Direção: Robert J . Flaherty
Produção: Robert). Flaherty
Roteiro: Robert J . Flaherty
Fotografia: Robert J . Flaherty
Música: Stanley Silverman
Elenco: Nanook, Nyla, Cunayou, Allee, Allegoo, Berry Kroeger
(narrador -1939, relançamento)
A história do cinema "documentário" - uma abordagem que
geralmente imagina-se envolver o registro de uma realidade espontânea por parte
do cineasta - começa, na verdade, com a invenção do próprio cinema. No entanto,
o rótulo de "pai dos documentários" é habitualmente concedido a
Robert J . Flaherty. Criado perto da fronteira EUA-Canadá, desde pequeno
Flaherty adorava explorar as terras mais remotas e, depois de concluir os
estudos, foi trabalhar como garimpeiro no extremo norte do Canadá. Antes de uma
de suas viagens, alguém sugeriu que ele levasse uma câmera de cinema.No
decorrer dos anos seguintes, Flaherty filmaria horas de material tanto sobre a
terra como sobre seus habitantes e, em 1916, começou a mostrar suas gravações
em exibições particulares em Toronto. As filmagens foram recebidas com
entusiasmo, porém,quando Flaherty estava prestes a enviá-las para os Estados
Unidos, deixou cair uma cinza de cigarro sobre o negativo e todo ele - mais de
9 mil metros - pegou fogo. Flaherty levou anos para arrecadar fundos para
voltar ao norte e filmar novamente; quando conseguiu (graças aos irmãos Revillon, peleteiros
franceses), decidiu concentrar-se em Nanook. um famoso guerreiro inuíte.
Baseando-se nas lembranças do que havia filmado de melhor, Flaherty
"dirigiu" os acontecimentos que seriam incluídos no filme, entre eles
algumas coisas que Nanook fazia com frequência, algumas que nunca fizera
antes e outras que costumava fazer, mas há muito não fazia. O
resultado foi o profundamente influente - porém sempre controverso - Nanook, o
esquimó.
Uma série de de vinhetas que detalham a vida de Nanook e sua família
no decorrer de algumas semanas, o filme de Flaherty é uma espécie de ode
romântica à coragem e resistências humanas diante de uma natureza esmagadora e
essencialmente hostil, Apesar de Nanook ter a honra de dar nome ao filme, o que
muitos espectadores guardam na lembrança é a fúria arbitrária da paisagem
ártica. Na verdade, o filme ganhou um grande (para não dizer trágico) impulso
publicitário quando foi revelado que Nanook e sua família haviam de fato
morrido durante uma violenta nevasca pouco depois de o filme ser concluído, o
que dá à extraordinária e já poderosa última sequência na qual a família
procura abrigo de uma tempestade - uma terrível pungência. Muitos estudiosos de
cinema contemporâneos criticam o filme por boa parte dele parecer encenada para
a câmera - muitas vezes é quase possível ouvir Flaherty dando para Nanook e os
demais -, porém os muitos defensores da obra no decorrer dos anos, entre eles
André Bazin, apontam de forma inteligente que a mais notável conquista de
Flaherty é a maneira como ele parece captar a textura da vida cotidiana
daquelas pessoas. Os detalhes da caça à morsa - se são ou não usadas armas e
quando parecem menos importantes do que a decisão do diretor de simplesmente
acompanha em plano aberto o lento nado de Nanook em direção à sua presa. Se o
rosto radiante de Nanook enquanto aquece a mão do filho é uma atuação, então
ele é um dos maiores atores de cinema da história.
Independentemente de como você o classifique: documentário, ficção
ou uma espécie de híbrido -, Nanook, o esquimó continua sendo um dos poucos
filmes que merecem plenamente a alcunha de clássico. RP.
(1001 FILMES
PARA VER ANTES DE MORRER 014)
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