Direção: Louis Feuillade
Roteiro: Louis Feuillade
Música: Robert Israel
Elenco:
Musidora
……....….... Irma Vep
Edouard
Mathé …..... Philippe Guérande
Marcel
Lévesque ….. Oscar Mazamette
Jean
Aymé ………..…Le Grand Vampire
Fernand
Herrmann …Juan-José Moréno / Brichonnet
Stacia
Napierkowska . Marfa Koutiloff
SINOPSE E COMENTÁRIO:
O
lendário filme em episódios de Louis Feuillade é considerado um divisor de águas,
um precursor no uso da profundidade de campo como recurso estético, posteriormente
aprimorado por Jean Renoir e Orson Welles, e um parente próximo do movimento
surrealista; no entanto, ele está mais relacionado ao desenvolvimento do gênero
thriller. Segmentado em 10 partes vagamente interligadas cujos finais carecem de
ganchos para a história seguinte e que variam muito em duração, além de terem sido
lançadas com Intervalos irregulares, Os vampiros é algo entre uma série de
filmes e um filme em episódios. A trama mirabolante e muitas vezes
inconsistente concentra-se em uma exuberante gangue de criminosos parisienses,
os Vampiros, e seu destemido oponente, o repórter Philippe Guérande (Edouard
Mathé). Os Vampiros, mestres do disfarce que geralmente usam roupas pretas
colantes durante seus crimes, são comandados por quatro sucessivos
"Mestres Vampiros", que são assassinados um a um e contam com a
fidelidade servil da vampiresca Irma Vep (cujo nome é um anagrama de Vampire),
coração e alma não só dos Vampiros como do próprio filme. Interpretada com
voluptuosa vitalidade por Musidora, papel que lhe rendeu o estrelato, Irma é a
mais atraente personagem do filme, superando com folgas o Insípido herói
Guérande e seu exagerado e cômico camarada Mazamette (Mareei Lévesque). O
carisma dela vai além do tema maniqueísta do filme e contribui para um tom de
certa forma mais amoral, reforçado pela maneira como os mocinhos e os bandidos
muitas vezes se valem dos mesmos métodos Ilícitos e pelo perturbador massacre
dos Vampiros no fim. De forma semelhante à história de detetive e ao thriller
de casa assombrada, Os vampiros cria um mundo aparentemente rígido em sua ordem
burguesa, ao mesmo tempo que o sabota. Os pisos e paredes grossos de cada chateou e hotel tornam-se ocos com
alçapões e passagens secretas. Enormes lareiras servem de acesso a assassinos e
ladrões que fogem pelos telhados de Paris e sobem e descem calhas como macacos.
Táxis correm com intrusos nos seus tetos e revelam fundos falsos para ejetar fugitivos
em convenientes bueiros. Num determinado momento, o herói coloca inocentemente
a cabeça para fora da janela apenas para ser laçado pelo pescoço, puxado para a
rua, enfiado dentro de um grande cesto e levado embora por um táxi antes de
poder gritar "Irma Vep!". Em outra cena, uma parede com uma lareira
se abre para regurgitar um enorme canhão, que desliza até a janela e atira
projéteis em um cabaré próximo. Reforçando a atmosfera de tênue estabilidade, a
trama é construída em torno de prodigiosas reviravoltas, envolvendo capciosas
aparições em ambos os lados da lei: personagens "mortos" voltam à
vida, pilares da sociedade (um padre, um juiz e um policial) provam ser
Vampiros e Vampiros se mostram agentes da lei disfarçados. É a habilidade de
Feuillade de criar, em grande e imaginativa escala, um mundo duplo - ao mesmo
tempo concreto e onírico, familiar e emocionantemente estranho - que é
essencial à evolução do gênero thriller e faz dele um importante pioneiro da
sua forma. M R
(1001 FILMES PARA VER
ANTES DE MORRER 004)
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