terça-feira, 30 de setembro de 2014

096 1936 RITMO LOUCO (SWING TIME, EUA)

 

Direção: George Stevens
Produção: Pandro S. Berman
Roteiro: Erwin Gelsey, Howard Lindsay, Allan Scott, baseado no conto "Portrait of John Garnett", de Elwin Gelsey
Fotografia: David Abel
Música: Jerome Kern, Dorothy Fields
Elenco:
Fred Astaire …………John ‘Lucky’ Garnett
Ginger Rogers ………Penelope ‘Penny’ Carroll
Victor Moore …………Everett ‘Pop’ Cardetti
Helen Broderick ……. Mabel Anderson
Oscar: Jerome Kern, Dorothy Fields (música). Indicação ao Oscar: Hermes Pan (coreografia)

Uma fantasia de música e dança. Ritmo louco, de George Stevens, é um espetáculo audiovisual que gira em torno dos bastidores de um musical. Certamente um marco para os meados da década de 30, o filme é também uma prévia do que a parceria entre Fred Astaire e Ginger Rogers ainda levaria às telas.Idealizado por Pandro S. Berman, o lendário produtor da RKO, Ritmo louco conta história de Lucky Garnet, um renomado sapateador noivo da simpática, porém desinteressante Margaret Watson (Betty Furness). Quando ele é forçado a arranjar um vultoso dote para manter seu noivado, os planos matrimoniais do casal são colocados em suspenso para que Lucky possa correr atrás da fortuna na cidade de Nova York. Uma vez Iá, ele conhece Penny (Ginger Rogers), seu verdadeiro amor, e daí em diante o filme engendra uma série de contratempos até permitir que os dois caiam um nos braços do outro, Naturalmente, há várias cenas de mal-entendido, algumas viradas nâo-trágicas na trama e um final feliz, a despeito dos breves instantes de tristeza e angústia. No entanto, o propósito do filme é, inegavelmente, apresentar seus números musicais, muitos dos quais fazem parte do cânone do gênero. Jerome Kern escreveu as músicas, com a maioria das letras a cargo de Dorothy Fields. Seus esforços combinados formam os alicerces da trilha sonora, embora a pura energia, a vivacidade e a alegria de Astaire e Rogers sejam o que faz cada número brilhar com o acréscimo de movimento e sapateado. Dentre os pontos altos estão os dois solos de Lucky em "The Way You Look tonight", um clássico dos clubes noturnos, e "Never Gonna Dance", uma canção triste que soa irônica, dada a célebre capacidade do ator de andar no ar. Dois duetos enriquecem esta pintura cinematográfica em "Waltz in Swing Time", com Astaire e Rogers, e, é claro, a famosa performance da dupla em "A Fine Romance". Porém, a canção "Bonjangles of Harlem" pode ser considerada o ápice do filme: nela, Lucky começa sua performance dentro de um coro de fundo, com o rosto pintado de preto. Definitivamente uma homenagem às suas origens - ainda que também um exemplo antiquado e potencialmente ofensivo de história cultural -, o número cresce até um clímax em que um Astaire triplicado dança com projeções dele mesmo. CC-O
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 096)

DON'T BE AFRAID OF THE DARK (2011)


domingo, 28 de setembro de 2014

004 1915 OS VAMPIROS (LES VAMPIRES, FRANÇA)


Direção: Louis Feuillade
Roteiro: Louis Feuillade
Música: Robert Israel
Elenco:
Musidora ……....….... Irma Vep
Edouard Mathé …..... Philippe Guérande
Marcel Lévesque ….. Oscar Mazamette
Jean Aymé ………..…Le Grand Vampire
Fernand Herrmann …Juan-José Moréno / Brichonnet
Stacia Napierkowska . Marfa Koutiloff

SINOPSE E COMENTÁRIO:
O lendário filme em episódios de Louis Feuillade é considerado um divisor de águas, um precursor no uso da profundidade de campo como recurso estético, posteriormente aprimorado por Jean Renoir e Orson Welles, e um parente próximo do movimento surrealista; no entanto, ele está mais relacionado ao desenvolvimento do gênero thriller. Segmentado em 10 partes vagamente interligadas cujos finais carecem de ganchos para a história seguinte e que variam muito em duração, além de terem sido lançadas com Intervalos irregulares, Os vampiros é algo entre uma série de filmes e um filme em episódios. A trama mirabolante e muitas vezes inconsistente concentra-se em uma exuberante gangue de criminosos parisienses, os Vampiros, e seu destemido oponente, o repórter Philippe Guérande (Edouard Mathé). Os Vampiros, mestres do disfarce que geralmente usam roupas pretas colantes durante seus crimes, são comandados por quatro sucessivos "Mestres Vampiros", que são assassinados um a um e contam com a fidelidade servil da vampiresca Irma Vep (cujo nome é um anagrama de Vampire), coração e alma não só dos Vampiros como do próprio filme. Interpretada com voluptuosa vitalidade por Musidora, papel que lhe rendeu o estrelato, Irma é a mais atraente personagem do filme, superando com folgas o Insípido herói Guérande e seu exagerado e cômico camarada Mazamette (Mareei Lévesque). O carisma dela vai além do tema maniqueísta do filme e contribui para um tom de certa forma mais amoral, reforçado pela maneira como os mocinhos e os bandidos muitas vezes se valem dos mesmos métodos Ilícitos e pelo perturbador massacre dos Vampiros no fim. De forma semelhante à história de detetive e ao thriller de casa assombrada, Os vampiros cria um mundo aparentemente rígido em sua ordem burguesa, ao mesmo tempo que o sabota. Os pisos e paredes grossos de cada chateou e hotel tornam-se ocos com alçapões e passagens secretas. Enormes lareiras servem de acesso a assassinos e ladrões que fogem pelos telhados de Paris e sobem e descem calhas como macacos. Táxis correm com intrusos nos seus tetos e revelam fundos falsos para ejetar fugitivos em convenientes bueiros. Num determinado momento, o herói coloca inocentemente a cabeça para fora da janela apenas para ser laçado pelo pescoço, puxado para a rua, enfiado dentro de um grande cesto e levado embora por um táxi antes de poder gritar "Irma Vep!". Em outra cena, uma parede com uma lareira se abre para regurgitar um enorme canhão, que desliza até a janela e atira projéteis em um cabaré próximo. Reforçando a atmosfera de tênue estabilidade, a trama é construída em torno de prodigiosas reviravoltas, envolvendo capciosas aparições em ambos os lados da lei: personagens "mortos" voltam à vida, pilares da sociedade (um padre, um juiz e um policial) provam ser Vampiros e Vampiros se mostram agentes da lei disfarçados. É a habilidade de Feuillade de criar, em grande e imaginativa escala, um mundo duplo - ao mesmo tempo concreto e onírico, familiar e emocionantemente estranho - que é essencial à evolução do gênero thriller e faz dele um importante pioneiro da sua forma. M R
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 004)

