terça-feira, 19 de agosto de 2014

050 1931 ALMA NO LODO (EUA, LITLE CAESAR)

DIREÇÃO: Mervyn LeRoy
Roteiro: Francis Edward Faragoh, Robert N. Lee, baseado no livro de W. R. Burnett
Fotografia: Tony Gaudio
Música: Erno Ra pee
ELENCO: Edward G. Robinson, Douglas Fairbanks Jr., Glenda Farrell, William Coilier Jr., Sidney Blackmer, Ralph Lince, Thomas E. Jackson, Stanley Field, Maurice Black, George E. Stone, Armand Kaliz, Nicholas Bela

Indicação ao Oscar: Francis Edward Faragoh, Robert N. Lee (roteiro)

COMENTÁRIO:
Os gêneros cinematográficos podem ajudar a entender a história e interpretar períodos distintos. Assim, Alma no lodo, de Mervyn LeRoy, foi fundamental para definir o filme de gãngster ao mesmo tempo que servia de alegoria para as condições de produção da época, pois foi produzido durante a Depressão. O filme é marcado por uma paranoia generalizada sobre a realização pessoal diante da devastação econômica. A mistura desse tema com o da necessidade de aceitação social do começo da década de 30
mostra que o clássico de LeRoy é muito mais do que a simples soma de suas partes.
Caesar "Rico" Bandello (Edward G. Robinson) é um ladrão pé-de-chinelo que tem um parceiro chamado Joe (Douglas Fairbanks Jr.). Vislumbrando um futuro sem perspectivas, ele se muda para o coração de Chigaco, onde Joe se torna um comediante e se apaixona por uma dançarina chamada Olga (Glenda Farrell). Por outro lado, Rico flerta com a "boa vida" e passa a gostar dela. Dono de uma crueldade psicótica, ele se torna aos poucos o novo chefão do crime antes de finalmente sucumbir a um ego Intempestivo e à polícia, que destrói sua organização. Alvejado e morrendo sob um anúncio do espetáculo de Joe e Olga, Rico balbucia algumas palavras finais sobre autodeterminação, frisando que nunca será pego por ter vivido de acordo com suas ambições. Para as plateias, aquilo que matou Rico era uma referência clara às tensões mundiais da época. Limitado por sua própria estrutura, mas não atenuado pela censura num período anterior ao Código de Produção da PCA, Alma no Lodo oferece uma visão sarcástica da livre iniciativa levada ao extremo. Se visto sob as lentes da história e sob o foco do lucro ilícito, é a consequência natural do colapso de Wall Street, ele mesmo resultado de regulação precária, especulação maciça e histeria manipulada para beneficiar poucos à custa de muitos.

No afã de conseguir uma fatia maior do bolo, Rico representa o desejo de afirmação e busca o sucesso em um mundo indiferente a todo o resto. Ao mesmo tempo aterrorizando inocentes e devastando a sociedade que deseja controlar, ele acaba jogando sombras homicidas sobre sua necessidade de poder neste filme inspirador do começo da era sonora. (1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 050)

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