Direção: Edward D. Wood Jr.
Roteiro: Edward D. Wood Jr.,
Alex Gordon
Produção: Edward D. Wood
Jr., Donald E. McCoy e Tony McCoy (Produtores Executivos)
Elenco: Bela
Lugosi, Tor Johnson, Tony McCoy, Loretta King, Harvey B. Dunn
Bom, para aqueles que porventura
não saibam, Edward D. Wood Jr., ou simplesmente Ed Wood, é considerado o pior
cineasta de todos os tempos. Com isso você mais ou menos já sabe o que esperar
deA Noiva do
Monstro. Só que como muitas vezes acontecesse nesse meio, o pior
acaba se tornando cultuado, e principalmente também graças a um filme
biográfico dirigido por Tim Burton, onde Johnny Depp (ah, quem mais seria?) faz
o papel do diretor, Wood pode ser imortalizado no Olimpo dos filmes B. Wood era
fã declarado de filmes de horror, principalmente dos clássicos da Universal da
década de 30, e também tiete confesso de Bela Lugosi, com quem trabalhou em
dois filmes e meio (Lugosi viria a falecer durante as gravações do infame Plano 9 do Espaço Sideral, esse sim taxado o pior filme de
todos os tempos). Seu sonho de ser diretor sempre passou por cima de qualquer
problema estético, técnico e orçamentário, e todas os seus filmes foram feitos
com uma mixórdia e com o que havia de mais precário em termos de efeitos especiais.
E o pior problema de tudo era que Wood realmente levava seus filmes a sério. Pois
bem, A Noiva do Monstro é na verdade, se podemos chamar assim, o
menos pior dos filmes de Wood. Porque apesar da precariedade, ele pelo menos
consegue tentar manter uma certa estrutura narrativa, com um começo meio e fim,
e uma certa coerência na história, diferente dos outros longas do diretor. E
mesmo que tenha todos os efeitos bisonhos, não era muito diferente do que era
feito no cinema trash da década de 50 em geral. Diferente por exemplo
do já citado Plano 9 do Espaço Sideral, com seus discos voadores presos
por barbantes e cenários de papelão. Wood precisava de um orçamento de 60 mil
dólares para fazer o filme acontecer. Claro que ele não tinha essa grana e
nenhum estúdio investiria essa quantia no diretor. Por um acaso em uma festa
beneficente para tentar arrecadar dinheiro para o longa, ele conheceu a atriz
Loretta King, e achando que ela era podre de rica e iria financiar a produção,
a colocou no papel da mocinha, Janet Lawton, personagem esse que seria de sua
namorada Dolores Fuller (que faz apenas uma ponta). Mas na verdade, Wood acaba
no final das contas por descobrir que ela só teria 300 dólares para contribuir.
Sem desistir, Wood conhece Donald McCoy, proprietário de uma indústria de
alimentos processados, que resolve colocar grana no filme, em troca de que seu
filho, Tony McCoy, fizesse o papel do herói, o Tenente Dick Craig, e que no
final, houvesse uma grande explosão nuclear para advertir o público dos perigos
da era atômica. Mesmo não sendo o final escrito por Wood, era o que tinha para
hoje e o diretor concordou com o fato. Na trama, Bela Lugosi (mais uma
interpretação brilhante do ator, dentro de suas limitações de idade), é o Dr.
Eric Vornoff, um cientista louco que está metido em experimentos de
aperfeiçoamento do raio atômico para transformar pessoas em super-humanos. Com
isso, ele criaria um exército que obviamente dominaria o mundo. Seu covil é uma
casa abandonada no meio do pântano e seu capanga é o irracional, porém bem
intencionado, Lobo, vivido pelo ator Tor Johnson, um lutador de luta livres
sueco que vira e mexe fazia pontas em filmes B. Com o constante desaparecimento
de pessoas perto do pântano, uma repórter, Janet, resolve investigar o caso,
mas é raptada por Vornoff para se tornar a tal noiva do monstro. Mas espere aí,
o que é esse monstro? É um gigantesco polvo mutante de borracha que Vornoff
criou com seus experimentos radioativos, que vive no laguinho do lado da
choupana do cientista. Então ele queria casar a mocinha com um polvo? Não, não
é bem assim. O roteiro é cheio de furos mesmo. Entre uma cena ou outra,
policiais são atacados pelo polvo, o Tenente Craig vai atrás do paradeiro de
sua namorada jornalista desaparecida, Lobo se revolta contra o Dr. Vornoff por sentir-se
atraído por Janet e o cientista é bombardeado pelo seu raio atômico ganhando
uma força descomunal. Os efeitos especiais claro são toscos ao extremo, mas o
melhor fica para as aparições do polvo mutante. Algumas cenas são utilizadas de
filmagens reais do molusco (que Wood adquiriu de um estúdio que tinha feito
várias tomadas ao acaso e resolveu colocá-lo em seus filmes. Plano
9 também utiliza bastante dessas cenas), mescladas com a criatura
pseudo-mectarônica de borracha. Eu digo pseudo porque reza a lenda que o polvo
foi roubado dos estúdios da Republic, onde havia sido usado no filme No
Rastro da Bruxa Vermelha, com John Wayne. Só que os espertos esqueceram de
roubar também o motor que faria o protótipo funcionar. Ou seja, quando o
monstro está atacando os policiais ou mesmo Lugosi com seus tentáculos, os
atores que ficam se esperneando mexendo os membros de borracha do cefalópode de
mentira. É simplesmente hilário. Originalmente, A Noiva do
Monstro deveria ter ser chamado A Noiva do Átomo, tão sem sentido quanto o
nome que acabou ganhando. É altamente recomendável assistir ao filme Ed
Wood de Tim Burton, que conta a trajetória do diretor, suas esquisitices,
seus métodos canastríssimos de direção e produção. Valeu até um Oscar® de
Melhor Ator Coadjuvante a Martin Landau pela sua emocionante interpretação de
um decadente e viciado Bela Lugosi em final de carreira / vida, e a Palma de
Ouro em Cannes para Burton. É um ótimo filme, que já vi e revi dezenas de
vezes.
FONTE:
http://101horrormovies.com/2013/02/07/81-a-noiva-do-monstro-1955/
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