sábado, 27 de setembro de 2014

095 1936 TEMPOS MODERNOS MODERN TIMES, EUA)


Direção: Charles Chaplin
Produção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Fotografia: Ira H. Morgan, Roland Totheroh
Música: Charles Chaplin
Elenco:
Charles Chaplin ………..Trabalhador da Fábrica
Paulette Goddard ……….Gamin
Henry Bergman …………Proprietário do Café
Tiny Sandford ……………Big Bill
Chester Conklin …………Mecânico
Hank Mann ………………Burglar

Tempos Modernos foi o último filme em que Charles Chaplin fez o papel de Carlitos, em que ele criara em 1914 e que lhe trouxe fama e carinho universais. Nesse meio tempo, o mundo havia mudado. Quando Carlitos nasceu, o século XIX ainda estava próximo. Em 1936, com o mundo ainda sob os efeitos da Depressão, ele confrontou as ansiedades que não diferem tanto daquelas do século XXI: pobreza, desemprego, greves e fura-greves, intolerância política, desigualdade econômica, a tirania das máquinas e os narcóticos. Esses eram os problemas que passaram a preocupar de fato Chaplin no decorrer de Sua turnê mundial de 18 meses de duração em 1931-1932, período em que observou a ascensão do nacionalismo e os eleitos sociais da Depressão: o desemprego e a automação. Em 1931, ele declarou numa entrevista a um jornal: "O desemprego é a principal questão... as máquinas devem beneficiar a humanidade, e não causar tragédias.e tirar dela o trabalho." Explorando essas questões sob o foco da comédia, Chaplin transforma Carlitos em um dos milhões de peões de fábrica espalhados pelo mundo. Ele primeiro surge como um operário enlouquecido por seu trabalho monótono e desumano na esteira de uma linha de produção e sendo usado como cobaia de uma máquina para alimentar os trabalhadores enquanto eles exercem suas funções. Casualmente, Carlitos encontra um companheiro na sua batalha nesse novo mundo: uma jovem (Paulette Goddard) cujo pai foi morto em uma greve e que se une a Chaplin. Os dois não são rebeldes nem vítimas, escreveu Chaplin, mas "apenas duas almas vivas em um mundo de autômatos", Na época do lançamento de Tempos modernos, os filmes falados já existiam havia uma década. Chaplin cogitou usar diálogos e chegou até a preparar um roteiro, mas reconheceu, no fim das contas, que Carlitos dependia da pantomima do cinema mudo, em um momento, no entanto, sua voz é ouvida, quando, ao ser contratado como garçom cantante, ele improvisa uma canção em uma maravilhosa embromação de Italiano. Concebido em quatro "atos" - cada qual equivalente a uma de suas antigas comédias de dois rolos -, Tempos modernos mostra Chaplin ainda em seu ápice, imbatível como criador de comédias visuais. O filme resiste, no mínimo, como um olhar sobre a sobrevivência humana nas circunstâncias industriais, econômicas e sociais do século XX e, talvez, do século XXI. DR
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 095)

SMILE
Smile é uma canção composta por Charles Chaplin originalmente em 1936 para seu filme, Tempos Modernos. Em 1954, John Turner e Geoffrey Parsons adicionaram letra à canção.
A canção foi originalmente cantada por Nat King Cole tendo alcançado as paradas em 1954. A cantora Sunny Gale também regravou a canção, partilhando vendas com Cole, como mostrado no comércio de música Cashbox. Foi também regravado pela filha de Cole, Natalie, em seu álbum de 1991, Unforgettable... with Love.
Na Grã-Bretanha, versões rivais foram divulgados pelas cantoras Lita Roza e Petula Clark, em 1954. Clark depois regravou para o seu álbum de 1968, The Other Man's Grass Is Always Greener, época em que ela era uma amiga pessoal de C.Chaplin.







