Direção: Jean Renolr
Produção:
Albert Pinkovitch, Frank Rollmer
Roteiro:
jean Renolr, Charles Spaak
Fotografia:
Christian Matras
Música:
Joseph Kosma
Elenco:
Jean
Gabin ………….. Marechal
Dita
Parlo ……………. Elsa
Pierre Fresnay ……… Capitão de Boeldieu
Erich von Stroheim … Capitão von Rauffenstein
Julien Carette ……….. Cartier
Georges
Péclet ……… Metalurgico
Indicação
ao Oscar: Frank Rollmer, Albert Pinkovitch (melhor filme)
Festival
de Veneza: Jean Renoir (contribuição artística), Jean Renoir, indicação (Troféu
Mussolini)
Às
vezes, somente diante dos horrores da guerra percebemos as coisas que todos
temos em comum. Essa ironia humanista é o conceito central por trás de A grande
ilusão, a obra prima de Jean Renoir, um filme que se passa durante a Primeira
Guerra Mundial e enxerga leviandade e fraternidade em um campo de prisioneiros
alemão. O tenente Marechal (Jean Gabin) e o capitão De Boeldiet (Pierre
Fresnay) são dois oficiais franceses que lidam com seus homens da melhor forma
que a situação permite, sob o olhar vigilante do educado comandante alemão von
Rauffenstein (Erich von Stroheim). Eles desenvolvem uma imagem espelhada na
sociedade aristocrática, que se baseia na honra e na ordem, um sistema
protocolar de respeito mútuo baseado por sua vez em anos de tradição. No
entanto, isso é apenas um oásis - ou, mais especificamente, uma miragem – em meio
a um conflito devastador. Daí o título do filme: a grande ilusão é que, de
alguma forma, a classe e a formação desses oficiais os coloca acima da
banalidade da guerra, na qual as balas não sabem diferenciar uma linhagem da
outra. Eles cavam Incansavelmente um túnel para fugir, sem pensar que, assim
que voltarem à liberdade, a falsa camaradagem incentivada pelo cárcere voltará
a dar lugar à dura realidade da vida. Um dos mais pungentes aspectos de A
grande ilusão é a sensação de que os personagens centrais compreendem multo bem
essa verdade, porém, subconscientemente, desejam que as coisas sejam
diferentes. Fica claro que o melancólico comandante de von Stroheim gostaria de
estar se socializando com os oficiais franceses sob outras circunstâncias menos
críticas. No campo de prisioneiros, Rosenthal (Matcel Dalio) é um dos
companheiras. Lá fora, é apenas um judeu, um chocante lembrete dos horrores iminentes
da Segunda Guerra Mundial. Os alemães proibiriam A grande ilusão durante sua
ocupação da França, tamanha a eficiência da sempre atual visão humanista do filme.
O fato de esta extraordinária obra de Renoir, com todos os seus personagens memoráveis,
temas instigantes e diálogos cativantes, ter corrido o risco de se perder para sempre
por conta de seu ponto de vista político é uma prova contundente do poder do
cinema e da capacidade da ficção de transmitir os tipos de verdades profundas e
orientações morais que usamos - e das quais necessitamos - para guiar nossas
vidas. JKI
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 106)
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