sábado, 4 de outubro de 2014

102 1936 DAQUI A CEM ANOS (THINGS TO COME, Inglaterra)


Direção: William Cameron Menzies
Produção: Alexander Korda
Roteiro: H. G. Wells, baseado no seu livro The Shape of Things to Come.
Fotografia: Georges Périnal
Música: Arthur Bliss
Elenco:
Raymond Massey …………. John Cabal / Oswald Cabal
Edward Chapman …………. Pippa Passworthy / Raymond Passworthy
Ralph Richardson ……….. Rudolph – O Chefe
Margaretta Scott ……….. Roxana / Rowena

A versão para as telas de William Cameron Menzies das especulações de H. G. Wells sobre o futuro do  mundo depois que uma desastrosa Segunda Guerra Mundial arrasa a civilização europeia talvez seja o primeiro filme de ficção científica de verdade. Antes dele apenas Metrópolis (1926), de Fritz Lang, traz a mesma visão do futuro como consequencia das mudanças tecnológicas e da evolução política resultante delas. No entanto o filme de Lang não oferece, como aqui, uma análise detalhada do novo curso que a história pode vir a tomar. Na realidade, poucos filmes de ficção científica se preocupam como Daqui a cem anos, em mostrar uma profecia fictícia dentro de uma abordagem rigorosamente histórica. Isso talvez se dê pelo fato de o próprio Wells ter escrito o roteiro, baseando-se em ideias presentes em sua popular obra História Universal. Tanto Wells quanto Menzies não se interessaram em criar uma narrativa sustentada pelos personagens (todos os protagonistas representam Ideias importantes), de modo que para muitos, o filme parece frio e desinteressante, uma Impressão exacerbada pelo fato que a trama abranger um século inteiro da História. A segunda guerra europeia dura 35 anos e consegue destruir a maior parte do mundo, que retorna a algo parecido com o feudalismo sem lei do começo da Idade Média. O progresso humano, no entanto, é inevitável, graças ao fato de que o elemento intelectual e racional do homem sempre se mostra superior ao seu impulso inato para a autodestruição. Assim, Daqui a cem anos
uma interpretação mais otimista da teoria de Freud sobre o eterno conflito entre Eros e Tanatos, amor e morte, nas relações humanas. Como muitos escritores utópicos, Wells vê o futuro marcado significativamente pelo controle do homem sobre o ambiente. As sequências finais do filme, como em Metrópolis, são dominadas pelas imagens de uma cidade futurista. É na maneira como Menzies Ilda com esses aspectos arquitetônicos e de desenho de arte do filme que está sua mais importante e reveladora contribuição. Apesar da narrativa em episódios, Daqui a cem anos é visualmente espetacular, um precursor de outras obras de ficção científica que imaginam um futuro entre elas Blade Runner, o caçador de androides, de Ridley Scott. Apesar da presença de atores bem conhecidos (incluindo Raymond Massey, Cedric Hardwicke e Ralph Richardson), 0 que é mais notável neste filme incomum é seu compromisso com uma filosofia histórica e com a natureza humana. Ele retrata as ansiedades e  esperanças da Inglaterra da década de 30 com perfeição, prevendo de forma arrepiante o ataque que recairia sobre Londres apenas quatro anos depois do seu lançamento. RBP
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 102)

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