094 1936 UM DIA NO CAMPO (UNE PARTIE DE CAMPAGNE, França)


Direção: Jean Renoir
Produção: Pierre Braunberger
Roteiro: Jean Renoir, baseado no conto de Guy de Maupassant
Fotografia: Jean Bourgoin, Claude Renoir
Música: Joseph Kosma
Elenco:
Sylvia Bataille ……………Henriette
Georges D’Arnoux ………Henri
Jane Marken ………….....Madame Dufour
André Gabriello ………….Monsieur Dufour
Jacques B. Brunius ……. Rodolphe
Jean Renoir …………….. Père Poulain

Um dos mais poderosos e perturbadores recursos do cinema de ficção é o epílogo no formato "anos depois", que geralmente nos leva, com uma amarga tristeza, do tempo em que se passa a história, durante o qual tudo ainda era possível, para o destino inescapável que se seguiu a ele. No final de Um dia no campo, de Jean Renoir, Henriette (Sylvia Bataille) é mostrada em um casamento infeliz com o homem que era seu noivo no início do filme, o Insosso balconista Anatole (Paul Temps). No entanto, entre esses
dois pontos, nada parece muito decidido ou resolvido. Adaptado de um conto de Guy de Maupassant, o filme não foi concluído na forma originalmente vislumbrada por Renoir. Ele permanece, contudo, uma pérola que se sustenta por seus próprios méritos. A ação central se concentra na união ilegal de dois aventureiros locais, Rodolphe (Jacques Bruníus) e Henri (Georges St. Saens), com Henriette e sua mãe, Juliette (Jeanne Marken). Renoir constrói um soberbo diagrama de contrastes entre esses personagens: Rodolphe e Juliette são lascivos, frívolos, enquanto Henri e Henriette são sufocados por emoções sombrias. Assim, o que começou, nas palavras de Henriette, como "uma espécie de vago desejo", que evoca tanto a beleza quanto a crueldade da natureza, termina mal, à medida que "os anos passam, com seus sábados e domingos iguais em sua melancolia". AM
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 094)

093 1935 O PICOLINO (TOP HAT, EUA)

Direção: Mark Sandrich
Produção: Pandro S. Berman
Roteiro: Allan Scott, Dwight Taylor
Fotografia: David Abel
Música: Irving Bérlin, Max Steiner
Elenco:
Fred Astaire ……………… Jerry Travers
Ginger Rogers ……………Dale Tremont
Edward Everett Horton ….Horace Hardwick
Helen Broderick ………… Madge Hardwick
Erik Rhodes ……………… Alberto Beddini
Lucille Ball ……………….. Vendedora de flores
Indicação ao Oscar: Pandro S. Berman (melhor filme), Carroll Clark, Van Nest Polglase (direção de arte), Irving Bérlin (música), Hermes Pan (coreografia)

Não há nenhum clássico absoluto entre os musicais da década de 30 da dupla Fred Astaire-Ginger Rogers - todos são, no geral, maravilhosos, embora tenham defeitos cruciais -, mas O picolino é provavelmente o que chega mais perto disso. Sua trama segue a fórmula básica da série de filmes: Fred Astaire se apaixona à primeira vista por Ginger, mas algum tolo mal-entendido (aqui, ela o confunde com seu amigo casado) a mantém hostil até os últimos instantes. O diretor é o subestimado Mark Sandrich, cujo toque impecavelmente superficial maximiza a sofisticada malícia tão essencial à série. O mais famoso número do filme é "Top Hat", que conta com uma fantástica coreografia com bengalas entre Fred e um coro de homens de cartola; porém o coração de O picolino está em dois grandes duetos românticos: "Isn't It a Lovely Day" e "Cheek to Cheek", o primeiro passado em um coreto em Londres durante uma tempestade e o segundo, nos brilhantes canais da pueril versão art déco de Veneza dos estúdios RKO. Essas danças, com sua progressão da relutância para a entrega, são a principal arma que Fred usa para ganhar Ginger; porém seria um erro interpretar esse processo como mera conquista sexual. Conforme o divertimento que Ginger esconde deixa claro, os dois personagens lidam com seus respectivos papéis de galã apaixonado e moça que se faz de difícil com brincalhona ironia, ajudando a prolongar e intensificar um deliciosamente elegante jogo erótico. MR
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 093)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

092 1935 A NOIVA DE FRANKENSTEIN (BRIDE OF FRANKENSTEIN, EUA)


Direção: James Whale
Produção: Carl Laemmle Jr., James Whale
Roteiro: William Hurlbut, John L Balderston
Fotografia: John J. Mescall
Música: Franz Waxman
Elenco:
Elsa Lanchester ……..Mary Wollstonecraft Shelley / A Noiva
Colin Clive ……………Henry Frankenstein
Boris Karloff ………….O Monstro
Valerie Hobson ………Elizabeth
Ernest Thesiger ……..Doutor Pretorius
Una O’Connor ………..Minnie
Indicação ao Oscar: Gilbert Kurlani (som)

