quinta-feira, 30 de outubro de 2014

#625 1992 FOME ANIMAL (Dead Alive / Braindead, Nova Zelândia)


Direção: Peter Jackson
Roteiro: Stephen Sinclair, Frances Walsh, Peter Jackson
Produção: Jim Booth, Jaime Selkirk (Produtor Associado)
Elenco: Timothy Blame, Diana Peñalver, Elizabeth Moody, Ian Watkin

Fome Animal é o auge do cinema splatstick. Por mais que filmes anteriores como Uma Noite AlucinanteRe-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivostenham se esforçado, Peter Jackson aqui chuta o balde e leva esse título com honrarias, com uma produção completamente nonsense, tosca, gore e nojenta. E você nem consegue imaginar que alguns anos depois ele seria o responsável por adaptar a trilogia O Senhor dos Aneis para as telas de cinema, produção que faturou 17 Oscars ao total. Acho que Fome Animal é o filme de terror mais escatológico dessa lista, quiçá da história do gênero. É a maior quantidade de podreira por película que eu já vi. Humor negro tão escrachado e surreal que chega a ser hilário. Cinema bagaceira em sua forma mais criativa e sublime. Nas locadoras da Suécia, quem alugava a fita levava um saco de vômito junto. Foi banido (novidade!!!) e retalhado em diversos países, incluindo Alemanha, Inglaterra (sempre a Inglaterra) e a Austrália. E não é para menos, foi gasto cerca de mil litros de sangue de porco durante as filmagens, sendo que metade disso se concentra somente na cena final. Você conhece o Macaco Rato da Sumatra? Não? Nem eu. Mas ele é uma criatura tosca, que vive na ilha da Oceania e dizem na boca pequena que é usado pelos nativos para praticar magia negra. Eis que um zoológico de Wellington, capital da Nova Zelândia, quer levar o bicho para seu quadro de animais. Pois bem, em Wellington mora Lionel, um mimado e tímido filho de uma senhora controladora, Vera Cosgrove, daqueles que é criado com leite com pera. Ele se envolve romanticamente com a quitandeira Paquita, conforme estava escrito nas cartas do tarô. Aos saírem para um idílico passeio ao zoológico, a mãe enxerida vai atrás para empatar o namoro dos dois e acidentalmente acaba sendo mordida pelo animal escroto, não antes dele ter se alimentado de um dos singelos macaquinhos do viveiro. E detalhe para a cena do ataque do Macaco Rato da Sumatra, que é toda feita em stop-motion. Um primor dos efeitos especiais. Só que ao contrário. E como consequência da mordida do animal, Vera transforma-se em um zumbi e começa a espalhar a epidemia por toda a cidade, caindo nas costas do pobre Lionel tentar segurar o ímpeto da velha e impedir sua… fome animal. Para isso, ele tem a brilhante ideia de tentar controlar, à base de tranquilizantes fornecidos por um veterinário nazista (???!!!!) sua mãe e as outros zumbis, deixando-os confinados em sua casa. E isso dá pano para uma infinidade de bizarrices, como o jantar que ele prepara para os zumbis, ou colocá-los no porão para assistir televisão ou ouvir ao rádio. E esse convívio social dos zumbis resulta até em uma relação sexual entre a enfermeira zumbi e o padre zumbi, que geram um bebê zumbi (!!!!!!!????), que Lionel leva para passear no parque. O filme é repleto de momentos antológicos, que extrapolam todo e qualquer limite do bom senso. Podemos destacar alguns, como a cena em que a presidenta da WLWL (WellingtonLadies Wellfare League, algo como Liga do Bem-Estar das Senhoras de Wellington) e seu marido vão almoçar na casa dos Cosgrove, enquanto Vera vai literalmente caindo aos pedaços e soltando pus e sangue no prato de sobremesa do convidado, que se delicia sem perceber o que está comendo e a velha come sua própria orelha que cai em sua tigela. É para estômagos fortes. Ou então quando um bando de zumbis punks faz arruaça no cemitério e o padre local mostra-se um verdadeiro kickboxer, dando uma de Bruce Lee lutando contra os mortos-vivos e distribuindo roundhouse kicks. E a sequência final, que acontece quando o inescrupuloso tio de Lionel e irmão de Vera, dá uma festa e todos ali são transformados em zumbi enquanto rola um imenso banho de sangue, com direito a gente sendo trucidada pela máquina de cortar grama. Uma coisa que bebe diretamente na fonte de Sam Raimi e seu A Morte do Demônio eUma Noite Alucinante é a forma como o personagem de Lionel, que é um babaca no começo do filme, vai se transformando em um porra louca conforme vai acabando com a vida dos zumbis e sendo coberto de sangue e mais sangue até o fim do terceiro ato. Se você é daqueles puritanos que só gosta de cinema de arte, filmes cult, filosóficos, vindo do Irã ou do Paquistão, que discute as dúvidas existencialistas da vida, passe muito, mas muito longe desse filme. Porque capaz de você perder a fé na sétima arte. Agora se você é fã daquela bela podreira, dá risada com situações nojentas e escabrosas e está pouco se lixando com alguma profundidade do roteiro e só quer se divertir, Fome Animal, mais um clássico do Cine Trash da Band, foi feito com todo carinho para você.
FONTE: https://101horrormovies.com/2015/03/12/625-fome-animal-1992/

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