notre Dame e O Fantasma da Ópera, antigo parceiro do diretor, que acabou morrendo de forma prematura. Lugosi era o intérprete do conde na peça da Broadway e acabou tornando-se a escolha óbvia. O olhar penetrante e hipnótico de Drácula, graças a um feixe de luz jogado sobre os olhos de Lugosi para acentuá-los, cada frase dita (“Há muitas coisas piores, esperando o homem, que a morte”) ou cada gesto feito, saem com seu peculiar tom ameaçador, dando aquele conhecido ar gótico ao personagem. Já o nêmesis de Drácula, o doutor holandês especialista no oculto, Van Helsing, infelizmente não é um antagonista à altura do vilão no filme, deixando a química bastante a desejar (assim como a sequência final, diga-se de passagem), diferente do que foi feito com maestria pela dupla Peter Cushing e Christopher Lee nos filmes da Hammer ou mesmo no novelão de Francis Ford Coppola com Gary Oldman e Anthony Hopkins. Mas quem rouba a cena é mesmo Dwight Frye como Renfield, totalmente lunático após sua volta da estada no castelo do morto-vivo, com sua fome por insetos e aranhas, dando já um gostinho de como os loucos de pedra poderiam fazer a diferença no cinema de horror em tempos vindouros. Obrigatório!
FONTE: http://101horrormovies.com/



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