Os estúdios da Universal tiveram de esperar quase quatro anos até James Whale finalmente aceitar a oferta de dirigir a sequência de Frankenstein, seu sucesso de bilheteria de 1931. No entanto, a espera valeu muito a pena: sob o controle quase irrestrito do diretor (o produtor, Carl Laemmle Jr., estava de férias na Europa durante a maior parte da produção), A noiva de Frankenstein é uma surpreendente mistura de terror e comédia que acabou sendo, em muitos aspectos, superior ao original. Apesar da relutância de Boris Karloff, foi decidido que o Monstro deveria ser capaz de pronunciar algumas poucas palavras. Sua humanização aqui o deixa mais completo e fiel ao romance de Mary Shelley, e dificilmente sua busca desesperada por uma companheira poderia ser mais tocante. De um modo geral, embora Isso tenha sido minimizado a pedido dos censores, A noiva de Frankenstein representa o Monstro como uma figura aos moldes de Cristo, levada a matar pelas circunstâncias e pelo medo que inspira na sociedade. Mesmo a monstruosa companheira feita especialmente para ele, à primeira vista, repulsa pela sua aparência física. Sem dúvida, a noiva interpretada por Elsa Lanchester continua sendo até hoje uma das mais impressionantes figuras já vistas nas telas: sua aparição - numa espécie de versão grotesca de uma cerimônia de casamento - é ainda um dos pontos altos do gênero terror, com o corpo mumificado; a voz sibilante, como um canto de cisne; e o estranho penteado egípcio preto com mechas brancas. A trama de A noiva de Frankenstein se sustenta em contrastes que fazem o espectador passar do terror para o pathos ou a comédia. O senso de humor peculiar de Whale, que foi multas vezes definido como burlesco, é veiculado principalmente por Minnie (una O'Connor), a empregada doméstica, e também pela atuação descaradamente afeminada de Ernest Thesiger, que interpreta a figura demoníaca do Dr. Pretorius. O imenso interesse despertado por A noiva de Frankenstein deriva também da sua representação das relações sexuais, considerada por muitos, no mínimo, potencialmente transgressora. A introdução de um segundo cientista louco (Pretorius), que força o Henry Frankenstein de Colin Clive a gerar vida novamente, enfatiza uma das implicações fundamentais e perturbadoras do mito de Shelley: a (pro)criação é algo alcançado apenas pelo homem. Quatro anos depois, a própria obra-prima de Whale deu à luz um "filho"; no entanto, o pai da noiva não teve nada a ver com isso. FL
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 092)


#038 1935 A NOIVA DE FRANKENSTEIN (The Bride of Frankenstein, EUA)
Direção: James Whale
Roteiro: William Hurlbult, John Baldeston (baseado nos personagens de Mary Shelley)
Produção: Carl Laemmle Jr.
Elenco: Boris Karloff, Colin Clive, Valerie Hobson, Ernest Thesiger, Elsa Lanchester

Levou quatro anos para que a Universal conseguisse convencer o diretor James Whale a dirigir a continuação de sua obra prima, Frankenstein. Relutante, ele só topou embarcar em A Noiva de Frankenstein se tivesse controle irrestrito sobre o projeto, algo que só foi possível graças as férias do produtor Carl Laemme Jr. na Europa durante as filmagens do longa. Por muitos, A Noiva de Frankenstein é superior ao original, muito devido ao toque de Whale e a já afinidade de Karloff com o personagem, que volta mais uma vez como a criatura incompreendida, em busca de uma parceira para por fim a sua miserável solidão. O resultado é uma mistura de horror com comédia e a criação de uma nova criatura visualmente tão impactante quanto o monstro original, dando origem a uma personagem feminina icônica para o cinema de horror, mesmo com sua breve aparição na tela. Quase uma tragédia grega, o pathos do monstro de Frankenstein nos é contado pela própria criadora do personagem, Mary Shelley (interpretada por Elsa Lanchester, que também faz o papel da noiva), que logo no começo da fita, em uma noite de tempestade, reunida com Lorde Byron e seu marido Percey Bysshe Shelley, narra a história de como a criatura sobreviveu logo após ter sido caçada e encurralada no moinho incendiado imediatamente ao final do primeiro filme. Henry Frankenstein sobrevive e pretende deixar toda sua insanidade de lado e viver uma vida pacífica com sua assustada esposa Elizabeth, quando entra em cena um afetado Dr. Pretorius, que está bitolado com a ideia de continuar a criar vida e precisa da ajuda do Dr. Frankenstein para gerar uma mulher para o monstro, e assim, abominando todas as leis de Deus, fazer com que o casal procrie e dê à luz a uma nova raça, firmando assim o domínio do homem sobre a vida. Nesse ínterim, o monstro continua vagando pelos bosques, perseguido como um animal e praticando assassinato apenas como forma de sobreviver dos terríveis maus tratos e da repressão causada pelos outros humanos. É um anti-herói, produto do meio hostil que vive, angustiado e perturbado que acaba por conhecer a amizade e o conforto na figura de um solitário aldeão cego, que abriga a criatura, cuidando de seus ferimentos, ensinando-lhe a beber vinho, fumar cigarro, apreciar música, falar e claro, alguns bons e velhos valores cristãos. Mas isso de nada vale quando ele volta a ser caçado ao ser encontrado pelos homens do vilarejo, trazendo de volta seus instintos violentos e tornando-se uma marionete nas mãos de Pretorius, obrigando seu criador a ajudar o cartunesco vilão a criar a sua esposa. A cena em que os “noivos” se encontram é das mais comoventes, já que ela o rejeita à primeira vista, devido a sua grotesca aparência. A ideia do monstro articular palavras traz A Noiva de Frankenstein mais próximo do conto original de Mary Shelley. Mas mesmo assim, Karloff foi um opositor ferrenho da ideia de humanizar a criatura e que ela pudesse falar. E as falas do monstro no final das contas acabaram sendo um dos pontos que puxa para o lado burlesco e teatral da direção de Whale  e a  mistura de tons que ele imprime na produção. Prova disse são os diálogos debiloides da Karloff com o aldeão cego: “Amigo, bom. Sozinho, ruim”, e por aí vai. Não obstante, Whale descarrega mais do ar cômico na personagem Minnie, interpretada por Una O’Connor (como já havia explorado anteriormente em O Homem Invisível), a exagerada e desmiolada empregada dos Frankensteins, e no próprio Dr. Pretorius, com sua estapafúrdia coleção de seres humanos em miniatura que vivem dentro de jarros. Em contrapartida, os momentos de horror são acentuados pelas mortes causadas pelo monstro em maior profusão que o primeiro filme (mesmo com 15 minutos de cenas agressivas protagonizadas por Karloff cortados por Whale, para manter a mensagem do cristão sofredor). Junta-se tudo isso a maquiagem de Jack Pierce melhor do que nunca e a mais uma vez a brilhante atuação de Karloff do maltrapilho e cabeçudo monstro, e temos um clássico eterno!
FONTE: http://101horrormovies.com/

