sábado, 15 de fevereiro de 2014

016 1923 HAXAN- A FEITIÇARIA ATRAVÉS DOS TEMPOS (HÄXAN, Dinamarca/Suécia)


Direção: Benjamin Christensen
Roteiro: Benjamin Christensen
Fotografia: Johan Ankerstjerne
Música: Launy Grondahl (1922), Emil Reesen (versão de 1941)
Elenco:
Maren Pedersen …………Heksen / A bruxa
Clara Pontoppidan ………Nonne / Nun
Elith Pio ………………… ..Heksedommer / Bruxo juíz
Oscar Stribolt ……………. Graabroder / Médico
John Andersen …………..Chefe inquisidor
Haxan - A feitiçaria através dos tempos, célebre "documentário" de 1922 do pioneiro cineasta dinamarquês Benjamin Christensen, é um bizarro filme mudo que explora as origens da feitiçaria e do satanismo desde a Pérsia antiga até os tempos modernos à época, utilizando vários recursos cinematográficos que incluem stills, maquetes e reconstituições de época. Trata-se de um filme difícil de definir, que desafia todas as convenções de gênero, especialmente aquelas do documentário, que, no começo da década de 1920, ainda eram amorfas e indistintas. Em parte um diligente exercício acadêmico que correlaciona medos remotos com interpretações equivocadas sobre doenças mentais e em parte um luxurioso filme de terror, Haxan é uma obra verdadeiramente única que ainda mantém o poder de aterrorizar mesmo na era anestesiada em que vivemos. Para dar vida ao seu tema, Christensen preenche os quadros com todas as imagens assustadoras que consegue evocar de registros históricos, muitas vezes misturando sem pudores fatos reais e fantasia. Vemos uma velha bruxa encarquilhada tirar a mão decepada e decomposta de alguém do meio de um feixe de gravetos. Há momentos chocantes em que testemunhamos uma mulher dar à luz dois enormes demônios, assistir a um sabá e ser longamente torturada por inquisidores. Acompanhamos uma interminável procissão de demônios de todos os tamanhos e formas, alguns mais ou menos humanos, outros quase totalmente animais - porcos, pássaros deformados, gatos e afins. Christensen foi certamente um visionário do cinema e tinha uma aguçada noção dos poderosos efeitos da mise-em-scène. Embora Haxan geralmente seja citado como um essencial precursor de filmes modernos sobre possessão demoníaca, como O exorcista (1973), ele também traz à mente O massacre da serra elétrica (1974) e seu eficiente uso de objetos cênicos e detalhes para criar uma atmosfera envolvente de violência em potencial. Haxan é um filme que deve ser visto mais de uma vez para que se aprecie a totalidade da cenografia - a utilização sinistra dos objetos de cena, os cenários claustrofóbicos e a iluminação chiaroscuro que ajuda a criar o clima. Não é de espantar que os surrealistas tenham gostado tanto desse filme e que ele tenha sobrevivido até o fim da década de 1960, quando foi relançado como midnight movie, com a narração de ninguém menos do que William S. Burroughs. J k e
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 016)




#004 1922 HÄXAN (Häxan, Suécia)
Direção: Benjamin Christensen
Roteiro: Benjamin Christensen
Elenco: Benjamin Christensen, Elisabeth Christensen, Maren Pedersen

Pense em um filme bizarro… Pois bem, esse filme é Häxan – A Feitiçaria Através dos Tempos. Uma mistura de documentário com filme didático, Häxan em seu começo parece um daqueles filmes feitos para o Telecurso 2000, testando a paciência do espectador com seu registro místico e histórico sobre… a feitiçaria através dos tempos, como seu próprio subtítulo informa, focando-se principalmente na estreita relação entre bruxas, demônios e toda a mentalidade estúpida da Igreja durante a Idade Média, que saía por aí queimando mulheres a torto e a direito. Mas com o passar do tempo, meu amigo, segure-se que o filme se transforma em uma heresia desenfreada. Häxan é um dos mais controversos e assombrosos filmes de terror da década de 20, combinando naturalismo com efeitos especiais, que passeia entre o tom documental, por se declarar como uma apresentação do ponto de vista cultural e histórico, e o tom aterrorizante e herege que vai nos jogar na frente dos olhos bruxaria, magia negra, superstições, e por aí vai. Não consigo imaginar o efeito que esse filme teve nas pessoas em plenos anos 20, mas com certeza é o mais próximo do que deve ter sido um filme transgressor na época.  Foi o Cannibal Holocaust ou o Serbian Film da sua geração. Tanto que foi até proibido em diversos países. Ninguém mais, ninguém menos que Satã aparece em cena como protagonista, tendo de ser interpretado pelo próprio diretor, com sua clássica imagem com chifres, barba e garras. E são vários os tipos de coisa-ruim que mostram sua cara no decorrer do longa. Soma-se a isso nudez, sexualidade, demônios assustadores fazendo sabás com bruxas que beijam seus traseiros, tortura, cárcere, açoite, um bebê usado para sacrifício e uma freira possuída e perseguida pelo tinhoso, tudo dividido em sete histórias. Cronologicamente, a trajetória de Häxan começa em 1488 e termina em 1922, sempre pontuando estudos de caso, seguindo o rastro da inquisição, possessão de freiras, sabás, e outras tentações e maledicências em geral. Isso tudo mostrando como fonte documentos, livros, diagramas e ilustrações, mantendo assim o lado educativo da coisa. Fora todo o impacto visual dos elementos que o diretor Benjamin Christensen coloca em tela, que vão desde as famosas caveiras e esqueletos, passando por insetos, répteis, roupas rasgadas, e os demônios em si, que serviram como ponto de referência para o gênero futuramente. Claro que os efeitos especiais são toscos vistos atualmente, com bruxas voando em vassouras e uso de stop-motion, além de hoje em dia para quem já viu a menina de O Exorcista descendo a escada ao contrário ou a garota em A Filha do Mal se retorcer, quebrando a própria coluna, o filme não impressiona. Mas o que conta é que a produção ousou lá atrás e abriu caminho para muitos filmes chutarem o balde dali para frente. Vale a pena ter um pouco de paciência e conferir Häxan – A Feitiçaria Através dos Tempos,produção de valor inestimável para o cinema de terror.
FONTE: http://101horrormovies.com/2012/11/07/3-haxan-a-feiticaria-atraves-dos-tempos/

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