Direção: Paul Leni
Roteiro: Robert F. Hill,
Alfred A. Cohn (adaptado da peça de John Willard)
Produção: Paul Kohner
Elenco: Laura
La Plante, Creighton Hale, Forrest Stanley, Tully Marshall, Gertrude
Astor
Em O Gato e o
Canário, o diretor Paul Leni realiza aqui a sua primeira produção em
solo americano, produzida pela Universal de Carl Laemmle, imprensado
entre O Gabinete das Figuras de Cera dirigido em sua Alemanha
natal, e seu grande sucesso, O Homem que Ri.
E posso afirmar que essa fita é uma espécie de gênese do filme de casas mal
assombradas, mesmo que seja mais um expediente subentendido do que explícito, e
tenha boas doses de mistério, pendendo mais para o suspense. Utilizando toda a
atmosfera do expressionismo alemão, escola de Leni, O Gato e o
Canário, baseado na peça da Broadway, mistura elementos de terror,
suspense, humor negro, atuações exageradas, um casarão provável lar de
fantasmas, e uma trama que depois se tornaria uma espécie de clichê: herdeiros
reunidos em uma mansão velha e caindo aos pedaços, sedentos por uma herança e
vítimas das excentricidades de um antigo familiar morto e de um misterioso
assassino movido pela ganância. O milionário Cyrus West passa os últimos dias
de sua vida recluso em sua mansão, dado como louco por todos seus parentes
ambiciosos, que ficam como gatos em volta de um canário, esperando o velho
bater as botas para colocar as mãos na sua herança. Porém quando ele
morre, trollando geral, West define que seu advogado, Roger Crosby,
só ira ler seu testamento 20 anos após sua morte. Na data marcada, a sinistra
governanta Mammy Pleasent e o advogado recebem todos os herdeiros que deverão
passar a noite na assustadora mansão, onde os ditos populares dão como certeza
que é habitada por fantasmas. Para a leitura do testamento, reúnem-se o
sobrinho de West, Harry Blythe, Charlie Wilder, Paul Jones, Cecil Young e a tia
Susan Silsby e a bela e jovem sobrinha Annabelle West, parente mas distante de
West, que é a felizarda da vez e ficará com a bolada, segundo o testamento. Porém,
o último desejo do velho morto é que ela seja analisada por um médico
psiquiatra naquela noite e ele deverá atestar a sanidade da garota, caso
contrário, outro nome dentro de um envelope extra no poder de Crosby, será o
recompensado com a fortuna. Claro que isso já dá pano para a manga onde uma
intrincada teia de acontecimentos, obviamente arquitetados por aquele que tem
seu nome no segundo envelope, mas que só será revelada sua identidade no final,
que tentará de qualquer forma levar a pobre e indefesa mocinha às raias da
loucura e impedir que ela fique com a grana. Para isso, ele usará de artifícios
assustadores e nada ortodoxos, como começar a dar cabo dos ali presentes,
iniciando pelo advogado, e aparecendo como vulto nas sombras do casarão,
utilizando passagens secretas nas paredes e espreitando na penumbra com capa e
chapéu, além de longas garras nas mãos. O Gato e o Canário dá para o
gasto, e consegue manter uma boa dose de interesse na trama, mesmo que manjada nos
dias de hoje, e tem lá seus momentos assustadores, ajudado pelas interpretações
canastras dos atores, principalmente da pobre Annabelle, tão indefesa, e do
atrapalhado e meio bitolado interesse romântico, Paul. No final, acaba
parecendo uma daqueles episódios do desenho do Scooby Doo sabe, onde o bandido
é encurralado pela turma e por um bando de policiais, até a máscara ser
retirada de seu rosto e conhecermos sua verdadeira identidade? Em 1939 ganhou
uma refilmagem “terrir”, que seria responsável por catapultar o comediante Bob
Hope ao estrelato.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/12/11-o-gato-e-o-canario-1927/
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