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

SIN CITY A DAMA FATAL (EUA, 2014)


091 1935 OS 39 DEGRAUS (THE 39 STEPS, Inglaterra)

Direção: Alfred Hitchcock
Produção: Michael Balcon, Ivor Montagu
Roteiro: Charles Bennett, baseado no livro de John Buchan
Fotografia: Bernard Knowles
Música: Jack Beaver, Hubert Bath
Elenco:
Robert Donat …………..Richard Hannay
Madeleine Carroll ……..Pamela
Lucie Mannheim ………Srta. Annabella Smith
Godfrey Tearle …………Professor Jordan
Peggy Ashcroft …………Margaret
John Laurie …………….John
Após várias tentativas iniciais e alguns pequenos avanços, Os 39 degraus foi o primeiro  exemplo claro de excelência criativa dentro do período inglês de Alfred Hitchcock, podendo ser considerado o primeiro filme completamente bem-sucedido de uma obra que ganhava corpo com rapidez - tendo começado no fim da era muda, na época de Os 39 degraus ele já havia dirigido 18 filmes. Depois de alcançar sucesso de bilheteria e de critica, Hitchcock solidificou ainda mais sua reputação de mestre do cinema ao embarcar em uma série praticamente sem paralelos de thrillers cativantes e divertidos, que se estenderia por várias décadas. E, de fato, é fácil notar que muitos de seus filmes mais populares - Intriga internacional (1959), por exemplo - bebem na fonte desta pérola do início de sua carreira. Dentre suas várias conquistas notáveis, Os 39 degraus apresentou um elemento hitcheockiano básico: a noção do homem errado, o espectador inocente acusado, perseguido ou punido por um crime que não cometeu. (O diretor voltaria diversas vezes a esse tema, mais abertamente no seu filme de 1956, O homem errado.) Richard Hannay (Robert Donat), um canadense de férias na Inglaterra, conhece uma mulher que mais tarde é assassinada sob circunstâncias misteriosas. A partir daí, o personagem entra em uma trama de espionagem envolvendo algo chamado de "os 39 degraus" e percebe que, uma vez ciente disso, somente ele pode evitar um desastre. Algemado a uma cúmplice feminina que o acompanha a contragosto (Madeleine Carroll), Hannay precisa fugir da polícia e de um arquivilão com um dedo a menos que o persegue, além de ter que resolver o mistério do título antes que seja tarde demais. Como de hábito, em se tratando de Hitchcock, a revelação do que são de fato "os 39 degraus" - e, na verdade, toda a trama de espionagem - é quase periférica diante da interação repleta de flertes entre os protagonistas. Literalmente presos um ao outro em uma provocativa paródia do casamento, Donat e Carroll enchem seus diálogos belicosos de pequenas indiretas - quando a perseguição lhes dá um tempo para respirar, é claro - transformando este thriller de espionagem na mais improvável das histórias de amor. O filme, como o relacionamento dos dois, segue em um ritmo frenético, uma série ininterrupta de sequências de ação e cenas de perseguição pontuadas por diálogos espirituosos e um suspense cativante. JKl
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 091)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

090 1935 UMA NOITE NA OPERA (A NIGHT AT THE OPERA, EUA)

Direção: Sam Wood
Produção: IrvingThalberg
Roteiro: James Kelvin McGuinness, George S. Kaufman
Fotografia: Merritt B. Gerstad
Música: Nacio Herb Brown, Walter Jurmann, Bronislau Kaper, Herbert Stothart
Elenco:
Groucho Marx …………… Otis B. Driftwood
Harpo Marx …………….. Tomasso
Chico Marx …………….. Fiorello
Kitty Carlisle …………. Rosa
Allan Jones ……………. Ricardo
Margaret Dumont ………… Sra. Claypool

Eu era muito jovem, não tinha mais de 10 anos de idade, quando entrei em um cinema na França para assistir a Uma noite na ópera - ou, mais precisamente, fui levado por algum adulto que sabia tão pouco quanto eu sobre os Irmãos Marx. Nessa idade, ler as legendas ainda era muito difícil para mim, especialmente com aquele sujeito de bigode e charuto gritando palavras para a plateia como uma metralhadora enlouquecida. No entanto, tive muito pouco tempo para me preocupar com esse problema: logo eu estava deitado no chão, rindo tanto, de forma tão incontida e, se me permitem, tão absoluta que passei a maior parte do filme lá, entre os assentos. Desde então, tive o prazer de rever Uma noite na ópera diversas vezes, juntamente com o restante das obras dos Irmãos Marx. Tenho conhecimento tanto da cronologia quanto da diversidade de seus filmes, e sempre fiquei impressionado com o grau de excelência de suas performances. Porém ainda sinto - no meu íntimo e também na pele - a incrível força inventiva e transgressora que este filme em particular transmite. Uma noite na ópera continua sendo uma comédia poderosa e fascinante, não tanto por suas cenas principais, como a da multidão que se junta numa cabine de navio, quanto por seus momentos mais simples: uma única palavra ou gesto empregado com uma incrível noção de ritmo. Há muito a dizer sobre a maneira como as armas transgressoras dos três irmãos iniciam uma crise num espetáculo de ópera. O quarto Irmão, o escada Zeppo, é inútil nesse processo. Groucho, com sua avalanche de palavras e contorcionismo; Harpo, com seu silêncio sobrenatural e poder de destruição infantil: Chico, com sua virtuosidade e "ethos estrangeiro" - todos servem para tumultuar uma ópera baseada na repulsa à arte, à ganância e à corrupção. Esses elementos existem e são, sem dúvida, interessantes, porém eles ficam atrás da seguinte característica, mais óbvia: Uma noite na ópera foi, e continua sendo, um filme engraçadíssimo. J-MF
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 090)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

