Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Eliot Stannard
(baseado no livro de Marie Belloc Lowndes)
Produção: Michael
Balcon, Carlyle Blackwell
Elenco: Marie
Ault, Arthur Chesney, June, Malcom Keen, Ivor Novello
O Pensionista é
o terceiro filme do mestre do suspense Alfred Hitchcock, que muita gente não
sabe, começou sua carreira durante a época do cinema mudo. Na realidade o
diretor considerava essa fase como importantíssima para que ele dominasse as
linguagens cinematográficas e tornar-se um perfeccionista pela imagem, já que o
som nos filmes, segundo ele, era apenas consequência. Apesar de ser o terceiro
filme assinado pelo diretor inglês, os outros dois se perderam quase por
completo, só se conhecendo fragmentos de ambos. O Pensionista foi o
primeiro no qual ele conseguiu impor um estilo criativo, como ele mesmo disse
na famosa entrevista dada para outros grande cineasta, François Truffaut. E
grande parte desse domínio, Hitchcock credita ao fato de ter passado um período
fazendo “estágio” em estúdios alemães. Por isso, é muito perceptível a
influência do expressionismo alemão na execução narrativa e visual de O
Pensionista, na construção das cenas, na montagem, utilização do jogo de luz e
sombra e na forma de interpretação dos personagens, tanto do suposto vilão
quanto da mocinha e de seu interesse amoroso. Baseado no livro de Marie Belloc
Lowndes, inspirado na histeria causada no final do século XIX pelos crimes de
Jack, O Estripador (seu último assassinato antes de desaparecer foi em novembro
de 1888, o livro é de 1913 e o filme de 1927), a trama conta a história de um
misterioso assassino de louras (sempre elas, não é, Sr. Hitchcock?) nas
penumbras das ruas de Londres, provocando um clima de pânico descontrolado na
cidade. O metódico serial killer,
que dá cabo das platinadas toda terça-feira à noite, é conhecido como Vingador,
e sempre deixa um bilhete assinado em todas as suas vítimas. Isso faz com que
as garotas comecem a se precaver e algumas até utilizam cachos de cabelo moreno
por baixo dos chapéus. Nesse período conturbado, um novo inquilino se muda para
uma pensão no centro e começa a levantar suspeitas do senhorio, o casal
Bunting, principalmente quando ele começa a se envolver com sua filha Daisy,
que, adivinhem só a cor das madeixas? O pior é que Daisy corresponde,
apaixonando-se pelo inquilino, deixando louco de ciúmes o detetive Joe, que tem
uma queda pela mocinha e começa a investigar o pensionista, também suspeitando
dele. E Hitchcock brinca muito bem com esse fato de dar toda a pinta que ele é
o assassino, mas será que é mesmo? Em O Pensionista, o diretor já começa a
mostrar lampejos de sua genialidade e a capacidade em criar cenas de verdadeiro
pânico e suspense, que seria marca registrada e o consagraria com um dos
melhores cineastas da história da sétima arte, utilizando muito bem a
construção das sequências, mesmo derrapando em dar mais ênfase para o triângulo
amoroso do que a investigação em si. Mas consegue manter sempre a dúvida sobre
a verdadeira identidade do assassino, sua motivação e principalmente, usa todos
os recursos visuais para suprir a falta de diálogos e de som para ajudar a
assustar os espectadores.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/14/14-o-pensionista-1927/
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