Direção: Peter
Jackson
Roteiro: Stephen
Sinclair, Frances Walsh, Peter Jackson
Produção: Jim Booth, Jaime Selkirk
(Produtor Associado)
Elenco: Timothy
Blame, Diana Peñalver, Elizabeth Moody, Ian Watkin
Fome Animal é o auge do cinema splatstick. Por mais
que filmes anteriores como Uma Noite Alucinante, Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivostenham se esforçado, Peter Jackson
aqui chuta o balde e leva esse título com honrarias, com uma produção
completamente nonsense, tosca, gore e nojenta. E você nem
consegue imaginar que alguns anos depois ele seria o responsável por adaptar a
trilogia O Senhor dos Aneis para as telas de cinema, produção que faturou 17
Oscars ao total. Acho que Fome Animal é o filme de terror mais
escatológico dessa lista, quiçá da história do gênero. É a maior quantidade de
podreira por película que eu já vi. Humor negro tão escrachado e surreal que
chega a ser hilário. Cinema bagaceira em sua forma mais criativa e sublime. Nas
locadoras da Suécia, quem alugava a fita levava um saco de vômito junto. Foi
banido (novidade!!!) e retalhado em diversos países, incluindo Alemanha,
Inglaterra (sempre a Inglaterra) e a Austrália. E não é para menos, foi gasto
cerca de mil litros de sangue de porco durante as filmagens, sendo que metade
disso se concentra somente na cena final. Você conhece o Macaco Rato da Sumatra?
Não? Nem eu. Mas ele é uma criatura tosca, que vive na ilha da Oceania e dizem
na boca pequena que é usado pelos nativos para praticar magia negra. Eis que um
zoológico de Wellington, capital da Nova Zelândia, quer levar o bicho para seu
quadro de animais. Pois bem, em Wellington mora Lionel, um mimado e tímido
filho de uma senhora controladora, Vera Cosgrove, daqueles que é criado com
leite com pera. Ele se envolve romanticamente com a quitandeira Paquita,
conforme estava escrito nas cartas do tarô. Aos saírem para um idílico passeio
ao zoológico, a mãe enxerida vai atrás para empatar o namoro dos dois e
acidentalmente acaba sendo mordida pelo animal escroto, não antes dele ter se
alimentado de um dos singelos macaquinhos do viveiro. E detalhe para a cena do
ataque do Macaco Rato da Sumatra, que é toda feita em stop-motion. Um
primor dos efeitos especiais. Só que ao contrário. E como consequência da
mordida do animal, Vera transforma-se em um zumbi e começa a espalhar a epidemia
por toda a cidade, caindo nas costas do pobre Lionel tentar segurar o ímpeto da
velha e impedir sua… fome animal. Para isso, ele tem a brilhante ideia de
tentar controlar, à base de tranquilizantes fornecidos por um veterinário
nazista (???!!!!) sua mãe e as outros zumbis, deixando-os confinados em sua
casa. E isso dá pano para uma infinidade de bizarrices, como o jantar que ele
prepara para os zumbis, ou colocá-los no porão para assistir televisão ou ouvir
ao rádio. E esse convívio social dos zumbis resulta até em uma relação sexual
entre a enfermeira zumbi e o padre zumbi, que geram um bebê zumbi
(!!!!!!!????), que Lionel leva para passear no parque. O filme é repleto de
momentos antológicos, que extrapolam todo e qualquer limite do bom senso.
Podemos destacar alguns, como a cena em que a presidenta da WLWL
(WellingtonLadies Wellfare League, algo como Liga do Bem-Estar das
Senhoras de Wellington) e seu marido vão almoçar na casa dos Cosgrove, enquanto
Vera vai literalmente caindo aos pedaços e soltando pus e sangue no prato de
sobremesa do convidado, que se delicia sem perceber o que está comendo e a
velha come sua própria orelha que cai em sua tigela. É para estômagos fortes. Ou
então quando um bando de zumbis punks faz arruaça no cemitério e o
padre local mostra-se um verdadeiro kickboxer, dando uma de Bruce Lee
lutando contra os mortos-vivos e distribuindo roundhouse kicks. E a
sequência final, que acontece quando o inescrupuloso tio de Lionel e irmão de
Vera, dá uma festa e todos ali são transformados em zumbi enquanto rola um
imenso banho de sangue, com direito a gente sendo trucidada pela máquina de
cortar grama. Uma coisa que bebe diretamente na fonte de Sam Raimi e seu A Morte do Demônio eUma
Noite Alucinante é a forma como o personagem de Lionel, que é um babaca no
começo do filme, vai se transformando em um porra louca conforme vai acabando
com a vida dos zumbis e sendo coberto de sangue e mais sangue até o fim do
terceiro ato. Se você é daqueles puritanos que só gosta de cinema de arte,
filmes cult, filosóficos, vindo do Irã ou do Paquistão, que discute as
dúvidas existencialistas da vida, passe muito, mas muito longe desse filme.
Porque capaz de você perder a fé na sétima arte. Agora se você é fã daquela
bela podreira, dá risada com situações nojentas e escabrosas e está pouco se
lixando com alguma profundidade do roteiro e só quer se divertir, Fome
Animal, mais um clássico do Cine Trash da Band, foi feito com todo carinho para
você.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/12/625-fome-animal-1992/
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