089 1935 O GRANDE MOTIM (MUTINY ON THE BOUNTY, EUA)

OSCAR MELHOR FILME 1936

Direção: Frank Lloyd
Produção: Albert Lewin, Irving Thalberg
Roteiro: Talbot Jennings, Jules Furthman, baseado no livro de Charles Nordhoff e James Hall
Fotografia: Arthur Edeson
Música: Herbert Stohart, Walter Jurmann, Gus Kahn, Bronislau Kaper
Elenco:
Charles Laughton …………. Capitão William Bligh
Clark Gable ……………… Lt. Fletcher Christian
Franchot Tone ……………. Roger Byam
Herbert Mundin …………… Smith
Eddie Quillan ……………. Seaman Thomas Ellison
Dudley Digges ……………. Dr. BacchusOscar: Albert Lewin, Irving Thalberg (Melhor filme)
Indicação ao Oscar: Frank Lloyd (diretor), Jules Furthman, Talbot Erich Wolfgang Korngold (roteiro), Clark Gable, Franchot Tone, Charles Laughton (ator), Margaret Booth (edição), Nat W.Finston (trilha sonora).

Sintetizando o espírito hollywoodiano clássico, O grande motim, de Frank Lloyd, é uma obra-prima do cinema de estúdio. A cenografia suntuosa, o caráter de relato de viagem e a moral central resultam em uma aventura de extraordinária beleza. Obviamente, para apreciar essas qualidades é preciso fazer vista grossa a um estilo de atuação há muito abandonado. E também ao fato de um elenco americano imbuir esta fábula moralizante Inglesa de um otimismo típico da era da Grande Depressão. Ainda assim, essas críticas pontuais servem para sustentar quão bem produzido é o filme, levando em conta o estilo dos estúdios MGM, que almejavam ao mesmo tempo lucro, escapismo e entretenimento da forma mais abrangente possível. No fim do século XVIII, no auge do controle do Império Britânico sobre sua Marinha,
a tripulação do navio Bounty se amotina depois de meses de maus-tratos. Liderados por Fletcher Christian (Clark Gable), eles jogam o cruel capitão Bligh (Charles Laughton) no mar, porém ele consegue voltar para terra em um esforço nada menos que espetacular. No seu encalço, o Bounty segue para o Pacífico Sul, perseguido por várias complicações. Aqui, Gable aparece sem seu bigode, e os lábios carnudos de Laughton se agitam com rígida disciplina. Em meio a isso existe uma série de pequenas subtramas, embora o filme talvez seja mais memorável como um marco primordial para a arte do desenho
de produção. C C
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 089)

A MENINA DA BICICLETA (Girl on a Bicycle, 2013)


domingo, 21 de setembro de 2014

#184 1965 O COLECIONADOR (The Collector, Reino Unido, EUA)


Direção: William Wyler
Roteiro: John Kohn, Stanley Mann, Terry Souther (não creditado) (baseado na obra de John Fowles)
Produção: Jud Kinberg, John Kohn
Elenco:Terence Stamp, Samantha Eggar, Mona Washbourne, Maurice Dallimore

