Direção: Sidney
Hayers
Roteiro: George
Baxt
Produção: Samuel
Z. Arkoff, Leslie Parkyn, Julian White, Norman Priggeon (Produtor Associado)
Elenco: Anton
Diffring, Erika Remberg, Yvonne Monlaur, Donald Pleasence, Jane Hylton
Você curte circo? E curte filmes
de terror? Então você vai adorar Circo dos
Horrores. Agora como eu sempre achei circo uma coisa sacal, a
produção britânica dirigida por Sidney Hayers para mim acaba se tornando bem
maleta. Sabe, você está assistindo ao filme, ligado na trama, esperando ver
mortes e sangue, e aí perde preciosos tempos da metragem exibindo malabaristas,
palhaços, domadores, trapezistas, equilibristas e tudo mais. Eu acho tudo isso
um porre. Nunca gostei de circo, nem quando era criança, não é agora depois de
marmanjo que vou gostar, ainda mais em um filme de terror. Mas assim, não leve
em consideração meu ranço por circos, não. Esta produção da Anglo-Amalgamated,
de Nat Cohen, que tem o toque de Samuel Z. Arkoff como produtor é um belo
de um filme, muito bem dirigido por Hayer, com excelentes atuações de Anton
Driffing (famoso por seu papel em O Homem que Enganou a Morte), com sua bipolaridade onde uma
hora é um bom médico e na outra um louco vingativo, belíssimas atrizes ao
melhor estilo sixties, aparecendo sempre com pouquíssima roupa, e
maquiagem primorosa de Trevor Crole-Rees, principalmente quando mostra uma
batelada de mulheres com o rosto deformado. É tudo alto nível mesmo, tirando o
ataque de um urso de mentira e de um gorila que é claramente um homem
fantasiado com uma roupa de carnaval. Além de tudo isso, Circo dos
Horrores faz parte da chamada Sadian Trilogy, batizada pelo crítico
David Pirie, que são filmes ingleses de terror lançados entre 1959 e 1960, que
também conta com Horrores do Museu Negro e A Tortura do Medo, todos
funcionando como contraponto ao horror sobrenatural da Hammer, recheados de
sadismo, crueldade, violência e sexualidade. Diffring é o Dr. Rossiter,
brilhante cirurgião plástico que torna-se fugitivo da polícia quando realiza
uma operação que dá terrivelmente errado, transformando a bela Evelyn Morley
(Colette Wilde) em uma mulher com o rosto completamente desfigurado. Junto de
seus assistentes, os irmãos Angela e Martin (sendo que Angela é perdidamente
apaixonada por Rossiter), ele foge da Inglaterra para o continente, com um novo
rosto operado, troca seu nome para Dr. Schuller e conhece no meio da sua
escapada, Vanet (interpretado por Donald Pleasence, o eterno Dr. Loomis, nêmese
de Michael Myers emHalloween – A Noite do Terror e suas sequências), um
bêbado proprietário de um circo decadente de beira de estrada. Vanet tem uma
filha deformada, a singela Nicole (interpretada quando criança por Carol
Challoner e Yvonne Monlaur quando adulta), a qual Schuler / Rossiter faz uma
bem sucedida operação, deixando Vanet eternamente grato por ter ajudado sua
filha. Vanet então o faz de sócio em seu circo, mas é prontamente assassinado
pelo seu urso dançarino, com o qual tenta puxar uma valsa enquanto está
trêbado. Foi um acidente, mas Schuler nega prestar socorro ao homem, já
maquinando ficar com o circo só para ele. Essa é a cena tosca do urso de
mentira, tipo aqueles empalhados, matando o pobre pinguço. Passa-se dez anos (e
ninguém envelhece, somente Nicole, que de criança vira uma ninfeta, e nem uma
ruga ou cabelo branco cresce nos demais personagens) e o Circo Schuler vira um
grande sucesso, reerguido e levando público em todos os lugares pelos quais
passa. Mas tem uma pequena diferença neste picadeiro: as artistas femininas são
formadas por ex-delinquentes, fugitivas, assassinas, prostitutas, todas
mulheres de boa índole, que em comum tem o rosto desfigurado, ou com cicatrizes
horríveis, ou por abusos masculinos (uma tem o rosto todo queimado de ácido).
Schule as opera, deixa todas estonteantemente lindas, construindo seu templo da
beleza particular, jogando um xaveco barato sobre a lenda grega de Pigmaleão,
rei do Chipre e escultor, que se apaixona por sua estátua perfeita, Galatea,
que ganha vida, e ainda prometendo serem as estrelas do espetáculo. Claro que
ele vai acabar comendo todas. Isso emputece a desiludida Angela. Só que todas
as garotas morrem em terríveis “acidentes” justamente quando tentam abandonar
Schuler ou seu circo. Ajudado convenientemente pelo banana do Martin. Uma má
reputação começa a rondar o show, que passa a ser chamado de Circo do Azar, por
conta de todas estas mortes “acidentais” (sempre com aspas) e ironicamente vai
atraindo mais e mais plateia que esperam ansiosas por estes acidentes. Ao
voltar para a Inglaterra em uma excursão, o circo chama a atenção da Scotland
Yard. Os Inspetor Arthur Ames (Conrad Phillips) se passando por um jornalista,
começa a frequentar os bastidores, além de ter um caso com Nicole, suspeita que
Schuler e Rossiter são a mesma pessoa. Até que ele planeja uma armadilha,
chamando Evelyn Morley para assistir a um espetáculo beneficente, a fim de
desmascarar o médico assassino. Há muitas cenas de brutalidade, para os padrões
da época, sem vergonha em derramar sangue vermelho vivo e mostrar garotas sendo
devoradas por leões, caindo do trapézio ou levando uma facada no pescoço
lançada pelo atirador de facas. Até sobra para Diffring quando um gorila que
ele vivia dando chicotadas agarra-o e rasga sua face. Esse gorila é o tal do
ator vestido de macaco, que parece saído de uma pegadinha com o Ivo Holanda. E
o final reservado para o vilão é deliciosamente trágico. Para mim,
se Circo dos Horrores mostrasse um pouco menos do “maior espetáculo
da terra”, seria muito melhor e não daria vontade de assistir algumas cenas
no fast-forward. Mas tenho que dar o braço a torcer pois é um bom filme em
todo seu contexto, uma espécie de protogenese do cinemaexploitation, dadas as
devidas propoerções, e deve ser visto. Muito melhor do que assistir qualquer
DVD do Cirque du Soleil, por exemplo!
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/04/06/129-circo-dos-horrores-1960/
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