Direção:
Victor Sjõstrõm
Produção:
Charles Magnusson
Roteiro:
Victor Sjõstrõm, baseado no livro de Selma Lagerlöf
Fotografia:
Julius Jaenzon
Elenco:
Victor
Sjöström ……….. David Holm
Hilda
Borgström ……….. Sra. Holm
Tore Svennberg ………… Georges
Astrid Holm …………… Edit
Concordia
Selander …….. Mãe de Edith
Lisa
Lundholm …………. Maria
SINOPSE E COMENTÁRIO:
Um
sucesso mundial quando lançado, A carruagem fantasma não só estabeleceu a fama
do diretor-escritor-ator Victor Sjõstrõm e a do cinema mudo sueco como também. Exerceu
uma bem documentada influência artística em muitos grandes diretores e Produtores.
O mais famoso elemento do filme é sem dúvida a representação do Mundo espiritual
como um aflitivo limbo entre o Céu e a Terra. A sequência em que o Protagonista
- o odioso e autodestrutivo alcoólatra David Holm (Sjõstrõm) - acorda à meia
noite do Ano-Novo apenas para olhar para o próprio cadáver, sabendo que está condenado
ao Inferno, é umas das mais citadas da história do cinema. Através de uma série
de sobreposições simples, porém trabalhosas e meticulosamente ensaiadas, o
cineasta, seu fotógrafo e o chefe do laboratório criaram a ilusão tridimensional
de um mundo fantasmagórico que foi além de qualquer coisa vista no cinema até
então. Mais importante, talvez, seja a narrativa complexa, porém acessível do
filme por meio de uma série de flashbacks - e até de flashbacks dentro de
flashbacks que eleva esta vigorosa história de pobreza e degradação à
excelência poética.Em comparação com as obras anteriores de Sjõstrõm, A
carruagem fantasma é uma Extensão teológica e filosófica dos temas sociais
apresentados em Ingeborg Holm, sua controversa estreia de 1913. Os dois filmes
retratam a paulatina destruição da dignidade humana em uma sociedade fria e
cruel, levando suas vítimas à brutalidade e à loucura. A conexão entre as duas
obras é reforçada pela presença de Hilda Borgstrõm, inesquecível como Ingeborg
Holm e, aqui, no papel de uma esposa atormentada – outra desesperada Sra. Holm.
Neste filme, ela novamente faz o papel da mãe pobre que se encaminha para o
suicídio ou para a vida em um hospício.
Passados
cerca de 80 anos, a ingenuidade religiosa que é central ao romance fielmente adaptado
de Selma Lagerlöf pode, vez por outra, levar ao riso um espectador leigo. Porém
as atuações contidas e "realistas" e o destino sombrio dos
personagens cujo desenlace é quase lógico, exceto o final melodramático -,
nunca deixam de impressionar. M T
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 010)
#003 1921 A CARRUAGEM FANTASMA (Körkarlen, Suécia)
Direção: Victor Sjöström
Roteiro: Victor Sjöström (baseado no livro de Selma Lagerlöf)
Produção: Charles Magnusson (não creditado)
Elenco: Victor Sjöström, Hilda Bogström, Tore Svennber, Astrid Holm
E seu eu lhe contasse que a cena mais famosa de O Iluminado, um dos grandes clássicos do terror, dirigido por um sujeito genial com Stanley Kubrick, que 11 em cada 10 fãs de cinema babam ovo, foi descaradamente copiada (ou inspirada, homenageada, ou sei lá como você queira chamar) de A Carruagem Fantasma, filme sueco de 1921? Pois é, quando você acha Jack Nicholson o máximo destruindo ensandecido uma porta à machadadas para pegar a esposa, o diretor Victor Sjöström já havia feito isso 60 anos antes, em uma cena praticamente I-DÊN-TI-CA! A Carruagem Fantasma é um dos grandes clássicos do cinema fantástico de todos os tempos. Aqui em 1921, apenas 26 anos depois da primeira exibição pública de imagens em movimentos dos irmãos Lumiére, já conseguimos vislumbrar todo o potencial que a sétima arte poderia chegar em seu futuro e como os efeitos especiais virariam parte