Depois de Psicose, lançado no ano de 1960, ter chocado as plateias do mundo todo deixando de lado a ideia do terror que nas décadas anteriores era representada por monstros ou alienígenas, e investindo em uma maldade mais real e humana, também pavimentou o caminho para um novo tipo de thriller e deixou a dúvida de quem seria o próximo Norman Bates do cinema. Coube ao grande diretor William Weyler nos apresentar este personagem em O Colecionador. Wyler já tinha três Oscars na sua bagagem nesta altura do campeonato, por Rosa da EsperançaOs Melhores Anos de Nossas Vidas e pelo arrasa-quarteirão Ben-Hur, e resolveu contar a história do tímido, reservado, introspectivo e antissocial colecionador de borboletas Freddie Clegg, interpretado magnificamente por Terence Stamp, que rapta a bela e jovem estudante de artes Miranda Grey (Samantha Eggar) para deixá-la em cativeiro no porão de sua casa de campo isolada. É até interessante ver o quanto Freddie se parece com Norman Bates, e até o típico físico de Stamp lembrava o de Anthony Perkins no clássico de Hitchcock. Obviamente há grandes diferenças entre os dois, mas há uma mesma espécie de caráter psicológico entre eles, afinal ambos eram tímidos, reclusos, com pouco tato social, obsessão por uma garota em especial (aqui muito maior e mais bem trabalhada do que a queda de Bates por Marion Crane) e alguns parafusos à menos. Baseado na obra de John Fowles, a história cruel de sequestro, cárcere privado e tortura psicológica é habilmente filmada por Wyler e conta com duas interpretações magistrais de Stamp e Samantha (ambos ganhadores do prêmio de melhor ator e atriz no Festival de Cannes e Samantha ainda levou uma indicação ao Oscar® de Melhor Atriz e faturou um Globo de Ouro). Todo o relacionamento psicológico entre os dois, unindo a verdadeira falta de jeito de Freddie com as mulheres, e sua enorme vontade de ser aceito pela cativa e que ela se apaixone por ele o tanto quanto é apaixonado por ela, paixão platônica obsessiva e vigiada há tempos, quanto a personalidade forte de Miranda, jovem, descolada, que é obrigada a manter-se submissa e reprimida pelo seu captor, é um deleite que sustenta o filme inteiro, que só tem esses dois personagens em cena praticamente em toda a fita, como uma dinâmica de peça de teatro. Mas Miranda é somente mais uma “borboleta” da coleção de Freddie (como na fantástica cena em que ele a leva até seu escritório e ela olha uma das redomas contendo seus espécimes, com sua imagem refletida no vidro). Por mais que o rapaz tente agradá-la, com jantares, livros, discos, roupas e material para que ela possa pintar, ele nunca conseguirá tocar o coração da garota que está sendo obrigada a conviver naquela terrível situação e, logicamente, o ato do sequestro em si torna impossível algum tipo de reciprocidade de sentimentos. Mas Freddie, diferente de muitos outros psicopatas,  é extremamente contido e nunca abusa de violência ou tortura fisicamente a garota, mantendo todo seu charme inglês. Isso também é fruto de sua imaturidade e vida sem afeto, claramente escancarada no seu jeito pausado de falar, na sua expressão corporal tímida, ao ficar quase sempre de cabeça baixa, sem olhar diretamente a garota, andar trôpego e dificuldade de entender as ideias subjetivas das pessoas e da própria musa, como no caso sobre a discussão do quadro de Picasso. Enquanto isso há toda uma enorme tensão, principalmente sexual, no ar toda vez que eles estão juntos. O desejo reprimido fetichista de Freddie entra em contraponto com o liberalismo de Miranda, garota de faculdade que frequenta pubs e tem romances casuais (algo que desperta um ciúmes doentio em seu raptor). Ele mesmo sabe que nunca se encaixaria em um grupo de amigos da garota se eles vivessem juntos em Londres e tivessem um relacionamento normal. E isso a mantém presa e sem esperanças, mesmo com o psicótico tendo prometido libertá-la dentro de um mês. E os contatos físicos entre os dois acontecem somente nas tentativas frustradas de Miranda escapar do confinamento, recorrendo até a um fracassado cortejo sexual por parte da garota, desprezado por Freddie, alegando que aquilo ele pode conseguir por alguns trocados nas ruas de Londres. Mas tanto tempo de convívio com o monstro de fala contida e olhar penetrante, e com o aumento da fragilidade da moça, inevitavelmente ela começa a criar sintomas da Síndrome de Estocolmo, que precisa se esforçar para querê-lo, ou continuará ali por mais tempo, talvez indefinidamente ou até que seja morta em uma crise psicótica de Freddie. Tanto que após mais uma tentativa fracassada de fuga, e quase tendo morto o rapaz, Miranda vê-se caindo em um espiral de impotência, sentindo-se sozinha, carente e vulnerável sem seu captor, implorando por sua companhia, até ficar extremamente doente, no tempo em que ele foi obrigado a ficar no médico se tratando do um golpe de pá que levou na cabeça.
ALERTA DE SPOILER. Pule esse parágrafo ou leia por sua conta e risco.
O final de O Colecionador é impactante, e talvez isso tenha sido um dos responsáveis por todo o furor que o filme causou na época e o tornado em um excelente exemplar de suspense. Além do fato de não haver uma investigação policial para encontrá-lo, subterfúgio extremamente comum neste tipo de filme, no final a garota acaba morrendo doente, enquanto Freddie buscava ajuda. E passado um tempo, sem nenhum tipo de remorso pelo acontecido, e acreditando ter feito uma escolha errada e sonhado alto demais, decide procurar outra vítima para “colecionar”, desta vez alguma mulher mais simples e menos intelectual e refinada. Antes do corte final vemos o maníaco novamente em sua perua vigiando e seguindo uma enfermeira ao sair de seu trabalho alheia de qual poderá ser seu macabro destino. Para finalizar, uma curiosidade mórbida em O Colecionador. Certa altura do campeonato Miranda está lendo O Apanhador nos Campos de Centeio, de J.D. Sallinger, que diz ser um livro o qual adora, e Freddie fica interessado em lê-lo. Como se bem sabe, é o mesmo livro que Mark Chapman estava lendo antes de assassinar John Lennon em frente ao Edifício Dakota em 1980, quinze anos mais tarde, que segundo ele, trazia informações subliminares para que ele matasse o ex-Beatle. A publicação obviamente é umhit entre os psicopatas.
FONTE: http://101horrormovies.com/2013/06/11/184-o-colecionador-1965/


sábado, 20 de setembro de 2014

#040 1936 A FILHA DE DRÁCULA (Dracula’s Daughter, EUA)


Direção: Lambert Hill
Roteiro: Garrett Fort
Produção: E.M. Asher
Elenco:Otto Kruger, Gloria Holden, Marguerite Churchill, Edward Van Sloan, Irving Pichel

