domingo, 2 de fevereiro de 2014

#081 1955 A NOIVA DO MONSTRO (Bride of the Monster, EUA)


Direção: Edward D. Wood Jr.
Roteiro: Edward D. Wood Jr., Alex Gordon
Produção: Edward D. Wood Jr., Donald E. McCoy e Tony McCoy (Produtores Executivos)
Elenco: Bela Lugosi, Tor Johnson, Tony McCoy, Loretta King, Harvey B. Dunn

Bom, para aqueles que porventura não saibam, Edward D. Wood Jr., ou simplesmente Ed Wood, é considerado o pior cineasta de todos os tempos. Com isso você mais ou menos já sabe o que esperar deA Noiva do Monstro. Só que como muitas vezes acontecesse nesse meio, o pior acaba se tornando cultuado, e principalmente também graças a um filme biográfico dirigido por Tim Burton, onde Johnny Depp (ah, quem mais seria?) faz o papel do diretor, Wood pode ser imortalizado no Olimpo dos filmes B. Wood era fã declarado de filmes de horror, principalmente dos clássicos da Universal da década de 30, e também tiete confesso de Bela Lugosi, com quem trabalhou em dois filmes e meio (Lugosi viria a falecer durante as gravações do infame Plano 9 do Espaço Sideral, esse sim taxado o pior filme de todos os tempos). Seu sonho de ser diretor sempre passou por cima de qualquer problema estético, técnico e orçamentário, e todas os seus filmes foram feitos com uma mixórdia e com o que havia de mais precário em termos de efeitos especiais. E o pior problema de tudo era que Wood realmente levava seus filmes a sério. Pois bem, A Noiva do Monstro é na verdade, se podemos chamar assim, o menos pior dos filmes de Wood. Porque apesar da precariedade, ele pelo menos consegue tentar manter uma certa estrutura narrativa, com um começo meio e fim, e uma certa coerência na história, diferente dos outros longas do diretor. E mesmo que tenha todos os efeitos bisonhos, não era muito diferente do que era feito no cinema trash da década de 50 em geral. Diferente por exemplo do já citado Plano 9 do Espaço Sideral, com seus discos voadores presos por barbantes e cenários de papelão. Wood precisava de um orçamento de 60 mil dólares para fazer o filme acontecer. Claro que ele não tinha essa grana e nenhum estúdio investiria essa quantia no diretor. Por um acaso em uma festa beneficente para tentar arrecadar dinheiro para o longa, ele conheceu a atriz Loretta King, e achando que ela era podre de rica e iria financiar a produção, a colocou no papel da mocinha, Janet Lawton, personagem esse que seria de sua namorada Dolores Fuller (que faz apenas uma ponta). Mas na verdade, Wood acaba no final das contas por descobrir que ela só teria 300 dólares para contribuir. Sem desistir, Wood conhece Donald McCoy, proprietário de uma indústria de alimentos processados, que resolve colocar grana no filme, em troca de que seu filho, Tony McCoy, fizesse o papel do herói, o Tenente Dick Craig, e que no final, houvesse uma grande explosão nuclear para advertir o público dos perigos da era atômica. Mesmo não sendo o final escrito por Wood, era o que tinha para hoje e o diretor concordou com o fato. Na trama, Bela Lugosi (mais uma interpretação brilhante do ator, dentro de suas limitações de idade), é o Dr. Eric Vornoff, um cientista louco que está metido em experimentos de aperfeiçoamento do raio atômico para transformar pessoas em super-humanos. Com isso, ele criaria um exército que obviamente dominaria o mundo. Seu covil é uma casa abandonada no meio do pântano e seu capanga é o irracional, porém bem intencionado, Lobo, vivido pelo ator Tor Johnson, um lutador de luta livres sueco que vira e mexe fazia pontas em filmes B. Com o constante desaparecimento de pessoas perto do pântano, uma repórter, Janet, resolve investigar o caso, mas é raptada por Vornoff para se tornar a tal noiva do monstro. Mas espere aí, o que é esse monstro? É um gigantesco polvo mutante de borracha que Vornoff criou com seus experimentos radioativos, que vive no laguinho do lado da choupana do cientista. Então ele queria casar a mocinha com um polvo? Não, não é bem assim. O roteiro é cheio de furos mesmo. Entre uma cena ou outra, policiais são atacados pelo polvo, o Tenente Craig vai atrás do paradeiro de sua namorada jornalista desaparecida, Lobo se revolta contra o Dr. Vornoff por sentir-se atraído por Janet e o cientista é bombardeado pelo seu raio atômico ganhando uma força descomunal. Os efeitos especiais claro são toscos ao extremo, mas o melhor fica para as aparições do polvo mutante. Algumas cenas são utilizadas de filmagens reais do molusco (que Wood adquiriu de um estúdio que tinha feito várias tomadas ao acaso e resolveu colocá-lo em seus filmes. Plano 9 também utiliza bastante dessas cenas), mescladas com a criatura pseudo-mectarônica de borracha. Eu digo pseudo porque reza a lenda que o polvo foi roubado dos estúdios da Republic, onde havia sido usado no filme No Rastro da Bruxa Vermelha, com John Wayne. Só que os espertos esqueceram de roubar também o motor que faria o protótipo funcionar. Ou seja, quando o monstro está atacando os policiais ou mesmo Lugosi com seus tentáculos, os atores que ficam se esperneando mexendo os membros de borracha do cefalópode de mentira. É simplesmente hilário. Originalmente, A Noiva do Monstro deveria ter ser chamado A Noiva do Átomo, tão sem sentido quanto o nome que acabou ganhando. É altamente recomendável assistir ao filme Ed Wood de Tim Burton, que conta a trajetória do diretor, suas esquisitices, seus métodos canastríssimos de direção e produção. Valeu até um Oscar® de Melhor Ator Coadjuvante a Martin Landau pela sua emocionante interpretação de um decadente e viciado Bela Lugosi em final de carreira / vida, e a Palma de Ouro em Cannes para Burton. É um ótimo filme, que já vi e revi dezenas de vezes.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/02/07/81-a-noiva-do-monstro-1955/



Nenhum comentário:

Postar um comentário