quinta-feira, 9 de outubro de 2014

106 1937 A GRANDE ILUSÃO (LA GRANDE ILLUSION, França)


Direção: Jean Renolr
Produção: Albert Pinkovitch, Frank Rollmer
Roteiro: jean Renolr, Charles Spaak
Fotografia: Christian Matras
Música: Joseph Kosma
Elenco:
Jean Gabin ………….. Marechal
Dita Parlo ……………. Elsa
Pierre Fresnay ……… Capitão de Boeldieu
Erich von Stroheim … Capitão von Rauffenstein
Julien Carette ……….. Cartier
Georges Péclet ……… Metalurgico

Indicação ao Oscar: Frank Rollmer, Albert Pinkovitch (melhor filme)
Festival de Veneza: Jean Renoir (contribuição artística), Jean Renoir, indicação (Troféu Mussolini)

Às vezes, somente diante dos horrores da guerra percebemos as coisas que todos temos em comum. Essa ironia humanista é o conceito central por trás de A grande ilusão, a obra prima de Jean Renoir, um filme que se passa durante a Primeira Guerra Mundial e enxerga leviandade e fraternidade em um campo de prisioneiros alemão. O tenente Marechal (Jean Gabin) e o capitão De Boeldiet (Pierre Fresnay) são dois oficiais franceses que lidam com seus homens da melhor forma que a situação permite, sob o olhar vigilante do educado comandante alemão von Rauffenstein (Erich von Stroheim). Eles desenvolvem uma imagem espelhada na sociedade aristocrática, que se baseia na honra e na ordem, um sistema protocolar de respeito mútuo baseado por sua vez em anos de tradição. No entanto, isso é apenas um oásis - ou, mais especificamente, uma miragem – em meio a um conflito devastador. Daí o título do filme: a grande ilusão é que, de alguma forma, a classe e a formação desses oficiais os coloca acima da banalidade da guerra, na qual as balas não sabem diferenciar uma linhagem da outra. Eles cavam Incansavelmente um túnel para fugir, sem pensar que, assim que voltarem à liberdade, a falsa camaradagem incentivada pelo cárcere voltará a dar lugar à dura realidade da vida. Um dos mais pungentes aspectos de A grande ilusão é a sensação de que os personagens centrais compreendem multo bem essa verdade, porém, subconscientemente, desejam que as coisas sejam diferentes. Fica claro que o melancólico comandante de von Stroheim gostaria de estar se socializando com os oficiais franceses sob outras circunstâncias menos críticas. No campo de prisioneiros, Rosenthal (Matcel Dalio) é um dos companheiras. Lá fora, é apenas um judeu, um chocante lembrete dos horrores iminentes da Segunda Guerra Mundial. Os alemães proibiriam A grande ilusão durante sua ocupação da França, tamanha a eficiência da sempre atual visão humanista do filme. O fato de esta extraordinária obra de Renoir, com todos os seus personagens memoráveis, temas instigantes e diálogos cativantes, ter corrido o risco de se perder para sempre por conta de seu ponto de vista político é uma prova contundente do poder do cinema e da capacidade da ficção de transmitir os tipos de verdades profundas e orientações morais que usamos - e das quais necessitamos - para guiar nossas vidas. JKI

(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 106)

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