Diferente de A Noiva de Frankenstein, a ideia de uma continuação para o sucesso de Drácula não deu tão certo, resultando em um baita de um filme meia-boca. Estou falando de A Filha de Drácula, que junto com o filme de James Whale lançado um ano antes, acaba por inaugurar uma tendência da Universal de investir em sequências intermináveis de seus monstros, atirando para todos os lados e todos os graus de parentesco possíveis. A grande diferença de A Filha de Drácula para A Noiva de Frankenstein, é que o segundo trouxe o diretor do original de volta, dando-lhe total controle criativo sobre a obra, trazendo novamente Boris Karloff no papel do monstro (ainda melhorado) e resultando em um filme, em muitos aspectos, superior ao antecessor. Já nessa fita, nem Tod Browning retorna à direção e nem Bela Lugosi volta a vestir a capa e as presas. Na verdade o Conde aparece de relance apenas no começo da história, que se inicia exatamente onde o filme de 1931 terminou. Van Helsing (papel reeditado por Edward Van Sloan) enfiou uma estaca no coração do Conde e do maluco Reinfield, e é apanhado pela polícia e obrigado a prestar contas dos assassinatos que cometera, afinal, ninguém vai cair na história dos vampiros que ele conta. E esse é um aspecto bastante positivo do filme, trazer o fantástico para um campo mais plausível, onde o intrépido professor tem de explicar porque tirou a vida de duas pessoas aparentemente normais (mais ou menos como veremos anos mais tarde em Nosferatu – O Vampiro da Noite de Werner Herzog, onde Van Helsing acaba sendo preso também no final do filme, após matar o vampiro-mor). Só que o corpo de Drácula é roubado do necrotério por sua filha, a Condessa Marya Zeleska, interpretada pela bela e enigmática Gloria Holden, para prover um enterro digno ao pai, finalmente libertando sua amaldiçoada alma. E liberdade é algo pelo qual a vampira anseia também, querendo renegar o sangue, os instintos e os poderes de sua família, porém, sem muito sucesso. Para isso, ela pede ajuda do Dr. Jeffrey Garth (Otto Kruger), um pupilo de Van Helsing, que estuda o campo da hipnose e da autossugestão para curar fobias. Hipnose a qual a Condessa é craque, pois usa um enorme anel no dedo para poder controlar mentalmente suas vítimas (obviamente, sem o mesmo charme do olhar arregalado e exagerado de Lugosi como Drácula). Só que a carne é fraca, e a Condessa faz mais uma vítima, uma pobre coitada que foi contratada pelo seu braço direito / mordomo / capanga, Sandor, para servir de modelo viva para um quadro. Aí entramos em outro aspecto que torna o filme um pouco mais interessante, que é o desejo lésbico da vampira. Ela fica toda animadinha quando a garota futura vítima começa a se despir para a pintura. Bom, na verdade podemos julgar que Zeleska é bissexual no entanto, já que ela também demonstra uma certa queda pelo Dr. Garth. E claro que se falando de um filme da década de 30, qualquer sugestão que fuja um pouco mais dos padrões moralistas da época, é bem vinda, mesmo que completamente implícita e recalcada. História vai, história vem, Zeleska rapta a assistente e paixonite de Garth, Janet, e a leva para o castelo da família na Transilvânia, onde é perseguida por Garth, Van Helsing e a polícia, sendo morta no final das contas por um flechada que atravessa seu coração, disparada pelo mordomo Sandor. Uma puta de um final preguiçoso. A Filha de Drácula é uma sequência desnecessária, mas que tem alguns pontos positivos, como  apuração técnica maior e abuso de cenários, se comparados ao primeiro filme lançado apenas cinco anos antes, mostrando o quão rapidamente evoluía a indústria cinematográfica. Além daquele famoso requinte gótico e climão característicos dos filmes de vampiro da Universal, fotografia enxuta e atuações sóbrias (tirando aqueles personagens cômicos ao melhor estilo pastelão, geralmente policiais, que a Universal adorava colocar em seus filmes). É tudo muito bem executado, só que acaba não se sustentando no resultado final. Uma pena.
FONTE: http://101horrormovies.com/

088 1935 CAPITÃO BLOOD (CAPTAIN BLOOD, EUA)

Direção: Michael Curtiz
Produçào: Harry Joe Brown, Gordon Hollingshead.Hal B. Wallis
Roteiro: Casey Robinson, baseado no livro de Rafael Sabatini
Fotografia: Ernest Haller, Hal Mohr
Música: Erich Wolfgang Korngold, Liszt
Elenco:
Errol Flynn ……………………. Peter Blood
Olivia de Havilland …………….. Arabella Bishop
Lionel Atwill ………………….. Coronel Bishop
Basil Rathbone …………………. Lavasseur
Ross Alexander …………………. Jeremy Pitt
Donald Meek ……………………. Dr. Whacker
Indicação ao Oscar: Harry Joe Brown, Gordon Hollingshead.Hal B. Wallis (melhor filme), Michael Curtiz, (direção), Casey Robinson (roteiro), Erich Wolfgang Korngold (trilha sonora), Nathan Levinson (efeitos sonoros)

Uma aventura exuberante por excelência dirigida pelo especialista Michael Curtis, Capitão Blood tornou o australiano Errol Flynn, com seu charme divino, um astro da noite para o dia. Seu magnetismo animal impressionou enormemente Jack Warner, que lhe deu o papel depois que Robert Donat o desdenhou. Este é o primeiro de uma série de bem-sucedidos filmes românticos de capa e espada que Flynn fez em parceria com Olívia de Havllland, cuja beleza elegante era uma charmosa contrapartida à exuberância e ao sex appeal atlético dele. Flynn faz o papel de Peter Blood, um honrado médico irlandês do século XVII injustamente deportado para o Caribe, onde se torna escravo e lança comentários insolentes e olhares sugestivos para a requintada Sra. de Havilland. Liderando uma fuga, ele se torna um pirata, o vingativo justiceiro do alto-mar, e forma uma aliança conturbada com o covarde bucaneiro francês Basil Rathbone. Os ânimos esquentam quando eles brigam por conta do butim e da bela prisioneira (de Havilland), o que resulta em um duelo até a morte na primeira de suas muitas empolgantes lutas de espada nas telas. Capitão Blood tem tudo o que você pode querer de um filme de capa e espada: batalhas no mar; lâminas cintilantes; um herói destemido; uma heroína em perigo, porém corajosa; gargantas cortadas; chapéus emplumados; equívocos solucionados; homens balançando em mastros como ginastas; e uma empolgante trilha composta por Erich Wolfgang Korngold. Superdivertldo. AE
(1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER 088)