Direção: Irving Pichel,
Ernest B. Schoedsack
Roteiro: James
Ashmore Creelman, Richard Connell (história)
Produção: Merian
C. Cooper (produtor associado), David O. Selznick (produtor executivo)
Elenco: Joel
McCrea, Fay Wray, Robert Armstrong, Leslie Banks, Noble Johnson
Aqui mais uma caso raro do título
em português, mesmo que seja uma tradução completamente diferente do original,
ficar muito bacana: Zaroff – O Caçador de Vidas. Fale se não dá vontade de
assistir só por esse nome naipe? Mas esse não é o único motivo não. Trata-se de
um filme deveras interessante. Lógico que as produções de terror da RKO Radio
Pictures, não tinham o mesmo glamour e até a mesma grana da Universal ou da
MGM. Zaroff – O Caçador de Vidas teve um orçamento estimulado em
pouco mais de 218 mil dólares, o que o caracteriza como um filme B. Mas o
interessante é notar certo elementos congruentes que fizeram o filme funcionar.
Primeiro é a presença de Ernest B. Schoedsack como um dos diretores e Merian C.
Cooper como produtor executivo. Para quem não conhece esse nome, eles foram
responsáveis nada mais, nada menos pelo King Kong original, lançado no ano seguinte.
Então aqui já começamos a perceber um esboço do que seria a tônica do filme do
gorila gigante (sem levar em consideração o quesito efeitos especiais) e o
fetiche dos dois pela selva, já que o filme também tem a mata como pano de
fundo. E tão forte quanto o fetiche pela floresta, é o fetiche pela ideia da
pobre garota em perigo, aqui também interpretada por Fay Wray (a loira
paixonite do gorilão no filme seguinte), e o do homem másculo e intrépido que é
o verdadeiro herói e a salva de todas as terríveis situações, nesse caso, Joel
McCrea que interpreta o protagonista Bob Rainsford. Ele está lá passando por
todas as provações da selva para salvar a indefesa Eve das garras do nefasto
Conde Zaroff, pulando cipó, galhos, atravessando troncos e cachoeiras. E
falando em Conde Zaroff, ele sim é a cereja do bolo. Personagem demente, muito
bem construído por Leslie Banks, que tem um único prazer na vida: matar.
Caçador entediado, descobriu que o jogo mais perigoso (título original do
filme) e que mais lhe causa tesão, é caçar seres humanos como se fossem
animais. E para atrair essas pessoas para sua ilha playground, ele prepara
uma armadilha com as sinalizações no mar trocadas para que os navios acabem
naufragando perto da costa, infestada de tubarões, e assim acolha os
sobreviventes, apenas para colocá-los como alvo da sua diversão doentia. Zaroff
é puro exagero. Desde seus trejeitos faciais, até seu carregado sotaque russo,
comparsas cossacos como Ivan e a cicatriz que tem na testa, que conseguiu em
uma caçada que quase foi mal sucedida, e vive esfregando-a. Mas ele pelo menos
imprime um pouco de personalidade ao filme, diferente dos outros personagens,
como o próprio Rainsford, que também é caçador e sabe dos meandros para
sobreviver do jogo planejado por Zaroff. Até há tempo para uma lição de moral,
quando a presa encurralada, solta um: “agora eu sei como os animais que eu caço
se sentem”. Juro para vocês que torci pelo Zaroff durante o filme todo! Outro
detalhe interessante é como os diretores utilizaram alguns recursos de
sobreposição de imagem para misturar um efeito de tridimensionalidade do
cenário em primeiro plano com suas perspectivas de fundo. Como nas cenas da
cachoeira ou então quando estão adentrando a selva a o castelo desenhado de
Zaroff ao fundo. Fora isso, na mesma cena do embate da cachoeira, vê se uma
nítida tentativa de imitar o expressionismo alemão e o cinema mudo em modo
geral, com uma extensa cena sem diálogos, apenas acompanhada pela tensa trilha
sonora de Max Steiner, e closes dos vilões se regozijando e da mocinha
assustada de olhos arregalados e boquiaberta. Puro truque. O problema é que o
roteiro cai no óbvio, e quando o herói cai derrotado pelo russo louco, você
sabe que logo menos ele vai aparecer vivo, porque imagine que o filme ia dar a
vitória para o bandido? Mas além de claramente ser um filme de
produtor, Zaroff – O Caçador de Vidas é bem dinâmico, tiro curto, e
muitíssimo interessante de assistir.
FONTE:
http://101horrormovies.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário