Direção:
Leo McCarey
Produção: Leo McCarey, Adolph Zukor
Roteiro: Vina Delmar, baseado no livro The Years Are
So Long, de Josephine Lawrence.
Fotografia: William C. Mellor
Música: George Anthell, Victor Young, Sam Coslow, Leo
Robin, Jean Schwartz
Elenco:
Victor Moore ………….. Barkley ‘Pa’ Cooper
Beulah Bondi ………….Lucy ‘Ma’ Cooper
Fay Bainter …………… Anita Cooper
Thomas Mitchell ………George Cooper
Porter Hall …………… Harvey Chase
Barbara Read …………Rhoda Cooper
Nesta
singular obra-prima de um dos maiores diretores americanos, Victor Moore e Beulah
Bondi interpretam Bark e Lucy Cooper, um casal de idosos que se encontra diante
de um desastre financeiro e é forçado a se entregar à mercê dos seus filhos de meia-idade.
A primeira atitude dos filhos é separar os dois para que possam dividir a inconveniência
de hospedá-los. Aos poucos, a auto-estima e a dignidade dos idosos é dilapidada,
até se submeterem a um acordo pelo qual um deles ficaria em uma casa de repouso
em Nova York e o outro Iria para a Califórnia. A direção de Leo McCarey em A
cruz dos anos supera qualquer elogio. Todas as interpretações são expansivas e
naturais e a generosidade que McCarey dispensa aos seus personagens não conhece
limites. Ele demonstra uma rara noção de quando cortar do casal central para
revelar as atitudes das outras pessoas, sem sugerir que a compaixão deles é
condescendente ou que a sua indiferença é cruel, e sem nos forçar às lágrimas
ou à indignação (o que seria uma forma de penalizá-los). Não há nada de artificial
na maneira como McCarey lida com a história, portanto não há como escapar de
sua pungência. Dois exemplos bastam para Ilustrar a extraordinária elegância do
filme. Durante a dolorosa sequência em que a presença de Lucy, sem querer,
atrapalha a tentativa de sua nora de reunir amigos para jogar bridge em sua
casa, ela recebe uma ligação de Bark. Por ela falar multo alto ao telefone -
uma das várias características irritantes que McCarey e a roteirista Vina
Delmar não hesitam em dar ao casal de Idosos -, os convidados interrompem seu
jogo de cartas para ouvir. Suas reações (não enfatizadas, apenas mostradas) são
uma mistura de irritação, desconforto e tristeza. A última parte do filme, que
se concentra na breve reunião e derradeiro idílio do casal em Manhattan, é
sublime. McCarey nos revela a compaixão dos estranhos (um vendedor de carros,
uma guardadora de casacos, um gerente de hotel, um cantor de banda), mas jamais
nos impõe as reações deles através de contraplanos supérfluos. Enquanto Isso,
Lucy e Bark são constantemente mostrados juntos dentro dos mesmos planos. Com
sua dedicação apaixonada ao universo íntimo dos dois, A cruz dos anos é verdadeira
e profundamente tocante.
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 109)
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