Direção:
William Cameron Menzies
Produção:
Alexander Korda
Roteiro: H. G. Wells, baseado no seu livro The Shape
of Things to Come.
Fotografia:
Georges Périnal
Música:
Arthur Bliss
Elenco:
Raymond Massey …………. John Cabal / Oswald Cabal
Edward Chapman …………. Pippa Passworthy / Raymond Passworthy
Ralph Richardson ……….. Rudolph – O Chefe
Margaretta Scott ……….. Roxana / Rowena
A
versão para as telas de William Cameron Menzies das especulações de H. G. Wells
sobre o futuro do mundo depois que uma
desastrosa Segunda Guerra Mundial arrasa a civilização europeia talvez seja o
primeiro filme de ficção científica de verdade. Antes dele apenas Metrópolis
(1926), de Fritz Lang, traz a mesma visão do futuro como consequencia das
mudanças tecnológicas e da evolução política resultante delas. No entanto o
filme de Lang não oferece, como aqui, uma análise detalhada do novo curso que a
história pode vir a tomar. Na realidade, poucos filmes de ficção científica se
preocupam como Daqui a cem anos, em mostrar uma profecia fictícia dentro de uma
abordagem rigorosamente histórica. Isso talvez se dê pelo fato de o próprio
Wells ter escrito o roteiro, baseando-se em ideias presentes em sua popular
obra História Universal. Tanto Wells quanto Menzies não se interessaram em
criar uma narrativa sustentada pelos personagens (todos os protagonistas
representam Ideias importantes), de modo que para muitos, o filme parece frio e
desinteressante, uma Impressão exacerbada pelo fato que a trama abranger um
século inteiro da História. A segunda guerra europeia dura 35 anos e consegue
destruir a maior parte do mundo, que retorna a algo parecido com o feudalismo
sem lei do começo da Idade Média. O progresso humano, no entanto, é inevitável,
graças ao fato de que o elemento intelectual e racional do homem sempre se
mostra superior ao seu impulso inato para a autodestruição. Assim, Daqui a cem
anos
uma
interpretação mais otimista da teoria de Freud sobre o eterno conflito entre
Eros e Tanatos, amor e morte, nas relações humanas. Como muitos escritores
utópicos, Wells vê o futuro marcado significativamente pelo controle do homem
sobre o ambiente. As sequências finais do filme, como em Metrópolis, são
dominadas pelas imagens de uma cidade futurista. É na maneira como Menzies Ilda
com esses aspectos arquitetônicos e de desenho de arte do filme que está sua
mais importante e reveladora contribuição. Apesar da narrativa em episódios,
Daqui a cem anos é visualmente espetacular, um precursor de outras obras de
ficção científica que imaginam um futuro entre elas Blade Runner, o caçador de
androides, de Ridley Scott. Apesar da presença de atores bem conhecidos
(incluindo Raymond Massey, Cedric Hardwicke e Ralph Richardson), 0 que é mais
notável neste filme incomum é seu compromisso com uma filosofia histórica e com
a natureza humana. Ele retrata as ansiedades e
esperanças da Inglaterra da década de 30 com perfeição, prevendo de
forma arrepiante o ataque que recairia sobre Londres apenas quatro anos depois
do seu lançamento. RBP
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 102)
Nenhum comentário:
Postar um comentário