importante do cinema. Essa produção não só foi responsável por colocar no mapa o diretor / escritor / ator Victor Sjöström e dar o pontapé inicial para o cinema mudo sueco, como também serviu de referência e inspiração para centenas de diretores, como por exemplo, além do próprio Kubrick, Steven Spielberg e Quentin Tarantino, que em determinado momento de suas carreiras, beberam na fonte do que A Carruagem Fantasma desbravou na longínqua década de 20. Pode parecer ingênuo e bobo ao se ver esse filme quase cem anos depois, ainda mais para a geração acostumada aos efeitos especiais de CG, ritmo alucinante e edição que as vezes pode causar até ataques epilépticos nos mais sensíveis. Mas Sjöström foi um baita visionário e percussor no clássico tipo de efeito especial que mostra um mundo etéreo e a presença de fantasmas. Utilizando uma série de sobreposição de imagens meticulosamente ensaiadas, o diretor sueco inventou a forma clássica do fantasma translúcido e impressionou plateias com sua carruagem vagando por estradas e mares e uma presença espectral atravessando portas e paredes. E como se não bastasse isso, ele institui uma narrativa não linear, absurdo para a época, dividindo o filme em cinco capítulos com tramas e histórias entrecortando-se entre si, passeando pelo presente e passado através de flashbacks e um verdadeiro vai e vem temporal. Isso tudo para contar uma história da degradação humana, de forma poética e redentora, muito me lembrando o famoso “Um Conto de Natal” de Charles Dickens. Aqui, baseado no livro de Selma Lagerlöf, somos apresentados a David Holm (interpretado pelo próprio Sjöström), um sujeito alcoólico que cai em desgraça, trazendo sofrimento e infortúnio para sua família e aqueles que se envolvem com ele, e precisa de um chacoalhão sobrenatural para resolver tomar rumo na vida. Chacoalhão esse dado pelo cocheiro da tal carruagem fantasma. Reza a lenda que a última pessoa que morrer na véspera do ano novo (eles não especificaram qual fuso horário que conta, mas enfim…) antes das doze badaladas do sino, está fadado a se tornar o cocheiro da morte e conduzir a carruagem durante todo o próximo ano, coletando corpos para levá-los a danação eterna. Holm envolve-se em uma confusão após se recusar a ver uma salvacionista do Exército da Salvação prestas a morrer, cuja qual ele humilhou e destratou durante todo o ano, após ter se entregado à bebida quando sua esposa, cansada das mazelas, o abandonou. Como se não bastasse, ela está com os dois pés na cova devido a uma pneumonia mortal contraída do próprio David. Nessa briga Holm é esfaqueado e cai morto pouco antes do ano novo começar, e daí o atual cocheiro passeia com ele por elipses de tempo e lugares para conhecermos toda a vida que esse sujeitinho desprezível levava antes de assumir o seu posto. E só o amor e a reparação de seus pecados que poderão salvá-lo desse infortúnio. Como todo o cinema mudo, A Carruagem Fantasma claramente envelheceu e ficou datado e limitado por sua idade. Principalmente o seu dilema moral teosófico, que hoje pouco importaria em um mundo tão sem sentido como esse que vivemos, e a ingenuidade gritante de seus personagens, como a pobre salvacionista, a abnegada Edit, que inexplicavelmente e sem nenhum motivo aparente ama de paixão o bastardo do David, mesmo sendo espinafrada e tratada com um lixo pelo beberrão. Mas é impressionante ver como o filme foi visualmente trabalhado, todo o seu misé-en-scene e principalmente a sua desconstrução cronológica.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/06/3-a-carruagem-fantasma-1921/
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